O poder da Budweiser e a Lei Geral da Copa

A Fifa é só uma marionete na pressão para o Brasil permitir a venda de álcool nos estádios. Age em nome da InBev-Budweiser, que fala a única linguagem que os donos do futebol entendem: 25 milhões de dólares, anualmente, de agora até 2022.

A InBev é a maior fabricante de cerveja do mundo.  Controla 200 marcas, dentre elas a Budweiser, patrocinadora da Copa do Mundo de 2014.

No Brasil, a InBev controla a Ambev, dona das marcas Skol, Brahma, Bohemia e Antarctica. De cada dez garrafas de cerveja consumidas no país, sete são da Ambev.

O Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo, atrás dos Estados Unidos e da China. O pais ocupa posição privilegiada nas estratégias de crescimento da InBev, que em 2011 teve um lucro liquido de US$ 5,8 bilhões.

A Ambev, com lucro R$ 8,7 bilhões e 70% do mercado brasileiro, é a maior cervejaria da América do Sul, dona da argentina Quilmes e da uruguaia Norteña.

Esse é o cenário que dá a InBev um inigualável poder de fogo quando o assunto é patrocínio.

Não é a Fifa que está pressionando o Brasil para mudar as leis e permitir a venda de bebida alcoólica nos estádios. A pressão parte da InBev, via Budweiser.

A InBev fala a única linguagem que a Fifa entende: 25 milhões de dólares, anualmente, de agora até 2022. Esse é o acordo entre as duas organizações.

__ São 250 milhões de dólares para resolver os nossos problemas na copa do Brasil, da Rússia e do Qatar.

Já a Fifa, testa de ferro da InBev-Budweiser na pressão para liberar o álcool nos estádios, fala a única linguagem que aprendeu a articular em mais de um século de vida: a da chantagem e a da corrupção.

E será com chantagem, suborno e corrupção que a Fifa vai superar o imbróglio em torno da venda de bebida alcóolica nos estádios, decisão que agora compete a cada um dos estados, segundo a Lei Geral da Copa.

É tudo o que a Budweiser precisava.

Chegou a hora dos profissionais entrarem em campo.

No final das contas, vamos arriar e suspender o Estatuto do Torcedor durante a Copa do Mundo, unicamente para atender os interesses comerciais de uma das organizações empresariais mais corruptas da história do capitalismo.

Suspenda-se o Estatuto do Torcedor para atender os interesses da Fifa e de seu financiador, a InBev-Budweiser.

No estado de São Paulo, é proibido vender bebida alcoólica nos estádios desde 1995. No país, estádios e arredores não podem vender álcool desde 2008.

Fato curioso

Em junho de 2007, quando o Brasil assinou o protocolo se comprometendo a organizar a Copa do Mundo, a Fifa proibia a venda de bebida alcóolica em eventos organizados por ela.

O artigo 19 do Manual de Segurança da Fifa dizia o seguinte:

Estão proibidas a venda e a distribuição de bebidas alcoólicas antes e durante a partida em todas as imediações do estádio.

Dois anos depois da assinatura do protocolo com o Brasil, a Fifa mudou as regras do jogo:

A Fifa reconhece que a regulação do consumo de álcool é crucial. Se a posse, venda, distribuição ou consumo de álcool for permitida em uma partida, deve o seu organizador tomar todas as medidas razoáveis para garantir que o consumo de álcool não interfira na apreciação segura dos espectadores da partida.

A Fifa mudou as regras depois de o Brasil ter assinado o protocolo.

Mudou exatamente na época em que assinou com a Budweiser até 2022.

__ Afinal, são 250 milhões de dólares para resolver os nossos problemas na copa do Brasil, da Rússia e do Qatar.

E ponto final. Não vai se a Fifa a reclamar do aporte de recursos.

Plim Plim

A Ambev gasta anualmente R$ 1,2 bilhão em publicidade. É quarta maior anunciante do país. Compra páginas e páginas de revistas. Patrocina eventos esportivos transmitidos pela televisão.

Uma empresa de comunicação em sã consciência vai bater de frente com um cliente tão generoso?

Que se exploda o Estatuto do Torcedor.

As leis são ótimas, ajudar a manter a integridade do tecido social.

Mas não me venham com leis que atrapalhem os negócios.

E quem não gostou que abra Bud pra esquecer.

Redação

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