Por favor, Bolsonaro ou Moro não são Hitler nem Revoltados On Line é a Sturmabteilung.

Muitos pessoas de tendência de esquerda vem confundindo as coisa e imaginando que Bolsonaro e Moro podem atingir um patamar de Hitler num provável golpe de extrema direita, vamos devagar com estas preocupações pois não há a mínima semelhança histórica entre todos estes personagens.

Primeiro de tudo, Hitler era alguém singular, que com sua singularidade maligna conseguiu ascender ao poder num dos países mais importantes do mundo naquela época, e esta singularidade se agregava a outra situação singular que aconteceu na Alemanha naquela época.

Hitler tinha uma ideologia, vários historiadores atuais procuram desprezar esta ideologia mais por raiva do Nazismo do que qualquer coisa. A ideologia se chamava fascismo, que na época não era desaforo, e aceitava a luta de classes, colocando o Estado como um intermediador entre capital e trabalho, tanto que o partido Nazista no seu nome estava a palavra Socialismo (de direita, mas socialismo). Este golpe, mais de propaganda do que qualquer outra coisa, permitiu que os Nazismo enganassem uma boa parte da população alemã.

No fim da primeira guerra a França e a Inglaterra, cansadas de lutarem contra a Alemanha, aplicou sobre este país termos de rendição completamente desmoralizantes e leoninos que obrigavam a Alemanha a grandes indenizações e transformavam o exército alemão numa verdadeira polícia com alguns armamentos pesados.

Além de tudo isto o armistício foi aceito pela Alemanha porque esta estava quase na beira de uma revolução de esquerda que tiraria do capitalismo alemão não só o que perderiam com o armistício, ou seja, foi do tipo, entregar os anéis para não perder os dedos.

Este armistício que levou a República de Weimar, criou enormes ressentimentos no povo alemão, dando uma impressão que não estavam perdendo a guerra e alguém os tinha traído.

No rastro desta ideia de traição, Hitler tirou da cartola algo que na época era comum não só na Alemanha, mas em vários países europeus, o antissemitismo que ele encaixou com o anticomunismo. A partir de um trabalho de propaganda e a organização de uma milícia paramilitar, a Sturmabteilung ou abreviado por SA (não confundir com SS a abreviatura da Schutzstaffel), comandada por Ernst Röhm, que agia a luz do dia com consentimento do governo central como uma milícia paramilitar, ele conseguiu o apoio de amplos setores da pequena burguesia que ficavam assustados pela propaganda anticomunista.

Hitler saiu da primeira guerra condecorado e segundo seus comandantes era um exemplar soldado, aí começa a diferença entre Hitler e Bolsonaro, este último saiu do exército com um processo de indisciplina e em primeira instância foi expulso do exército, só sendo absolvido pelo supremo tribunal militar quando já estava fora.

Logo Hitler, apesar de sua SA, que era formada por o que se chama Lumpenproletariat que traduzido para o português significa “seção degradada e desprezível do proletariado”, não agradava em nada os capitalistas alemães e o exército, ele conseguiu o apoio do grande capital quando prometeu e executou na chamada “Noite das Facas Longas” (em alemão Nacht der langen Messer)”, ema execução de Ernst Röhm e mais 85 pessoas em 30 de julho de 1934, ou seja, cinco meses após assumir como primeiro ministro. Sabe-se nos dias atuais, que uma das imposições que o presidente da Alemanha na época, Marechal Paul von Hindenburg tinha dado como condição para que Hitler assumisse o cargo de primeiro ministro que ele acabasse com a SA que na época possuía nada menos e nada mais do que três milhões de componentes.

Inclusive a morte de Ernest Röhm foi à inflexão da pseudo ideias socialista que o partido nazista usou para encantar o povo alemão, Ernest Röhm com a sua poderosa SA pretendia levar adiante o socialismo do nacional-socialismo do partido Nazi, ele dizia claramente que era necessário a chamada “segunda revolução” que deveria redistribuir a riqueza na sociedade alemã socializando os bens de capital. Ou seja, se tomássemos alguma semelhança entre a SA e os Revoltados on Line, seria a hora de um possível governante de direita passar na banha seus aliados!

A Sturmabteilung foi o mecanismo básico para a ascensão de Hitler na Alemanha, pois era utilizada tanto para surrar ou matar judeus como também para lutar contra os partidos de esquerda que eram fortes na Alemanha na década de 30. Sem o apoio da Sturmabteilung o partido nazista não seria considerado pelo grande capital como uma forma viável de combater a esquerda.

Hitler até atingir o poder teve que trabalhar o seu partido durante 14 longos anos, e importante chamar a atenção que a denominação NAZI esconde o nome real do partido Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, onde a palavra socialista serviu no início como chamariz para o proletariado alemão. Em 1934 com o fim da Sturmabteilung cada vez mais Hitler deu ênfase ao antissemitismo e esqueceu o socialismo no nome.

Como visto a trajetória de Hitler ao poder, com uma Sturmabteilung e seus milhões de componentes dispostos a brigar e até morrer pelo líder, o sentimento de traição da primeira guerra, uma ideologia travestida de socialismo típica dos governos fascistas da época, o antissemitismo como arma de propaganda, e o mais importante com o apoio do Governo da época, configurado pelo Marechal Hindenburg, não tem nada se semelhante com algum dos citados no título deste artigo.

Se alguém quiser estabelecer alguma semelhança aos personagens vai ter que fazer muito esforço e torturar a história, pois as atitudes truculentas de Bolsonaro, a vontade de desindustrializar o país de Moro, ou o arremedo de tropa paramilitar dos Revoltados on Line, estão mais para um comédia do que para tragédia.

Redação

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