Não é falta de interpretação de texto, por Adriana Marino

do Psicanalistas pela Democracia

Não é falta de interpretação de texto

por Adriana Marino

Reorientação. Re-orientação. (re)orientação. Está escrito e assinado pelo juiz do Distrito Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, que profissionais da Psicologia poderão promover “estudos ou atendimento de (re)orientação sexual” (sic.). Se o restante da liminar apenas reitera o que o Código de Ética e as normas do Conselho Federal de Psicologia, bem como repete demais diretrizes nacionais e internacionais sobre o tema, como a própria Constituição Federal e a Organização Mundial de Saúde, não haveria o porquê dessa liminar. O que precisa ficar claro, então, encontra-se neste termo: “reorientação sexual”.

Profissionais da Psicologia recebem as mais diversas demandas com relação à sexualidade, em suas diferentes formas, o que não quer dizer que esse profissional possa oferecer um tratamento que vise reorientar a sexualidade de alguém! O(A) psicólogo(a) pode contribuir, desde que esteja fundamentado em bases científicas reconhecidas no âmbito dessa ciência, com as mais diversas questões que uma pessoa possa apresentar com relação a sua sexualidade (inclusive, a heterossexual, apesar de não ter sido abordada pela liminar e não estar em questão nas acaloradas discussões sobre o tema).

Portanto, não há falta de interpretação de texto. Um profissional da psicologia pode receber quaisquer demandas em relação à sexualidade de uma pessoa, o que não pode é afirmar que possa reorientar, isto é, dar uma nova ou diferente orientação, à sexualidade de alguém! O mesmo valeria para uma pessoa heterossexual: o(a) psicólogo(a) não pode (por não ter recursos técnicos nem embasamento teórico-científico para isso) dizer que pode fazer de um heterossexual um homossexual e vice-versa.

A liminar também não serve para dizer o que pode fazer com que alguém busque ou não um profissional da Psicologia! Este é mais um argumento infundado e absurdo que tem circulado. É como pretender que a justiça, uma lei do Estado, prescreva quais as demandas, queixas e modalidades de sofrimento que alguém pode trazer para um psicólogo(a).

Portanto, não é falta de interpretação de texto. Trata-se de uma (re)orientação que se encontra na contramão de nossa formação como profissionais da Psicologia. O termo encontra-se justamente no avanço de uma corrente sociocultural retrógrada, moralista e fascista que pretende impor padrões de comportamento, excluindo a singularidade subjetiva inerente ao ser humano, reforçando preconceitos e a exclusão social.

 

Redação

6 Comentários

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  1. Dúvidas de leigo…

    A partir de quais fundamentos pode-se sustentar que o termo reorientar, por si só, implica na imposição de um determinado padrão de comportamento?? Não seria excessiva essa a leitura de que o termo reorientar estaria necessariamente vinculado a reversão da sexualidade??? Afinal de contas, a psicologia pode ou não orientar? Se pode, por que não poderia (re)orientar?

    1. Talvez para o leigo, o termo

      Talvez para o leigo, o termo orientação, estaria mais para dar um sentido, um caminho, um endereço, etc. Algo que levasse o individuo a pertencer um conhecimento racional que o levasse a fazer escolhas e percorrer o que antes era desconhecido, ou no mínimo nebuloso. Entretanto quando dizemos orientação sexual, estamos simplesmente dizendo qual o “endereço” do objeto do desejo sexual. Essa orientação é feita e percorrida por caminhos pouco conhecidos. Alguns dizem que  o caminho se constrói pela via do biologico, já descartado, outros do comportamento, não é possivel, porque não se trata tão somente de algo aprendido ou não. A escolha do objeto de desejo se inicia nas fases primitivas da vida, e tem a ver com as escolhas de objetos amorosos que irão compor minha estrutura de personalidade. Então essa escolha passa pela adequação do objeto. Será escolhido o objeto mais adequado às condições e contextos, que pode ser hetero ou homo, ou…..depende.

      Llogo não se trata de uma escolha que possa ser feita numa re-orientação. Uma vez estabelecido, fica, pois organiza a estrutura da personalidade e de identidade.

  2. Dúvidas de leigo…

    A partir de quais fundamentos pode-se sustentar que o termo reorientar, por si só, implica na imposição de um determinado padrão de comportamento?? Não seria excessiva essa a leitura de que o termo reorientar estaria necessariamente vinculado a reversão da sexualidade??? Afinal de contas, a psicologia pode ou não orientar? Se pode, por que não poderia (re)orientar?

    1. “Re orientacao de genero” nao

      “Re orientacao de genero” nao existe de acordo com Tia Neiva, tem uma FAIXA DE TEMPO na qual ela pode ocorrer e ela eh muitissimo curta -inversamente proporcional aa variabilidade estatistica do caso- e depende de cada caso, um por um.

      (nao vou me adentrar, ja nao lembro confiavelmente de palestras da outra -e muito superior- Oracula)

  3. Interpretacao de texto uma

    Interpretacao de texto uma pinoia.  Eh canalhada mesmo, originada da mais profunda ignorancia.

    Eu tava vendo um dos videos do youtube outro dia e nos anos 60 uma pessoa do grupo de Charles Manson (salvo engano) foi poupada por ser mulher e aa epoca mulher que “fodia demais”…  era considerada louca!  (nao vou achar o video de novo, portanto contentem se com minha fadada memoria por agora pois ja nao lembro o caso especifico).

    E entao eu lembro dos casos de homosexualismo que sao tratados como “doenca”.

    Ai eu lembro de quantas vezes eu vi gente chamando espirita de “louco” ou nos tratando como “doenca mental”.

    Ai entao eu me lembro de todo e qualquer analfabeto psi que me “lembrou” aqui no blog na presenca de todo mundo que eu tava doido e que merecia “tratamento” por ser medium.  Sim, lembro me de todos eles sem excessao, que morram e corram pros quintos dos infernos mais rapido.

    Deve ser um TREMENDO conforto pra “voces” (coff coff) taxar alguem de “louco” e seguir a vida como se nada tivesse acontecido, nao eh mesmo?

    So que mulher goza, homem gosta de homem e mulher gosta de mulher, e proto telepata eh proto telepata.  E ESPIRITA EH ESPIRITA.

    Ponto final.

    Ja disse pra voces hoje que preto eh, de fato, juro por Deus, preto?

     

    E a gente, “os de fora”, fica olhando pra esses aleijados mentais como esse juiz de merda em um pais do qual eu tenho vergonha tomar uma decisao dessas e so consegue ter profundo odio.

    Vai ver ele eh espirita lesbico preto…

    Ou evangelico filho da puta…

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