Astronauta Marcos Pontes indicou instituto contratado para atacar as urnas, revela Valdemar

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
[email protected]

Valdemar Costa Neto afirmou à PF que não havia qualquer irregularidade no sistema eleitoral; leia depoimento na íntegra

O ex-presidente do PL Valdemar Costa Neto. Foto: Agência Brasil

O então presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a discordar do posicionamento do ex-presidente Jair Bolsonaro que questionava a lisura do sistema eleitoral brasileiro que elegeria o presidente Lula em 2022. Ainda, orientou a bancada a votar contra a implementação do voto impresso.

As informações foram obtidas nesta sexta (15) após o ministro Alexandre de Moraes ter derrubado o sigilo dos depoimentos no âmbito das investigações que miram Bolsonaro e aliados pela tentativa de golpe do 8 de janeiro. O GGN teve acesso à íntegra dos documentos.

À PF, “ele disse que não concorda com a fala do presidente, pois já participou de várias eleições e nunca presenciou nada que desabonasse o sistema eleitoral brasileiro. Inclusive, orientou a bancada do partido a votar contra a implementação do voto impresso”, conforme consta no documento.

Por outro lado, Valdemar Costa Neto afirmou não ter sofrido pressão do ex-presidente. “Nunca recebeu orientação do então presidente Jair Bolsonaro para questionar as urnas eletrônicas, mas apenas para fiscalizar”, disse quando indagado sobre a reunião de julho de 2022, na qual Bolsonaro validava a narrativa de possíveis fraudes. Porém, houve pressão após o segundo turno, vencido por Lula.

“Indagado se o então presidente Jair Bolsonaro insistiu com o declarante (Valdemar) para ajuizar ação no TSE questionando o resultado das urnas eletrônicas, respondeu que, quando houve o vazamento do relatório do IVL (Instituto Voto Legal), os deputados do Partido Liberal e então presidente Bolsonaro o pressionaram para ajuizar tal ação no TSE”.

Para atingir o objetivo de “acompanhar o desenvolvimento da eleição e se havia segurança”, o PL contratou os serviços da empresa IVL – Instituto Voto Legal.

Instituto Voto Legal

A contratação do instituto também foi pauta durante o depoimento. A princípio, a ideia, de acordo com Valdemar, partiu de Bolsonaro e do PL. No entanto, como não havia empresa capacitada para exercer a fiscalização, “o então ministro Marcos Pontes indicou que procurassem o Instituto Voto Legal, pois poderiam ajudar”, diz o documento.

“A contratação se deu em meados de 2022 e o objetivo era fiscalizar o andamento das eleições, o que era, inclusive, incentivado pelo TSE”, diz o documento com os relatos de Valdemar Costa Neto.

O valor da contratação, segundo Valdemar, foi de aproximadamente 1 milhão de reais, pago em cinco parcelas, com recursos próprios do PL.

Ainda, Valdemar designou os trabalhos de conferir os relatórios elaborados pelo IVL a José Tadeu Candelária, presidente do partido em São Paulo, “por não estarem apresentando nada de concreto”, no primeiro turno das eleições de 2022, inclusive, não havia qualquer indício de irregularidade.

Sobre o “Relatório Técnico sobre o Mau Funcionamento das Urnas Eletrônicas” ter servido de base para a Ação Judicial proposta pelo PL no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contestando as urnas eletrônicas, Costa Neto apresentou a seguinte informação:

“Após as eleições de 2022, o IVL apresentou um relatório que demonstrava que nas urnas mais novas (numeradas) o presidente Bolsonaro tinha maioria de votos e nas mais antigas (não numeradas) o candidato LULA possuía maioria de votos”.

O comitê central

Em relação à Casa utilizada pelo Comitê de campanha do PL e o planejamento do golpe de Estado, custeada pelo Partido Liberal (PL), “funcionou como um comitê central da campanha de Jair Bolsonaro”.

Leia também:

Carla Castanho

Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

3 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O instituto fez o serviço? Quanto custou e quem pagou? Qua a ligação do astronauta com o instituto? E o mais legal, se fez o serviço, qual foi o resultado?

  2. Está na hora de cobrar do Waldemar responsabilidade partidária, em relação a governabilidade e segurança do estado democrático de direito, pelo o que estamos tendo ciência, fica a pergunta, o teria acontecido com o Brasil se esta irresponsabilidade tivesse êxito? Ser oposição é salutar, sabotar o País, não faz nenhum sentido político, o que o PL está fazendo, não é oposição, é desestabilização total. O Waldemar precisa ser responsabilizado, é muito dinheiro do fundo partidário, para irresponsabilidades, é preciso atentar a uma agenda comum que pelo menos o Brasil avance, essa pigmentação religiosa e militar, não vai mais mover as escolhas políticas, tem coisa nova, que as pesquisas não estão mostrando. A era digital, é muito rápida, como disse um certo político mineiro, “uma hora você a nuvem de um jeito, logo depois de outro.”

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador