Michael Bloomberg e o teste da democracia, por Mathias Alencastro

Candidatura de empresário tem estrutura de holding, foge das primárias do Partido Democrata e está posicionada entre os favoritos

Michael Bloomberg, empresário – e que disputa as prévias do Partido Democrata para se candidatar à Presidência dos Estados Unidos. Foto: Reprodução/Wikipedia

Jornal GGN – O candidato que mais subiu nas sondagens entre os democratas foi justamente aquele que escolheu esperar para entrar mais tarde na disputa, e a sua estrutura de campanha paralela já o colocou entre os favoritos.

Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York e ex-republicano, montou uma campanha como uma holding onde cada subsidiária exerce sua função com liberdade criativa. “Em poucos meses, a equipe de comunicação reinventou uma figura carimbada de 78 anos da política americana”, afirma Mathias Alencastro, doutor em ciência política pela Universidade de Oxford, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo.

De dono de um dos maiores grupos de mídia, finanças e tecnologia do mundo, Bloomberg passou a ser conhecido como “Mike”, um empreendedor voluntarioso e pau para toda obra. Contudo, os eleitores-chaves do Partido Democrata – os afro americanos – veem a candidatura de Bloomberg com receio por conta de seu passado repressivo na prefeitura de Nova York, onde acabou por incriminar principalmente negros e latinos.

Por não ter problemas de financiamento de campanha (ele direcionou US$ 1 bilhão da sua fortuna pessoal exclusivamente para isso), Alencastro diz que Bloomberg “pretende tornar obsoleto o modelo tradicional da eleição norte-americana, baseado no tripé imprensa-sondagens-doações e caracterizado pela disputa constante da narrativa ao longo de meses de campanha”.

Embora Bloomberg repita que uma eventual derrota nas primárias não interromperia o seu engajamento político e financeiro, as principais vítimas de sua máquina serão os moderados convencionais.  “Ele (Bloomberg) tem como objetivo final colocar os moderados democratas perante um dilema faustiano: entregar a batalha presidencial para o seu conglomerado ou encarar um duelo entre Donald Trump e Bernie Sanders”, diz Alencastro, em um sinal de que a disputa pela vaga democrata ainda terá muitos desdobramentos.

Redação

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