O mercado não assessora; o mercado ganha dinheiro

O dia de hoje deveria trazer lições para aqueles que não entendem que a única lógica do mercado é o lucro.
De manhã, o Banco Central divulgou o boletim Focus, que traz as previsões do mercado sobre inflação e juros.
E o noticiário repercutiu a “aposta” das principais instituições financeiras numa “estabilização” da inflação em 5,24% e mesma expectativa de corte de 0,5% na taxa Selic.
Mas como, se a semana passada foi repleta de indicadores de baixa muito forte da inflação e, hoje, o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe registrou – como antes o IGP-M, até deflação em fevereiro?
Lógico que ninguém está esperando um IPCA – índice oficial de inflação –  negativo, por conta da diferença de abrangência e ponderação deste indexador. Mas o que faria com que as “previsões de mercado” estimassem nada além de uma queda modesta nos aumentos de preço.
Vejam: na previsão divulgada hoje, e entregue sexta-feira ao BC, o IPC-Fipe – este que veio em menos 0,07% era “estimado” em 0,45% para fevereiro. Será que os principais bancos do país não sabiam que ia cair fortemente?
Sabiam.
Vejam o que diz matéria da Agência Estado:
O resultado apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) ficou no piso das estimativas de 21 analistas consultados pelo AE Projeções, que oscilavam entre -0,07% e +0,09%, com mediana de 0%.
Nernhuma criança poderia acreditar que, se 21 analistas econômicos previam, no máximo, 0,09%, a média das instituições financeiras esperasse 0,45%.
Da mesma maneira, os previsores não crêem numa taxa de juros abaixo dos 10% que já  “consagraram” como “aceitável” para a próxima reunião do Copom, que começa nesta terça-feira.
É a chamada “profecia autorrealizável”, porque ela baliza o que a autoridade monetária pode fazer sem despertar reações adversas. Ou na prática, a entrega da condução da política de juros a uma espécie “consenso” entre o apontado pela conjuntura econômica e o “desejo” dos financistas.
Mas, por via das dúvidas, continuaram apostando em algo ligeiramente acima disso em matéria de corte, porque já aprenderam, no ano passado, que o Banco Central não é mais tão dócil a seus desejos quanto era antes, inclusive na gestão de Henrique Meirelles.

 

Por: Fernando Brito

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador