O remdesivir mostra como as farmacêuticas lucram numa pandemia

Empresa que produz o remédio que é testado contra covid-19 tem direito de lucrar exclusivamente por 7 anos, afirma o The Guardian

Jornal GGN – O jornal The Guardian divulgou nesta segunda (11) uma reportagem que questiona os preços praticados pela indústria farmacêutica, sobretudo em meio à pandemia de coronavírus. O veículo repercutiu um estudo que mostra o lucro exacerbado que as empresas têm em cima de remédios que estão em teste contra a COVID-19, o que pode vir a restringir o acesso para tratamento no futuro.

Um dos medicamentos citados no estudo, que foi separado para testagem contra coronavírus, é o sofosbuvir (usado para tratar a hepatite C). Seu custo de fabricação é de cinco dólares, para ele é vendido a 18,6 dólares.

“As empresas farmacêuticas costumam defender seus preços alegando que seus custos são incrivelmente altos. No entanto, ao calcular o preço de uma versão genérica do medicamento, os pesquisadores levaram em consideração custos de exportação, impostos e até uma margem de lucro de 10%”, anotou o Guardian.

O caso do remdesivir é outro exemplo nessa polêmica. O remédio é visto por autoridades sanitárias, sobretudo nos EUA, como a luz no fim do túnel contra a COVID-19. Substituiu o entusiasmo com a cloroquina e hidroxicloroquina. E abriu uma discussão sobre os limites éticos em lucrar na pandemia.

A Gilead Sciences, empresa que produz o remdesivir, recebeu 79 milhões de dólares em financiamento do governo dos EUA. Apesar disso, a Gilead anunciou que não forneceria mais acesso de emergência ao medicamento. Depois de “críticas generalizadas”, teve de recuar e afirmou nesta semana que fará doação todo o estoque da droga ao governo.

A Food and Drug Administration já atribuiu à Gilead o direito de “lucrar exclusivamente por sete anos com a venda de remdesivir”, um “status reservado para o tratamento de doenças raras, e não como o Covid-19, para o qual mais de 1 milhão de pessoas nos EUA apresentaram resultado positivo (e muitas outras foram infectadas, mas não testadas)”, anotou o Guardian.

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Redação

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