País deve rever o foco em commodities, diz IPEA

Para alcançar o nível de uma economia sustentável – do ponto de vista social e ambiental – o país deve rever seu papel no mercado externo. É o que afirmam os autores do relatório O Comércio Internacional e Sustentabilidade Socioambiental no Brasil, divulgado esta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

A conclusão se pauta na ideia de que a inserção na economia internacional baseada no fornecimento de commodities (como minérios e grãos) e produtos com pouca tecnologia agregada, resulta em impactos negativos do ponto de vista social e ambiental, geralmente não contabilizados quando o produto interno bruto (PIB) de um país é calculado.

As produções intensivas à base de recursos naturais, a exemplo da mineração, siderurgia e soja, são consideradas estratégicas para a indústria nacional “e por setores ligados ao comércio exterior pela ‘competitividade’ apresentada pelo Brasil. Essa exportação gera divisas importantes para o país, embora nem sempre essa riqueza seja distribuída para a sociedade”, completam os autores do trabalho.

A exportação de produtos brutos ou em estágio primário de beneficiamento, tem baixo potencial de riqueza, assim como de criação de empregos e arrecadação tributária. Tem impacto restrito na industrialização do país e na incorporação de novas tecnologias.

O estudo aponta que, para produzir US$ 1 milhão, a indústria de papel e celulose do país consome o equivalente a mais de 700 tep (toneladas equivalentes de petróleo), já o setor metalúrgico, 650 tep.

O aumento das exportações brasileiras, registrado nos últimos anos, se deve em especial aos produtos de baixa tecnologia. No período 2000-2008 o valor das exportações cresceu 260%. O valor das exportações da indústria de alta tecnologia aumentou 68%, enquanto o valor dos produtos não industriais, 515%.

“Como resultado, nesse período, a participação do valor das exportações da indústria de alta intensidade no total das exportações brasileiras passou de 12% para 6%, enquanto a participação dos produtos não industrializados cresceu de 17% para 28%”, analisam os pesquisadores do IPEA.

Apesar da produção e exportação de produtos intensivos em recursos naturais produzirem riquezas, é preciso lembrar que também resultam numa série de externalidades, transferidas para as sociedades mais pobres.

Os pesquisadores sugerem, em matérias de exportações, que o país incentive os produtos de maior valor agregado. “Diferente de outros países, a estrutura tributária brasileira, em geral, não estimula a exportação de bens manufaturados. Nesse contexto, empresas acabam optando por exportar minério de ferro e soja em grãos, em vez de produtos beneficiados a partir dessas commodities, que teriam maior potencial de gerar mais empregos e fomentar o desenvolvimento tecnológico no país”, colocam.

Dentre outras estratégias apontadas, está a de investir mais na especialização de nichos específicos de mercado, como a produção de alimentos orgânicos, agregando um número maior de agricultores familiares na cadeia produtiva de exportação.

Entre 1999 e 2007, as vendas de alimentos e bebidas orgânicas no mundo triplicaram, movimentando 47 bilhões de dólares em 2007. Estima-se que esse setor seja multiplicado por cinco até 2020 e por vinte até 2050. 

Para acessar o estudo do IPEA, clique aqui.

Imagem: Agência Brasil

Redação

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