O general Mourão enfia a faca na imagem de Bolsonaro

Substituindo Bolsonaro, seria um Bolsonaro com razoabilidade, versão muito pior do que o Bolsonaro trapalhão.

O general Hamilton Mourão é dúbio, mas pratica a dubiedade com talento.

Não veio para contestar abertamente Bolsonaro agora. Tergiversa, provavelmente aguardando a possibilidade de Bolsonaro cair de maduro sem desmanchar a aliança de poder que o levou ao cargo.

Ao mesmo tempo, faz uma defesa-acusação, que expõe completamente o defendido. É um exercício interessante entender o jogo de defende-entrega em relação a Bolsonaro e  sua entrevista à Folha de hoje confirma sua habilidade em defender o chefe sorrindo enquanto enfia a faca sem dó.

Substituindo Bolsonaro, seria um Bolsonaro com razoabilidade, versão muito pior do que o Bolsonaro trapalhão.

Sobre o teste de coronavirus de Bolsonaro

Justifica o fato de Bolsonaro não revelar seu teste de coronavirus, ao mesmo tempo que o entrega.

“Acho que tem de confiar na palavra do presidente. Seria o pior dos mundos o presidente chegar e declarar que testou e deu negativo e depois aparecer que deu positivo”. Quando aparecer o resultado, será o pior dos mundos.

E antecipa como será o julgamento militar para chefe que falta com a verdade.

“Parto do princípio, e isso é uma coisa que é muito cara para nós que viemos do meio militar, a questão que sua palavra tem fé de ofício. A gente só trabalha no meio militar assim. Se eu falei A, é porque é A. A partir do momento em que vou estabelecer uma desconfiança com o subordinado ou com um superior, morre o relacionamento. Acho que, se o presidente disse que deu negativo, OK. Deu negativo”.

Sobre a “gripezinha”

Indagado sobre a “gripezinha”, admite que o caso é sério, mas o presidente, quando fala em gripezinha, “é o linguajar dele”. Em qualquer linguajar, gripezinha é uma forma de minimizar problemas graves. No linguajar tosco de Bolsonaro, a expressão correta para pandemia seria “uma puta gripe, talkei?”. Ao longo da entrevista, Mourão insistiu várias vezes que Bolsonaro não tem jeito. Ele tem 65 anos, não pode mais mudar.

Sobre a sociopatia familiar

“É uma família muito unida, que atravessou problemas ao longo de sua evolução do núcleo familiar”.

Sobre o fato de Bolsonaro ser um tosco

“Todo mundo coloca que ele está totalmente errado e é um tosco. Não é isso. Ele tem a visão dele e se expressa, vamos colocar assim, de forma clara”. Ou seja, é um tosco.

Luis Nassif

31 Comentários

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  1. “Substituindo Bolsonaro, seria um Bolsonaro com razoabilidade, versão muito pior do que o Bolsonaro trapalhão.”
    Vou repetir, para destacar melhor, “versão muito pior”…
    Logo…
    Qual a dedução lógica que se faz dessa sentença?

    1. A dedução lógica é que a esquerda deve reabrir os sindicatos e lutar para derrubar esses dois fascistas, ao invés de ficar com falsas polêmicas entre “Bolsonaro e Mourão”.

      Esquerda que não faz o dever de casa de organizar a classe trabalhadora é que nem o Mourão: pior do que os políticos burgueses, pois iludem o povo.

      Pode bater panela até 2022; o que derruba governo é a força bruta de uma mobilização popular organizada. Chega de esquerda bundona, essa esquerda pequeno-burguesa que não moveu um dedo desde 2018 para derrubar Bolsonaro, que não moveu um dedo nem sequer para tirar o Lula da prisão, que não moveu um dedo para lutar contra o golpe que derrubou a Dilma.

      Quem for ficar em casa, bata muita panela, é bom para desopilar o fígado. Agora, a parada dura será na rua, com o povo, que está diante de um GENOCÍDIO.

        1. Se o Bolsonaro irrita a todos os políticos CORRUPTOS, irrita a MÍDIA tendenciosa, irrita os GOVERNADORES que querem continuar mamando na TETA-MÃE-BRASIL, então meu rapaz, BOLSONARO está no caminho certo… com todo o seu linguajar TOSCO, não tem problema algum… prefiro MIL vezes um presidente TOSCO, do que um bêbado, corrupto, ignorante ou uma anta que não conseguia unir o tico e teco. Tivemos presidentes nascido em berço de ouro, outro um cátedra com muita pompa, mas todos nós sabemos o que aconteceu ao longo desses anos todos.
          Agora, preparem-se sim… os que ficaram em casa ou os que ousaram ir para as ruas… porque a conta vem… e ela sempre muuuito pesada.

      1. Se o Bolsonaro irrita a todos os políticos CORRUPTOS, irrita a MÍDIA tendenciosa, irrita os GOVERNADORES que querem continuar mamando na TETA-MÃE-BRASIL, então meu rapaz, BOLSONARO está no caminho certo… com todo o seu linguajar TOSCO, não tem problema algum… prefiro MIL vezes um presidente TOSCO, do que um bêbado, corrupto, ignorante ou uma anta que não conseguia unir o tico e teco. Tivemos presidentes nascido em berço de ouro, outro um cátedra com muita pompa, mas todos nós sabemos o que aconteceu ao longo desses anos todos.
        Agora, preparem-se sim… os que ficaram em casa ou os que ousaram ir para as ruas… porque a conta vem… e ela sempre muuuito pesada.

    2. O pior que não trata-se de um trapalhão. Ele é autêntico com suas loucuras e diatribes (para ser bem ameno), enquanto que o troglodita do Mourão “enfia a faca, rindo, tranquilo e lhe dizendo: não é nada disso que você está pensando!”.

  2. O Brasil se ferrou e devemos isso a parte burra da elite, ao jornalismo da rede globo, parte do judiciário e apoios decisivos das forças armadas!

  3. “Substituindo Bolsonaro, seria um Bolsonaro com razoabilidade, versão muito pior do que o Bolsonaro trapalhão.”
    Vou repetir, para destacar melhor, “versão muito pior”…
    Logo…
    Qual a dedução lógica que se faz dessa sentença?

    1. Se está difícil V.Sa. entender, a gente dá uma forcinha:
      Afinal, exercitar neurônios é bom para a diversificação das idéias, né?
      Não é a toa que os ~55% de incautos, desiludidos e raivosos já caíram para cerca de ~30%.
      BolsoNero contribui, com suas bizarrices cronicas, para o entendimento de que o caminho para o Brasil (por trás dele) não é esse.
      Já Mourão pode esconder esse (des)caminho, oferecendo uma aura de “razoabilidade” para o mesmo.
      Sabe o que é “vaselina” e qual é uma de suas utilizações comuns, né?
      Pois é!

  4. Faz falta a carmencita e uma boa frase de efeito sobre a situação.
    As forças armadas e apenas na defesa dos seus interesses já não são confiáveis sequer para a direita tresloucada.

  5. Tem que se usar todas as ferramentas pra arrancar a árvore podre que é o bolsonaro. O que é desanimador é lembrar que a nossa elite miserável é o terreno que possibilita uma árvore de frutos tão podres chegar a esse tamanho. E ela continuará aí, pronta pra plantar outro árvore – que pode ser pior (embora seja difícil imaginar isso). Basta lembrar a sequencia de árvores podres que a elite miserável ajudou a cultivar = Jânio, Collor e Bolsonaro. Jânio é um Churchill comparado ao Boçal.

  6. Já estavam dizendo que o Mandetta “seria um Bolsonaro com razoabilidade”, o único não doente mental do governo, e em dois dias, quem dizia isso já perdera a esperança no Mandetta.
    Agora dizem que o Mourão, esse sim, é a parte racional do governo, que ele virá para os salvar do, tchan, tchan, tchan, tchan, do Bolsonaro.
    WTF!!!!
    O Bozo e o Mourão são tipo a “centopeia humana”, o Bozo por enquanto está na frente, e dizem que se o jogarmos lá para trás, e deixarmos o Mourão na frente, o negócio vai ser menos nojento.
    AFF!!!!

  7. O general Figueiredo e a quarta estrela

    Geisel escolheu Figueiredo para sucedê-lo, no esquema de rodízio de generais, ficção na qual a ditadura achava que podia se camuflar. Só tinha dois problemas: Figueiredo era um general de três estrelas, e como é de praxe, um general de quatro estrelas não presta continência a um de três.

    O segundo problema é que, pelo Almanaque de Pessoal do Exército, a promoção de Figueiredo ainda estava distante ao menos uns 2 ou 3 anos, havia outros generais na frente. Geisel resolveu o problema, atropelou a ordem do Almanaque e concedeu a quarta estrela ao Figueiredo, resolvendo um delicadíssimo problema da sagrada hierarquia da caserna.

    Essa história de o general no desfile de 7 de setembro, de pé no jipe, virar-se para o palanque e prestar continência para o capitão nunca cheirou bem. É um problema urgente a ser resolvido.

    1. Um exército nacional comandado por um tenente (reformado a capitão em vez de sofrer punição severa em processo penal militar)
      Nem hipnotizado general vai bater continência pra tenente. Então, como e por quê sustentaria seu poder elegendo-o presidente?
      Um judiciário comandado por um juiz de piso que de repente virou ministro da justiça
      Como foi que o qüem qüem conseguiu o domínio total do supremo tribunal federal sem qualquer protesto quando ainda era juíz de piso?
      Um ministério público dominado por um procurador avulso de uma província distante.
      Como que o imberbe do dalanhol impôs a sua “filosofia” acusatória ao MP do país inteiro, intimidando os seus pares e os procuradores gerais da república.
      Como essas práticas angariaram a simpatia do povo?
      Qual foi a voz lenta, monótona e insistente que convenceu a patuléia de que era assim que devia ser?
      Quem hipnotizou o brasileiro levando-o a consumir veneno dia e noite como se fosse doce?
      Temos um vencedor: os meios de comunicação.
      Mas, a mando de quem?
      Afinal, há limites para a manipulação de um povo?
      E então resvalamos para o perigoso caminho da conspiração.

  8. Curioso é que o Bozo disse que o Mourão é muito mais tosco que ele.
    A impressão que fica, nesse jogo de eufemismos e mensagens subliminares é que a diferença do Mourão pro bozo é só a psicopatia. De resto,são muito parecidos.
    Há poucas semanas o Mourão escreveu uma coluna no Estadão que parece ter sido publicada em 1956.
    Uma vez no poder, mesmo com assessores orientando-o, o Mourão vai se revelar. Só não vai ser tão evidente. Tudo dependerá da capacidade da oposição provocá-lo.
    Milico fascista tem pavio curto. O Figueiredo falava muita merda, por exemplo.
    A troca, no fim, se não será de 6 por meia dúzia, vai ser muito próxima disso.

  9. Tá bom que com esses olhos de suíno o general está trabalhando com estratégia para quando assumir o poder. Está é folgado aproveitando-se das benesses do poder. Em nenhum momento se vê preocupação com o que pode ocorrer com o povo brasileiro. O que Nassif vê como estratégia eu vejo como sabujice, covardia e irresponsabilidade e acima de tudo traição a nação.

  10. Um tosco “esclarecido”. Ultraliberal, seu ministro da economia seria o esquerdista Arminio, que passaria a negar que disse ser de esquerda. Tudo nao passaria de um erro de interpretação.

  11. Hierarquia

    Trabalhei pelo BB em Guia Lopes da Laguna (MS), entre 1982/1986. Em 1983, o banco instalou um caixa avançado dentro do 9º GAC Grupamento de Artilharia de Campanha, uma unidade do tempo da Guerra do Paraguai, na vizinha Nioaque, 50 Km de distância, por asfalto. Já havia em Nioaque o PAVAN Posto Avançado de Crédito Rural. Ofereci-me para ser o caixa avançado dentro do quartel, costumo dizer que foi o serviço militar do qual fui dispensado em 1973.

    Diariamente íamos para lá de carro em 4, 3 colegas ficavam no PAVAN, daí a pouco encostava o jipe do Exército que me levava para o quartel. Ao meio-dia, voltava para o PAVAN e terminávamos o expediente para voltar a Guia Lopes no final da tarde. Diariamente.

    A milicada recebia dia 24. Minha sala lotava de verde oliva, sargentaiada, recrutas, uma algazarra, uma zoeira. Dali a pouco chegava o coronel comandante, e dava-se o fenômeno do Mar Vermelho, só que mar de verde oliva, todos iam abrindo caminho para o coronel passar. Ele encostava no balcão, passando na frente de todos, fazia os procedimentos, tipo a ordem de pagamento da pensão alimentícia, os boletos da vida. Quando acabava, novamente o mar verde oliva se abria para a passagem do augusto coronel, e ia embora sem trocar uma única palavra. No mais absoluto silêncio dos presentes.

    Imagine se um comandante de quartel vai entrar na fila. Essa cena foi uma das inúmeras que presenciei. Tinha também um coronel cearense que “matava por fora”, nada a ver com sangue, mas com cheques dos comerciantes locais que brotavam da carteira do comandante. Mas isso é uma outra história, que inclusive já foi contada aqui em minúcias, há cerca de uns 10 anos.

  12. Com Mourão na presidência, toma posse em definitivo a MAÇONARIA. Seita que prega a ética e a moral de calças curtas. São pessoas conservadoras (no sentido de que conserva para si) e cumpridoras de metas muito bem pensadas e, igualmente, executadas sem nenhum pestanejo. Ai de quem tentar obstruir a nova ordem! Será um patrolamento sem igual, nunca visto nessa planície chama Brasil! E, o pior, garantidos pelas armas que deveriam defender a nação!

  13. Pois é Nassif, Mourão ser a única opção , é o mesmo que vc querer fazer um banquete em casa e só ter tubaína e nuggets para jantar…

  14. Só a esquerda não tem meios para deter os três inimigos comuns que assolam o Brasil no momento.
    Mourão representa os militares que se autoindulgem como seres superiores que só devem respeito à suas próprias convicções; Bolsonro um doente social que atrai para si o apoio de uma manada contaminada por vícios de percepção da sua condição de um conjunto de criaturas docilizado para o abate. Por fim, a pandemia que reina senhora da morte e da dor dos aflitos. Seja qual for a solução não caberá somente à esquerda, mas a toda a classe política, social e institucional que tenha alcançado o entendimento da gravidade da situação brasileira.

  15. Qual a saída?aguentar o pai e seus três maluquinhos foder a nação até 2022? Aguentar Olavo e esse monte de pastor picaretas ..esse monte de crente da bunda quente (como dizia minha mãe, que era batista)? Pois posso estar sendo inconsequente, “sou um zézinho da política” se comparado com muitos aqui deste blog… mas quero que se phoda. Prefiro neste momento o Mourão. Não adianta pensar em impedimento neste momento pq não vai haver!!! Vamos esquentar esse louco do Cati até 2022. Quem aqui em sã consciência acha que este país aguenta? Pois digo Vem Mourão… precisamos respirar. Depois a gente pensa!

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