O julgamento do mensalão e a renovação do PT

O mensalão e a corrida para 2022

Por Vinicius Prates

Mal foram abertas as urnas do primeiro turno das eleições municipais, os analistas políticos começavam a projetar o que seriam as eleições de 2014, e – veja só – as de 2018. Nestas, a ouvi-los, sai bem posicionado o governador de Pernambuco, com seu PSB tinindo. Ganharia musculatura nas próximas eleições presidenciais para triunfar na sequência. Pode ser… Não sei, ninguém sabe. Na verdade, só dou palpite sobre as de 2022. Estas não têm nomes, não têm prognósticos. Ficam como imagem de um futuro ainda remoto, aberto a todas as possibilidades.

Para chegar lá, no entanto, parto do princípio que não passou ainda da hora se falar de PT e de PSDB, as siglas que comandam a política nacional pelo menos desde 1994. Quem se apressa em dar por enterrado o “bipartidarismo” poderá notar que as coisas não mudaram tanto assim: dos 83 maiores municípios brasileiros, aqueles com mais de 200 mil eleitores e, portanto, com possibilidade de segundo turno, os partidos que mais fizeram prefeitos ou colocaram candidatos no segundo turno são, pela ordem, PT, com 30, e PSDB, com 23.

Como saem dessas eleições PT e PSDB para este futuro ainda sem rosto, para além do lugar onde o vento faz a curva? A resposta é: com o PT renovado, lavado pelas condenações de seus antigos membros, e o PSDB envelhecido, caduco graças à exploração política do mensalão. Se aparentemente fiz uma inversão, explico.

Certamente o mensalão petista (como nome fantasia para uma esquema de desvios e propinas) existiu e deve ser justamente punido. Mas, não estou aqui falando do crime, e sim de seus efeitos políticos. Estes, ao contrário do que pensam – para citar dois nomes – Serra e Civita, serão benéficos para o partido que querem ver aniquilado.

Vejamos. Como Dilma Rousseff apareceu para a política? Indicada por Lula do alto de sua popularidade, claro. Mas, por que Dilma? Porque àquela altura alguns nomes mais cotados haviam sido inviabilizados por escândalos. Quem são os protagonistas das eleições municipais em São Paulo pelo PT? Haddad, Pochmann, Carlinhos Almeida. Carlinhos já ganhou no primeiro turno em São José dos Campos, e Haddad e Pochmann saem fortalecidos independentemente dos resultados, em São Paulo e Campinas. E quanto se diz “fortalecidos”, obviamente, projeta-se o futuro. Onde estão Genoíno, Dirceu, Palocci, aqueles que – há alguns anos se esperava – seriam os grandes nomes do partido? Fora do jogo político.

Enquanto isso, o PSDB continua blindado pela justiça e pela imprensa. O mensalão de Minas nos poupa o trabalho de imaginar como seria o julgamento de um escândalo semelhante caso tucanos estivessem envolvidos. As privatarias e compras de voto para a reeleição de Fernando Henrique são tudo aquilo que (não) sabemos. Melhor para o PSDB, não? Nem tanto. O resultado disso é que a proteção às velhas lideranças impede a renovação do partido. Projetando as próximas eleições a partir desta última, sobressaem do lado tucano o inviável José Serra e o mui duvidoso Aécio Neves.

Protegidos pela imprensa nacional ou regional, os quadros do PSDB passam por um processo de fossilização. Nas eleições que eu comento como exercício, as de 2022, como estará o PSDB, partindo do princípio que a renovação começa agora? Como estará o PT? Façamos as contas… Dou meu palpite: da pena que se anuncia bruta está se construindo o novo.

Redação

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