O PT e o movimento dos sem partidos

Nos anos 60, em plena ascensão do movimento trabalhista, deu muita repercussão uma crônica do escritor Fernando Jorge  em O Cruzeiro.

Contava a história de um motorista de táxi que abalroou um rabo-de-peixe em plena avenida Atlântica. O taxista saiu do carro, fez um discurso social inflamado e imediatamente tornou-se personalidade política.

Sua carreira política durou até o momento em que, transitando pelo mesmo local, foi abalroado por um furreca caindo aos pedaços, dirigida por um motorista que saiu do carro e fez um novo discurso político.

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De certo modo, a fábula  descrevia os processos de mudança no país, no qual o trabalhismo convencional começava a ser questionado por outras forças que emergiam da nova industrialização.

Dos anos 80 em diante o PT tornou-se o motorista do táxi, fincado em dois movimentos sólidos: o sindicalismo do ABC e a Igreja.

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Agora, chegou a hora em que o fusca velho abalroa o táxi.

Esse é o tema do livro “20 Centavos: a luta contra o aumento” de Pablo Ortellado, professor do Instituto de Filosofia da Universidade de São Paulo.

Ao contrário do terrorismo primário sobre chavismo, bolivarianismo, comunismo e outras bobagens, o PT – para usar um termo caro às esquerdas – “aburguesou-se” e institucionalizou os movimentos sociais. Garantiu um pacto político que, de um lado tranqüilizou o cenário político brasileiro, mas de outro impermeabilizou-o aos novos movimentos que surgiam.

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Grosso modo, pode-se dividir o desenho social e político brasileiro entre os incluídos pré anos 70 (a classe média tradicional) – famílias tradicionais ou filhos da urbanização dos anos 50 e 60 -, os novos incluídos dos anos 80 e 90 – abrigados no PT – e a novíssima geração dos recém-chegados, movimentos de recicladores, rolesinhos, Movimento Passe LIvre, black blocs e outras manifestações que explodiram em junho passado.

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Nas manifestações de junho, a primeira reação do PT foi de quase pânico, como se intrusos ousassem questionar seu predomínio sobre as manifestações de rua. Depois, as principais lideranças entenderam o fenômeno. Mas entre entender e definir formas de abrigá-los há uma enorme distância.

Há uma dificuldade de ordem interna do partido, de conseguir se arejar, o que significa os setores tradicionais abrirem (seu) espaço para os novos atores. E outra de ordem institucional: o governo Dilma é impermeável até ao PT tradicional, mas ainda aos novos movimentos.

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Se o PT não consegue, menos ainda os demais grandes partidos do espectro político tradicional. Todos eles – do PSDB ao PMDB, passando pelo PSB e PV – estão a milhas de distância da periferia política.

Por enquanto, os candidatos a gurus dos novos movimentos ou são intelectuais de academia, praticando um radicalismo de salão; ou partidos de extrema esquerda que não aceitam o jogo da democracia social.

Não há mais a força agutinadora do sindicalismo do ABC e da Igreja, que garantiram o PT. Então esses movimentos nascerão dispersos e, gradativamente, irão se incorporando a uma variedade maior de partidos, com sensibilidade para os novos tempos de nossa democracia social.

Levará um bom tempo até que os novos incluídos consigam alguma organicidade. Até lá, tome movimentos de rua.

Luis Nassif

85 Comentários

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  1. Na mosca.

    O aburguesamento das classes dirigentes dos sindicatos brasileiros é um fato. Para quem os olha do lado de fora fica a impressão de que, afinal, eles não lutavam por direitos da população, mas para conseguir benesses para si próprios.

    Por outro lado, componentes dos governos, em geral, – inclusive muitos do PT – têm ojeriza a tomar certas  atitudes objetivas, corriqueiras, para melhorar efetivamente o bem-estar de componentes da população de menores níveis de renda. Um exemplo corriqueiro, que está à vista de todos, mas dele não se fala é a preferência cada vez mais crescente dos níveis de poder em terceirizar os serviços que eles chamam de “auxiliares”: duvido que alguém ainda encontre um só varredor, ou copeiro, ou segurança,  que seja funcionário público ou empregado concursado CLT: os que a gente  vê nas repartições em geral são todos  empregados de empresas contratadas a peso de ouro. Os dirigentes sindicais, porém, terminam por se aninhar nalgum lugar, inclusive na política como o tal Paulinho da Força.

    Daí resulta o que ocorreu recentemente no Rio: motoristas de ônibus ficaram revoltados porque “seu” sindicato havia acertado reajustes salariais com os patrões sem consultar aos que efetivamente pegam nos volantes. E partiram para uma quebradeira que assustou muita gente.

    É óbvio que há exceções: o Lula, por exemplo. 

    1. A meu ver alguns dirigentes

      A meu ver alguns dirigentes sindicais podem ter sido “aburguesados”, mas muito sindicatos foram sempre  ligados a políticos ou grupos empresarias e continuam pelegos. Veja o sindicato de motoristas do Rio, que fraudam as eleições, passam por cima da categoria e assinam acordos com os patrões. Este sindicato se “aburguesou”? Não. Ele é pelego de longa e longa data. Tomar atitudes “corriqueiras”, ou seja, sobre a terceirização, não é um ato corriqueiro, pois tem que passar pelo Congresso Nacional e fazer  frente as “bancadas” dos empresários. Aliás, a tercerização é uma realidade no mundo e começou com o neoliberaliesmo. A diferença é que os tercerizados, em alguns países, são mais bem pagos por ser um contrato temporário. Os lixeiros do Rio, mesmo não sendo funcionários públicos deram uma lição no prefeito, nos dirigentes sindicais e na mídia que distorcia a luta dos garis. Mas que ganhou a simpatia da população e conquistou quase 100% de suas reivindicações.

  2. Boa análise!

    Caro Nassif,

    excelente análise a sua! Pegando emprestado a terminologia de Hegel, o PT foi nos últimos anos a síntese dos embates políticos das últimas décadas, conseguindo incorporar emseu discurso elementos caros à governabilidade (nada de calote no FMI, compromisso com a macroeconomia, etc…) aliado ao social. Mas depois de chegar ao poder e ficar lá nos últimos 12 anos, este modo de governar se tornou a tese, que por sua vez é combatida pela antítese daquelas que foram apeados do poder e dos novos atores sociais. Com relação aos primeiros, os que foram apeados do poder, trata-se da velha disputa política, e o PT tem suas armas para fazer este confronto. Mas é justamente no aparecimento dos novos atores, frutos também das políticas implementadas pelo PT, que o PT ainda não conseguiu criar canais de diálogo.

  3. Fazia tempo que não

    Fazia tempo que não concordava 99% com uma análise desse movimento todo que está ocorrendo. Em geral estava discordando 99% de todo mundo. É até bom que não seja conclusiva, que toque no ponto da construção do futuro, porque esse é o único ponto que pode trazer algo em comum entre militantes governistas e não-partidários.

    O que o partido fazia em seu início era delegar o debate, dentro dos sindicatos, da igreja, e absorver o resultado para dentro do seu discurso. Isso projetava o partido, mesmo com menos gente. Sempre convivi com muita gente declaradamente “petista”, sem terem participado da estrutura de poder partidário, mas principalmente do debate. Sempre sentiram que eram parte de um movimento. Isso provavelmente era mais fácil quando o partido não tinha seus 30 anos, e portanto todos que lá estavam haviam acabado de chegar. Não havia tanta legitimidade para quem tentasse montar sua própria igrejinha.

    O exercício do poder engessa a todos, e fez o partido no governo perder essa capacidade dialética, de absorver bandeiras que não sejam construídas dentro, mas que sejam conforme seus princípios. Há que se reconhecer que o Lula foi republicano em relação às críticas, vindas em um momento de crise, especialmente comparado ao que aconteceu no restante da América Latina, onde o confronto foi grande. Soube ouvir. Mas o partido em geral não soube ouvir o que ocorreu de sério no mês de junho, e transformar em conciliação, que é um passo adiante que o governante tem que tentar fazer. E não estou falando da Dilma, que tentou alguma alternativa, mas sim da máquina partidária.

    Na situação atual, em que falta oxigenar idéias, parecendo que o ciclo está esgotando, e não surge partido de oposição ou da base aliada para reciclá-las, as ruas estão oferecendo matéria-prima de graça, e realmente sem filiação partidária em sua maioria.

    As pautas que estão lá já foram quase propriedade do grande movimento social liderado pelo PT: transporte, qualidade do gasto público, saúde, valorização da educação, violência policial. Como movimento difuso, obviamente não há uma pauta escrita, mas as idéias estão lá: transporte gratuito, abertura das planilhas do transporte, discussão dos direitos sociais afetados pela Copa.

    Sabe-se lá por que razão o PT, que nem era o comandante da polícia que bateu, resolveu assumir a reação ideológica, fazendo discurso contra as ruas enquanto o Alckimin se fez de planta e conseguiu passar ileso. O partido assumiu amplamente o ônus político para aqueles que já são contra, e deixou sem entender aqueles que não são contra nem a favor. E os que são a favor, continuaram na mesma militância, sem nada mudar. Ou seja, somente quem não tinha partido ou sentimento de antipetismo é que pode ter migrado para uma opinião menos favorável ao governo. O restante que já tinha lado bem firmado, continuou a rezar sua missa vigente desde a década de 90, sem alteração.

    Dessas pautas todas que estão na rua, a mais breve é a da Copa, que morre no mês que vem. Que se for mal conduzida, talvez leve às Olimpíadas, no máximo. E é a única estritamente federal. Mas o PT tem a capital mais importante do país, e também o governo federal. O Haddad está fazendo a luta dele aparentemente sozinho, sabe-se lá a razão. Tomara que seja uma estratégia muito bem pensada, visando não contaminar outubro. Senão, é o maior desperdício de oportunidade para demonstrar capacidade de ação política.

    Muito dessa gente que está na rua, está lá por falta de liderança política. Puro vácuo. Tem gente acostumada a lidar com ONG, tocar projetos próprios como o MPL, fazer sua própria mídia como os ninjas. Se o partido voltasse a delegar o debate, abriria a Câmara de São Paulo ou a Prefeitura para essa gente – mas não só os já organizados – realizarem qualquer projeto que seja, fornecendo as ferramentas, o espaço, e até o know-how. Apoiaria projetos com o peso de um partido grande ajudando a desenvolver idéias. Poderiam tirar dali novas lideranças capacitadas. Não o faz, e tem sorte que o PSDB sempre teve medo de se misturar com a população, e portanto não tem o conhecimento, e que o PSOL não consegue se fortalecer como alternativa de grande porte.

    As estruturas o PT já teve em um passado recente, e eram coisa quase romântica, como o Orçamento Participativo, que tem até um bom livro jurídico, acho que do Tarso Genro. Também já teve a capilaridade, para levar o debate vindo de fora do partido para o alto, ainda que vinculado a movimentos próximos.

    Achar que a população vai se filiar e comparecer a Assembléias do partido, ser engrenagem da máquina, é uma utopia tão grande quanto o comunismo puro. Isso tudo está praticamente desativado, como se não fosse compatível com governar. Mas o pensamento não é o mesmo quando há delegação para ONGs que também executam mal seus projetos, tão mal quanto essa gente que está na rua faria na pior hipótese, em forte exercício de engenharia política que todos os partidos fazem. Se podemos delegar a execução de projetos para praticar a “real politik” e a governabilidade, porque não fazer isso também para deixar os idealistas voltarem a participar do partido?

    O mínimo que o partido deveria fazer é abrir as portas para os apartidários que estão tomando as ruas em São Paulo, dispostos a executar algum projeto, ainda que cause ciumeira na militância já absorvida, e nos dirigentes que sempre têm a idéia de que chegaram primeiro e que tem certeza de que merecem preferência. 

  4. Não tenho procuração do PT

    Não tenho procuração do PT para defende-lo.

    Alias ate o critico bastante nesse mesmo espaço,

    Mas  nada a “entender” nesses movimentos citados, alem de manipulação politica e ingenuidade.

    Passe Livre?

    Coisa de criança usada por adulto mal intencionado.

    Como poderia haver “passe livre” numa cidade como São Paulo, com milhões de pessoas circulando de um lado a outro?

    So com a criação de uma segunda prefeitura para geri-lo.

    Mesmo nas sociedades mais radicais de esquerda, como a Albania, Cuba, nunca houve “passe livre”.

    Acho muito lindo assistir os jovens se movimentarem, mas poderia ser por causas mais concretas.

    Black Bloc não vale a pena nem perder tempo.

    Neonazismo ´´e coisa antiga.

    Ja os “sem teto” deveriam ser mais analisados, “entendidos”.

    Mas os que se manifestam na hora da eleição, ou não sabem o que fazem ou trabalham, ingenuamente, para um Aecinho, que se eleito, certamente não estara muito preocupado com seus problemas.

    Como dizia Brizola, “o PT é o partido dos sonhos da direita”.

    Acomoda os conflitos.

    Mas, a não ser para os adeptos do “quanto pior melhor”, no momento, apesar de todos os defeitos é melhor ficar com ele mesmo, de que nas mãos de um playboy reacionario.

    A politica é assim, apenas a arte do possivel.

  5. A crise de representatividade

    A crise de representatividade está no cerne da crise política. Todo o resto é periférico. Mas, o que vem a ser essa “representatividade” e por que ela está em crise?

    Em termos políticos, “representatividade” é a faculdade e a capacidade da classe política de se expressar ou agir em nome do povo  mediante partidos que por sua vez vão incorporar as mais diversas visões e percepções que emanam desse outorgante. 

    Está em crise porque ao longo do tempo nossa práxis política, e isso de que trata o post, transformou essas que deveriam ser matrizes de pensamentos, de ideários, de desafios, em bunkers burocráticos com vista apenas a conquista e manutenção do Poder. Como se a democracia se resumisse ou se exaurisse num mero escrutínio periódico, portanto circunstancial, e não um processo contínuo de apreensão dos anseios de toda uma população, e não da agremiação e aliados que receberam a outorga do Poder. 

    Pois é exatamente esse postulado, um quase axioma, de que a Política é a “busca do Poder” que impeliu, e continua impelindo, nossos partidos políticos a se ensimesmarem, portanto olvidarem das suas verdadeiras razão de ser. E essa alienação não é própria apenas do que chega “la”: os derrotados, os que supostamente ficaram na incumbência de “falar” em nome da(s) minoria(s), se empenham apenas em enfraquecer ou complicar as ações do vitorioso como se este, pelo menos naquele momento, não governasse para todos. Confundem, não raro, seus interesses com os interesses da população em geral. 

    Claro que essa distorção gera consequências. E a principal delas é o sentimento de orfandade do eleitorado; o sentir-se mera massa de manobra de interesses outros e não os seus. Sentimento que se materializa no alheamento(“sou apolítico”), nas manifestações niilistas e reducionistas(“nada presta neste país”; “todo político é ladrão”).na omissão(“votar para quê e em quem?”), e no limite, no próprio ceticismo no regime democrático. 

    Isto posto, pode se deduzir sem esforços que se o estamento político insistir nessa auto-complacência e nessa “surdez” para com as “ruas”, estará se auto imolando, ou seja, atiçando os “fantasmas” que sempre rodam a nossa ainda jovem democracia. 

     

     

     

    1. JB, concordo co sua análise,

      JB, concordo co sua análise, mas acrescento um fator que ajuda nesse sentimento de falta de representatividade – o esforço da midia nativa em mostrar a política como alguma coisa má, corrupta, o que acaba favorecendo os conservadores, que tentam se apropriar desse estado de ânimo.

      Vide as manifestações sem foco, feitas apenas para protestar e fazer com que sejam vistas como contrárias ao governo federal. Será que, por exemplo não há o que protestar contra o desempenho do governo estadual?

  6. Poderíamos avançar, e muito,

    Poderíamos avançar, e muito, nessa discussão da crise de representatividade da classe política, ou de partidos,  se não antepuséssemos quanse que como um mantra essa dicotomia esquerda “boazinha” versus direita “satânica; ou vice-versa. Além da mera busca pelo Poder, conforme já exposto em comentário anterior, esse apego ferrenho a viseiras ideológicas, muitas delas com datas de validade vencidas, cria uma auto-referência que agudizam ainda mais esse distanciamento do povo, ou das “ruas”, como queiram.

    Ambas as vertentes, num assomo de autossuficiência, não só se omitem, mas simplesmente interditam qualquer debate acerca de certos temas que, se para elas é questão de doutrina ou, vá lá que sejam, de valores, para o cidadão comum é crucial; literalmente: de vida ou morte, como é o caso da análise e proposições de soluções para a violência.

    Incluir direitos humanos nas discussões sobre a violência, soa para uma Direita que desdenha do meio-social como o vetor básico para o crime quase que como uma ofensa. Entrementes, para uma Esquerda dogmática e vaidosa da sua hiper sensibilidade social, o clamor das “ruas” para um combate mais efetivo à criminalidade, incluindo certos “tabus” para essa mesma Esquerda, a exemplo da redução da maioridade penal, é ridicularizado como uma regressão no processo civilizatório. 

    Mas o problema maior não são os “ouvidos moucos”, mas se negarem sentar à mesa e procurarem meios-termos. 

     

     

     

    1.   Tá ótimo, JB, mas como

        Tá ótimo, JB, mas como dialogar com uma direita que via de regra já se põe contra aumento do salário mínimo e defende aumento de juros a torto e a direito? Num país em que os q5 mais ricos ganham mais que 14 milhões de pessoas no Bolsa Familia, como alerta outro post?

        A Dilma bem que tentou, oferecendo controles remotos a quem quisesse. Adiantou?

        Eu não vejo partidos de direita não, vejo clubes de oligarcas, e isso para ser educado.

        Pessoalmente, ainda tô esperando oposição – Oposição – ao PT, para nela votar. Depois de inúteis tentativas apaziguadoras feitas pela Dilma, cheguei a considerar os partidos à esquerda, mas esse pessoal ainda precisa aprender a ser mais responsável. A impressão que tenho é que ainda sonham com a tomada do Palácio de Inverno, pô! A meu ver, vão é queimar muito rápido os movimentos dos “sem partido”, talvez matando em vidraças quebradas o que poderia vir a ser de fato algo muito promissor.

        (e nem vou falar em black bloc, que pra mim tem dedo americano nisso.)

  7. O PT pode ganhar ou pode

    O PT pode ganhar ou pode perder esta eleição, mas já passou da hora de fazer uma auto-revisão dos conceitos primários do partido. Se no passado levantava a bandeira do apoio aos excluídos, no momento, conforme há um ajustamento para o centro do extrato social de uma grande parcela da população vinda das classes na base da pirâmide, é preciso que o partido sustente em uma mão ainda seus antigos ideais e abra a palma da outra mão para as demandas relativas às necessidades de uma classe média. Ou seja, tem de cuidar não apenas em abrir as portas da sociedade para os excluídos, mas ajeitar a sala de estar para recebê-los.

    Além disso, abusando da analogia, é preciso reformar esta sala de estar, forçando a troca dos quadros e da mobília. É fato que a atual classe média brasileira se baseia em conceitos consumistas e de gastos em bens materiais. Portanto, ao ampliar o número de pessoas inclusas nesta parcela da população, o governo apenas estará ampliando os problemas decorrentes do consumismo: inflação, insatisfação com impostos, baixa poupança pessoal, aumento dos riscos financeiros familiares, etc. Portanto, vejo como primordial uma reformulação de valores sociais, sendo estes baseados em conceitos como trabalho, a importância da poupança de longo prazo, honestidade, participação política regional, etc. Claro que esta reformulação de valores não adiantará nada, se o partido na condicão de governo não fizer a sua parte, atendendo muitas das demandas da sociedade, como melhores transportes, saúde eficiente, etc.

  8. Quem tenta assumir esse novo

    Quem tenta assumir esse novo papel é o PSOL, só que diferentemente do PT no seus tempos mais radicais, aceita o discurso da direita para ser aceita pela mídia como oposição ao atual governo. Coisa que o PT no passado não fez, sendo alijado da Globo por décadas.

    Aí que mora o pecado do PSOL, a partir do momento que tenta aglutinar, não movimentos sociais de base, mas o grupo que assiste o progrma da Fátima Bernardes ( é só lembrar do Juntos! em seu progrma no auge das manifestações do ano passado) aglutina os fãs do Jabor e não os movimentos sociais legítimos. Os verdadeiros movimentos sociais atualmente não tem representantes nem na velha nem na nova esquerda. Um exemplo, são as greves de estudantes nas universidades, em 90% dos casos, são feitos pelos alunos de maneira independente (a UNE não representa os estudantes brasileiros há pelo menos 20 anos) e quando o movimento conquista algum destaque midiático os partidos vêm a reboque assumir o “controle” da causa. Não existe mais uma entidade que aglutine os movimentos sociais como o PT conseguiu no passado, hoje os partidos políticos aínda estão presos a ideologias e processos políticos do passado e  não conseguem criar “o novo”. sem se desfazer de velhas ideologias, e tem medo de admitir que o caminho escolhido pelo PT, enquanto gestão de governo, se não é o melhor dos mundos, é o melhor que  a esquerda consegue fazer dentro de um país democrático e com o sistema político atual. Não havendo uma reforma política,  as conquistas sociais demorarão muito mais para serem realizadas no atual modelo democrático brasileiro, (considerando que seja governado por um partido de esquerda). Não só o PT, mas os partidos de esqueda estão perdendo o bonde da história, não entendendo os novos movimentos sociais. Os partidos de oposição ao PT estão perdendo em dobro, por não aglutinar os verdadeiros movimentos sociais, em troca de espaço  na mídia. 

  9. Representatividade dos partidos brasileiros .

    O presente texto descaracteriza o  PT como o maior partido trabalhista brasileiro.  O PT da mesma forma que demais partidos de expressão nacional traz em seu corpo uma mescla doutrinária que hoje muito se afasta de seus primeiros dias alicerçado no sindicalismo e nos movimentos sociais  cristãos . Hoje o PT se tornou  a agremiação mais consistente de tendências de centro esquerda entre nos, diferente da grande maioria que se estabelece na sombra de nossas elites capitalistas travestidos das mais variadas tendências doutrinárias. Enfim alguma coisa coerente.

    1. É quando o barco perde o leme…

      A princípio, discordo do companheiro serralheiro quando diz que “o PT é o maior partido trabalhista do país”. O PT é uma frente de várias tendências políticas e correntes de pensamento e sendo assim, é muito  complicado denomina-lo trabalhista.  Fui militante do partido e ao meu ver, o barco perdeu o leme quando o então presidente eleito LULA preferiu fazer acordos com os políticos conservadores e de caráter duvidoso como Collor, Sarney, Renam Calheiros etc. se alia ao empresariado (Lula em entrevista afirma que “nunca na história desse país os ancos lucraram tanto”) e inicia a sua política de conchavos para Governar mais tranquilo.  A partir de então, viu-se um inchaço absurdo no partido aumentando de forma astronômica o seu número de filiados aumentando ainda mais a descaracterização do PT.  Os “quadros” , a maioria oriunda dos movimentos sindicais e sociais, assumem cargos de Governo e muitos acabam por se transformar em seres iluminados, diferentes daqueles que estavam nas lutas nas portas de fábrica, nos assentamentos, ocupações, etc.  Infelizmente, o vírus do poder contaminou vários companheiros(as) históricos e o distanciamento desses “quadros”  para as bases começou a ficar intransponível…  Como exemplo, conto a história de um período em que eu fazia parte da Direção do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.  Na época, o então Presidente do Sindicato Vinícius Assumpção concorreu a vereador no Rio de Janeiro.  Não foi eleito, mas graças a um acordo ,na minha opinião vergonhoso, entre o PT e o PMDB  no Rio ele assume uma Secretaria na Prefeitura de Eduardo Paz.  A partir de então, assisti um companheiro que apesar de ser Secretário no Município (patrão) se travestia em Sindicalista (empregado)  mostrando claramente que o Partido estava no caminho errado.  Sumia  do Sindicato para cumprir suas funções de Secretário e num repente aparecia em reuniões, discursava em Assembléias, fazendo aquele auê.  Não que o companheiro por estar no Governno deveria se ausentar do Sindicato, mas é exatamente esse o ponto que eu gostaria de colocar:  O atual Presidente Almir Aguiar era ou não era capacitado suficiente para manter a luta sindical em busca  dos interesses dos trabalhadores?  É ético se afastar da entidade para realizar outras funções e depois vir quando achar interessante?  As vezes me perguntava:  O que é o companheiro Vinícius Assumpção? Será que ele era um Sindicalista do Governo ou era um Governante no Sindicato?  Assumo que não entendia e não entendo essa política camaleão pois em uma situação de conflito de interesses, de que lado ele estaria? Do Governo ou do Sindicato? O problema que esse tipo de política virou prática fazendo assim os Sindicatos que eram controlados por militantes do PT  recuarem juntamente com a Central e alguns movimentos sociais próximos ao PT.  As pautas da classe trabalhadora começaram a perder força e o Governo deve ter pensado:   Pronto agora podemos Governar em paz.  Neste momento, começou a eclodir a aspiração de outros militantes históricos que entendiam a necessidade de fazer um rodízio nas esferas que o partido estava até mesmo para oxigenar o partido, mas quem estava em cima, não queria descer.  O processo de “polarização de quadros” seguiu em todas as esferas polítcas onde o PT atuava.  Com a elevação do preço dos alimentos e um Governo que não é tão carismático (DILMA) e que não aplicou nenhuma medida afirmativa para a população, a revolta popular cresceu e vimos o seu ápice ano passado.  E agora, quem vai dar o norte político para essa grande massa que vivenciou casos de corrupção, que percebeu a transformação do PT num partido conservador de conchavos e que as bases Sindicais estavam mornas para garantir a tranquilidade do Governo? Claro que existem outras Centrais de trabalhadores, mas a que o PT é maioria não pode ser desprezada pois é a maior Central de Trabalhadores da América Latina.  A esquerda do Brasil que tanto esperava por essa reação popular ficou meio isolada nesse processo pois a desconfiança que pairava na cabeça do povo era que todos são iguais.  Chegou o maior perigo:  No meio desse tornado, a direita reacionária poderia capitanear essa revolta popular e cairíamos num retrocesso político imensurável, mas felizmente não aconteceu.  A disputa ideológica esta acentuada e a  militância de esquerda precisa estar preparada para o debate anulando assim qualquer possibilidade da aplicação do fascismo no Brasil.  O Governo que na minha opinião fugiu do debate com a Sociedade, não fortaleceu a consciência de classe e jamais se apoiou naqueles (as)  que votaram nesse projeto, precisa com urgência fazer uma guinada a esquerda para recuperar a credibilidade não do projeto político, mas sim do caráter.  E finalizando, para os outros partidos, correntes e grupamentos de esquerda ficará a árdua tarefa de explicar para a Sociedade que eles estão equivocados:  não somos todos iguais, o que a população conheceu foi o “Jeito PT de Governar ”  

      Renato Luís Da cunha Pereira

       Bancário

       

  10. Dilma sim entendeu

    “Mas entre entender e definir formas de abrigá-los há uma enorme distância”

    Dilma chamou aos jovens para conversar e, demonstrando grande compreensão pelo que as ruas falavam, intensificou obras de Mobilização urbana, conseguiu aprovar o projeto “Mais Médicos” no congresso, conseguiu aprovar a distribuição dos lucros do Pré-sal para a educação e, ainda, levantou a bandeira da reforma política.

  11. O problema está na

    O problema está na fragmentação, própria de um paradigma que dividiu o todo em partes para tentar entendê – lo.

    Se antes o entendimento e o controle do poder efetivo da sociedade se dava na luta capital X trabalho, esse novo paradigma dilui um dos centros, criando inúmeros focos dispersos, o que dificulta a própria representatividade política da sociedade.

    Por isso a sensação da sociedade ora representada pelo lado trabalho, que brada a cada momento “não nos sentimos representados”.

    De fato, se antes a relação capital X trabalho simplificava o empunhamento de bandeiras mais claras, este modelo cultural atual fragmenta em diversas partículas individualizadas dificultando principalmente o lado que pensou que estaria mais beneficiado com o liberalismo pragmático.

    Se antes a luta se dava por segmentos organizados por grupos, como o estudantil que se reunia para revindicar avanços no seu todo, hoje tal segmento se move de forma disforme levantando bandeiras bastante individualizadas e setorizadas. Recentemente, nas manifestações dos motoristas e cobradores de ônibus, onde o sindicato eleito queria uma coisa e parte dos seus representados queria outra.

    Dessa forma, a fragmentação causa o enfraquecimento da política, dos partidos, das soluções coletivas e do próprio Estado, fruto dessa sociedade muito mais complexa e dividida, diluindo as relações de poder por inúmeros e distintos espaços da sociedade.

    Esse enfraquecimento favorece que o setor mais organizado, o do capital, leve uma grande vantagem nas determinações de ações dos governos, exatamente o que objetivava a globalização neoliberal. 

    Por estes motivos é que se pode observar que governos de esquerda estão sofrendo enormes dificuldades para se desgrudar das pressões em favor do mercado, colocando tais governos na defensiva exatamente porque não tem mais o apoio fechado da classe trabalhadora, tornando bastante desequilibrado  o jogo do poder, e por isso mesmo  é que se pode observar que parlamentares eleitos por grupos mais ligados ao trabalho terminem por representar o lado do capital não obstante as suas necessidades de captação de financiamento caro para as suas campanhas políticas.

    Essa é a maior resistência da direita que mais uma vez consegue se apoderar, ou influenciar de forma quase hegemônica os ditames do país, com a força do sistema financeiro e do monopólio da mídia formando de forma organizada e unificada as suas bases atuais de sustentação.

    Por isso o trânsito, usando a alegoria de Luis Nassif, parou. Não foi por causa da furreca que abalroou o carro do motorista de taxi e sim porque a furreca e o motorista de taxi não conseguiram tirar o “rabo de peixe” do lugar. E enquanto o dono da furrreca e o motorista de taxi discutirem o “rabo de peixe” continuará na frente atrapalhando o trânsito.

  12. Desenvolvimento local

    O problema não é só político ideológico, é também prático. O que é que se fez por estes setores que hoje estão sem organicidade e saindo às ruas? Renda e formação técnica, aliás importantíssimas ferramentas para uma vida mais digna e ponte inevitável para a nova página que deve ser construída. Porém, toda uma gama de contemporaneidades necessárias para absorver aspirações espirituais e materiais legítimas continuam tão não atendidas quanto antes. O que há como oportunidades novas nas comunidades para estas pessoas com mais dinheiro e formação técnica, além da época dourada de FHC? -Nada. Onde estão os teatros, as grandes bibliotecas de bairro, os equipamentos desportivos comunitários de primeira grandeza, onde estão as escolas de música, os cinemas nos bairros, como está o transporte público que permitiria às pessoas acesso não somente ao trabalho , mas também ao lazer e à cultura mais distantes? Onde estão os museus testemunhos do esforço daquelas comunidades e da sua singularidade na universalidade da humanidade? -Em parte alguma. Continuamos miserabilíssimos neste “detalhe”.

    Ou o governo da esquerda alimenta as justas aspirações, ás vezes inconscientes e não percebidas, desta cidadania que emerge, ou eles terão deixado a pobreza, mas a miséria nãolhes  terá saído de dentro, o que será percebido como um mal estar insuportável, motivador contínuo de convulsões sociais. Como sempre o desafio é o de mais desenvolvimento e mais emancipação. Não adianta fazer PACs de infra estrutura que não alteram o microcosmos da vida das pessoas. É tão simples e no entanto pouca gente entende. Fico perplexo e exausto diante disto.

    Essas pessoas descem às ruas não por falta de organicidade, podem descer às ruas sem saber ao certo o que querem, mas querem cidadania, oportunidades e compartilhamento no plano espiritual do desenvolvimento que eles enxergam como se estivesse do lado de fora, mas não do lado de dentro.

    Talvez o maior desafio para a nossa sociedade seja entender profundamente aquilo que Darcy Ribeiro dizia: os mais pobre têm dignidade completa.

    1. Consumo

      “O que há como oportunidades novas nas comunidades para estas pessoas com mais dinheiro e formação técnica, além da época dourada de FHC? -Nada.”

      O PT no governo, e o Lula repetiu isso não sei quantas vezes quando estava na presidência, se preocupou exclusivamente em criar uma nova classe de consumidores. É muito? Sim, já é muito, mas longe de ser suficiente para criar uma nova classe de cidadãos. Como você bem mencionou, os progressos nesses quesitos foram pífios.

      1. Desenvolvimento local

        Exato, se houver investimento maciço na construção da cidadania e do desenvolvimento local, (que são como um dipolo) o país sai do marasmo e o cidadão comum vai entender afinal que diferença há entre a direita e a esquerda. Se esse cidadão alcança capacidade crítica passa ele próprio a contribuir para a continuidade do processo de desenvolvimento local, girando uma roda que passa a ter vida própria positiva. Eis o desafio. Abs.

  13. Só há no Brasil um ator, ou

    Só há no Brasil um ator, ou melhor, atora política que captou que essa rejeição ao aburguesmento ( burguesia aqui no sentido de política, entenda-se ) do PT muito antes que qualquer um, e mais que isso, inteligentíssima que é, soube e sabe posicionar-se de tal modo a tirar proveito disso sem ser radical.

    Marina SIlva tem, e sabe como usar, muitos indicativos que fazem dela uma personagem única e que é uma aposta certeira para tempos vindouros no Palácio do Planalto. 

    Tem uma história de vida que pode ser contada, de pobre seringueira do Acre ao Minist’ério em Brasília, e acredita, com certa razão, que depois de Lula, os “bem-nascidos” terão muita dificuldade de serem eleitos para o Planalto;

    Marina esteve no táxi que abalroou o rabo-de-peixe, quando sentiu que o táxi começou a darr muitas voltas desnecessárias para chegar ao destino, pediu para para e desceu. Foi de furreca.

    Marina tem sobretudo a mesma paciência que teve Lula, necessária a quem quer se tornar opção, e não produto momentâneo de mídia. Sabe que a derrota na boa-luta, no futuro, conta a favor, e não contra. Lula se orgulha das suas derrotas de 89, 94 e 98. E quem viveu essas derrotas sabe muito bem que não foram poucos, senão a maioria, que deram Lula como acabado a cada uma dessas derrotas. 

    Marina joga também com tempo e a renovação do eleitorado a seu favor, em 2018,  se irão 16 anos e só cresce o número de jovens, se tornando adultos, que não conheceu outra coisa senão po PT no poder e ouviu falar muito mal do tempo do PSDB.

    Marina conta agora até com uma providencial ( planejada ? ) derrota na justiça que impediu seu movimento de participar das eleições de 2014 em favor das candidaturas tradicionais, PT e PSDB. E saberá como usar isso mais na frente. 

    Enfim, Marina SIlva é uma jovem de 56 anos que aprendeu com Lula que a biografia deve ser construída diariamente, com muita paciência, sem perder o foco no objetivo final e aposta suas fichas num discurso que contempla dois pontos, a consciência ecológica e a revitalização da família, ainda muito cara a todos os brasileiros, como célula principal da sociedade. E ela sabe, porque participou, que o nome Bolsa-FAMÏLIA, não foi escolhido ao acaso.

     

    1. Seu medíocre texto tenta

      Seu medíocre texto tenta galmourizar uma ex-ministra incompetente (administrativamente falando) que é patrocinada pelo 2o. maior banco do país e pela “inocente” Natura. E tem apoio até dos também “inocentes” ingleses (vide palhaçada/grosseria na Olimpíada).

      Patético.

      1. E o Lula recebeu o Chatam

        E o Lula recebeu o Chatam House dos ingleses e foi escolhido Estadista do Ano pelo Fórum Econômico Mundial de Davos, além de um outro monte de honrarias advindas daqueles que preservam a desigualdade mundo afora. 

        É amigo, infelizmente ela estava lá porque é internacionalmente conhecida e já recebeu inúmeros desses prêmios e honrarias mundo afora.

        Sei que você preferiria o Lula ao lado do Ban-ki-moon e outras personalidades carregando a bandeira olímpica, mas não foi assim, fazer o que né ? Não dá para ganhar todas.

        Mas é claro, as honras recebidas por Lula e por Marina, para você, tem pesos diferentes. Para mim são a mesma m*.

        Quanto ao Itaú, bem, olhe as contas de campanha de 2010 de Dilma e de Marina e tire suas conclusões. 

      2. Argumentos fracos

        Posso não concordar com a preferência do Pachecão pela Marina, mas desmerecê-la por ter o apoio do Itaú, da Natura e dos “inocentes” ingleses é muita hipocrisia.

        O próprio Lula comentou que nunca na história os bancos ganharam tanto dinheiro como sob o governo dele. Como todos os outros partidos, o PT recebe apoio financeiro, tanto aberto quanto oculto, de empreiteiras. Lula foi apoiado e elogiado pelo Obama como sendo “o cara” (tradução incorreta de “my man” em inglês).

        Existe diferença entre os acordos da Marina com o Itaú/Natura e os acordos do PT? Elogios de ingleses ou americanos só servem para Lula e não para Marina?

        Não acho que seja com base nesse tipo de argumentos que você poderá convencer alguém a apoiar o PT, se ele já não estiver 100% convencido.

        1. Apenas para colocar os pingos

          Apenas para colocar os pingos nos is, não tenho nenhuma preferência pela Marina.

          Apenas tentei demonstrar como ela está escrevendo uma história que pode levá-la a capturar laguns anseios populares aos quais o Nassif se referiu no texto, e que não estão mais encontrando receptividade no PT.

          E demonstrar também que ela, correndo nessa raia de fora, pode estar sendo a mais esperta de todos. 

          Se isso é bom ou ruim, não sei, nem tenho pretensão de fazer juízo antecipado da Marina nem de ninguém.

    2. Em relação à trajetória,

      Em relação à trajetória, realmente, a Marina tem uma história de vida incomum e respeitável. Mas se for apenas por história de vida, o JB levaria mais vantagem possivelmente.

      A Marina é uma política de fato, mas que quer não parecer política para representar os novos tempos e não a velha política da qual ainda é parte menor ao buscar guarida em partido alheio para não cair no esquecimento completo. Não acredito que a sociedade vá comprar essa imagem que ela tenta construir. O que fica da imagem dela é a simplicidade e o discurso ecológico ou evangélico.

      E o simples fato de ter sido do PT já joga contra ela, supondo que o antipetismo continue bombando. Lembrando que em 2018 ela já vai ter 60 anos, sem nenhuma realização ou fato concreto para mostrar como “obra” nos 8 anos anteriores. O Aécio e o Campos são ex-governadores que podem reprisar o filme desse ano, mostrando que podem fazer melhor (pela visão deles). A Marina é só promessa e “voto de fé”.

      Imagino que a derrota (ou falha, dependendo da forma como se interpreta) dela na criação do partido (que não vingou) foi sim uma perda de timing e contexto que não volta mais. Lá adiante ninguém vai se importar com um discurso de vítima do sistema.

      Outro problema que ela enfrenta, é que de 2010 até lá 2018, ela só vai ter aparecido na época de eleição. Político sem cargo tem pouco espaço para transitar e ficar na mídia fora do período eleitoral.

  14. Pela matéria e principalmente

    Pela matéria e principalmente por todos os comentários até aqui, digo que este Post está entre os melhores dos últimos anos.

    1. Dá para fazer discussão em

      Dá para fazer discussão em alto nível. É só fugir da dicotomia. É só deixar de pensar que aquele que não pensa como você está contra você e, sobretudo, entender que, no geral, todos estão em busca de um objetivo comum, um país melhor, uma sociedade melhor, embora não concordem no meios.

  15. SUGESTÃO PARA AVALIAÇÃO DE COMENTÁRIOS LONGOS

    Nassif,

    A menos que o objetivo do Blog seja dificultar comentários longos, sugiro que o botão [ […] ver mais ] passe a ter a função do botão [ Link permanente ], que seria então eliminado.

    Passando o botão modificado a ter como legenda algo como  [ Leia mais – Link permanente ].

    Como atualmente, ao clicar em qualquer botão de Link permanente, são automaticamente exibidos todos os comentários longos na página e, ao mesmo tempo, liberada a avaliação de todos eles, estaria resolvida uma reclamação constante dos leitores do Blog, em especial dos novos leitores, que desconhecem esta funcionalidade.

    Como, decorrido tanto tempo da reinauguração do Blog, não se aperfeiçoou o botão Ver mais para liberar a avaliação do comentário, o que seria a melhor solução, por não requerer um refresh total da página, acho que a solução proposta é melhor que a atual, que também exige o refresh total para permitir a avaliação. Com a vantagem citada, de já liberar todos os comentários na página de uma vez só.

  16. O PT começou assim e, depois,

    O PT começou assim e, depois, virou um partido politico.. caminho que, se vingarem, seguirão todos esses movimentos “alternativos” e “novos”.

  17. PT poderá se beneficiar da alta abstenção

    O eleitor da Dilma está mais propício a ir as urnas do que os eleitores de Aécio e Eduardo.

    Se esse cenário se confirmar em vez do dobro de votos como mostram as pesquisas, Dilma poderá ter  quase o triplo de votos em relação a Aécio.

    1. E daí?

      Filipe, concordo que a Dilma poderá ser reeleita com uma margem maior do que o esperado sobre Aécio e Eduardo. Porém será eleita na base do “Já que só tem tu, vai tu mesmo”, com um nível de abstenção e votos nulos absurdamente alto.

      Esse reeleição, além de satisfazer os quadros do PT e todos os que estão apegados às benesses do poder, o que trará para essa população cada vez maior que não se sente representada por nenhum partido, motivo justamente dos prováveis recordes de abstenção e votos nulos? Vai continuar ignorando e não atendendo as reivindicações dessa grande parcela da população?

      São temas que devem ser abordados se quisermos que esse país melhore. Nenhum partido poderá dizer que governa para todos se não levar em conta essa massa que hoje se encontra aljada do processo político-partidário e sem nenhuma representação entre os partidos.

  18. O PT e o movimento dos sem partido

    Nassif, muito interessante sua avaliação acerca do momento político-social que vivemos, principalmente no que se refere às manifestações que ocorrem desde junho do ano passado. Há, como você diz, uma grande distância entre os políticos e os movimentos de rua: os partdos de direita, jamais tiveram qualquer proximidade com movimentos de rua, embora muitas vezes tenham feito uso à distância distorcendo a luta popular para defender seus interesses. Hoje com a presença da internet, tal ação não tem surtido o mesmo efeito de décadas atrás, visto que é possível em temo real contrazer  a tentativa de manipulação. Por outro lado, temos a extrema esquerda, que embassada em seus dógmas, é contra toda e qualquer situação, prega mudanças constantes sem qualquer fundaemento prático que garanta a possibilidade de concretização de suas propostas, que acabam se tornando meras utopias. Em meio a essa realidade, temos o PT que surge da luta concreta de trabalhadores organizados, que, junto com demais movimentos sociais igualmente organizados, aprofundam na avaliação da sua conjuntura social e daí surgem propostas que vão se tornando um Projeto de Futuro para o Brasil. Houve, desvios ao longo desta história? Sim. Pois de um lado houve a infiltração de muitos surfistas no partido à medida que este crescia. Por outro lado, onde adequações às propostas para garantir a concretização das mesmas. A maturidade nos ensina a necessidade de flexibilização, e isso só é possível quando se tem certeza da importância e grandiosidade daquilo que se tem como projeto de vida, principalmente quando isso não é algo pessoal, mas um prjeto de nação, que deve ser construido paulatinamente, para que todos sejam envolvidos e sejam capazes de dar a sua contribuição. É neste momento que entram em cena os novos atores, que estão ocupando as ruas. Eles terão que deixar claro se têm ou buscam um projeto para o país, se querem simplesmente causar (como fogo de palha) tumultuando o momento histórico de mudanças sociais que estamos vivendo ou se querem fazer parte desta construção da história do nosso país. Por enquanto isso não está claro, creio eu, nem mesmo para quem está indo para as ruas, pois estão focados em situações pontuais, sem perceber a sua complexidade e sem qualquer visão da totalidade do momento nacional. Mais grave ainda é o fato de não conseguirem perceber que na última década, nosso país se tornou um ator importante no cenário mundial. 

  19. Toda esta análise, apesar de

    Toda esta análise, apesar de bem estruturada na sua lógica interna, esbarra numa constatação que, na minha opinião, a torna completamente equivocada. Qual seja, se o PT perdeu o contato com os movimentos sociais, quem está canalizando esta nova demanda? Resposta: pelo que vimos até agora NINGUÉM. Os partidos tradicionais mais à direita não enganam ninguém, nem a eles mesmos. O mais à esquerda do PT, … não têm votos…  Isto significa que quem tem mais condições de dar uma resposta, mínima que seja, a estas demandas expressadas nas manifestações é ainda o bom e velho PT.

    Na minha modesta opinião, enganam-se os que pensam que os partidos à esquerda podem atender aos reclamos das manifestações. Atentem para isto: esta juventude, ela sim, ABURGUESOU-SE. Vejam o que diz o DATA POPULAR a respeito dela.

    Por fim, fugindo do tema mas para aproveitar a ocasião, pergunto: será que Aécio e Campos acham que a nossa classe empresarial vai aceitar uma política econômica recessiva justamente no momento em que o resto do mundo esta ensaiando uma recuperação tão sacrificada? Os empresários esperam aumentar seus lucros com desemprego aumentando e salários diminuindo? Aécio e Eduardo Campos esperam aumentar o investimento ( interno e externo ) com recessão aqui dentro e crescimento no resto do mundo?

     

  20. PT.

    A respeito do PT o Nassif está correto. Em minha cidade o povo elegeu um candidato do PSB, com apoio do PT, acontece que o povão detesta o prefeito, eu mesmo votei no dito cujo e me arrependi. O prefeito era do DEM, daí o porque o povo não gosta dele, a coisa é pior ainda, não tem opção a esquerda para o povo hoje, os possíveis candidatos na próxima eleição são todos da direita. Escrevi no Face do ex-prefeito do PT que fez uma boa administração, que o partido deveria se mexer e dar uma opção para o povo na próxima eleição, ele ignorou totalmente meu comentário. O cavalo está passando encilhado na frente do PT e o partido não faz nada. A única solução seria o Lula viajar todo o país, reavivando esse pessoal, não sei se ele tem saúde pra isso. Quanto as manifestações de junho, até agora não conheci nada extraordinário vindo delas. Conheço pessoas que foram as ruas e são retrógadas ao extremo(essas são bem relacionadas, podem assumir o controle no futuro) outras são de extrema esquerda(detestão o PT) e outros são contra tudo(hipócritas,porque votaram nos que aí estão).  Afinal, é aquela coisa, vamos derrubar tudo e não por nada no lugar, esse por enquanto é o jogo da elite, esse pessoal sem rumo serve a elite, aos ricos.

  21. Nassif
    Será que os sem

    Nassif

    Será que os sem partidos não são os incluidos nos ultimos 20 anos?

    A inclusão almeja que sua cidadania seja respeitada.

    Infelizmente a oposição sem projeto aproveita-se para infiltrar-se nesses pleitos tornando-os quase ilegitimos.

    Como disse um amigo acima, na hora do voto, analisa-se: Tô empregado, tô comsumindo, etc…..

    Mudar pra que?

  22. A princípio, discordo do

    A princípio, discordo do companheiro serralheiro quando diz que “o PT é o maior partido trabalhista do país”. O PT é uma frente de várias tendências políticas e correntes de pensamento e sendo assim, é muito  complicado denomina-lo trabalhista.  Fui militante do partido e ao meu ver, o barco perdeu o leme quando o então presidente eleito LULA preferiu fazer acordos com os políticos conservadores e de caráter duvidoso como Collor, Sarney, Renam Calheiros etc. se alia ao empresariado (Lula em entrevista afirma que “nunca na história desse país os ancos lucraram tanto”) e inicia a sua política de conchavos para Governar mais tranquilo.  A partir de então, viu-se um inchaço absurdo no partido aumentando de forma astronômica o seu número de filiados aumentando ainda mais a descaracterização do PT.  Os “quadros” , a maioria oriunda dos movimentos sindicais e sociais, assumem cargos de Governo e muitos acabam por se transformar em seres iluminados, diferentes daqueles que estavam nas lutas nas portas de fábrica, nos assentamentos, ocupações, etc.  Infelizmente, o vírus do poder contaminou vários companheiros(as) históricos e o distanciamento desses “quadros”  para as bases começou a ficar intransponível…  Como exemplo, conto a história de um período em que eu fazia parte da Direção do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.  Na época, o então Presidente do Sindicato Vinícius Assumpção concorreu a vereador no Rio de Janeiro.  Não foi eleito, mas graças a um acordo ,na minha opinião vergonhoso, entre o PT e o PMDB  no Rio ele assume uma Secretaria na Prefeitura de Eduardo Paz.  A partir de então, assisti um companheiro que apesar de ser Secretário no Município (patrão) se travestia em Sindicalista (empregado)  mostrando claramente que o Partido estava no caminho errado.  Sumia  do Sindicato para cumprir suas funções de Secretário e num repente aparecia em reuniões, discursava em Assembléias, fazendo aquele auê.  Não que o companheiro por estar no Governno deveria se ausentar do Sindicato, mas é exatamente esse o ponto que eu gostaria de colocar:  O atual Presidente Almir Aguiar era ou não era capacitado suficiente para manter a luta sindical em busca  dos interesses dos trabalhadores?  É ético se afastar da entidade para realizar outras funções e depois vir quando achar interessante?  As vezes me perguntava:  O que é o companheiro Vinícius Assumpção? Será que ele era um Sindicalista do Governo ou era um Governante no Sindicato?  Assumo que não entendia e não entendo essa política camaleão pois em uma situação de conflito de interesses, de que lado ele estaria? Do Governo ou do Sindicato? O problema que esse tipo de política virou prática fazendo assim os Sindicatos que eram controlados por militantes do PT  recuarem juntamente com a Central e alguns movimentos sociais próximos ao PT.  As pautas da classe trabalhadora começaram a perder força e o Governo deve ter pensado:   Pronto agora podemos Governar em paz.  Neste momento, começou a eclodir a aspiração de outros militantes históricos que entendiam a necessidade de fazer um rodízio nas esferas que o partido estava até mesmo para oxigenar o partido, mas quem estava em cima, não queria descer.  O processo de “polarização de quadros” seguiu em todas as esferas polítcas onde o PT atuava.  Com a elevação do preço dos alimentos e um Governo que não é tão carismático (DILMA) e que não aplicou nenhuma medida afirmativa para a população, a revolta popular cresceu e vimos o seu ápice ano passado.  E agora, quem vai dar o norte político para essa grande massa que vivenciou casos de corrupção, que percebeu a transformação do PT num partido conservador de conchavos e que as bases Sindicais estavam mornas para garantir a tranquilidade do Governo? Claro que existem outras Centrais de trabalhadores, mas a que o PT é maioria não pode ser desprezada pois é a maior Central de Trabalhadores da América Latina.  A esquerda do Brasil que tanto esperava por essa reação popular ficou meio isolada nesse processo pois a desconfiança que pairava na cabeça do povo era que todos são iguais.  Chegou o maior perigo:  No meio desse tornado, a direita reacionária poderia capitanear essa revolta popular e cairíamos num retrocesso político imensurável, mas felizmente não aconteceu.  A disputa ideológica esta acentuada e a  militância de esquerda precisa estar preparada para o debate anulando assim qualquer possibilidade da aplicação do fascismo no Brasil.  O Governo que na minha opinião fugiu do debate com a Sociedade, não fortaleceu a consciência de classe e jamais se apoiou naqueles (as)  que votaram nesse projeto, precisa com urgência fazer uma guinada a esquerda para recuperar a credibilidade não do projeto político, mas sim do caráter.  E finalizando, para os outros partidos, correntes e grupamentos de esquerda ficará a árdua tarefa de explicar para a Sociedade que eles estão equivocados:  não somos todos iguais, o que a população conheceu foi o “Jeito PT de Governar ”  

    Renato Luís Da cunha Pereira

     Bancário

  23. O problema é a distância.

    O problema é a distância. Partidos que abocanham grandes fatias do Estado se distanciam do povo, não querem mais ter o trabalho de se aproximar dele. O resultado é que em algum momento eles são atropelados pelas ruas.

    Outro fator importante é a perpetuação das lideranças partidárias e a ausência de renovação dos Partidos, cujos figurões ficam realizando uma dança de cadeiras (Marta Suplicy já foi prefeita, deputada, ministra…). A carreira destes candidatos profissionais a cargos eletivos ou nomeados só se interrompe com a prisão (caso de João Paulo Cunha, por exemplo).

    A democracia, como notou Aristoteles no século IV aC, também está sujeita a degeneração. A nossa já nasceu degenerada, pois convive com instituições próprias de uma Ditadura (policias militares, tortura, etc…).

  24. Luiz Carlos Maciel, “Geração em Transe”, de 1996
    “Um mundo organizado pela visão madura, manifesta em toda espécie de leis e regulamentos, deve sofrer periodicamente as fraturas criadas pela visão juvenil.”

    No entanto ele alertou:

    “Hoje, as manifestações juvenis de nosso passado recente, depois de domadas, assimiladas e distorcidas pelo sistema, foram substituídas por um fetiche abstrato e bastante ridículo que é o jovem tal como é definido pelas agências de publicidade, delineado pelas pesquisas de opinião, incensado pela mídia, tomado por paradigma de eficiência empresarial (o tal do Yuppie) e, o que é pior de tudo, imposto como modelo aos ainda mais jovens, ou seja, nossas crianças. Esse “jovem” é o que, no meu tempo, chamávamos de alienado e, depois, de careta.”

  25. Essa é a categoria deste

    Essa é a categoria deste blog.

    Como tinha dito em um comentário abaixo, Pela matéria e principalmente por todos os comentários até aqui, digo que este Post está entre os melhores dos últimos anos,

    Pois bem, vários comentários foram elevados à matéria na página principal do blog.

    Essa é a diferença, esse é o “novo” que tanto Nassif debate. Em outras palavras, dar voz à todos.

    1. A rede, a construção do descompasso e a mãe das batalhas

      A lei de regulamentação da internet e a mãe das batalhas

      A maior parte das pessoas ao fazerem suas análises, esquece uma questão básica, ou seja, é preciso analisar de forma ampla a realidade do mundo onde vivem.

      Certo, neste ponto, não falo simplesmente da realidade imediata, mas da visão do conjunto, suas causas e origem.

      “Os fatos enquanto fatos não tem autoridade, mas somente em relação aos fatos que lhes deram origem”.

      Esquecem nestas análises, que queiram ou não vivemos num mundo capitalista.

      Não,, não é o fim da história, porque, afinal, o atual sistema econômico, definitivamente não deu certo.

      Nem mesmo com as concessões do capital ao sistema de proteção social (por isso cada vez mais atacado e vulnerável – trata-se de concessão e, portanto, passível de retirada e exclusão- isso em nome da viabilidade do sistema capitalista global).

      Para a esquerda e para os partidos que professam e professavam a ideologia socialista, neste cenário consolidado pela globalização, tornou-se um exercício de sobrevivência adequar seus ideais… na melhor forma possível.

      Quem primeiro intuiu tal modificação conjuntural foi o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, bem como a única vulnerabilidade do sistema, ou seja, a ausência do capitalismo na área social.

      Em outros termos, o capital e o deus mercado, somente se preocupavam e se preocupam com o mercado e com o capital, a parte social é um mero mal necessário, e que, necessariamente, só adentra na equação como público consumidor de produtos, nunca como portador de direitos.

      Num cenário após Collor de Melo, em que toda a  blindagem  foi feita, das mais diversas formas e nos mais variados setores, seja via privatização direta, ou via criação de sistemas de controle- agencia reguladoras, via legislativa- novo código civil e leis esparsas.

      Basicamente protegendo  e regulando a questão privada do mercado, bem como dando forma rígida aos contratos, vide o forte ressurgimento do direito empresarial.

      Pergunto novamente, o que restava para a esquerda do partido de Lula (PT) e seu discurso.

      No início o pensamento dominante na esquerda era, para que vai servir Lula ser eleito, se não vai poder fazer nada. Apenas vai referendar o discurso da direita conservadora.

      Ledo engano, com imensa maestria, Lula, direcionou sua politica- abordo apenas estes pontos de forma exemplificativa-  para dois campos,  um no campo capitalista, ao  viabilizar e democratizar o acesso da população de baixa renda ao capitalismo vigente, via pronaf no campo e via incentivo a microempresa nas cidades, no outro, cuidou  de dar assistência aos extremamente carentes (bolsa família e ampliação de outros benefícios, como o seguro desemprego, programa luz para todos, etc.).

      Era o único espaço possível e, notem bem, não tinha cunho ideológico de esquerda (visto que privilegiava e incentivava  o capital e a prestação social de cunho assistencialista), mas,  derivava fundamentalmente da construção social democrata de cunho marcadamente humanista.

      E foi assim, a iniciativa de um trabalhador brasileiro, um sindicalista, um presidente com olhos postos na Europa e suas formas de emancipação do operariado.

      E tais mudanças foram, de inicio, aceitas pelo setor conservador, não feriam nenhum dogma da direita conservadora.

      Somente passaram a ser questionadas quando o governo Lula, com o sucesso destas primeiras medidas, passou a pautar sua atuação, de uma forma mais incisiva junto ao mercado,  recusando a ALCA e seu jogo de submissão aos interesses comercias americanos e transformando o país num entreposto mundial (a opção pelo MERCOSL, enquanto as iniciativas eram globais, criou a necessária cortina de fumaça, que nublou os olhos do mercado até ser tarde demais e o governo Lula ter consolidado sua forma de agir economicamente).

      Certo,  Lula,  após este período aprofundou a questão social, ou seja, passou a priorizar a maior inserção social do Estado perante a sociedade.

      Neste ponto a reação foi imediata, pois, a iniciativa privada de pronto considerou que o que estava  em jogo eram recursos que secularmente estavam sob seus domínios e que era absurda tal alteração de destinação.

      No campo privado coube a presidente Dilma a parte mais pesada, ou seja, a consolidação do sistema de estado forte, o que somente poderia ser concretizado através da Petrobrás, isto é torna-la de tal forma forte que estaria imune a especulação para se apropriarem dela.

      Primeiro a tornou forte no país, inseriu-a junto a sociedade. Toda a indústria naval, RJ e RS, todos os polos industriais e know-how, decorrentes da construção de navios e plataformas de extração aqui mesmo no Brasil.

      A seguir, novamente impor-se-ia a opção pragmática.

      A exploração da maior riqueza brasileira, o petróleo do pré-sal, a qual , efetivamente,  vai ser feita pela Petrobrás como operadora, mas a parte capitalista – lucro investimento e exploração, como inevitável num mundo capitalista, será dividida entre outros parceiros (Sheel-anglo-holandesa, Total-francesa, CNOOC e CNPC-chinesas) todas com fortes meios de dissuasão,  caso as concorrente (Chevron, Exxon Brithish Petroleum) tentassem inviabilizar o negócio.

      Em outros termos, a Petrobrás sozinha, com certeza teria quebrado mediante a intervenção destrutiva das demais petroleiras, mas, mediante o concurso de metade delas no consórcio, neutralizou-se tal possibilidade, numa jogada de mestre do governo e que, ainda não é entendida pela esquerda tradicional que não consegue se situar neste mercado global nem um pouco honesto em suas práticas comerciais.

      Pronto chegamos ao fim destas sucintas considerações.

      Toda esta construção social e econômica foi necessária, para que se pudesse, simplesmente viabilizar uma empresa estatal(ainda assim de economia mista, e que, apesar de seu porte, impossível de comparar sua complexidade com a forma de manter e gerir um estado como o brasileiro) e tentar referenciá-la como patrimônio público brasileiro à revelia dos interesses do capitalismo mundial.

       Pois bem.

      Tal montagem e sua estratégia jamais foi acessível ao conjunto das pessoas, até mesmo porque isso inviabilizaria seu êxito, uma vez que não haveria como contrapor a mídia corporativa.

      Pior, a esquerda tradicional, seja a ligada ao Partido dos Trabalhadores ou não, nunca aceitou tal pragmatismo, entendem que podemos ser uma ilha socialista ou termos alguns campos dominados pelo pensamento socialista, e que, nestes casos,  o mundo capitalista irá nos aceitar, sem que nenhuma manobra mais drástica e destrutiva seja feito contra nós.

      Vide o aparato da imprensa,  a todo momento demonizando as iniciativas que englobem até mesmo a mínima intervenção estatal na economia.

      O preço desta estratégia foi o relativo afastamento dos militantes mais a esquerda, que nunca concordaram ou mesmo entenderam tal foram de agir.

      Como o governo não podia disputar ideologia, não tinha meios de disputar tal espaço, o outro preço que se pagou foi uma sociedade cada vez mais  alienada dos destinos de seu país, que sente que algo mudou, mas não tem a compreensão dos motivos que levaram a tal mudança.

      Entendo que, neste momento, ainda que não estejam tolamente consolidados os planos macro econômicos, o governo deve fechar seu último elo, disputar de forma exponencial tal projeto de sociedade(social democrata com forte intervenção estatal) e sensibilizar a população para que seja, a partir de agora, um parceiro consciente, não de uma utopia socialista, mas da concretização de direitos sociais à revelia do sistema capitalista, que, quando possível, a cada vez que a sociedade baixa a guarda, os retira de seu domínio.

      A disputa será basicamente no campo das comunicações.

      O passo fundamental foi dado. A lei que regulou a internet abriu a possibilidade para que se trave a mãe da batalhas.

      Isso, a lei, uma vez aprovada,  permite a liberdade na rede….e com a liberdade…permite  aos contendores, povo (com os blogs sujos)… versus… mercado(com sua grande mídia).

      Não foi por acaso que tanto a Presidente Dilma, após a votação da lei, quanto o Presidente Lula, passaram a atuar diretamente neste meio, criando a contra informação e possibilitando a liberdade tão sonhada na rede.

      Estes são alguns pontos que devem estar no centro dos debates.

      A renovação e a crítica à atuação de todos parlamentares, não só aos do PT, mas, inclusive, a todos profisionais da politica, que agora não tem mais o porto seguro de uma mídia cativa, pode ser fundamental na nova estrutura de país que espero esteja se avizinhando.

      Trata-se de resguardar direitos e, esta luta, como salientado no post, não é mais cativa de algum segmento, mas passivel e desejável de ser apropriada por toda a sociedade.

      Isto vale tanto para a classe média e dos escolhidos pelo empresariado para defender seus interesses, na busca de preservar seu status quo, quanto aos chamados sindicalistas profissionais, donos de ongs ou presidentes perpétuos de entidades da sociedade civil, os quais, sem exceção, terão que prestar contas diárias de sua atuação, sob pena de serem alijados de seus postos.  

  26. Nassif, 
    Acho uma tremenda

    Nassif, 

    Acho uma tremenda bobagem este discurso recorrente de que o PT mudou, se afastou dos movimentos sociais, que os dirigentes se acomodaram no poder centralizado, não enxergam as ruas etc e tal.

    Oras, tudo mudou. O PT e o Brasil dos anos 80 não existe mais !!!

    Afinal, qual é a pauta do sindicalismo hoje? Alguem por acaso tem visto greves no setor privado?? As portas de fábricas estão em ebulição clamando por um lider ou um partido que lhes dê guarida? Não mesmo. O sindicalimo que atua hoje é o do servidor público, que muito avança por corporativismo. Qual a pauta da Força Sindical, CUT e congêneres ? Jornada de 40hs? Não vejo manifestações de rua sobre isto…

    No campo idem !! Os programas sociais como Pronaf, bolsa família, Pronatec, a valorização do professor, os ônibus escolares que percorrem os cafundós do Brasil, as cisternas e mesmo a lerdíssima reforma agrária, também arrefeceram o furor do MST e de outros movimentos camponeses, inclusive a pastoral da terra.

    As Igrejas de base também não tem mais seu mortal inimigo, a ditadura, e anda bastante deslocada da periferia, entregues às igrejas evangélicas picaretas, e da juventude carente, às drogas.

    Ou seja, o discurso acadêmico e também do Nassif sobre o PT parou nos anos 80 também.

    O Brasil mudou e a pauta dos movimentos sociais também. A população quase dobrou, e as relações e as formas de diálogo também mudaram. Não existem mais dircursos políticos em comícios, nem rádios. A tecnologia está aí tb mudando esta história. Hoje existem os conselhos. Se funcionam ou não, é outra história, mas é a voz do povo que tem representatividade, sejam industriais no Conselho de Desenvolvimento Econômico, sejam os educadores nos fóruns e conselhos de educação, sejam os ambientalistas, idens e etc etc etc.

    A unica coisa que não mudou é a mídia golpista há 100 anos com a mesma forma e os mesmo métodos.

    Agora, chamar estes movimentos de rua de “voz do Brasil” não dá, né? O que vimos na quinta feira ?? Qual era a pauta? Insistir nisto, que as ruas estão clamando mudanças, não convence.

    Tá na hora de nossos bons e combatentes analistas na mídia alternativa e na academia revisarem seus conceitos também. Até para eu melhor entender, porque tá uma bagunça danada.

     

    1. Não se iluda. A Europa viveu

      Não se iluda. A Europa viveu por décadas entregue as decisões de conselhos, sem manifestações de rua ou greves. Até a água bater de novo no pescoço do povo.

      Dá trabalho para reorganizar o povo depois de anos de esforços da burguesia política para desestabilizá-lo e reduzí-lo a coadjuvante.

      Não descarte a participação popular com tanta facilidade nem queira transformá-la em mero assunto a ser discutido nas aulas de história.

  27. Há mais de um século, com

    Há mais de um século, com “democracias” ainda incipientes, Bakhunin já previa o resultado da tal de representatividade :

     

    Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.

  28. Não creio que seja tão simples.

     

    Se compararmos as manifestações de junho com as manifestações atuais poderemos ver uma imensa diferença entre elas.

     

    Aquelas primeiras que começaram por conta do movimento “passe livre”, ganhou uma dimensão de capilaridade nunca vista, os temas eram os mais variados, uma manifestação que, pode se dizer, era contra tudo e contra todos.

    As atuais tem focos definidos e, aliás, voltou ao mote de todas as manifestações em épocas de eleições onde onde os movimentos sociais e os trabalhadores sabem que em ano político e eventos de grande visibilidade é a chance deles mostrarem suas reinvidicações.

    Veja as últimas manifestações de algum volume, foram a do MOVIMENTO DOS SEM TETO, a dos PROFESSORES, cada qual querendo o seu quinhão e SÃO MOVIMENTOS TRADICIONAIS, nada de novo, apenas se apoderaram do mote da Copa para dar uma valorizada maior nos seus pedidos. Então, aquele movimento multificetário praticamente já não está nas ruas faz tempo. Basta observar.

    Aquele foi um fato inusitado e ainda a ser melhor entendido. Os movimentos atuais são dos mesmos movimetos sociais e associações de classe TRADICIONAIS, basta reparar. O diferencial é que se apoderaram do mote da Copa para valorizar seus discursos e aproveitar a visibilidade, nada a ver com os movimentos de junho.

    Então, acho que é melhor estudar mais os acontecimentos das manifestações de junho, mesmo porque a capilaridade daquele movimento e a falta de um tema comum foi algo inusitado.

    1. Nao creio que seja tao simples.

      Os vinte centavos tambem teve manifestaçao na Bahia há anos,que virou filme chamado Busao sem a adesao do cartel midiatico que “politizou” geral visando o governo,quebraram a cara porque os manifestantes nao sabiam nem a hora que estavam com fome,por osmose foram aderindo por estaram todos de saco cheio.”Não há silencio maior do que o ruido absoluto, e a abundancia de informaçao pode gerar a ignorancia absoluta”(Umberto Eco).Em Campinas fizeram tambem um filme chamado a revolta do pente ,resultado de uma manifestaçao,que explodiu sem pé sem cabeça. O cartel midiatico tenta desapropriar a manifestaçao profissionalizando-a para seus interesess,resultado ,todo mundo invisivel nas ruas  morrendo de dar risada.Com a bandeira PESC,partido estou com o saco cheio.

    2. Nao creio que seja tao simples.

      Os vinte centavos tambem teve manifestaçao na Bahia há anos,que virou filme chamado Busao sem a adesao do cartel midiatico que “politizou” geral visando o governo,quebraram a cara porque os manifestantes nao sabiam nem a hora que estavam com fome,por osmose foram aderindo por estaram todos de saco cheio.”Não há silencio maior do que o ruido absoluto, e a abundancia de informaçao pode gerar a ignorancia absoluta”(Umberto Eco).Em Campinas fizeram tambem um filme chamado a revolta do pente ,resultado de uma manifestaçao,que explodiu sem pé sem cabeça. O cartel midiatico tenta desapropriar a manifestaçao profissionalizando-a para seus interesess,resultado ,todo mundo invisivel nas ruas  morrendo de dar risada.Com a bandeira PESC,partido estou com o saco cheio.

    3. Prezado companheiro Eduardo Pereiraa

      Concordo quando fala sobre nos interarmos ainda mais sobre as manifestações mas entendo que esse prazo que você coloca é muito simplório…  Falar que um movimento legítimo se apoderou de alguma bandeira é no mínimo deturpar os fatos com o claro objetivo de diminuir as reivindicações de qualquer segmento de luta .  Se o companheiro estivesse falado em integração à uma bandeira de luta, concordaria e com a certeza de que o amigo se equivocou, lhe trarei um fato que para você deve ser novo.  Em 2007, quando o Rio de Janeiro foi a sede dos jogos panamericanos, iniciou uma luta CONTRA OS GASTOS desses jogos, e o estado deplorável que se encontrava o Rio de Janeiro.  Nessa época, eu era militante da CUT e direção no Sindicato dos bancários do Rio de Janeiro e juntamente com os camelôs que eram e ainda são perseguidos fizemos uma ocupação ao lado da praça xv em frente a ordem terceira do carmo, próximo ao paço imperial, alerj, fórum, resumindo “no centro nervoso do rio de janeiro” .  Confesso que a esquerda no Rio de Janeiro ficou meio reticente pois o povo Brasileiro e principalmente os cariocas estavam estupefatos com tal conquista e sendo assim, ocupamos o prédio para reivindicar as MESMAS prioridades que vimos nas manifestações ano passado, exceto os famigerados 20 centavos.  Esse ato com as nossas bandeira peduradas com um kauê (símbolo do pan) expressando ódio questionávamos:  4 bilhões para o Pan. o que para o povo? o povo precisa mais de Pão do que de Pan.  nos desenhos que verá a seguir entenderá melhor as propostas apresentadas.  no meio de uma comunidade, kauê olhando com ódio e a frase:  essa é a vila olímpica do povo!  kauê espanca e prende camelôs, kauê mata nos hospitais sem atendimento, etc. Assim, Vagner Montes Deputado e apresentador, concordou com as mensagens e no seu programa jornalístico começou a fazer esses mesmos questionamentos que fazemos na atualidade.  O povo precisa mais de pão do que de pan.  A esquerda se unificou.  o Companheiro Latuff coloca kauê com um fuzil na mão discutindo a repressão policial que acontecia e acontece nas comunidades.  Saímos num ato Nacional contra a Copa do mundo e a discussão atravessou o mundo.  Importante frisar meu amigo, que eram os mesmos militantes que você chama de tradicionais levantando uma bandeira contra o gosto popular da época… Ano passado, o povo já cansado de tantos desgovenos, corrupção e mentiras, explode numa revolta popular e o amor pelo esporte já não era mais prioridade no país.  Esses que você diz que se apoderam das bandeiras da população são os mesmos que historicamente mantém a chama de luta acesa apontando para a Sociedade que não há vitória sem luta!  Não fiz esse texto para dizer que o povo se apoderou da bandeira a, b ou c . só escrevi essas linhas para esclarecer que a nossa luta é essa:  conscientizar a população e mostrando pra ela que o gigante não acordou, você que estava dormindo…  Finalizo dizendo que agora onde muitos voltaram a dormir NÓS, que você chama de militantes “tradicionais”, da esquerda continuaremos acordados na luta por um mundo mais justo e igualitário.  Tenha certeza disso!  

      Minhas sinceras,

      Saudações Lutadoras  

      Renato Luís da Cunha Pereira 

      bancário

       

      http://garotosdaadega.blogspot.com.br/2007_07_01_archive.html

      http://esportes.terra.com.br/panamericano2007/interna/0,,OI1755940-EI8332,00.html

      http://www.redecontraviolencia.org/Documentos/126.html

      http://pan.uol.com.br/pan/2007/ultnot/2007/07/13/ult4343u1180.jhtm

       

      1. Você apenas confirmou o que eu disse.

        Não entendi o certo rancor na sua resposta. O que você falou, de fato, que seja diferente do que eu disse?

        Reafirmou que os movimentos ATUAIS são de movimentos tradicionais e organizados, muito diferente do episódio que aconteceu em junho.

        Os movimentos atuais, tem direção, pauta, convicções políticas e líderes. Então não tem nada DE NOVO.

        O que parece que te incomodou foi eu dizer que esses movimentos tradicionais se aproveitaram do mote atual (COPA DO MUNDO), como se isso fosse desabonador para esses movimentos, mas não é, é apenas, novamente ALGO COMUM. Aproveitar o melhor momento para reinvindicar também é uma linha traçada tradicional dos movimentos tradicionais, com o perdão da redundância. Isso desabona o movimento não? É apenas uma linha intelectualmente traçada onde entendem que seja o melhor momento para dar visibilidade as suas reinvindicações. Nada de novo. Ou seja, os atuais movimentos não tem nada a ver com o que ocorreu em junho.

        No mais, o que posso dizer? Que não tem nada a ver os gastos com a copa com falta de verba para educação e moradia? Ora, você sabe bem que não tem e eu também. A questão é aproveitar o momento para reinvindicar.

        Gastos com a copa foram em estádios, na imensa maioria via financiamento do BNDES e obras de mobilidade, que ficando ou não prontas dentro do prazo no final ficarão como legado para a população.

        Agora, se você me explicar como o dinheiro da Copa impediu investimentos em educação e saúde, daí possamos debater o assunto com seriedade e não com chavões.

        Congratulações.

         

         

  29. Insistir na cegueira é surdez

    Caro Nassif,

    você insiste em não olhar para a realidade de frente. Já expliquei, em artigos e comentários espalhados pelo seu blog e tudo junto aqui, que a principal característica desses novos movimentos é não ter gurus e resistir à “institucionalização”, como método de ação e como razão de ser. Que alguns elementos da intelectualha acadêmica — entre eles o Ortellado — pretendam turbinar a própria carreira fazendo-se ver como “pensadores” do que outros fazem não quer absolutamente dizer que um dia isto vai acontecer. É mais: o simples fato de alguém como o Ortellado querer “teorizar” uma prática que não é dele já o marca como oportunista. E prestar atenção no que ele diz é condenar-se a continuar não entendendo o que acontece nas ruas.

  30. 16/06/2013 – 20:34
    Segunda

    16/06/2013 – 20:34

    Segunda explicação a um jornalista que não sabe ler

     

    Caro Nassif,

     

    em 2007, por ocasião da ocupação da reitoria da USP, você já aventou estas mesmas opiniões sobre a “falta de bandeiras” do movimento. Na ocasião, nos “Comentários enviados a um jornalista que não quer ver”, tentei explicar onde estava o seu erro. Porém, assim como você é um jornalista que parece que não sabe (ou não quer) ler, é bem capaz que eu seja um leitor que não sabe escrever, e talvez, na ânsia de explicar tudo, eu tenha acabado não dizendo nada.

     

    Agora, quem sabe, com a confirmação da minha previsão de que “o movimento veio para ficar” e que “[v]amos vê-lo em outras ocasiões, cada vez mais articulado, cada vez mais ousado”, fique mais fácil entender o que eu disse então, mas mesmo assim vou tentar ser claro: o movimento pelo passe livre, como todos os movimentos nos mesmos moldes que vêm surgindo com cada vez maior frequência em todo o mundo, é a sua própria bandeira. O que interessa, em última instância, não é o quê, é o como. Não é a bandeira, é como erguê-la. Não é ter uma meta, é procurar novas maneiras de alcançar metas, novas formas de fazer as coisas. O que essas meninas e esses meninos finalmente entenderam é que repetir os mesmos procedimentos na esperança de obter resultados diferentes é a definição da psicose, que as questões de organização são e sempre foram as principais questões políticas, que o modo como se faz uma coisa define a meta que é possível alcançar. 

     

    Entenderam que os meios são os fins.

     

    Ter uma “bandeira”, uma estrutura, uma hierarquia, líderes, porta-vozes, representantes é exatamente a derrota do movimento, mesmo que os objetivos imediatos sejam alcançados. O que se reprova neste e em outros movimentos do mesmo tipo é precisamente o que os faz fortes, e o que mais ameaça o velho mundo: é a ausência de “líderes” cooptáveis, a inexistência de “interlocutores confiáveis”, a “falta de controle” sobre o movimento. É a estrutura que impossibilita que alguém fale em nome de todos, e assuma em nome de todos compromissos certamente vergonhosos, que permite que cada um dos seus participantes tenha a sua própria posição sobre cada assunto mas somente o consenso geral seja a voz do coletivo. Que impede que os abutres do militantismo stalinista que rondam o movimento possam encampá-lo. É simples e econômico: a parte que fala em nome do todo identifica-se automaticamente como oportunista. É a democracia de volta às origens, a democracia que torna todos igualmente responsáveis pelo que é feito, é o diálogo direto da sociedade consigo mesma, sem intermediários. Esta é uma bandeira que vale a pena erguer: a da vitória da vontade e da transparência contra a escuridão da submissão.

     

    Há alguns anos, um filho meu comentou, a respeito do meu passado e do presente dele em movimentos como o do passe livre: “Vocês foram derrotados. Nós vamos vencer”. Esses “descontrolados” “sem bandeira” são a sombra do futuro, e já estão vencendo. A partir deles, todo o resto é obsoleto, é o caminho da derrota repetida.

  31. Não é tão simples assim!

    Todos os partidos, que chegam ao Poder,  terão um dilema, dentro do quadro político do País. Se forem intransigentes, uma esquerda radical, não irá governar. Poderá até perder, ao longo do tempo, o mandato. E não governa porque o sistema é formado por mais de 30 partidos de centenas de deputados que se passam por sociais-democratas e, no mandato, são plenamente da direita.

    Assim, o PT teve que recolher muitas de suas bandeiras e caminhar mais devagar. Foi isto que aconteceu. O resto é o restolho do que sobrou.

    Os movimentos de ruas são políticos, queiram ou não aqueles que os querem interpretar desta ou de outra forma. Todos são políticos,  pois almejam mudança ou querem tumultuar o governo para que forças outras dele se apodere. Isto ocorre no mundo todo. Agora mesmo na Ucrânia,  um governo eleito pelo povo, foi deposto por forças neo-nazistas, que pareciam, antes de sem partido, sem qualquer outra pretensão, mas que lá estavam para tomar o Poder,  como o fizeram.

    A bagunça foi apoiada e, ainda, o é pela mídia, que vê nestes movimentos todos a possibilidade de desequilíbrio do governo, de forma que a oposição chegue ao Poder.

    A mídia, diga-se de passagem,  está sendo eficaz. Milhares de brasileiros, principalmente os mais jovens,  entraram na dela, sem avaliar o que havia e o que a oposição legar-lhes-á. Não pensam porque quando Lula entrou no governo ainda eram crianças. Mesmo adultos não se lembra da inflação de 12% ao final do mandato de FHC, nem que o salário mínimo era de 60 dólares.  Nem que o  salário mínimo não comprava sequer uma cesta básica. Nem mesmo que o desemprego tinha atingindo índices recordes. Nem que a pobreza mais extrema estava levando uma geração toda para a ruína.  Não se lembram e não podem ser lembrados ( v. que a judiciario proibiu isto na propaganda do PT) do desemprego que havia e o nível histórico de hoje de quase pleno emprego, quando a Europa há a geração perdida, jovens que estão sofrendo com um índice de quase 50% de desemprego para a sua idade.

    Não se pode falar. Nada nadinha de nada. O cala-boca da mídia é eficaz.

    Ainda, ontem, minha empregada doméstica disse que estava com medo da Copa,  pois haveria muitas mortes!

    Quem quer a continuidade de um tempo tão violento como este? A filosofia jaboriana, digam o que digam, é eficaz. Colocou na  responsabilidade do governo todos os erros e problemas brasileiros, mesmo que muitos e muitos deles sejam de alçada do estado e dos municípios, e outros das condições do próprio povo, de cada um de nós.

    Deixam de lado, v. gratia, a influência,nos movimentos de forças do exterior ( máxime o Tio Sam), onde foi gerado o “não vai ter copa”, que foi apoiado intensamente pela mídia, que hoje, mesmo o povo querendo assistir, mesmo ganhando dinheiro com ela, que o diga o Romário, este mesmo povo é  em grande maioria contra “os gastos do governo” na Copa, um alarido que a mídia, renita-se, com eficácia, como se realmente estes gastos – diga-se empréstimos, que não chegam a 4 bilhões – fossem tão importantes na aplicação na Saúde e na Educação.

    Pobre povo, enganado, diariamente, enquanto pagamos aproximadamente 300 bilhões de juros por ano aos rentistas e aproveitadores de nosso povo, com os aplausos da mídia que ainda estão a exigir o aumento dos juros, para evitar a “inflação”, como se esta fosse fruto de crédito que salvou o País do desemprego.

    Ó PIG,  queiram ou não, é o grande vencedor. As “verdades” dele são hoje assimiladas por milhares de pessoas que não compreendem sequer que estamos em uma federação, o que é um estado, o que é um município. Que não compreendem que é a Democracia o único caminho que temos para enfrentar nossos problemas. Que não compreendem que todos têm que participar dos partidos políticos, para derrubar as panelinhas, as escolhas dos candidatos pelos grupetos. Não compreendem que não há outra via pavimentada para a melhoria de nossos condições  de vida e desenvolvimento que não a Democracia.

    Protestar não adianta. Adianta participar. E na participação democrática os pleitos dos protestos serão estudados,  compreendidos e atendidos, dentro dos limites da capacidade dos municípios, dos estados e da União. 

  32. O único segmento das tais

    O único segmento das tais “jornadas” de junho com o qual cabe algum diálogo é o MPL, diálogo este que foi estabelecido, pois foram recebidos em Brasília pela Presidenta da República. Ora, o MPL tem partido sim, pois são militantes majoritariamente do PSTU, do PSOL e de outras agremiações partidárias, registradas ou não, mas têm partido sim. Não cabe ao PT cooptá-los como partido. Mas ao governo coube dialogar com eles. Governo é governo e partido é partido.

    A massa que se agregou às jornadas de junho (após o MPL dar o start inicial com o transportismo que excluia o metrô superfaturado de suas pautas), era cheirosa (segundo a célebre articulista da Folha) e o fêz pois vislumbrou ali um momento de colocar a bilis na Avenida Paulista e em outras tantas  pelo país, incentivada pela mídia que tem ódio visceral ao PT. Não trabalhar com a questão fundamental da mídia tentando acossar o PT e o Governo Federal me parece análise demasiadamente ingênua, haja vista nova tentativa de reproduzir mais do mesmo no dia 15 passado, quando os jornalões e seus portais, Folha, Estadão Veja, UOL publicaram mapas, roteiros, guias e análises, novamente chamando seus cheirosos leitores às ruas. Não foram e a mídia que deseja ardentemente a reedição daquilo que aconteceu em junho para dar gás ao seu candidato predileto tomou uma grande invertida.

    Achar que os tais sem partido são realmente sem partido é não entender nada do que vem ocorrendo nas redes sociais, nos comentários dos jornalões abertos aos seus leitores (um show de todo tipo de ignorância e ódios) e nos demais espaços sociais. Os tais sem partido que pegaram carona na ingenuidade do MPL e engrossaram as ruas em junho passado têm partido sim. Convivo com muitas dessas pessoas diariamente e nas redes sociais. É gente que se sente absolutamente incomodada com aeroportos cheios de populares, com estradas lotadas em feriadões com carros 1.0, que vê seu status de classe média ameaçado por milhões nas universidades e que desancou o governo quando equiparou empregadas(os) domèsticos a qualquer trabalhador protegido pela CLT.

    Essa massa se sente absolutamente ameaçada por um país em acelerada mudança, onde o filho da empregada doméstica agora pode entrar em uma universidade e não é à toa que aplaudem quem lhes representa em São Paulo, por exemplo, vedando qualquer forma de acesso mais democrático à USP, à UNESP e à UNICAMP. Nem é à toa que o ENEM tenha sido satanizado amplamente em São Paulo pela mídia que os representa. Essa massa cheirosa é atrasada, leitora dos jornalões paulistanos, cariocas e assídua companheira dos Jabores da vida, dos Jõ Soares da vida, assim como trata o ex presidente Lula pejorativamente de adjetivos como “o quatro dedos”, “molusco” e vive absolutamente doutrinada pelos que alimentam seu ódio visceral a qualquer mínima mudança social.

    Ora, o PT sabe muito bem que este segmento social jamais foi seu eleitor e jamais será. No entanto institucionalmente o Governo acenou com bandeiras para as suas reivindicações, pois governo é governo e partido é partido. Não confundir isso com o desejo do PT incorporar esse segmento social às suas fileiras é fundamental. 

    Essa massa denominada sem partido, tem partido sim, haja vista seu moralismo e suas críticas seletivas teleguiadas por uma mídia também seletiva em seu moralismo barato. Seria muito bom às esquerdas que anulassem seu voto que será marcado por absoluto rancor, desinformação, ignorância e preconceitos.  Mas não farão isso. Neste sentido dizer que o PT deve envidar esforços para chamar esse público às suas fileiras me parece fora de questão e impossível na prática. Veja  o mapa de São Paulo pós eleição de Haddad para ver onde estiveram seus votos. Não foi nos bairros de onde sairam os “contra tudo o que está aí”. Não foi mesmo.

    Essa massa que alguns julgam sem partido tem posições ideológicas claramente conservadoras, contra um partido e um governo que nada mais querem que modernizar o sistema capitalista brasileiro, pois o PT está longe a léguas de ser um partido revolucionário. Torná-lo menos iníquo, violento e no limite, mais funcional. Mas nem isso querem. Trabalhar com a existência de amplos setores conservadores no Brasil e particularmente em São Paulo, me parece a coisa mais correta em qualquer análise. Esses setores outrora foram malufistas e defensores do regime militar, hoje são tucanos majoritariamente e no limite também defendem ruptura institucional contra “tudo o que está aí”. 

    Essa massa em outubro vai descarregar seus votos nos propagadores dos ódios os mais viscerais possíveis. Ela tem partido sim e o seu partido é o atraso.

    Lembrando de célebre frase do grande Milton Santos: “A classe média não quer direitos, ela quer privilégios, custe o direito de quem custar.”

  33. O DNA da nova organicidade

    A estrutura do novo DNA da organicidade está na Net e em suas diversas manifestações populares. Começou com os buletim bords, as listas alt , passou pelos grupos de e-mails e hoje esta com tudo isto ainda e muito mais, G+, Facebook, Instagram, Twitter, Linkedin e muitos outros mais, fora os chats, Whatsup, Talk e outros.

    Nem em sonho o PT irá dominar este DNA, muito menos sua estrutura e muito menos ainda os aplicativos sociais.

    O modelo do PT FALIU.

    Não representa o povo e seus legítimos anseios, nem têm condição para mudar de posição. A covardia  ancorada no reacionarismo de seus líderes impede qualquer mudança.

    São dinossauros políticos, que como bem prova a candidatura da Denise Abreu,  se escondem da disputa como o DIABO DA CRUZ, pois o rastilho aceso e bau-bau reeleição, na enxurrada da debacle vão o PMDB num acordo furado e o resto mais dos antolhos da política nacional.

    Sobra é claro o monopólio da moeda e do dinheiro, que estão nas mãos de açambarcadores que nada têm a ver com o bem do povo e da Nação e continuam a nos explorar sem DÓ NEM PIEDADE.

    A briga de verdade, atrás da escaramuça que seja, será entre o poder do povo e os donos do dinheiro.

    O resto, é resto mesmo….

  34. O problema da política

    O problema da política tradicional com os movimentos de rua é qual o partido falará a língua que o povo quer ouvir.

    Aí está  maior dificuldade que os partidos e candidatos terão pela frente.

    O PT chegou ao poder por ser o partido que mais verbalizava o grito das ruas por mudanças contra os resquícios da ditadura e a inserção social de milhões de excluídos.

    Outros gritos fortes impediram que a vitória do PT e do seu discurso acontece antes da vitória de Lula em 2002, como a forte campanha de Collor e o seu mote de “caçador de Marajás” e “guardião da moralidade” que remete à sensação de que vivemos em um país conservador e de centro.

    Outro ponto interessante é que o voto das cidades de interior e das regiões nordeste e norte foram essenciais para a vitórias presidenciais tanto de Collor, quanto as duas de Lula e mais a de Dilma. Dessa constatação deve se concluir que são exatamente nestes segmentos onde se encontrava a parte que mais exigia mudanças.

    Agora que o PT realizou as principais transformações pretendidas pela sociedade e as exigências de mudanças não estão mais concentradas no nordeste, no norte e na pobreza é preciso que os partidos percebam os setores onde se encontram as necessidades e cobranças por avanços e transformações.

    O PT tem a vantagem neste início de busca de uma  nova forma de política pela sua característica nacional-popular que o distingue de qualquer outro partido político, e mais ainda , se procurarmos os nomes fortes de possíveis novos candidatos nos partidos não encontraremos nomes com esta característica fora do partido PT.

    Essa característica do PT e a sua capilaridade bem maior faz com que seus candidatos sejam quase imbatíveis.

    1. Querido Assis, você tem a

      Querido Assis, você tem a perfeita noção do que diz quando afirma que : “o PT realizou as principais transformações pretendidas pela sociedade e as exigências de mudanças não estão mais concentradas no nordeste, no norte e na pobreza” 

      Na boa, é sério isso mesmo ? Tem alguém que acredita nisso piamente ?

      Olha, o PT pode ter dado uma garibada aqui e ali, mas dizer que realizou as principais transformações pretendidas pela sociedade é pegar pesado.

      Não vejo isso quando sobrevôo alguma metrópole brasileira e vejo os enormes bolsões de pobreza dividindo espaço com condominios de alto luxo.

      Não percebo isso quando vejo, como vi neste último mês duas crianças conhecidas, uma de 11 anos e outra de 47 dias, ambas muito pobres, morrerem estupidamente de doenças simples em decorrência da falta de vagas em hospital. 

      Esta semana mesmo, por essas coisas do acaso, parei no trânsito bem no horário de saída de uma escola em um bairro pobre. Diariamente busco meu filho na escola, que nem é das melhores, e a diferença entre a saída de uma escola e de outra, é de fazer qualquer um refletir um pouco mais sobre o quanto realmente evoluímos socialmente nestes últimos anos.

      Vivemos anos melhores na primeira década do milênio, a partir de 2002 ? Acho que sim. Parece que sim. Mas pelo que constato, foi tudo horizontalizado, Melhorou tanto para o banqueiro quanto para o pobre, mas o pobre continua sendo pobre o banqueiro continua sendo milionário. Não consigo enxergar nenhuma grande transformação social. 

      Além disso, quais as garantias ? Se tivermos uma crise econômica ( toc,toc,toc ) quem garante os ganhos ?

  35. Na revista Cult n° 189, há um

    Na revista Cult n° 189, há um dossiê  interessante sobre Antônio Negri que coloca ou abre perspectivas para o entedimento dessas mobilizações no Brasil.

  36. Prezado Companheiro Eduardo Pereira
    Concordo quando fala sobre nos interarmos ainda mais sobre as manifestações mas entendo que esse prazo que você coloca é muito simplório…  Falar que um movimento legítimo se apoderou de alguma bandeira é no mínimo deturpar os fatos com o claro objetivo de diminuir as reivindicações de qualquer segmento de luta .  Se o companheiro estivesse falado em integração à uma bandeira de luta, concordaria e com a certeza de que o amigo se equivocou, lhe trarei um fato que para você deve ser novo.  Em 2007, quando o Rio de Janeiro foi a sede dos jogos panamericanos, iniciou uma luta CONTRA OS GASTOS desses jogos, e o estado deplorável que se encontrava o Rio de Janeiro.  Nessa época, eu era militante da CUT e direção no Sindicato dos bancários do Rio de Janeiro e juntamente com os camelôs que eram e ainda são perseguidos fizemos uma ocupação ao lado da praça xv em frente a ordem terceira do carmo, próximo ao paço imperial, alerj, fórum, resumindo “no centro nervoso do rio de janeiro” .  Confesso que a esquerda no Rio de Janeiro ficou meio reticente pois o povo Brasileiro e principalmente os cariocas estavam estupefatos com tal conquista e sendo assim, ocupamos o prédio para reivindicar as MESMAS prioridades que vimos nas manifestações ano passado, exceto os famigerados 20 centavos.  Esse ato com as nossas bandeira peduradas com um kauê (símbolo do pan) expressando ódio questionávamos:  4 bilhões para o Pan. o que para o povo? o povo precisa mais de Pão do que de Pan.  nos desenhos que verá a seguir entenderá melhor as propostas apresentadas.  no meio de uma comunidade, kauê olhando com ódio e a frase:  essa é a vila olímpica do povo!  kauê espanca e prende camelôs, kauê mata nos hospitais sem atendimento, etc. Assim, Vagner Montes Deputado e apresentador, concordou com as mensagens e no seu programa jornalístico começou a fazer esses mesmos questionamentos que fazemos na atualidade.  O povo precisa mais de pão do que de pan.  A esquerda se unificou.  o Companheiro Latuff coloca kauê com um fuzil na mão discutindo a repressão policial que acontecia e acontece nas comunidades.  Saímos num ato Nacional contra a Copa do mundo e a discussão atravessou o mundo.  Importante frisar meu amigo, que eram os mesmos militantes que você chama de tradicionais levantando uma bandeira contra o gosto popular da época… Ano passado, o povo já cansado de tantos desgovenos, corrupção e mentiras, explode numa revolta popular e o amor pelo esporte já não era mais prioridade no país.  Esses que você diz que se apoderam das bandeiras da população são os mesmos que historicamente mantém a chama de luta acesa apontando para a Sociedade que não há vitória sem luta!  Não fiz esse texto para dizer que o povo se apoderou da bandeira a, b ou c . só escrevi essas linhas para esclarecer que a nossa luta é essa:  conscientizar a população e mostrando pra ela que o gigante não acordou, você que estava dormindo…  Finalizo dizendo que agora onde muitos voltaram a dormir NÓS, que você chama de militantes “tradicionais”, da esquerda continuaremos acordados na luta por um mundo mais justo e igualitário.  Tenha certeza disso!   Minhas sinceras, Saudações Lutadoras   Renato Luís da Cunha Pereira  bancário   http://garotosdaadega.blogspot.com.br/2007_07_01_archive.html http://esportes.terra.com.br/panamericano2007/interna/0,,OI1755940-EI8332,00.html http://www.redecontraviolencia.org/Documentos/126.html http://pan.uol.com.br/pan/2007/ultnot/2007/07/13/ult4343u1180.jhtm

  37. Duas sensações uma coisa que

    Duas sensações, uma coisa que  até o mundo mineral sabe é que o PT envelheceu,

    mais que isso , pessoas no PT envelheceram mais que a bandeira do partido, o que

    provocou um desgaste interno e um saudosismo pouco saudavel dos dias de luta.

    Outra verdade( minha?) é que há uma insistência em incensar as manifestações

    passadas como ruptura de algo,normalmente  vem de atores de gabinete que estaõ

    na deles repetindo teses “furadas” e bordões mofados, tanto que quando questionados

    mandam logo essa  – Ahhh voce  é contra o povo se manifestar! Ok.Uma particula  sim se

    manifestou  ,que não representa o grosso da população em si ,  e em alguns casos se

    sentem como  ..”o novo farol” da sociedade desabrochando a guiar  os “rudes” gentios.

    Uma coisa  clara , nem PT nem os New-neo-neu estão se dando conta que principalmente

    nas periferias existe um novo cidadão se formando…sim eles mesmos , os do “rolezinho”,

    aqueles dos celulares de 800 paus..do tênis 1200 mangos, aqueles do Enenm etc..

    Se há descabeçados no meio, poxa ..quebradeira na paulista de “barbudinhos de xadrez

    naõ reflete nada? Há muita vida, atitude política,poesia e evolução humana nas bordas da

    cidade, e eles não querem sair dali para serem notados, pensar numa nova revolução 

    descartando inclusão é atitude sim “coxinha”, modinha e vai giarr no próprio eixo, das

    bordas para o meio tambem se mexe a “massa”, e sem catupiry..por favor.

     

     

  38. Isso aí é conversa mole.

    Isso aí é conversa mole. Esses movimentos não têm nada de espontâneos, são parte de uma estratégia muito bem planejada e a cabeça da cobra começa aparecer. Prova disso são as  recorrentes matérias nas principais revistas da Europa, pintando uma situação de catástrofe no país que não existe. E não há também nada de sem partidos. Eles têm partido sim, o PSDB e querem que Aécio seja eleito. 

  39. Seria bom se fosse só isto Nassif

    Nassif, infelizmente já te alertei aqui no blog que estes movimentos de rua não tem esta busca por um novo como você imagina. Fora os radicais que acreditam que podem ocupar um papel mais a esquerda que o PT, todos são massa de manobra de uma corrente muito bem tramada e orquestrada para desestabilizar o Governo.

    Nada sairá destas manifestações, só haverá retrocesso, tanto politico, quanto econômico. Até seu sonho de uma mudança para uma conjuntura mais progressista está em sério risco. A visão do povo está distorcida, cada um clama por mudança mais não sabem o que precisa mudar.

    Basicamente todo mundo quer garantia de emprego, renda para poder viver com um bom grau de sossego e que não precisem ter medo de ser assaltado a cada segundo.

    Dizer que o PT aburguesou é contraditório, mas, também é um fato! Na década de 90 já previa isto ocorreria, não tem como governar este país sem consenso com a turma da Direita. Tudo tem que ser negociado, não existe caminho com rupturas.

    Nassif, se você acompanhou meus comentários sabe qual é minha visão de Brasil e de Mundo. Sabe que eu tenho uma visão muito radical em relação a tudo, não acredito que o capitalismo trará paz e justiça social em lugar nenhum deste planeta. Sabe que estou muito preocupado com este movimento para uma Tecnocracia Global que está fazendo Nações reféns de sua vontade. Mediante a isto qualquer Estadista é obrigado a negociar com sua Direita ou sua Esquerda instrumentos de proteção para sua nação neste enorme tabuleiro global.

    O movimento de junho é muito maior do que parece, e ele só visa acabar com a representação popular, não se engane!

    Este movimento visa destruir o PT. Caindo o PT a porta de reivindicações populares serão seladas e caladas.

    Baseado nisto Nassif, não é momento de autocritica, mas, de levantar bandeiras e continuar lutando. A autocritica dará ferramentas para mais distorções e dissimulações dos caminho a seguir. No geral você sabe o quanto se avançou, mas, também vê que é preciso avançar muito mais. Assim nós também vemos! Só não podemos deixar nossa ânsia por reformas profundas nos cegar e abrirmos espaço para um retrocesso que poderá nos custar mais 30 ou 50 anos. 

    Nosso povo não é politizado, haje por impulso e é manipulado pela mídia. Nossas vozes não alcançam nem a minima parte do povo brasileiro. Nem alcançamos as lideranças partidárias, pois se assim o fosse toda a esquerda estaria unida em torno de um projeto em vez de ficarem disputando quem é que tem a melhor das intenções parta a construção de um país mais justo.

     

  40. As bobeiras do livro eu só

    As bobeiras do livro eu só defino por intuição, na base do li e não gostei.

    Mas as classificações e limitações temporais e de classe já revelam sua natureza.

    Vamos ao post:

    Nos anos 60, em plena ascensão do movimento trabalhista, deu muita repercussão uma crônica do escritor Fernando Jorge  em O Cruzeiro.

    Contava a história de um motorista de táxi que abalroou um rabo-de-peixe em plena avenida Atlântica. O taxista saiu do carro, fez um discurso social inflamado e imediatamente tornou-se personalidade política.

    Sua carreira política durou até o momento em que, transitando pelo mesmo local, foi abalroado por um furreca caindo aos pedaços, dirigida por um motorista que saiu do carro e fez um novo discurso político.

    ***

    De certo modo, a fábula  descrevia os processos de mudança no país, no qual o trabalhismo convencional começava a ser questionado por outras forças que emergiam da nova industrialização.

    Dos anos 80 em diante o PT tornou-se o motorista do táxi, fincado em dois movimentos sólidos: o sindicalismo do ABC e a Igreja.

    ***

    Agora, chegou a hora em que o fusca velho abalroa o táxi.

    Comentário: Construir uma metáfora é um troço difícil, não é para qualquer cronista ou analista. A sedução do simplismo é irresistível. Vejam vocês que o movimento de junho foi alçado a categoria de movimento político orgânico e de classes, capaz de reivindicar seu papel como partido de massas, movimento social relevante e organizado, capaz de repercutir e representar as demandas de estratos sociais definidos.

    Socorro dona Sociologia!

    Temos um novo movimento social capaz de vocalizar e apresentar a massa brasileira um projeto político identificável e desejável, ou melhor, que possa ser colocado em disputa!

    Eu quase não resisto a ironia, mesmo sacrificando a possibilidade de publicação de meu comentário!!!

    Esse é o tema do livro “20 Centavos: a luta contra o aumento” de Pablo Ortellado, professor do Instituto de Filosofia da Universidade de São Paulo.

    Ao contrário do terrorismo primário sobre chavismo, bolivarianismo, comunismo e outras bobagens, o PT – para usar um termo caro às esquerdas – “aburguesou-se” e institucionalizou os movimentos sociais. Garantiu um pacto político que, de um lado tranqüilizou o cenário político brasileiro, mas de outro impermeabilizou-o aos novos movimentos que surgiam.

    Comentário: Novos movimentos que surgiram? Mas quais são? Quem é o suprassumo da sociologia ou da ciência política que já conseguiu definir, com clareza e método científico o que aconteceu em junho de 2013?

    Uai, mas se o PT se aburguesou e domesticou os movimentos sociais por que ainda apanha igual burro comunista fugido em plena guerra fria?

    Tranquilizou o cenário político? Uai, a ideia deste povo de tranquilidade é um troço meio louco. Teve quase golpe em 2006 e o “mensalão” contra Lula, que se arrastou até ontem, apagão aéreo, Petrobras, tentativa do STF de cassar mandatos do Parlamento, passando por cima da CRFB, etc, etc, etc.

    Tranquilizou para quem?

    ***

    Grosso modo, pode-se dividir o desenho social e político brasileiro entre os incluídos pré anos 70 (a classe média tradicional) – famílias tradicionais ou filhos da urbanização dos anos 50 e 60 -, os novos incluídos dos anos 80 e 90 – abrigados no PT – e a novíssima geração dos recém-chegados, movimentos de recicladores, rolesinhos, Movimento Passe LIvre, black blocs e outras manifestações que explodiram em junho passado.

    Comentário: Aqui o troço descamba. Vejam vocês que o autor “esquece” os 40 milhões de incluídos pelo PT e os governos Lula e Dilma, mas dá ênfase as minorias autoritárias como black “bostas”, junto com outros subgrupos que só tiveram repercussão pelo viés do trauma que provocaram na paranoia da classe média.

    Divisão social e política que desconhece a massa de trabalhadores incorporados ao mercado de trabalho é dose!!!! 

    ***

    Nas manifestações de junho, a primeira reação do PT foi de quase pânico, como se intrusos ousassem questionar seu predomínio sobre as manifestações de rua. Depois, as principais lideranças entenderam o fenômeno. Mas entre entender e definir formas de abrigá-los há uma enorme distância.

    Há uma dificuldade de ordem interna do partido, de conseguir se arejar, o que significa os setores tradicionais abrirem (seu) espaço para os novos atores. E outra de ordem institucional: o governo Dilma é impermeável até ao PT tradicional, mas ainda aos novos movimentos.

    Comentário: Ninguém, nem no PT, nem no raio que o parta abrirá espaço para quem deseja ocupá-lo pela força. O PT não entrou em pânico, isto éa opinião do blogueiro. O PT deu ao fenômeno a preocupação que lhe era devida, inclusive avaliando-o como potencial para aventuras golpistas, o que na História recente do Brasil não é paranoia ou “pânico”.

    A fala sobre a impermeabilidade do governo ao “PT tradicional” é só bobagem, chute. Se Dilma continuar a “ignorar” o PT e trouxer cada vez mais justiça social para a maioria do povo ‘tá ótimo.

    Lula “cagou e andou” para o PT durante oito anos, e só nos chamava para as festas, e ainda assim todos ficaram embevecidos!

    Nenhum partido em nenhum país democrático de arranjo capitalista se sobrepõe ou direciona o governante, nem em estruturas parlamentaristas.

    A interlocução com a sociedade e a gestação de uma agena política que sirva de base para a luta política do governante é o máximo que se chega.

    ***

    Se o PT não consegue, menos ainda os demais grandes partidos do espectro político tradicional. Todos eles – do PSDB ao PMDB, passando pelo PSB e PV – estão a milhas de distância da periferia política.

    Por enquanto, os candidatos a gurus dos novos movimentos ou são intelectuais de academia, praticando um radicalismo de salão; ou partidos de extrema esquerda que não aceitam o jogo da democracia social.

    Não há mais a força agutinadora do sindicalismo do ABC e da Igreja, que garantiram o PT. Então esses movimentos nascerão dispersos e, gradativamente, irão se incorporando a uma variedade maior de partidos, com sensibilidade para os novos tempos de nossa democracia social.

    Levará um bom tempo até que os novos incluídos consigam alguma organicidade. Até lá, tome movimentos de rua.

     

    Comentário: Um monte de frases que não diz nada, além do óbvio. Claro que movimentos sociais tendem a desorganização inicial em momentos de transição, ainda mais com a diluição dos laços políticos que lhes dão estofo, provocadas pelas mudanças do capitalismo.

    Nenhum partido, neste arranjo institucional recente brasileiro, conseguirá incorporar estes contingentes, e nem há certeza de que haverá uma fragmentação e direcionamento dos movimentos sociais para partidos com “maior sensibilidade”.

    Nós estamos no início de um ciclo que juntou apenas 12 anos. Para movimentos esperados por nós, 12 anos são instantes.

    Muita arrogância imaginar que estejamos no curso de alterações bruscas.

    Um pouquinho de humildade histórica e dialética não fariam mal.

    1. Excelente. Concordo em

      Excelente. Concordo em gênero, número e grau. Todos sabemos e o processo histórico está aí para o provar, onde essas manifestações de caráter difuso terminam. Não há absolutamente nada de sem partido, de novas massas e Patati e Patatá. A direita retrógrada vinha preparando isso no mundo inteiro. Chegou por aqui na esteira de um grupo de pelegos que a pretexto de reivindicar o passe livre serviram de cavalo para as falanges montarem e quase chegam próximo de uma ruptura institucional. Por pouco não invadiram o Palácio do Planalto e escalpelavam a presidenta em praça pública.

      1. Por isso que eu continua

        Por isso que eu continuo aguardando a explicação para a presença de Anonymous e BB’s, nessas manifestações ” espontâneas”… Até então, tava todo mundo junto contra tudo e contra todos; agora, ninguém é pai da criança e estavam, cada um lutando por suas pautas, desde sempre… 

        1. A quem diga que o MPL rachou

          A quem diga que o MPL rachou  após as manifestações, não sei se procede, conheço alguns

          mas naõ ando tendo contato, só esperando mesmo..

          1. Tb não sei, morallis… tem

            Tb não sei, morallis… tem um tal de Partdio Anarquista no FB que diz que o MPL são suas pernas e os BB’s seus braços… Aqui no RJ, na Cinelândia, tinha um pessoal, ainda contra a Copa, ontem; eram bem poucos mas uma faixa enorme mandava o Capilé, do Fora do Eixo, ir tomar na… Globo… parece que juntaram tudo numa coisa só e não sabiam bem o que queriam; o problema é que quem organizou e financiou, sabia muito bem o que queria. Tinha objetivos muito bem definidos. o Capilé, por sua vez, estava no encontro de blogueiros (??) em SP. Se estavam todos juntos contra tudo que está aí; agora, parece que estão contra eles mesmos. Todos contra todos. Não dá para entender nada. E qdo aparece alguém para explicar aí é que enrola tudo mesmo.

          2. De boa, tenho comigo que tudo

            De boa, tenho comigo que tudo isso fica mais claro no ano que vem, a oportunidade

            para estabelecer algo é agora, com o PT fragilizado pela copa ,mensalão e eleições,

            veremos quem é quem depois.Interessante salientar que a oposição não anda   se

            dando bem, caso não fosse  a mída e a seletividade evidente de algumas manifestações.

          3. Acho que vc tem razão. A

            Acho que vc tem razão. A tendência é as coisas se acomodarem e cada grupo ir assumindo seu lugar nesse rolo.

  41. Não deixa de ser verdade que
    Não deixa de ser verdade que o PT “aburguesou-se” e “institucionalizou os movimentos sociais”. Como também que o partido “… garantiu um pacto político que, de um lado tranquilizou o cenário político brasileiro, mas de outro impermeabilizou-o aos novos movimentos que surgiam”…Isso é um problema que afeta todos os partidos trabalhistas e de esquerda que chegam ao governo dentro das regras formais da “democracia burguesa”. Todos passam por isso.Mas também é verdade que “… se o PT não consegue (vocalizar a voz das ruas como antes), menos ainda os demais grandes partidos do espectro político tradicional. Todos eles – do PSDB ao PMDB, passando pelo PSB e PV – estão a milhas de distância da periferia política”…Na verdade a política partidária brasileira está por reinventar-se. E reinventar-se necessitando de uma ampla reforma política e eleitoral, que radicalize a democracia e não a engesse como está no presente momento.Se o PT por um lado “aburguesou-se” e “institucionalizou” certos grupos e movimentos sociais (especialmente no espectro sindical). Por outro, é inegável que o partido (ainda que de forma tímida e insuficiente) pilotou importantes mudanças sociais, que permitiram a inclusão social de grande contingente de brasileiros, se comparado a outros períodos de nossa curta história republicana.O PT, mesmo a trancos e barrancos, ajudou a reduzir as nossas seculares e quase intocáveis desigualdades sociais. E isso atrai para o partido a aversão de elites econômicas reacionárias (de direita), atrasadas e insensíveis do ponto de vista social. Certo tipo de elite que prefere que até as migalhas de seu grande banquete vá para o lixo, do que seja distribuído com os mais pobres.O PT, portanto, até certo ponto, não chegou ao ponto do aburguesamento de partidos socialistas e sociais-democratas europeus, por exemplo, que praticamente viraram linha auxiliar do neoliberalismo global (com suas teses de desregulamentação da economia, de Estado mínimo, de retirada de direitos sociais e da rede de proteção garantida pelo Estado do Bem Estar Social). Mas tampouco confrontou-se frontalmente com o neoliberalismo. E no governo Dilma até avançou perigosamente para os limites desse catastrófico modelo econômico que tem sido  responsável pela maior crise do capitalismo ao longo da história.Nessa atual quadra de nossa história o próprio PT tem o desafio de reinventar-se e para evitar cair na vala comum dos partidos socialistas e social-democratas que viraram uma quase caricatura dos partidos direitistas e neoliberais clássicos. Desafio difícil, porque é único, sem paralelos, sem modelos ou sem receita de bolo a ser copiada de algum lugar. Desafio difícil porque tem que ser original.Quanto a outros partidos que possam querer repetir a antiga fórmula petista para ascender como nova força política de esquerda uma má notícia: esse modelo também foi único e dentro de condições contextuais únicas:Pois como lembra Nassif: “… não há mais a força agutinadora do sindicalismo do ABC e da Igreja, que garantiram o PT. Então esses movimentos nascerão dispersos e, gradativamente, irão se incorporando a uma variedade maior de partidos, com sensibilidade para os novos tempos de nossa democracia social”…Diante disso outra situação para a qual nos aponta Nassif será inexorável: “… levará um bom tempo até que os novos incluídos consigam alguma organicidade (partidária, com projetos claros e norte definido – IG). Até lá, tome movimentos de rua (e sem direção definida”.

  42. ” Por enquanto, os candidatos

    ” Por enquanto, os candidatos a gurus dos novos movimentos ou são intelectuais de academia, praticando um radicalismo de salão; ou partidos de extrema esquerda que não aceitam o jogo da democracia social.”

    Ou seja, todos os que se esconderam, até agora, embora ficassem pelas redes tentando ” explicar” um movimento espontâneo, sem lideranças e sem partidos que nascidos ” espontâneamente” já chegaram com teses prontas; aliás, teses importadas e já testadas com um fracasso retumbante, em termos democráticos, em diversas partes do mundo. Resta saber o que esses “teóricos” tem a dizer acerca do envolvimento internacional de nossa acadêmia com o universo fascista da Europa e EEUU.

    O PT não tem, absolutamente, nada a ver com a simpatia desses grupos de classe média alta que escancaram ss portas do fascismo em Pindorama. Bem, ao contrário, é, junto com o PCdoB quem vem denunciando a manobra, desde o início. Na verdade, até hoje, uma rápida busca no twitter revela que o movimento contra a Copa ( que hoje não é mais de ninguém ) fez mais sucesso fora do Brasil do que aqui, graças ao empenho de brasileiros que a pretexto de lutar pelo país trabalhavam no sentido de detoná-lo. O que restou dos contra a Copa, eram os que se escondiam atrás do movimento, desde sempre. Inúmeras vezes, postamos que as máscaras tinham como objetivo, fazer com que ninguem fosse identificado, não durante as manifestações mas após as possíveis consequências delas. E é isso que estamos vendo, agora. Ninguém quer estar associado às ruas de junho de 2013 com as “propostas” que vinham dela. Hoje, todo mundo estava lá sim, mas por um outro motivo qq, mais nobre, menos fluido e mais objetivo para o seguro não dar perda total. Agora, sim, temos partidos, categorias, caras, nomes, bandeiras, reivindicações… e, ninguém fala de Copa. Uma ou outra categoria, ainda precisam de greve, nas férias para poder manter gente na rua, durante a Copa, para a empulhação, não ficar evidente. Era golpe… só que não deu certo, ainda. Atentem para a Venezuela e Turquia.

  43. O livro parece ter percebido

    O livro parece ter percebido bem a realidade. Não sei se é o livro ou se foi Nassif quem dá à institucionalização dos movimentos sociais um sentido pejorativo. Não é isso. No futebol, quando um time tem a bola deve se comportar de uma forma diferente de quando perde a bola. E o time muda de postura durante toda a partida. Palocci contou que quando era prefeito de Ribeirão seu staff exigiu dele uma reunião para apresentar reivindicações. Ele respondeu que era para atender àquelas demandas que eles estavam lá. 

    O PT tem como base os sindicatos e a igreja ligada às comunidades de base. Eles chegaram ao poder, quando o partido chegou lá. Eles agora têm acesso a quem decide. Portanto, há um canal que interliga quem está na base a quem tem o poder de executar. Isto não é bom, é ótimo. E a postura deve mudar para fazer as demandas se concretizarem. Antes, a luta era para informar a sociedade das necessidades. Agora é executar.

    O que muda? Alega-se que esta institucionalização cria uma burocracia que isola novos grupos, pois os grupos que chegaram ao poder monopolizam os canais. Meia verdade, grupos que chegaram antes sempre monopolizam a burocracia partidária. Mas quando se está na oposição, todos gritam e ninguém tem o poder de executar. Por isso, a burocratização não é sentida.

    De todos os partidos, somente o PT tem base social, tamanho crítico e experiência de governo e oposição. Ao PSDB, falta base social. Na verdade, falta vontade de ter base social. Aos nanicos da esquerda, falta vontade de ser governo. Eles só querem reclamar.

    Para novos grupos, o partido deve tomar cuidado de estabelecer contatos com eles e de renovar suas lideranças. Isto é difícil, pois significa quebrar esquemas de poder interno que se formam. Os novos grupos são diferentes. Há os que realmente querem resolver problemas. Estes buscarão contatos onde eles existirem. Se o PT oferecer, eles se chegarão. Há os que querem apenas reclamar, como os black blocs. Estes não se unirão a ninguém, nunca.

     

    1. Muito bem, comparando futebol

      Muito bem, comparando futebol com política você demonstra com precisão o quanto você entende do que está falando. Assim me poupou o trabalho de ir além do segundo parágrafo

  44. O PT se deslumbrou e…

    No poder, O PT se deslumbrou com a possibilidade de que o teria com facilidade por uns 20 anos e que esses demorariam um século pra passar, a vista do que enveredou-se pelos descaminhos da políticagem tradicional e  traiu, consciente e deliberadamente, os seus princípios, discursos, símbolos e documentos nos quais acreditei um dia.

    Desfiliado há menos de um ano, eu ainda me encontro em fase dolorosa de desencarnação do Partido, e sinto muita indignação e revolta por tanta gente dissimulada e sem identidade com sua história que ele acolhe e agrada com alianças espúrias em todos os níveis de governo, donde tem que sair acobertando denúncias e mais denúncias de erros escabrosos que coram de vergonha a quem tem.

    Então, o PT foi a última trincheira ou porto partidário em que a nação acreditou e confiou que haveria de resgatar e levar avante o seu projeto de futuro com grandeza, altivez e justiça, esses valores que inserem um povo no verdadeiro contexto de civilização.

    Portanto, esses sem partidos são em grande parte filhos órfãos que, desiludidos do que lhes acenou o PT, optaram por ficar à margem dessas engrenagens e passaram às ruas em busca de quem seja capaz de captar e ordenar seus sentimentos, suas aspirações e conduzi-los onde sonham chegar porque navegar é preciso.   

     

    1. Golbery não só tinha certeza

      Golbery não só tinha certeza de que Lula seria o maior presidente do Brasil, como inauguraria uma nova era, EL, com mais de séculos no poder, os quais a sociedade sentiria como um simples passeio de 20 anos.

  45. Risco de Píora

    Protestar contra os descaminhos do poder judiciário é coisa legítima e necessária, tanto mais em face dos crescentes arbítrios ditatoriais praticados nos tribunais pátrios e do acúmulo de julgados inconstitucionais antijurídicos. Entretanto, a forma dos procedimentos precisa ser adequada ao conteúdo das iniciativas, inclusive porque a respeitabilíssima sabedoria popular recomenda não cutucar com vara curta. Do contrário, há o risco de piorar a situação presente com um perigoso retrocesso ao passado, no qual a inadvertida promoção de desnecessários conflitos exponenciais tende a desvirtuar e, assim, deslegitimar a indispensável defesa de reivindicações justas e inadiáveis. Portanto, ao invés de fazer manifestações em frente às sedes da chamada Justiça, é mais prudente e pragmático protestar diante da OAB e da ABI, pois a solução dos problemas sociais de natureza jurídica deve ser construída através de cauteloso embate institucional, pautado pela ética e por princípios democráticos.

    P.S.: Comentário ao post intitulado “Movimentos sociais marcam protesto contra Joaquim Barbosa”, editado em

    https://jornalggn.com.br/noticia/movimentos-sociais-marcam-protesto-contra-joaquim-barbosa#100

  46. O PT e o movimento dos sem partido

    Luis Nassif faz uma boa análise do processo de institucionalização do PT, ainda que, na minha avaliação, erre quando analisa os novos movimentos de contestação e sugere que “gradativamente” eles “irão se incorporando a uma variedade maior de partidos, com sensibilidade para os novos tempos de nossa democracia social”. Esses novos movimentos não se reconhecerão em nenhum partido político, pois todos eles, PT inclusive, estão defasados. O grande problema é que os partidos políticos são uma forma organizacional adequada às sociedades industriais, dos séculos XIX e XX, mas inadequada para a “sociedade do conhecimento” do século XXI. Teremos que encontrar novas formas organizativas que nem eu nem ninguém sabe, ainda, qual será.

    1. As novas formas organizativas são mais para o próximo século

       

      Benedito Tadeu César (segunda-feira, 19/05/2014 às 11:52),

      Tenho opinião oposta da sua. Não são os partidos políticos que estão defasados em relação às manifestações de junho de 2013. São as manifestações de junho de 2013 e os manifestantes que carregam idéias defasadas daquelas presentes nos partidos políticos.

      Além disso, não me parece correto relacionar as manifestações de junho de 2013 com o que você está chamando de sociedade do conhecimento. Se o conhecimento cresce em bases exponenciais é fácil determinar um período que permita dizer que o conhecimento adquirido em um determinado período seja superior a todo o conhecimento adquirido em todo o momento anterior. O crescimento do conhecimento, entretanto, pouco nos tem auxiliado para que possamos projetar as nossas instituições do futuro. Há mais de duzentos anos que as instituições democráticas americanas salvo aperfeiçoamentos (Voto de mulheres, de negros, etc) são as mesmas.

      E veja que se considerarmos que há 50 anos os Estados Unidos tinham conhecimento suficiente para mandar o homem a Lua e que daqui a 50 anos muito provavelmente o Brasil não terá este conhecimento, a se crer na capacidade do conhecimento alterar as instituições democráticas, seria de imaginar que houvesse uma superioridade flagrante das instituições democráticas americanas com as instituições democráticas da sociedade brasileira. Creio que a democracia brasileira tem em muitas pontos aspectos muito mais avançados do que a democracia americana. Um exemplo é a opção pelo voto proporcional que permite a participação de grupos minoritários de modo muito mais expressivo do que o modelo do voto majoritário como é a eleição para o congresso dos Estados Unidos.

      Aliás, há outra fonte de comparação entre o conhecimento americano e o brasileiro distinto do exemplo que eu dei em relação ao programa espacial. Até porque muito provavelmente, o programa espacial americano foi desenvolvido por uma elite diminuta sem muita disseminação deste conhecimento na sociedade. Outra comparação então pode ser inferida do quadro que é apresentado no post “Mais que mil, vale um milhão de palavras” de segunda-feira, 09/04/2012, no blog de Alexandre Schwartsman, A Mão Visível. O endereço do post “Mais que mil, vale um milhão de palavras” é:

      http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/04/mais-que-mil-vale-um-milhao-de-palavras.html

      O título do quadro é “Percentage of population that has attained tertiary education, by age group (2009)”. O que se pode ver é que há trinta anos o percentual da população americana que obtivera educação de terceiro grau era em torno de 40% e que muito provavelmente, estando hoje em um percentual próximo de 10%, nos próximos trinta anos, o Brasil não alcançará o patamar de trinta anos atrás dos Estados Unidos. Então em um nível muito superior de conhecimento, as instituições democráticas não sofreram nenhuma alteração substancial a se mencionar e que a sua análise parece querer mostrar que deverá ocorrer.

      Novas formas organizativas dos poderes constituídos podem eventualmente surgirem. Nada indica, entretanto, que estas novas formas organizativas venham a surgir nos próximos cinquenta anos. E muito menos, estas novas formas organizativas vão surgir em razão da pressão de grupos que mais parecem sofrer de déficit de conhecimento, pois expressam valores arcaicos e expressam ao mesmo tempo um total desconhecimento do funcionamento das instituições ao redor das quais a grande maioria das sociedades modernas se estruturam.

      O que talvez seja mais relevante para induzir a aperfeiçoamentos nas instituições da representação política seja a presença das novas mídias sociais na internet. Esses aperfeiçoamentos vem sendo feito. É possível que hoje qualquer projeto de lei em uma Assembleia Estadual ou no Congresso Nacional tenha alguma interação pela internet com o cidadão. De todo modo, essa interação é mais fraca (fornece menos informação) do que a interação decorrente do conhecimento proveniente de uma pesquisa de campo.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 19/05/2014

  47. PT, Velha Mídia, Classes Sociais, Manifestações de 2013 e Eleiçã

    Tinha colocado este comentário no post Algo em comum entre militantes governistas e não-partidários e reposto aqui.

     

    PT, VELHA MÍDIA, CLASSES SOCIAIS, MANIFESTAÇÕES DE 2013 E ELEIÇÃO.

    Toda uma gritaria da velha mídia e forças sócio-políticas conservadoras vai até outubro. Discursam e discursarão sobre o “fabricado caos” do Governo DILMA, sobre o “fabricado caos do Brasil governado pelos petistas”, para chegarmos lá e acontecer o óbvio: DILMA reeleita e sociedade dividida em pró-PT e anti-PT.

    É preciso dizer o mais importante. 

    Vivemos um tempo Político onde a Ideologia no Brasil não é mais ser de esquerda: socialista, comunista, etc. ou ser de direita e seu capitalismo ou a radicalização das desigualdades sociais entre os homens via neoliberalismo.

    O tempo de hoje no Brasil é o tempo da defesa de classe social. Quem tem um pouco mais ou muito mais dinheiro não quer dividir e faz de tudo para se livrar do PT; quem não tem ou tem pouco dinheiro vota no PT. Isto de modo mais grosseiro. Existem situações de votos que não confirmam a regra.

    Neste espaço de batalha há a velha mídia. Ela faz o jogo de acirrar a disputa, toma partido e fica do lado mais fraco (no sentido do voto). Então, se alimenta um caos midiático para deslegitimar a vitória do PT e conduzir a opinião do grupo mais fraco (com menos votos) que a velha mídia defende.

    PT e velha mídia estão em lados opostos, porém, os dois são os favorecidos do resultado desta batalha violenta das notícias caóticas: um fica com o Poder e o outro com o monopólio dos meios de comunicação e as verbas de publicidade governamental, que crescem na velha mídia, conforme o grau de violência jornalística que ela pratica. Quanto mais violência, mais o Governo Federal anuncia nos meios de comunicação hegemônicos para contrapor a informação dada por estes grupos de mídia.

    LULA e PT parecem querer sair deste jogo a partir de 2015. Tomara que seja contemplada a Lei de Médios. Seria um avanço para que nossa soberania econômica e nossos avanços sociais dos últimos 12 anos sejam preservados e aumentados, acima de pensar num realocamento das forças de classes sociais distintas, onde a parte mais fraca se caracteriza com mais força por seus interesses particulares acima do coletivo. 

    Oposição no Brasil que preste, praticamente, não existe. Os dois candidatos com chances que nela se abrigam querem importar um modelo já sepultado por aqui em 2002. Não cabe mais, porque o povo já experimentou a inclusão e ascensão social. Todo Governo eleito no Brasil não tem mais legitimidade se abdicar deste entendimento, se retroceder.

    Um aparte sobre as manifestações de junho de 2013.

    Não tem durabilidade um Governo que não está preparado e não se coloca como a ponte para a solução dos problemas reais que eclodiram das manifestações de 2013: principalmente, moradia e bairro digno de se morar, Saúde de qualidade, Educação de qualidade, meios de transporte eficientes e Polícia civilizada. Lembrando que a conquista do trabalho e do consumo não foram pautas das manifestações, porque já se incorporaram a estes grupos sociais (advindos da periferia) ou já faziam parte da vida dos universitários das classes sociais médias tradicionais.

    Um aparte do aparte.

    É interessante separar as manifestações de junho de 2013 pré e pós-interferência da velha mídia. Anterior ao apossamento e cobertura das manifestações pela velha mídia estavam nas ruas manifestantes de alguma maneira organizados e com reivindicações suas. MPL, juventude da periferia (precariado) e juventude universitária estão no tempo pré-interferência midiática. Agitadores profissionais, black blocks e classes médias e altas conservadoras vieram depois, algumas manifestações após, tendo ai importância a mídia, bem como, a extrema-direita em leva-los para as ruas, também, e com pautas mais generalistas como abaixo à Corrupção, fora PT e até pauta que mais interessava as elites naquele momento: a PEC 37.  

    Continuando.

    Os jovens das manifestações pré-interferência midiática têm uma visão meio nublada da realidade brasileira, ficam entre a ideia da necessidade e cobrança de mudanças estruturais urbanas profundas e que são legítimas e a ausência de maior noção de quem pode realizar tal intento. É uma geração nascida e criada dentro do radicalismo midiático, que associa Política, partido político, governos à corrupção, cobrança de altos impostos e má-gestão dos recursos públicos. Eles tinham 5, 6, 8, 12 anos de idade no máximo quando o PT chegou ao poder. Mal sabem dos tempos de neoliberalismo de FHC. Sabem do hoje, do aqui agora.

    Eles têm boas intenções, mas não sabem, precisamente, qual a importância da luta via Política e partidos políticos em arregimentar forças para alcançar seus objetivos e reinvindicações. Talvez, e com grande chance de acerto, a velha mídia os colocou no campo de batalha hierarquizando os inimigos das suas reinvindicações, apesar de todos os partidos políticos serem, o PT, por ser demonizado diariamente pela velha mídia, se tornou o inimigo número 1.

    É a juventude nascida do processo continuado de negação da Política por parte da mídia hegemônica a mando do Sistema. Podem estar ai grupos inteiros de jovens apolíticos. O MPL e assemelhados são a manifestação concreta deste modelo de noticiário, onde a Política, os políticos e os partidos políticos são associados, como disse: à corrupção, cobrança de altos impostos e má-gestão dos recursos públicos acima de tudo. Estes jovens descontentes com a Política e o Brasil de hoje foram sendo produzidos no decorrer, principalmente, da Era PT e se materializaram. O quadro desta juventude apartidária é resultado de uma ação intencional do Sistema e da mídia que o representa, não vamos nos esquecer disto.

    Repassando a ideia inicial.

    Vivemos uma situação de enfrentamento que pode ser bem delineada, indo pelo caminho da justificação do caos como remédio para a derrota que está se configurando nas últimas eleições e nesta se configurará de novo para as classes média e média alta urbana das grandes e médias cidades, que se informam, majoritariamente, pela velha mídia. 

    O que isto significa?

    Perdem a eleição, mas acreditam que a culpa é do povão que não sabe votar, dos programas de transferência de renda e voto de “cabresto”, etc. e se mantêm o poder da velha mídia de influenciar essas classes sociais. Os votantes destas classes sociais perdem a eleição, mas acreditam que a culpa é da ignorância do povão, não da desinformação cotidiana praticada pela velha mídia, nem da alienação diária a que estão submetidos no desfile das futilidades e etiquetas sociais. 

    A velha mídia se sustenta ai. Se for pelo lado da informação precisa seu cacife pode ser menor, pode ser que o Governo nem precise dar sua contribuição financeira via propaganda governamental e pode até alertar muita gente do que o Governo faz de bom para o Brasil. E, até gerar consciência política maior. O que pode romper a sua defesa do neoliberalismo e até criar um descaso (diminuição de credibilidade) para com ela, de boa parte de seus seguidores. E, não por uma questão de afinidade no modelo de economia ideal para o Brasil, mas, pela falta de uma visão soberana e de inserção do Brasil como potência, mesmo que fosse imperialista.

    A compreensão de um Governo Petista, Capitalismo desenvolvimentista com inclusão social seria a pá de cal do Sistema financeiro e do neoliberalismo e de seus representantes aqui dentro de nossas fronteiras. O caos propagandeado pela velha mídia é o engessamento das nossas pernas e o impedimento delas caminharem por si. É embaralhar o meio de campo, para a gente não progredir, mesmo que seja ainda utópica a chegada de um de seus representantes ao Governo central. Pode ser um sonho demorado, mas não pode mudar por completo o conhecimento do novo País, do Governo do PT, para que a utopia neoliberal esteja viva, sempre e possa pôr suas garras hoje e no futuro, mesmo que se avance em sentido oposto.

    Tudo está dentro deste pacote de evitar ao máximo uma Lei de Médios, uma Reforma Política, uma luta pela defesa de nossa soberania econômica, o que enfraqueceria a sanha neoliberal, a sanha dos mercados de nos colonizar outra vez. 

  48. Salvo manifestações em si, junho de 2013 representa o atraso

     

     

    Luis Nassif,

    Bom texto.

    Eu não gosto muito da sua avaliação das manifestações de junho de 2013 porque me parece que você, para não perder a audiência, trata com condescendência as manifestações e os manifestantes.

    Você pode alegar que neste post “O PT e o movimento dos sem partidos” de domingo, 18/05/2014 às 06:00, você indiretamente critica a manifestação ao rememorar a crônica em que o taxi, representando o PT, é substituído pela furreca, representando os manifestantes. Pela escolha da qualidade do veículo pode-se dizer que se trata de uma crítica, mas será que a furreca descreve realmente as manifestações e manifestantes?

    Eu faço menção às manifestações de junho com a seguinte qualificação: “As manifestações não trazem nada de novo exceto as redes sociais na internet e não trazem nada de bom exceto o caráter democrático das manifestações em si”. Das leituras das análises posteriores eu não vi nada que pudesse alterar a minha avaliação. Talvez haja alguma informação que não fora bem revelada ou bem considerada e que venha a mostrar que as manifestações tiveram repercussão nas expectativas e influenciaram negativamente o PIB de julho de 2013. Por enquanto, eu trato esta possibilidade apenas como uma conjectura.

    A minha resistência às manifestações decorre de perceber nas manifestações um aspecto essencial que vai contra a minha ideologia: as manifestações são contra os políticos tradicionais, ou os políticos profissionais. Esse aspecto contra os políticos tradicionais não é uma característica específica das manifestações de junho de 2013 no Brasil. Trata-se de uma característica que é genérica em todo mundo e que se aflora de modo muito mais forte em épocas de crises econômicas.

    Esta característica de ser contra os políticos tradicionais é uma cultura que eu não comparo com uma furreca. É uma cultura que eu comparo com o mofo, podendo até ser de um carro conservado, que não foi usado, mas cheio de bolor de algo velho que está apenas precisando de um fermento para crescer. É uma cultura que mais poderia ser chamada de falta de cultura ou de retro cultura pelo que ela representa de retrocesso.

    E é um mofo que se multiplica com base no desconhecimento. As idéias todas que afloraram nas manifestações são fruto do desconhecimento. Não conhecem o funcionamento da democracia, o funcionamento do sistema capitalista, o funcionamento do orçamento público, o funcionamento da sistemática de combate aos atos de ilicitude contra a Administração Pública. Em cada uma das reivindicações que se faziam presentes nas manifestações se percebia o absoluto desconhecimento sobre a realidade tal qual a realidade é e não a realidade que se deseja.

    O desconhecimento não impede alguém de se manifestar ainda mais quando o conhecimento não tem sido suficiente para apresentar a solução definitiva. Só que este desconhecimento deve ser revelado e criticado. Não se pode passar a mão na cabeça dos manifestantes dizendo que eles são bem intencionados. É preciso assumir a posição de dizer que a cultura em que as manifestações se desenvolvem é uma cultura atrasada, que se nutre de uma idealização irreal e sem condições práticas de se realizar.

    Há um post da época das manifestações a qual eu gosto de fazer referência porque ele menciona que a cultura na qual as manifestações se desenvolveram não foi uma cultura criada pela grande mídia, mas sim uma cultura pré-existente na sociedade. É uma cultura que está latente em todas as sociedades e só espera o bom momento para se manifestar. Trata-se do post “A cegueira branca do Estado e o gigante iluminado” de quinta-feira, 20/06/2013 às 15:10, aqui no seu blog com a transcrição do artigo “A cegueira branca do Estado e o gigante iluminado” do professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo e da PUC-SP Rafael Araújo. O endereço do post “A cegueira branca do Estado e o gigante iluminado” é:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-cegueira-branca-do-estado-e-o-gigante-iluminado

    Bem, esta cultura que, em meu entendimento, peca pelo desconhecimento da realidade e pela sua idealização se manifesta, por exemplo, na crítica ao político profissional. Não existe democracia sem o político profissional. Então defender o amadorismo na política é uma manifestação de ingenuidade e de idealização e é uma manifestação de oposição à democracia real.

    E é uma cultura tão disseminada que ela está presente mesmo em pessoas politizados. A defesa da Constituinte Exclusiva para a reforma política, em que o termo “exclusiva” refere-se tanto ao objetivo: a reforma política, como a constituição dela: por eleitos distintos dos eleitos na Câmara dos Deputados e dos eleitos no Senado Federal, mostra um desconhecimento do funcionamento da democracia que tem por base a responsabilidade do político profissional, responsabilidade que não existe por parte do político amador. Então os que propõem a Constituinte exclusiva não acreditam nos políticos profissionais e sim nos políticos amadores. Não aceitam a democracia como ela é, e sim uma democracia idealizada.

    Em comentário que eu enviei terça-feira, 13/05/2014 às 14:04 para Davi Sensu junto ao post “O Cavalo de Troia da Constituinte exclusiva” de terça-feira, 13/05/2014 às 07:31, eu faço menção a um comentário de Diogo Costa enviado segunda-feira, 12/05/2014 às 14:07, em que ele faz crítica ao atual congresso chamando o sistema atual de podre e carcomido o que justificaria a eleição de uma Constituinte exclusiva. O endereço do post “O Cavalo de Troia da Constituinte exclusiva” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-cavalo-de-troia-da-constituinte-exclusiva

    O comentário de Diogo Costa deve estar na última ou penúltima página e o comentário de Davi Sensu enviado segunda-feira, 12/05/2014 às 15:59, está na primeira página. E o meu comentário com referência ao comentário de Diogo Costa foi feito em um comentário que eu coloquei junto a um meu primeiro comentário enviado segunda-feira, 12/05/2014 às 19:21, para junto do comentário de Davi Sensu.

    O que se observa do comentário de Diogo Costa, ao defender uma Constituinte Exclusiva, é que, mesmo em uma pessoa bastante politizada como ele, existe o gérmen da descrença no político profissional, imaginando que políticos amadores possam superá-los na atividade representativa. E no, entanto, em lugar nenhum do mundo se verifica como prática a substituição de políticos profissionais por políticos amadores.

    Há momentos em que se dá destaque para a manifestação direta da população. Os exemplos são pontuais e para realidades bem distintas de um país continental como o Brasil. Eventualmente, para aglomerados pequenos com nível bem igualitário de instrução e de renda, as manifestações pontuais da população sejam democraticamente aceitáveis.

    O caso da Islândia é bem esclarecedor sobre esta possibilidade de se ter manifestações diretas da população na construção da atividade política. Com uma área do tamanho do estado do Rio de Janeiro, uma população de cerca 320 mil habitantes e um PIB em torno de 14 bilhões (Renda per capita de cerca de U$43.000,00), o país possui um dos melhores coeficientes de Geni (16º ou 17º lugar no mundo com o coeficiente de 28). Se acrescermos a esta realidade o índice educacional daquele país, podemos imaginar o quanto lá seria mais fácil operar uma democracia direta. De todo modo, esta democracia direta teria ação pontual. Seria apenas como uma forma de se montar uma estrutura jurídica para o país. E muito provavelmente, o que se permitiu com a maior participação direta da população deve ter sido apenas a construção de grandes diretrizes.

    Quando se considera países de maiores dimensões com problemas mais acentuados de desigualdade, as manifestações pontuais diretas da população, que se escudam na vontade majoritária, servem apenas para fazer exclusão de grupos minoritários, o que fica em total antagonismo com o principal legado da democracia representativa moderna que é a proteção dos interesses minoritários, principalmente quando a democracia se desenvolve com base em um processo em que grupos minoritários se protegem mediante acordos, conchavos e barganhas, mecanismos que também recebem o nome de fisiologismo. Então como a democracia direta não permite o fisiologismo e o fisiologismo é um mecanismo de defesa dos grupos minoritários, a democracia direta é um modelo retrógrado, uma vez que ele é excludente das minorias.

    Nos dois parágrafos do seu texto que transcrevo a seguir penso existir tanto a análise correta como também a omissão quanto a características das manifestações que permitiram mais bem as entender. Diz você:

    “Nas manifestações de junho, a primeira reação do PT foi de quase pânico, como se intrusos ousassem questionar seu predomínio sobre as manifestações de rua. Depois, as principais lideranças entenderam o fenômeno. Mas entre entender e definir formas de abrigá-los há uma enorme distância.

    Há uma dificuldade de ordem interna do partido, de conseguir se arejar, o que significa os setores tradicionais abrirem (seu) espaço para os novos atores. E outra de ordem institucional: o governo Dilma é impermeável até ao PT tradicional, mas ainda aos novos movimentos”.

    Bom, embora não trouxessem nada de novo, as manifestações foram inesperadas. Para quem estava bem sentado junto ao cetro presidencial, o PT foi o partido mais atingido. Ser atingido causa medo a qualquer um. De certo modo, não há nada a discordar na análise que você desenvolve nestes dois parágrafos até o momento em que você diz:

    “Mas entre entender e definir formas de abrigá-los há uma enorme distância”.

    Não é que eu discorde do que você diz. Discordo do que você não diz ou que implicitamente diz. Em outras palavras você deixa subentendido que a cooptação do movimento deveria ser a tarefa a ser empreendida pelo PT. Para que houvesse esta cooptação seria necessário haver a identificação ideológica. É bem verdade que, na sua origem, o PT possuía muito das características presentes hoje nas manifestações. A descrença no político e na política tradicional foi uma mola mestra para o crescimento do PT. Hoje, entretanto, o PT é mais arejado e já conhece como a democracia representativa funciona.

    Quanto a Dilma Rousseff ser impermeável até ao PT tradicional, eu não discordo de você. Só que a discussão sobre este tema levaria a uma análise muito longa. Qual seria este PT tradicional: o PT antigo contrário aos políticos tradicionais ou um novo PT que surgiu com o conhecimento do processo real que move a democracia representativa moderna? Agora esta impermeabilidade de Dilma Rousseff ao PT tradicional, considerando como tal o PT das reuniões, dos conselhos e que alguns criticam como o PT do assembleísmo, e que eu vejo como um instrumento de comunicação do partido com o cidadão, talvez seja fruto de um viés tecnicista da Dilma Rousseff.

    Viés tecnicista que eu particularmente nunca vi como qualidade. Não o desqualificava porque o admitia dentro de uma espécie de balanceamento de um governo muito de barganha com Lula para um governo mais técnico com Dilma Rousseff. De certo modo foi com base nesta idéia de balanceamento que eu fiz remissão quando no post “Faxinalzinho: Cardozo sugere conciliação, falta e PF comparece em seu lugar” de sábado, 10/05/2014 às 10:16, aqui no seu blog e de sua autoria, em comentário que enviei segunda-feira, 12/05/2014 às 13:47, eu fiz menção ao post “Nada será como antes” de terça-feira, 28 de dezembro de 2010, de autoria de Marco A. Nogueira, e publicado no blog dele, “Possibilidades na política”. O link para o post “Nada será como antes” é:

    http://marcoanogueira.blogspot.com.br/2010/12/nada-sera-como-antes.html

    Transcrevi o parágrafo a seguir do post “Nada será como antes” e de autoria de Marco A. Nogueira. Diz ele lá:

    “Mas nada é tão simples como parece. Todo governante constrói sua biografia e a lógica da política o impele a buscar luz autônoma. Uma hipótese realista sugere que haverá um suave descolamento entre Lula e Dilma. Disso talvez nasça um governo mais ponderado e equilibrado, capaz de substituir a presença de um líder carismático e intuitivo pela determinação e pelo rigor técnico que são indispensáveis para que se possa construir uma sociedade mais igualitária”.

    Marco A. Nogueira tem um pouco de razão na medida em que o encaminhamento para uma sociedade mais igualitária depende muito de normas técnicas levando a sociedade na direção da maior igualdade, mas é preciso entender que a Administração Pública é algo muito rígido para que a simples distinção de estilos produzisse algo tão diferente como quer nos fazer crer Marco A. Nogueira. Ainda mais que se trata de estilos vestindo a mesma ideologia.

    Trouxe o trecho do texto de Marco A. Nogueira para mostrar que há certamente certa impermeabilidade de Dilma Rousseff ao PT tradicional. Penso, entretanto, que esta impermeabilidade deve ser bastante analisada para que o defeito desta impermeabilidade não seja superdimensionado. Primeiro, há que ver que esta impermeabilidade é vista por determinados analistas como uma qualidade. Além disso, é preciso considerar que há dois PTs tradicionais: um mais moderno que compreendeu o funcionamento da democracia moderna e com o qual Dilma Rousseff tem dificuldade de relacionamento em razão da formação tecnicista dela. Dificuldade que constitui um defeito que deve ser evitado.

    E há um PT tradicional que mais aproxima o partido dos ideais das manifestações de junho de 2013. Talvez haja em Dilma Rousseff mais proximidade com este PT e, portanto, com as manifestações de junho de 2013 do que com o PT tradicional que se modernizou. A dificuldade de Dilma Rousseff se aproximar deste grupo é mais pela falta de carisma, mas eu vejo como um defeito dela, a proximidade da concepção política dela com as idealizações das manifestações de junho de 2014.

    Eu não fui petista naquela época da origem do partido porque via na postura do partido uma ingenuidade juvenil de acreditar na possibilidade de construção da democracia sob uma nova roupagem. Então é partindo de uma concepção que valoriza a política tradicional que eu vejo com resistência os manifestantes e as manifestações de junho de 2013. Querer que o PT abrigue os manifestantes requer ou que os manifestantes mudem a ideologia ou que o PT volte a ideologia ingênua e juvenil presente em muitos dos partidários do partido e mesmo em alguns dos seus líderes.

    Sobre esta concepção ingênua e idealizada da atividade política e que se percebia nos partidários do PT e mesmo em algumas das lideranças do partido, eu menciono aqui o post “Para Olívio Dutra, condenação de petistas é justa: “eu não os considero presos políticos”” de quinta-feira, 21/11/2013 às 16:48, aqui no seu blog em que por sugestão de Frederico69, foi reproduzida a matéria “Olívio considera justa a prisão dos mensaleiros” de autoria de Jimmy Azevedo e publicado na edição impressa do Jornal do Comércio de 21/11/2013. O endereço do post “Para Olívio Dutra, condenação de petistas é justa: “eu não os considero presos políticos”” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/para-olivio-dutra-condenacao-de-petistas-e-justa-eu-nao-os-considero-presos-politicos

    Tenho um comentário que está na primeira página do post e que foi enviado domingo, 24/11/2013 às 22:02, e destinado a Frederico69, em que procuro destacar duas falhas na postura de Olívio Dutra. Uma diretamente vinculada à entrevista que ele dá e que é o fato de que ele, como a maioria das pessoas, desconhecerem que o STF não condenou ninguém como mensaleiro seja como mensaleiro da corrupção ativa seja como mensaleiro da corrupção passiva. Quer dizer Olívio Dutra considera que os petistas foram condenados pela prática ou omissão de ato pelo qual receberam ou pagaram vantagem indevida. Não foi isto que o STF decidiu no julgamento da Ação Penal 470. Eles foram condenados pelo recebimento de vantagem indevida e tão só. Não tão só, pois eles foram condenados pelo recebimento de vantagem indevida, mas na qualidade de funcionários públicos que tinham grande poder de atuação.

    E a segunda falha na postura de Olívio Dutra que eu procuro destacar não guarda relação direta com a entrevista que ele dá. Eu considero falha a ideologia que avalia as manifestações como trazendo algum conteúdo de modernidade. Não é disto que Olívio Dutra fala na entrevista, mas fica subentendido que a ideologia dele está impregnada dos valores que também estão presentes na maioria dos manifestantes. São valores que levam a idealizar um modelo de democracia distinto do modelo existente. É um modelo ideal e irreal.

    Há outro post recente intitulado “Levante de Junho: pequena análise sobre um movimento que não acabou e que não tem prazo para acabar” de terça-feira, 13/05/2014 às 10:42, aqui no seu blog e originado de um longo comentário de Fernando Cisco Zappa, de certo modo, em louvor das manifestações em que se pode perceber, no texto de Fernando Cisco Zappa, não só a característica da idealização como a característica do desconhecimento. O endereço do post “Levante de Junho: pequena análise sobre um movimento que não acabou e que não tem prazo para acabar” é:

    https://jornalggn.com.br/blog/cisco-zappa/levante-de-junho-pequena-analise-sobre-um-movimento-que-nao-acabou-e-que-nao-tem-prazo-para-acabar

    Em comentário que enviei para Fernando Cisco Zappa terça-feira, 13/05/2014 às 20:34, eu procuro indicar como há muita idealização nos desejos presentes nas manifestações de junho de 2013 e como há um pobre conhecimento da realidade política tal como ela é. Depois de muito elogiar as manifestações Fernando Cisco Zappa trata como sendo uma das medidas prioritárias para uma nova política no Brasil acabar com o Senado Federal. Propor uma medida assim revela total desconhecimento da realidade política.

    Então, penso que não há como um partido que deseja ser modernizante incorporar os manifestantes de junho de 2013. A única coisa de aproveitável no movimento de junho de 2013 é o espírito de manifestação que é uma espécie de manutenção do processo democrático no interior da sociedade. Uma manifestação é uma prova de vida da democracia na sociedade. É preciso que a democracia esteja presente não só no processo político com a participação dos representantes políticos como também na sociedade com a participação do cidadão.

    A defesa do movimento de junho de 2013 deve ser dentro do mesmo espírito da defesa do orçamento participativo que é um modo de prolongar por todo um mandato a participação da sociedade no processo político, uma vez que sem o mecanismo do orçamento participativo (Outra forma de aumentar a participação são as Audiências Públicas de cada um dos Poderes), a participação do eleitor se limita a presença dele nas urnas na eleição do representante. O orçamento participativo não pode, entretanto, querer suplantar o processo de condução democrática executado pelo parlamento.

    Em meu entendimento, quem vê nas manifestações algo mais além do caráter democrático intrínseco à manifestação em si tem uma concepção atrasada do processo democrático.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 19/05/2014

     

  49. O que há é uma impaciência

    O que há é uma impaciência com esse PT burocrata… Porque tanto Lula quanto Dilma privilegiaram a máxima emprego e renda, o tucanato com Aécio quer um Brasil financista a custa de arrocho do povo, Eduardo Campos é muito vaselina faz o discurso dos empresários e se diz socialista mesmo querendo rasgar o estatuto do partido.

    Então queremos o PT das ruas novamente e do dialogo com as ruas, gabinete pode ser bom mais a chegou a hora das massas, então ficar com discurso empolado não ta dizendo muita coisa nesse momento, infelizmente só Lula percebe e tem a clareza das massas é preciso o PT agir e comungar com o povo, olhar pro outro lado da rua e não cair nessa da oposição e seu discurso tecnicista burocratizante, ser papo reto e dizer a que veio… Porque esse receituário econômico onde o individuo é visto como despesa, só convence na teoria.

  50. Uma fábula fabulosa a do

    Uma fábula fabulosa a do taxista como diria o Millor: uma tentativa de compreender o cenário político. Fui a uma palestra em BH onde esteve presente o Ortellaro há algum tempo. Achei interessante o acompanhamento e a interpretação que ele faz do que está acontecendo nas mídias sociais e suas repercussões nos eventos de rua. É uma alternativa possível para uma interpretação que eu est(ou)ava fazendo: uma mobilização eleitoral de grupos políticos burocráticos (tanto de esquerda como da direita) para ganhar espaço eleitoral. Enfim, o jogo democrático. Se o (grupo incumbente do) PT não entender a necessidade de se reestruturar, vai cair do galho. 

     

  51. A seta do tempo
    A seta do tempo é irreversível! O futuro mostrará o furo n’água dos arrogantes nanicos (pstu, psol e adjacências) “ingenuamente” cooptados pela elite conservadora.

  52. SE É CORRETO A CONSTATAÇÃO DE

    SE É CORRETO A CONSTATAÇÃO DE CERTO AFASTAMENTO DO PT DAS RUAS, POR OUTRO LADO NÃO SERÁ O PSTU E OUTROS NANICOS QUE PODERAM ABARCAR ESTE MOVIMENTO.

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