Enviado por jns
Conheça o artista autodidata da vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros, e sua arte obcecada com demônios, insetos e as formas femininas
Moacir vive em Alto Paraíso, porta de entrada para Chapada dos Veadeiros, interior de Goiás, livre e ao mesmo tempo preso no seu mundo isolado, povoado apenas pela sua arte.
Ganhou tanta popularidade na comunidade da Chapada, que quando querem chamar alguém de louco, chamam de ‘Moacir’ – para a sua comunidade ele era somente um louco.
Nem mesmo sua família o compreendia: tinham uma vida miserável, tiravam o sustento do garimpo e, junto dos sete irmãos, Moacir o único artista, era rejeitado, isolado, e dado como esquizofrênico.
Com olhares enviesados, os puritanos se chocam com Moacir e com a sua arte, pelos temas que misturam religião, sexo, homens, animais, flores, plantas, anjos e demônios, preenchidos por uma luz pura e forte, com cores primárias que surgem do seu mundo.
Walter Carvalho afirma que “… mesmo com sua psique alterada ele é um artista que soube se inserir no contexto da modernidade.” e homenageia o artista em um curta-metragem intitulado “Moacir- Arte Bruta”, 2006.
Sua arte só foi reconhecida em meados de 1990, na Chapada dos Veadeiros, Goias.
Informações e imagens da Net.
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Esse cara infelizmente só vai
Esse cara infelizmente só vai ter o seu talento reconhecido, depois da morte, um gênio, como o Bispo!
Que talento esplêndido ! Como
Que talento esplêndido ! Como dizem, de dentro pra fora, imagens criadas por ele mesmo, o que ele enxerga com sua alma.
Comentário.
Anos atrás, assisti a uma palestra no Museu Lasar Segall sobre a obra de Arthur Bispo do Rosário.
Um crítico de arte colocou uma obra do Marcel Duchamp para, daí, falar sobre o Arthur.
Não descobri até hoje se existe alguma verossimilhança – e talvez nem seja o caso.
Mas se for uma comparação, foi esdrúxula.
É tomar a obra por superfície, por impacto ao olhar apenas do sujeito que vê, nada mais.
Não me parece que denominar as pinturas do Moacir como arte naïf sirva para falar sobre a totalidade da obra. Tal definição é um saco de gatos que coloca as pinturas nas cavernas, Miró e Henri Rousseau no mesmo campo, de maneira a-histórica, inclusive.
É bonito: não basta?
Nono, Artista Maldito
No coração do Brasil, existe um homem esquizofrênico pintando delírios e lampejos mentais cujo resultado é um panorama literalmente bidimensional do País.
Ele coloca santidades com halos católicos dividindo espaço com mulheres bundudas saídas direto do Xvideos. Tudo em contexto inundado de natureza e violência humana. O produto final sanfona tantos significados sobre a nossa história real e costumes que se torna um símbolo subjetivo e coerente das influências que sedimentam o nosso presente.
A oportunidade de se expressar sem repreensões sociais, com liberdade, longe de amarras do pudor, e a distância do manicômio provocam a convivência sadia de Moacir com a patologia e com o vilarejo. Isto ocorre a ponto de o artista ser sempre o escolhido para criar a arte de cartazes e folhetos de festivais locais. A loucura de Moacir é o atrativo turístico em São Jorge. Seus desenhos de giz de cera ou tinta acrílica custam de R$ 250 a R$ 3 mil. No fim das contas, Moacir contribui com a criação da identidade da Chapada ao mimetizar a sua própria trajetória com a da pequna vila onde mora.
Moacir, também conhecido pelo apelido de Nono, é um personagem emblemático. Artista nato, seu trabalho é baseado em seu “isolamento” do mundo exterior e nas as visões que tem e traduz em novos seres que aparecem em suas telas. É um artista enigmático, criador de um universo próprio, no qual figuras sagradas e profanas convivem entremeadas por seres humanos, animais, flores e sexo.
A arte de Moacir integra a identidade visual do Encontro de Culturas, trabalho pelo qual recebe direitos autorais. Começou a pintar aos sete anos de idade, usando carvão e caixas de papelão, lápis e papel. Vindo de família humilde, não aprendeu a ler nem escrever. Suas pinturas, no entanto, confrontam elementos de naturezas distintas, criando figuras carregadas de simbolismo e personagens do imaginário popular. Com problemas de audição, fala e formação óssea, ele passa os dias desenhando e pintando. Em seus trabalhos utiliza tinta a óleo, giz de cera, lápis de cor e tinta para tecidos.
Desde a infância, Moacir não gostava de manter contato com outras pessoas. Se escondia e só saia de casa com o rosto e o corpo cobertos com um tecido. A pintura é o meio que Moacir usa para se comunicar com o mundo exterior, e apesar de não ter estudado, seu universo interior é incontestavelmente rico. Moacir já não se esconde, recebe todos os que visitam sua casa e faz questão de mostrar todas as suas obras.