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sexta, 26 de abril de 2024
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A VIDA DOS OUTROS, AS NOSSAS VIDAS.
Um dos filmes mais emblemáticos sobre política, sem sombra de dúvida, é “A Vida dos Outros”, que tem como mote a neura persecutória da Stazi na Alemanha Oriental.
O filme pode ser visto na íntegra aqui:
https://youtu.be/yAimyCLfdp8
Para mim (e para muitos, com certeza), a grande cena do filme é justamente o momento em que o então ex-agente da Stazi, já abandonado e esquecido num setor de triagem de cartas, toma conhecimento da queda do muro de Berlim.
Num lapso de cena, toda a realidade material que norteia toda uma nação muda de um segundo para outro. Tudo o que ele vivia acabava de perder completamente o sentido e, de um segundo para outro, tudo deixava de ser o que era. Tudo mudava. Revisar cartas, espionar, fazer relatórios, não falar, conspirar: tudo se desmanchava. Não sou muito dado a sensibilidades, mas toda vez que assisto a esta cena eu sinto um frio na espinha. É como se eu estivesse na pele dele, vendo tudo mudar tão completamente num lapso de segundo.
O caso é que estamos vivendo exatamente isso: de um segundo para outro, no dia 10 de junho de 2019, o muro de Berlim brasileiro caiu com a escandalosa constatação, já sabida, mas hipocritamente enuviada, de que um juiz, hoje ex-juiz, havia realizado conluio com os acusadores para condenar um réu. Réu este que era ex-presidente da república e que poderia ser eleito em 2018. Repito: escandalosa revelação.
Em qualquer democracia do mundo, por materialidade óbvia e pública, Lula teria sido imediatamente libertado, pois seria como um ‘estouro de boiada’, ou seja, pessoas cruzando livremente a fronteira entre a escuridão e a luz que se fez. Ninguém segura isso. O portão estaria aberto. E, no entanto, Lula continua preso.
Para efeito de comparação, seria o mesmo que trazer Galileu lá do século XVI para hoje com uma máquina do tempo e manter intocada sua condenação por sua teorias astronômicas até a hora em que haja um tempinho para que se faça um julgamento e, talvez, se reavalie sua sentença.
O Brasil não tem senso de urgência. É um país fraco, covarde e protelatório até na hora em que a realidade chocante se desnuda. Um crime judicial aparece, é cristalino, mas ainda vai se discutir seu alcance. Tudo porque o réu é o Lula. É uma país que prefere fingir que o muro de Berlim nunca existiu ou que a terra, quem sabe, pode ser plana.
Enfim, fiz uma edição (um pouco tosca, admito) com a cena clássica que citei, colocando umas legendas para que se faça uma comparação entre o áudio e o que se lê. Não é uma gracinha, é uma tentativa de reflexão porque realmente nem Galileu entenderia o que vivemos aqui hoje. Segue o link:
https://youtu.be/xdztgT2mmFQ
Abraços.