Marina aderiu tarde e exigiu pouco, por Carlos Melo

Do Estadão

Eleitorado da terceira colocada se decidiu antes dela

Cientista político análisa impactos da decisão da ex-ministra de apoiar tucano

Carlos Melo

Eleição é fenômeno dinâmico: repleto de acontecimentos, adesões, críticas, ataques e contra-ataques cotidianos. No 2.º turno, o processo é ainda mais vertiginoso. Tudo se precipita. Longe vai o tempo em que caciques procrastinavam e, por fim, conduziam as bases ao rumo pretendido. O processo de transferência é controverso e duvidoso, há cada vez menos condutores naturais de votos. O eleitor vota de acordo com o líder, ou é o líder que se antecipa ao eleitor? Leonel Brizola, que na campanha presidencial de 1989 apoiou Luiz Inácio Lula da Silva contra Fernando Collor, é exceção, não a regra. Na maioria das vezes, a definição do eleitor se impõe.

Claro que a adesão de Marina Silva à candidatura do PSDB é importante para Aécio Neves: não se despreza apoio, menos ainda de uma adversária que, no 1.º turno, teve 21,3% dos votos válidos. A adesão reforça o tônus positivo da campanha tucana e isola Dilma Rousseff, dá boas imagens ao programa de TV e propicia a fixação de um discurso mudancista, permitindo a utilização de metáforas grandiloquentes, mas não é exatamente assim. Os principais aliados e assessores da ex-senadora Marina já haviam se posicionado e, como uma maré, a levaram ao mar de ondas do ex-surfista Aécio.

Positivo para Aécio, mas, nesta altura, possivelmente neutro para Dilma: de acordo com as pesquisas, também o eleitorado de Marina, independentemente da opinião dela, já se posicionou majoritariamente em favor de Aécio e, em menor medida, em relação a Dilma. Fatos e áudios vindos de escândalos na Petrobrás talvez sejam mais efetivos que o pronunciamento da ex-senadora. Dilma não pode perder o que nunca teve, nem Aécio ganhar o que já conquistara.

Quem parece ter perdido mais foi mesmo Marina. Não pela decisão – de resto, legítima -, mas pela demora, pela espera, pela aparente indefinição e por ter retirado de Aécio menos do que exigiu “programaticamente”, para usar sua expressão favorita. Políticos mais sagazes sentem mais cedo o pulsar das ruas e se antecipam a eleitores. Marina, atropelada pelo fatos, mais uma vez foi a reboque das circunstâncias. Seu apoio é quase um romance de outono: pode-se senti-lo, é claro, mas mais proveitoso seria se o vivesse mais cedo.

Luis Nassif

15 Comentários

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  1. Marina acabou se

    Marina acabou se o Aécio vencer. Ela só é útil para ele e principalmente para a mídia como oposição ao PT. De resto vai acontecer com ela o que aconteceu com a Heloísa Helena. Ela não vai ter mais espaço nenhum na mídia depois dessa eleição caso Aécio realmente saia vencedor.

  2. Tenho observado nas redes

    Tenho observado nas redes sociais que os aecistas estão mais acuados depois das imagem negativas sobre o Aécio.

    Desde sábado estou sentindo a militância petista mais ativa depois de um susto inicial.

    O vídeo do policial está deixando alguns indecisos com a pulga atrás da orelha, será verdade ou não.

    Estou achando que os votos da Marina será rechado ao meio entre Dilma e Aécio.

    Estou vendo muitos marineiros decepcionados com a postura da Marina.

    Bom para a Dilma.

    1. Interessante…

      Interessante sua colocação, mas seria bom que vc postasse alguns exemplos concretos para termos uma ideia melhor. De qual video sobre o policial falas ??? Este video fazia parte de alguma campanha ???

  3. Se Aécio fosse um político

    Se Aécio fosse um político consistente provavelmente, não chamaria minha atenção uma reportagem  na revista de domingo do jornal O Dia, elecando as namoradas famosas de Aécio Neves e sua instabilidade amorosa. O engraçado que veio logo à cabeça a imagem do velho político e da velha política: muito charme, muito camarote cheio, muito desperdício, muitas amantes, muita traição e muitos admiradores de ocasião. Tal afilhado, tal padrinho: FHC que o diga, com sua velha e maneirosa superficialidade.

  4. marina e dilma comungam do

    marina e dilma comungam do mesmo pecado mortal da gestão política:

    são ruim de doer de conversa com política sao ruim de pegada just time afinada sensível na tomada de decisão ou não na coisa pública que acontece e que lhes compete agir pelo não agir… o povo massa nas ruas vêm-e-vai e atropela este poder das ilusões perdidas…

    – onqotô! que está acontecendo? cadê meu povo fiel?

     [ e a banda do chico está passando já passou… dobrou a esquina e foi em frente… e na janela da velha política dilma e marina tricotam lindas rendas toalhadas para o café da tarde modorrenta… ]

  5. onda esta a carta do Amaral
    Uma carta/mensagem digna do Amaral e sua explicacao que deve ficar na historia do funeral do PSB como um ex-partido da esquerda, Francisco Juliao nem Gregorio nao foram esquecido por ele.
    O homem em sua historia e tempo com as passagens temporais.

  6. Marina Adeus, uma laranja chupada.

    Marina, Adeus, 

    Serás uma laranja chupada, que nem passarinho, porcos gosta.  Serás esquecida pela direita porque és uma patologia na ordem financista.  

    Marina terás valor de uso e não valor de troca, isto é, usada e ab-usada tal como um proxeneta. 

    Coitada da Marina, serás coitada pela direita, tal como o emprestimo do apartamento pelo representante mor, capitão do mato, do DEM. 

    Marina, Adeus, a Rede Globo fará de tudo para não citar mais seu nome, pois a pobreza de espírito é maior que o espírito de pobreza.

    Amém.

  7. o que se deve falar é do


    o que se deve falar é do golpe

    do poder economico burgues e hegemonico que

    quer retirar do poder o governo que deu certo

    nestes últimos doze anos

    e transofrmou o país  para melhor.

    aécios ó vem para píorar,

    como fez o catastrofismo midiático nesse longo período.

  8. Entenda-se como quiser

    O texto de Carlos Melo diz que ”por ter retirado de Aécio menos do que exigiu ”PROGRAMATICAMENTE…”

    O título do post diz que:” Marina aderiu tarde e exigiu pouco”. Interpretação um tanto ingênua, se me permite.

    Afinal todos sabiam que Marina estava acertada com Aécio no segundo turno.

    Quanto a exigir pouco, fica por conta do imaginário ou da sonhática de cada um.

     

  9. Aécio entrando é papo de PSDB

    Aécio entrando é papo de PSDB virar PRI. O PSDB vai ficar muitos anos no poder. Se não fosse o apagão em 2002, Lula teria sofrido sua sétima derrota em estaria em vias de sofrer. Com o PMDB, tempo de TV e Blindagem midiática, o PSDB é impossível de ser vencido. E SP mostrou que nem uma tragédia como o apagão tiraria o PSDB da presidência. 

    Se Marina ACHA que vai vencer o PSDB, boa sorte. Depois de perder umas 5 vezes, talvez em 2032 acabe-se coligando com o PT como vice, e para levar mais uma naba.

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