Felipão: ¿Por qué no te callas?


“Tem que trabalhar bem esse aspecto. Se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada”

Felipão falou bobagem e muitos incautos correram como boi atrás da vaca. Para quem não sabe, o BB é uma sociedade de economia mista e os seus funcionários não são funcionários públicos. O contrato de trabalho é regido pela CLT, como ocorre com a maior parte dos trabalhadores brasileiros. Há demissões e descomissionamentos no BB, embora a estabilidade e o nível técnico sejam maiores. A diferença é que, para entrar no BB, o sujeito tem que prestar concurso público. Muitos tentam entrar e não conseguem. Outros nem tentam, porque a relação candidato/vaga é muito elevada e afugenta os menos preparados. Alguns pobres de espírito sofrem de inveja por não conseguirem uma vaga.

Por outro lado, há muita cobrança por metas no BB e em todos os outros bancos, pois a concorrência no sistema financeiro é extremamente acirrada. O índice de casos de depressão entre bancários é altíssimo, o que frequentemente resulta em suicídios. Só quem conhece a empresa por dentro pode falar em pressão nos termos em que foi dito.

O comentário do Felipão segue a linha do preconceito (neste caso, fruto de ignorância) em relação ao funcionalismo público no Brasil. Todos são jogados no mesmo saco de maldades, médicos, policiais, professores, bancários, escriturários, basta ter algum vínculo com a esfera pública e virou vagabundo, cabide de emprego. Em parte, este sentimento deriva da visão liberalizante da economia, amplamente difundida pelos meios de comunicação (privados), segundo a qual o papel do Estado deve ser o menor possível. Ouvimos bastante esse tipo de conversa na década de 90. Foi o mantra da mega-liquidação que vendeu as jóias da coroa a um preço baratinho, baratinho. É a mesma conversa que, hoje, despejam nos ouvidos de gregos, portugueses, espanhóis e outros falidos devido à ausência de regulação financeira (a regulação é papel do Estado, uma vez que se a deixarmos nas mãos do mercado, já viu, né?).

O BB e a CEF têm exercido importante papel na economia do Brasil. Em 2008, quando explodiu a crise lá fora, os bancos públicos atuaram firmemente para a manutenção do nível de atividade da economia, via oferta de crédito. Os bancos privados, como se diz em linguagem popular, “deram uma de João-sem-braço”. Demorou para reagirem e quando o fizeram, certamente não foi por preocupação com os rumos do país. A postura arrojada do BB foi um sucesso. Atualmente, com a redução de taxas e tarifas, novamente os bancos públicos estão puxando o restante do sistema financeiro para níveis mais civilizados de relacionamento com seus clientes.

O técnico da Seleção Brasileira representa seu país em um evento internacional. O brasileiro é apaixonado pelo futebol, de modo que as opiniões do técnico dos onze canarinhos ganham fácil repercussão. Felipão precisa medir suas palavras e manter o foco naquilo que todos desejamos: ganhar a Copa de 2014. Neste episódio lamentável, atacou gravemente não somente os funcionários do BB, mas também funcionários públicos, bancários e o próprio Banco do Brasil.

Redação

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