O Violão e o CDM

 

O saudoso e famoso bar CDM, que ficava localizado na Praça Vermelha, próximo a ponte de Ferro, tem muitas histórias interessantes, embora algumas sejam um pouco duvidosas, mas são verdadeiras e poderão ser confirmadas pelos personagens que presenciaram ou dela fizeram parte. Essa, por exemplo, um dos personagens principais está vivo e poderá confirmar.

Rubens cantor era um freguês diário do bar CDM, que também servia almoço preparado por dona Júlia, uma excelente cozinheira e ótima amiga. Rubens, era aposentado e morava sozinho, então almoçava todos dias ali, exceto quando recebia o pagamento. Nesse dia, ele chegava, mandava somar todos os pendentes e pagava. Quando Doca, o dono do bar, perguntava se iria almoçar a resposta era sempre a mesma: “Tá louco Doca, tô com dinheiro, vou almoçar no Belas Artes”! E encerrava ali a conversa.

Rubens, era o nosso cantor das sextas-feiras e outros dias também. Não sabemos o motivo, o fato é que certo dia ficou sem seu violão. Dr. José Henrique, com seu bom coração, resolveu presenteá-lo com um novo, para pudesse fazer a alegria dos frequentadores. E assim, o fez muito feliz e a todos nós, que teríamos sempre uma boa música para aliviar o stress após um dia estafante de trabalho.

Com isso, passaram-se muitos meses com boa música, cerveja e o tira-gosto que era preparado por algum freguês a quem a cozinha era entregue a noite, pois dona Júlia geralmente saia por volta das 16 ou 17 horas. E então Edinho França ou Valdir Arroz assumia a preparação de alguma guloseima, que variava entre bacalhau, frango com quiabo e diversos outros petiscos.

Certa noite, Rubens chamou Dr. José Henrique para ter uma conversa a parte, o que foi prontamente atendido, pois a educação de Henrique, como os amigos o chamam, não permite deixar uma pessoa esperando. E se tratando de quem era, então não haveria dúvidas de que seria atendido.

Perguntou Henrique: – “É particular, Rubens, ou pode ser aqui mesmo”?

– “Pode sim”. Respondeu Rubens. E continuou. – “A questão é a seguinte. Estou um pouco apertado no momento e queria vender o violão que você me deu”.

– “Qual o Problema? O violão é seu, meu amigo. Faça o que for melhor pra você”.

Foi quando para surpresa de todos, Rubens retrucou:

– “Ótimo. Mas, eu gostaria que você me comprasse o violão”.

– “Mas, porque eu”? Perguntou Henrique, entre estupefato e surpreso ao mesmo tempo.

Rubens então explicou: “- É que se você comprar pode deixá-lo guardado aqui no bar e eu poderei tocar sempre que vocês quiserem”.

– “Tudo bem”, respondeu Henrique. Em seguida perguntou o preço e comprou o violão, que durante o dia permanecia guardado numa espécie de mezanino que tinha no bar. E assim, nosso querido Rubens cantor e outros convidados continuaram por muito tempo alegrando nossas noites naquele bar chamado CDM, que faz parte de nossa história pessoal e também de Cachoeiro. E viva a Praça Vermelha.

 

 

Redação

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