Em tempos de visita papal ao Brasil, nada mais emblemático do que a morte, ontem, de Leon Ferrari, artista plástico argentino, aos 92 anos.
Considerado o papa anticlerical. Suas obras provocaram o repúdio do então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, atual Francisco. Em 2004. Suas obras foram consideradas um insulto aos dogmas religiosos.
Tímido, porém contestador, ele não deixou sem resposta o representante do Vaticano, afirmando que o ataque foi um repúdio aos “delitos cometidos pela Igreja na Argentina e em outras partes”.
Leon teve seu filho Ariel sequestrado pela ditadura daquele país.
Em tempo: Bergoglio já foi acusado, na Argentina, de apoiar os militares golpistas.
Então, nada mais justo que o artista, se sentindo vilipendiado, tenha feito uso da única arma que possuía: a arte.
Em 1976 mudou-se para o Brasil, morando em São Paulo por 14 anos.
O seu falecimento foi ou último ato de protesto contra a visita do Santo Padre à América do Sul. Maneira única de contraditar as palavras sublimes de Francisco.
Por um momento o papa deixa de ter todos os focos. E ser senhor absoluto de todas as verdades.
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