Participação de mulheres nas eleições municipais cresce 85%

Manuela D’Ávila, candidata em Porto Alegre, avalia que a oportunidade reflete boa atuação do sexo feminino no poder; em São Paulo, três mulheres concorrem ao cargo

A participação de mulheres nas disputas eleitorais das cidades brasileiras avançou 85,8% este ano em relação ao pleito anterior, de 2008, considerando os cargos eletivos de prefeito, vice-prefeito e vereadores. Dos 480.131 candidatos este ano, 150.982 são do sexo feminino, o que corresponde a 31,4% do total.

 

Segundos informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do total de candidatos que concorrem a prefeituras, 1.942 ou 12,5% são mulheres. Entre os que pleiteiam a vice-prefeitura, o sexo feminino corresponde a 17,2% ou 2.709.

 

No mesmo sentido, 32,5% dos que pretendem ocupar uma vaga nas Câmaras são mulheres, totalizando 146.331 candidatas. Com isso, pela primeira vez o número de candidatas mulheres para o cargo de vereadora ultrapassa o mínimo exigido pela lei (30%).

 

Para Maria do Socorro Braga, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), o maior número de mulheres na política iniciou a partir da exigência legislativa de que o sexo feminino correspondesse a uma parcela das legendas dos partidos. “Essa atitude está induzindo os partidos a atraírem o público feminino. Agora, eles precisam delas constitucionalmente.”

 

Maria do Socorro acredita que o aumento da demanda social pelos movimentos feministas também foi responsável por essa tendência, já que as mulheres vislumbraram na política uma possibilidade de exigir a inclusão e o cumprimento dos direitos de igualdade. “Ainda assim, em termos de representatividade, estamos bem longe dos 50%, que representaria uma disputa igualitária.”

 

De acordo com Frederico de Oliveira Henriques, professor da faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas, desde o início do processo de democratização, tem se tentado estabelecer essa conjuntura. Os especialistas acreditam que o fato de termos uma presidente mulher incentivou que mais mulheres se interessassem por obter uma participação no Poder Executivo.

 

“Estamos realizando uma curva crescente se compararmos a participação da mulher no governo. Com a eleição de Dilma Rousseff , e os 20 milhões de votos para Marina Silva, é possível afirmar que o brasileiro já quebrou muitos tabus machistas”, conclui Maria do Socorro, relacionando ao fato de a escolha de Dilma ter acontecido em função do apoio que recebeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva .

 

Manuela D’Ávila , candidata à prefeitura de Porto Alegre pelo (PC do B), que aparece com 30% das intenções de voto, acredita que após a eleição da presidenta Dilma Rousseff e de outras mulheres importantes em cargos dos poderes Legislativo e Executivo, a ideia conservadora de que não há espaço para o sexo feminino na política é cada vez menos compartilhada.

 

“A atuação bem-sucedida de mulheres nos espaços de poder fortalecem esse processo de transformação social e garante maior igualdade de oportunidades. Ainda falta ocupar mais espaços de poder que é onde são decididas as principais questões relativas aos direitos das mulheres e à superação das desigualdades”, analisa Manuela.

 

Ainda assim, a candidata do PC do B diz que o caminho ainda é longo. “A cada eleição vitoriosa, estaremos dando um passo adiante nesta caminhada em busca de maior igualdade de oportunidades. A mudança na sociedade se refletirá no Congresso.”

 

São Paulo

 

Soninha Francine (PPS), Ana Luiza de Figueiredo (PSTU) e Anaí Caproni (PCO) estão na lista de opções que o eleitor paulistano pode eleger este ano para comandar a prefeitura de São Paulo a partir do próximo ano. Desta maneira, confirma-se as teorias de que as mulheres ocupam cada vez mais espaço no cenário político brasileiro, alinhado com as conquistas recentes do sexo feminino no mercado de trabalho.

 

Na corrida eleitoral anterior, apenas Soninha e a petista Marta Suplicy pleitearam o cargo. Com isso, a participação feminina aumentou em 50%. Por ser mais conhecida do grande público, Soninha é a única que possui reais chances de passar ao segundo turno.

 

Nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, realizadas pelo Ibope, ela aparece com 5%, embolada na terceira posição junto a Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Paulinho da Força (PDT). Neste ano, 25% dos candidatos à prefeitura de São Paulo são do sexo feminino.

 

De acordo com Frederico de Oliveira Henriques, professor da faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas, a cidade de São Paulo é um caso específico e tem o processo de democratização estabelecido.

 

“São Paulo já teve Luiza Erundina e Marta Suplicy na prefeitura. Essas conquistas atraem ainda mais mulheres para o cenário político, porque elas veem a aceitação e ficam esperançosas”, diz. 

Redação

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