O copo meio vazio da mídia

Por Assis Ribeiro

O copo meio vazio da mídia

Não são os empresários da mídia que devem se preocupar com a baixa qualidade dela. O capital migra com facilidade.

A preocupação deveria ser dos seus jornalistas. Aliás, muitos já começaram a perder seus empregos.

Os meios de informação não mais conseguem diferenciar a informação do entretenimento.

O apelo às emoções, dramatização excessiva da atualidade, ou mesmo a publicação de pura ficção fazem parte do jornalismo cotidiano, o que transforma os jornalistas em recreadores públicos.

Os jornalistas e os meios de comunicação não levam mais em conta a complexidade dos assuntos.  Acham – se na obrigação de fazer depressa e de entreter, logo, de simplificar.

Dessa forma nasce o abuso de estereótipos, a divisão em bons e maus, a redução dos fenômenos a indivíduos pitorescos. A mídia das imagens incompletas, frequentemente deformadas, que podem gerar sentimentos e comportamentos lamentáveis.

A mídia promove o emburrecimento de suas matérias onde notícias que necessitariam de mais informações são oferecidas sem profundidade visando fixar nos seus ouvintes e leitores a matéria de forma pronta e acabada impossibilitando qualquer reflexão.

Esse formato limita a formação de uma ideia própria e quem consome as informações diárias realmente acredita que está em dia com a notícia ou com a realidade nacional, quando, na verdade, está sendo levado pela correnteza de um pensamento único, direcionado, pronto e acabado. O leitor ou ouvinte será apenas mais uma peça articulada para o consumo, engolindo, sem perceber, uma programação inócua a princípio, mas nefasta em longo prazo.

A mídia opta por um mosaico absurdo de pequenos acontecimentos, deixando de explicar os mecanismos do mundo moderno e relacionar os acontecimentos cotidianos com o jogo das forças profundas que determinam o destino da sociedade.

Para que surja uma imprensa de qualidade seria preciso que cessasse a agitação frequente dos meios e dos jornalistas que procuram ser os primeiros ao invés dos melhores – a ponto de fabricarem o acontecimento.

É preciso que a mídia busque a realidade sob as aparências.

O copo meio vazio – dos meios de comunicação enfatizarem o desentendimento, o conflito, o confronto, o drama e o insucesso, formam uma sociedade negativista, não cidadã, alheia aos verdadeiros problemas do seu entorno. Destacam – se os problemas ao invés das soluções; destacam – se o bizarro e o criminoso mais do que as grandes realizações, como se os jornalistas se deleitassem com as trapaças, os assassinatos, as falências, o caos, mantendo a população acuada e sem esperanças. O cinismo substitui um ceticismo necessário.

Apenas vendo o copo meio vazio, o cidadão adquire uma visão deprimente, parcial, normalmente direcionada, e incompleta da realidade.

A força da mídia é um fato consumado. Seu poder, no entanto, não tem origem num contrato social ou em uma delegação popular, por isso, em qualquer democracia, é importante discutir os mecanismos éticos que devem orientar o ciclo da informação, impedindo que este fuja do controle da sociedade.

A sociedade deve orientar para que a mídia torne o público mais sábio e mais civilizado.

Redação

17 Comentários

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  1. O problema da mídia neste
    O problema da mídia neste momento é que aquilo que ela esconde pode ser visto:

    @Haddad_Fernando reduziu as mortes em acidentes de trânsito. Para garantir o lucro das funerárias o @governosp aumentou a letalidade da PM.

  2. Sabe o que parece? A TV

    Sabe o que parece? A TV Tucano usou seu programa Roda Morta para que BIcudo fizesse acusações contra Lula na esperança de que o Presidente reagisse e processasse o novo ídolo dos golpistas por calúnia. Já pensou no impacto que criariam as manchetes dizendo o cruel ex-metalúrgico está processando um pobre velhinho? Sabe aqueles duelos de filmes de bang-bang em que um duelista provoca o outro até que um deles reaja para que o outro possa alegar legítima defesa? Então… No mais, de ver a coxinhada repercutindo o Roda Morta, dá pra concluir que a melhor maneira de enganar uma pessoa é dizer aquilo que ela gostaria de ouvir.

      1. Dedo de coçar furico

        Lembro que Dilma reclamou do odor que exalava desse dedo.

        A menina havia coçado o furico e esquecido de limpar.

        Imagino o sufoco da Dilma.

      2. A inescrupulosa deselegância da jornalista.

        JAMAIS esquecerei essa terrível cena!  Falta de respeito escancarado de uma péssima jornalista que algum tempo depois foi motivo de escândalo na rede, por ter comprado um apartamento na Vieira Souto, que antes pertencia à figura nefasta de nosso país. Segundo o que lemos, o dedinho sujo deve  ter assinado a compra do apto de mais de 20 milhões.

  3. O problema é que são

    O problema é que são entreguistas,  vêm o país de um modo enviesado, parece que a nossa imprensa é contra tudo o que é nacional, e que a missão deles é manter o Brasil de quatro para seus colonizadores, me apontem uma só reportagem que enalteça algo nacional? Não tem, até o uso da bandeira ridicularizam, se esquecendo que no país preferido deles usam em quase todas as casas, aqui é brega; outra coisa que se esquecem, de um certo presidente deles que disse que o “negocios por lá são os negocios”, então que parem de encher o saco dos nossos.

  4. “Para que surja uma imprensa

    “Para que surja uma imprensa de qualidade seria preciso que cessasse a agitação frequente dos meios e dos jornalistas “

    Creio, caro Assis, que isso tem a ver com o fato de jornalista, aquele das grandes redações, ser movido à café (ou aquele outro negócio). É overdose de estimulante.

    Os patrões botam pilha, “e aí galera, quem vai derrubar o governo do PT, prender o Lula?”. Aí na base de café, redbull e outros aditivos, os meninos e meninas, partem a mil para ver quem se dá melhor nessa gincana. 

    Infelizmente o jornalismo de “grande imprensa” no Brasil virou isso. Um menino que se acha o craque da gincana é o al Escostesguy. Sua missão é prender o Lula. Prêmio máximo

  5. Não sei se foi estratégia,

    Não sei se foi estratégia, mas me chamou a atenção: um intervalo do JN ontem teve dois! comerciais e, prá meu desgosto, um era do Mais Médicos. Mas só dois, dona globo?! A casa tá caindo?

  6. E ………………………….

    As fotos de antonio Carlos são excelentes lembretes e verdadeiras. Os conspiradores mudam apenas de nomes, mas transmitem às suas gerações.

    Sobre a queda da qualidade do jornalismo, eles mesmos cavara m suas sepulturas, pois se transvestiram de partidos politicos. 

    Lembro de uma entrevista feita pelo AD no OI, com o âncora do JN, dublê de jornalista WB, onde o mesmo, depois de ter seu ego, exaustivamente inflado pelo entrevistador, disse – ” … cabe ao ocupantes do cargo manter a liturgia… ” se referindo às caras e bocas, suponho, ao dar notícias!!!

    Triste entrevista, da qual podenos nos envergonhar.

    E para finalizar, o dedo da “moça do tempo” PP, que, acredito eu, tenha sido defenestrada pelo ato praticado quando da entrevista com a Dilma.

    Já foi tarde, e agora, vive de humorista em novo programa da manipuladora !!!!!!!!!!!!!!!! 

  7. A mídia brasileira tem enorme

    A mídia brasileira tem enorme dívida de reconhecimento pelas lutas populares de nosso povo, sem as quais não desfrutaria da tão valiosa liberdade de expressão. Está historicamente em falta com a democracia e com os caros princípios republicanos, para com os quais deveria cumprir o papel de guardiã. Enfim, usa mal o poder que o povo lhe concede. A mídia brasileira continua sendo anti-povo. E contrariando o Chico Buarque, é sempre bom lembrar que nesse caso, o copo vazio não está cheio de ar apenas…

  8. Imprensa

    Uma dúvida que poderia ser esclarecida pelos leitores do blog.Nos países democráticos do mundo desenvolvido ,onde o Brasil quer chegar, a mídia é diferente, no que diz respeito ao seu “empoderamento” e outros supostos absurdos deste “poder”?

    Para que surja uma imprensa de qualidade seria preciso um Estado com instituições fortes que, por si só, diminuiria todo o potencial assustador que os meios de comunicação impõe aos governantes de plantão.Principalmente aos de suposta tendência esquerdista. Este parágrafo abaixo é um eufemismo que esconde intenções nada republicanas.

    “Para que surja uma imprensa de qualidade seria preciso que cessasse a agitação frequente dos meios e dos jornalistas que procuram ser os primeiros ao invés dos melhores – a ponto de fabricarem o acontecimento.”

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