Por que Galileu Galilei foi condenado?, por Felipe Aquino

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Site da Editora Cléofas

O caso Galileu Galilei – Parte 1

Por Prof. Felipe Aquino

Pesa contra a Igreja a acusação de ter condenado o físico italiano Galileu Galilei de maneira injusta. É importante, antes de tudo, esclarecer os fatos dentro do contexto da época, pois sem isso a interpretação histórica fica totalmente deformada.

Durante cerca de quatro séculos, por causa de uma divulgação distorcida e mal intencionada, anti-Igreja Católica, muitas pessoas, especialmente estudantes, pensam que Galileu foi um “mártir” da ciência e que a Igreja foi o carrasco e inimiga do progresso humano e da ciência. O caso Galileu ficou como se fosse o símbolo da rejeição, por parte da Igreja, do progresso científico, ou então do obscurantismo dogmático oposto à ciência. Este mito teve um efeito cultural imenso e fez com que muitos cientistas de boa fé aceitassem a idéia errada de que havia incompatibilidade entre a ciência e a fé cristã.

Por isso, vamos examinar aqui este caso:

Na verdade, o processo de Galileu nem se tratou de um conflito entre ciência e religião, mas foi uma crise interna na Igreja.

Um Simpósio realizado na Universidade Católica de Washington, em 1982, a respeito do caso de Galileu, relatado pelo o repórter Philip J. Hills no jornal Washington Post em artigo transcrito pelo “Latin america Daily Post” de 5/10/1982, nos ajuda a entender melhor a opinião dos cientistas sobre o caso Galileu. O Simpósio foi denominado “Reinterpretando Galileu”. Entre outros astrônomos participarm do Simpósio Oven Gingerich, astrônomo de Harvard, o Padre William Wallace, dominicano da Universidade Católica e o polonês Joseph Zycinski.

Os intelectuais aí reunidos, revendo o famoso caso Galileu, do século XVII, destacaram o fato de que a tese heliocêntrica de Galileu não podia apresentar em seu favor razões convincentes na época; Galileu julgava que o fluxo das marés seria a prova da revolução da Terra em torno do Sol, quando na verdade se sabe que as marés se devem à força da gravidade da Lua. Sem argumentos sólidos a tese de Galileu só podia parecia errônea aos teólogos do século XVII, para quem o geocentrismo tinha não somente base científica, mas também autoridade incutida pelas páginas bíblicas (cf. Js 10,12s). É preciso, então, entender a atitude da repulsa a Galileu na época a partir das circunstâncias da época, e não em função de dados que só mais tarde foram definitivamente reconhecidos.

Os intelectuais fizeram várias afirmações contrárias à crença popular, entre elas:

1 – “Galileu não foi acusado nem condenado por heresia. Galileu não foi torturado, nem lhe foram mostrados os instrumentos de tortura.

2 – O ponto de debate no processo não foi estritamente de ignorância religiosa versus verdade científica: a verdade científica em si mesmo, naquela época, era obscura e equívoca.

3 – E, depois de Galileu concordar em dizer que não acreditava na terra em movimento e no sol parado, provavelmente não pronunciou, como diz a lenda, as provocadoras palavras: “E, contudo, ela se move!”

4 – “De fato (disse Gingerich), seria difícil para a Igreja achar Galileu inocente. Ele foi apenas acusado de desobedecer a uma ordem da Igreja, e está fora de dúvida que realmente desobedeceu”.

“Não havia simplesmente prova de que o modelo heliocêntrico de Galileu e de Copérnico fosse melhor do que o modelo popular geocêntrico demonstrado por Tycho Brahe. E o sistema da Brahe tinha a vantagem de não se opor à Escritura nem à doutrina da Igreja.

Assim, pelos conhecimentos da época (disseram os intelectuais no Simpósio), houve justificativa para o processo, porque descobriram que Galileu desobedeceu às ordens da Igreja, e por acreditarem que Galileu não dispunha de elementos claros para demonstrar que o sol era o centro do universo. Disse ao astrônomo Wallace que Galileu acreditava muito bem que obteria finalmente provas cabais do sistema heliocêntrico. Mas na época do processo, quando contava cerca de cinquenta anos, Galileu sabia que não tinha argumentos para provar o seu ponto de vista.

Pretendia, portanto, abalar um grande edifício de ciência e fé, que durava vinte séculos (desde Ptolomeu!), sem ter razões convincentes. Com efeito, diz o articulista, Galileu tencionava provar sua tese a partir do fenômeno das marés: estas seriam devidas ao giro da Terra e às revoluções do nosso planeta em torno do Sol. Ora sabe-se que as marés não são causadas pelo movimento da Terra, mas pela força da gravidade da Lua. Os outros argumentos do cientista eram insuficientes para provar o heliocentrismo.

Para sermos justos temos que procurar entender os homens do século XVII a partir das premissas e dos referenciais que para eles eram válidos, e não a partir dos parâmetros que consideramos válidos hoje.

Galileu parecia especialmente inoportuno aos teólogos do século XVII, pelo fato de que não se limitava a afirmar proposições de astronomia, mas introduzia-se no setor da exegese bíblica, tentando assim convencer os teólogos.

A oposição dos teólogos e do Sumo Pontífice à tese de Galileu não compromete a infalibilidade do magistério da Igreja, que se refere apenas aos temas de fé e de Moral.

Em 03/07/1981, o Papa João Paulo II nomeou uma Comissão de teólogos, cientistas e historiadores, a fim de aprofundarem o exame do caso Galileu. Esta Comissão estudou o assunto e, após onze anos de trabalho, apresentou seus resultados ao Papa. Este então, perante a Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, proferiu um discurso, aos 31/10/1992, 350.º aniversário da morte de Galileu, em que reconhecia o erro dos teólogos contemporâneos a Galileu por parte do Santo Ofício em 1633.

Mas ao mesmo tempo o Papa chamou a atenção para a dificuldade que os homens do século XVII deviam experimentar, para aceitar a tão revolucionária teoria de Galileu; era preciso que, de um lado, se fixassem novos critérios de hermenêutica bíblica e, de outro lado, a proposição heliocêntrica se corroborasse com argumentos ainda mais sólidos do que os que Galileu podia apresentar.

Entre outras coisas disse o Papa em seu discurso [L`Osservatore Romano]:

“Galileu rejeitou a sugestão de apresentar o sistema de Copérnico como uma hipótese, até ser confirmado por provas irrefutáveis. Tratava-se de uma exigência do método experimental, do qual ele foi o iniciador genial.”

“O problema que os teólogos da época se puseram era o da compatibilidade do heliocentrismo e da Escritura. A ciência nova, com os seus métodos e a liberdade de investigação que eles supõem, obrigava os teólogos a interrogarem-se sobre os seus próprios critérios de interpretação da Escritura. A maioria não o soube fazer. Paradoxalmente, Galileu, fiel sincero, mostrou-se sobre este ponto mais perspicaz do que os seus adversários teólogos. Se a Escritura não pode errar, escreve ele a Benedetto Castelli (em 1613), alguns dos seus intérpretes e comentaristas o podem e de muitas maneiras. Também é conhecida a sua carta à Cristina de Lorena (em 1615), que é como que um pequeno tratado de hermenêutica bíblica.”

“A maioria dos teólogos não percebia a distinção formal entre a Escritura Sagrada e a sua interpretação, o que os levou a transpor indevidamente para o campo da doutrina da fé uma questão, de fato relevante, da investigação científica.”

“Recordemos a frase célebre atribuída a Baronio: O Espírito Santo quer nos dizer como se vai para o céu; não como vai o céu.”

“Belarmino, que tinha percebido o que estava realmente em jogo no debate, considerava que, diante de eventuais provas científicas do movimento orbital da Terra ao redor do Sol, devíamos interpretar, com uma grande circunspecção, toda a passagem da Bíblia que parece afirmar que a Terra é imóvel, e “dizer que não o compreendemos, antes de afirmar que é falso o que se demonstra” (Carta ao Pe. A. Foscarini, 12/04/1615)”.

O Papa João Paulo II recordou um fato histórico importante: Galileu já tinha sido reabilitado por Bento XIV em 1741, com a concessão do “Imprimatur” à primeira edição das obras completas de Galileu. Em 1757, as obras científicas favoráveis à teoria heliocêntrica foram retiradas do “Index” de livros proibidos. Em 1822, Pio VII(1800-1823) determinou que o “Imprimatur” podia ser dado também aos estudos que apresentavam a teoria copernicana como tese.

Hoje já não há mais dificuldade de se conciliar a fé com a ciência, pois os estudiosos tomaram consciência de que a Bíblia não pretende ensinar ciências naturais, mas se refere aos fenômenos da natureza usando uma linguagem familiar pré-científica, suficiente para exprimir a mensagem religiosa que a Escritura Sagrada quer ensinar. Naquele tempo não havia essa clareza sobre as Sagradas Escrituras.

Em 1741, diante da prova ótica da revolução da Terra em torno do Sol, Bento XIV (1740-1758) se empenhou para que o Santo Ofício desse o Imprimatur à primeira edição das obras completas de Galileu. Foi preciso, no entanto, que passassem mais de 150 anos para se encontrarem as provas óticas e mecânicas da mobilidade da Terra. Somente em 1851, é que Foucault conseguiu provar o movimento de rotação da Terra, com um pêndulo dependurado do teto do Panteon de Paris, que oscila em um plano fixo enquanto a Terra gira. Isto mostra como era difícil a teoria de Galileu ser aceita na época.

Muitos erros e mentiras são propagados sobre o Caso Galileu: alguns dizem erroneamente que ele foi condenado na Idade Média. Ora, a Idade Média vai até meados do século XV, com a queda de Constantinopla nas mãos dos otomanos (1476), e Galileu só nasceu em 1564, um século após o término da Idade Média. Dizem que ele foi condenado por dizer que a Terra era redonda. Mas já na antiga Grécia isto era admitido por Pitágoras (século VI a.C.) e seus discípulos falavam da esfericidade da Terra, da Lua e do Sol, bem como da rotação da Terra. A expedição de circunavegação da Terra feita por Fernão de Magalhães, em 1521, foi prova da esfericidade da Terra.

Outros, enganados, dizem que Galileu foi o autor da teoria heliocêntrica (Sol no centro do Sistema Solar). Esta teoria começou com Aristarco de Samos, no século III a.C., cerca de 1.900 anos antes de Galileu. Outros dizem que Galileu foi condenado porque defendia o sistema heliocêntrico. Na verdade ele foi condenado por causa do “modo” como o defendia e não pelo que defendia.

O Renascimento do século XVI foi afirmando os valores do homem em termos mais autônomos. No início do século XVII, certa mentalidade leiga, mesmo atéia, começava a inquietar os homens da época. A ciência havia progredido bastante no século XVI; já se apoiava em observações precisas, com métodos novos, deixando de lado as suposições não reais, como eram as conclusões baseadas na Filosofia e na Física medievais quando não se tinha aparelhos de medidas.

Afinal, a Idade Média tinha-lhes deixado a imprensa; Colombo descobriu um novo mundo, Galileu novas estrelas, o uso dos canhões, da bússola, dos moinhos, das armas de fogo, etc. A humanidade saída da Idade Média começava, então, a se julgar adulta e deixar a “dependência de Deus”. Muitos se entusiasmavam com a ciência de forma quase absoluta como os céticos representados por Michel de Montaigne (1533-1592), que atacavam as tradicionais concepções cristãs. Montaigne peregrinava pelos grandes santuários da Europa, mas, como dizia um seu contemporãneo, o Pe. Garasse S.J., “sufocava suavemente, como que com um cordel de seda, o senso religioso”, mediante as suas proposições ambíguas.

É claro que essa nova realidade começou a preocupar as autoridades da Igreja, acostumadas ao mundo da “Cristandade”; e nos casos de flagrante impiedade e ateísmo, reagiam fortemente, desconfiando da nova ciência, movidas pelo desejo de preservar a verdade e os valores da fé e da cultura. Daí o questionamento que a Igreja fez a Montaigne e a outros pensadores da época.

Na verdade, esta época foi um período de transição e de incertezas onde os valores novos se misturavam com os tradicionais, havendo conflitos até se chegar a uma síntese saudável.

Foi neste ambiente de certa reação contra a fé, reação encabeçada por uma ciência aparente, que viveu Galileu Galilei (1564-1642).

Com a invenção do telescópio, Galileu fez muitas descobertas, como as manchas do Sol, as crateras da Lua, a Via Láctea ser constituída por um grande número de estrelas; Júpiter possui Luas (Galileu descobriu quatro), o que demonstrava que a Terra não era o centro de tudo; Vênus tem fases como a Lua, e outras que lhe mostravam a certeza do Sol no centro do Sistema Solar, confirmando a tese de Copérnico.

Galileu publicou estas descobertas em 1610 e isto lhe deu muita popularidade. Entre os que o admiravam estavam o astrônomo protestante Kepler e o famoso matemático jesuíta Clavius.

No século XV, por não conseguir explicar uma série de fenômenos, a teoria geocêntrica (Terra no centro) foi abandonada, retomando-se a teoria heliocêntrica pelo Padre Nicolau Copérnico, nascido na Polônia, em 14/02/1493, e falecido em Frauenburg, Polônia, em 24/05/1543.

Padre Copérnico estudou astronomia e matemática na Universidade Católica de Cracóvia e, por três anos, Direito Canônico em Bolonha, Itália. Estudou também nas Universidades de Roma, Pádua e Ferrara. Em 1501 tornou-se cônego da Catedral de Frauenburg, cidade onde fez suas observações astronômicas. Apresentou o sistema heliocêntrico de Aristarco, com modificações, em dois trabalhos: “Comentários sobre as Hipóteses da Constituição do Movimento Celeste”, em 1530; e “Sobre a Revolução dos Corpos Celestes”, em 1543.

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

14 Comentários

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  1. Esta é a versão de alguem

    Esta é a versão de alguem comprometido com  a igreja católica. Quando se diz que provavelmente algo nem aconteceu, é permitido que se diga que provavelmente algo aconteceu. Galileu foi um gênio, enquanto os papas foram indivíduos levados ao poder por razões meramente políticas, . A maioria corruptos e tendenciosos, querendo preservar conceitos e “verdades” de interesse da elite da época. Quanto à igreja católica, sua forma de convencer a humaniddade está  bem expressa na “Santa Inquisição”.  Pelo que se sabe, graças a essa sociedade com fins exclusivamente lucrativos, a humanidade viveu uma idade das trevas prolongada, quando não era permitida a discussão de novas idéias e apresentação de novas teses que confrontassem as retrógradas regras da igreja. Sua canção não é nova, 

  2. O texto me deixou mais confuso ainda!

    Buscando contextualizar na história o processo que culminou com a morte do falecido, diz o texto que: “Assim, pelos conhecimentos da época (disseram os intelectuais no Simpósio), houve justificativa para o processo, porque descobriram que Galileu desobedeceu às ordens da Igreja, e por acreditarem que Galileu não dispunha de elementos claros para demonstrar que o sol era o centro do universo”.

    Se os teólogos de então não tinham a necessária compreensão para um efetivo juízo de valor, como, então, poderiam acreditar que o falecido não dispunha de elementos para provar sua teoria?

    Como poderiam refutar os argumentos até então apresentados, se nada sabiam do assunto?

    Eu só posso acreditar que algo não vai dar certo ou dar resultado se eu dominar o tema ou o assunto. Ou este meu raciocínio também é coisa da modernidade?

    “Disse ao astrônomo Wallace que Galileu acreditava muito bem que obteria finalmente provas cabais do sistema heliocêntrico. Mas na época do processo, quando contava cerca de cinquenta anos, Galileu sabia que não tinha argumentos para provar o seu ponto de vista”.

    A afirmação contida no último parágrafo está descontextualizada, porque hoje se sabe a causa daquilo que o falecido intuía. Qualquer besteira que ele dissesse para o bando de idiotas seria suficiente. Aliás, pior seria se ele dissesse que a movimentação das marés era influenciada pela força da gravidade da lua.

    Naquele tempo muito provavelmente a igreja não empregava a máxima latina: “in dubio, pro reo”.

     

  3. se a época em que vivemos se

    se a época em que vivemos se assemelha ,

    nas suas devidas proporções, 

    ao renascimento,

    a pergunta que não calar é a seguinte:

    as invenções da da época – imprensa, etc, (gutemberg)

    demorarão tanto para se desenvolverem no tempo?

    tem a ver om a era da internewt.

    demorará um tempo equivalente o desenvolviemtno e

    concretização efetiva da internet em relação aos outros meios?

  4. estamos à disposição …

    … da igreja católica ou de qualquer outra instituição religiosa que tenha a ousadia de tentar obrigar-nos a acreditar nisto ou naquilo, a calar ou a falar sobre paradigmas da realidade. Sinal dos tempos? Mas dizer isto naquela época era candidatar-se à usurpação dos próprios bens e da própria vida na fogueira (e muitas vezes da vida de toda a família, para evitar cobrança pela herança). A verdade se sustenta com o tempo, mas felizmente os paradigmas mudam com o tempo. Teria dito Victor Hugo, segurando um livro e apontando para uma catedral: “Isto derrubará aquilo”. Em pleno século 19.

  5. Abafa o caso…

    Isso lembra a história da mui devota esposa de um bispo anglicano, que ao tomar conhecimento da teoria da evolução disse ao marido:

    “Vamos esperar que isso não seja verdade, mas se for, vamos rezar para que não seja do conhecimento de todos.”

  6. Apelo ao Dr.Pablo Mariconda

    O Prof. Felipe Aquino reproduz a omissão de fatos históricos fundamentais.

    Por que os cléricos se negavam a olhar as luas de  Júpiter pelo telescópio de Galileu ?

    A comprovação experimental da existência dessas luas refutava inapelavelmente as “perfeitas esferas celestes”.

    O texto dos tais cientistas inicia com a afirmação de que “… a Galileu não foram mostrados os instumentos de tortura”. E precisava ? Alguém naquela época tinha alguma dúvida de como eram realizadas as torturas físicas e psicológicas em nome de Deus, mas na verdade em defesa do poder secular eclesiástico ?  

     A Academia precisa se manifestar, pois estão tentando corromper a História.  Apelo ao Prof. Pablo Mariconda: venha para o livre debate e expresse a defesa da verdade factual.

     

     

  7. Pregador do obscurantismo católico

    Texto sem nenhum valor, que apenas faz apologia do catolicismo e tenta justificar um dos inúmeros crimes contra a humanidade perpetrados pela “santa madre igreja sob a inspiração do espírito santo”.

    Exemplo típico do obscurantismo católico, este “prof.” é expert em manipular palavras. É um negador da história, comparável aos neonazistas, negadores do clima, criacionistas.

    Sua palavras são reveladoras:

    “Como vimos, a História desmente que a Inquisição tenha sido vista pelo povo cristão como uma instituição sinistra, perseguidora e opressora do homem humilde, gerando nele o terror, a aversão à religião e o anticlericalismo. Os fatos históricos provam o contrário.”

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Felipe_Aquino

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Negacionismo

     

  8. detalhe

    “Galileu julgava que o fluxo das marés seria a prova da revolução da Terra em torno do Sol, quando na verdade se sabe que as marés se devem à força da gravidade da Lua.” 

     

    A filosofia da epoca, herdada dos gregos, não aceitava a “ação à distância”. Para um objeto influenciar outro, eles deveriam ter contato. Apesar de qualquer pescador saber da relação entre lua e maré,  isso não era aceito pela ciência/filosofia da epoca.

     

    Na China a relação entre lua e maré eram conhecidas e aceitas pela filosofia, pois o “chi” existe em todo lugar e une todas as coisas, inclusive terra e lua.

  9. Galileu e o Papa

    Li: “que o Papa Urbano VIII  gostava muito de Galileu e até impediu a sua morte, mas o condenou ao silêncio. Os livros de Galileu eram lidos e ele era amado pelos seus pares na Igreja Católica. MAS, foram dois dominicanos da Inquisição Florentina que processaram Galileu e realmente queriam provar as ligações entre o matemático toscano e o teólogo Paolo Sarpi (1552-1623), vigoroso defensor da autonomia secular da República de Veneza diante da Igreja de Roma.”  Acho interessante saber até onde vai realmente o poder do Papa. Ele não tem e nunca teve poder absoluto. 

    E os Chefes Religiosos Protestantes também cometeram as mesmas atrocidades que os Chefes Católicos. 

     

     

  10. Galileu e o Papa

    Li: “que o Papa Urbano VIII  gostava muito de Galileu e até impediu a sua morte, mas o condenou ao silêncio. Os livros de Galileu eram lidos e ele era amado pelos seus pares na Igreja Católica. MAS, foram dois dominicanos da Inquisição Florentina que processaram Galileu e realmente queriam provar as ligações entre o matemático toscano e o teólogo Paolo Sarpi (1552-1623), vigoroso defensor da autonomia secular da República de Veneza diante da Igreja de Roma.”  Acho interessante saber até onde vai realmente o poder do Papa. Ele não tem e nunca teve poder absoluto. 

    E os Chefes Religiosos Protestantes também cometeram as mesmas atrocidades que os Chefes Católicos. 

     

     

  11. Infelizmente, o autor não

    Infelizmente, o autor não inclui no seu contexto histórico o “estado da arte” da então física vigente (Ptolomeu foi rapidamente mencionado). Os fundamentos físicos de Ptolomeu já estavam no buraco, pois de tempos em temos eram descobertos contraexemplos. A solução era a adição de hipóteses auxiliares ad hoc (uma grande quantidade delas). É dentro desse contexto que surgem Kleper, Copérnico, Galileu.

    A questão é mais ou menos assim para Galileu: eu admito que minha teoria é hipotética, se vocês admitirem que a “física ptolomaica” é falsa

  12. Um texto profundamente

    Um texto profundamente tendencioso, para não dizer falacioso.

    Em primeiro lugar, a tese heliocêntrica não era de Galileo, mas de Copérnico. Não somente Galileo, mas Kepler também a apoiava, e não sem motivos como o texto tenta levar o leitor a crer.

    A tese heliocêntrica apresentava sim vantagens em relação à geocêntrica. A principal delas, é a explicação do movimento retrógrado aparente de Marte, Júpiter e Saturno em certas épocas do ano (conhecido como “laçada”). O próprio movimento das marés exige o modelo heliocêntrico pela ação da Lua, como Kepler acreditava e Galileo discordava, mas também do Sol, como acreditava Galileo. O texto diz erroneamente que a gravidade do Sol não tem influência sobre as marés.

    O texto chega ao cúmulo de argumentar que Galileo pretendeu abalar “20 séculos de ciência e fé” quando na verdade o modelo mais antigo era heliocêntrico, devido a Aristarco de Samos, nascido em 310 a.C., enquanto Ptolomeu era do ano 90. O modelo geocêntrico nunca foi uma questão nem de ciência nem de fé, mas de praticidade para a navegação. Nesse sentido, ele é usado até hoje.

    O texto ignora solenemente a descoberta dos satélites de Júpiter por Galileo. Ora, qual base pode ter o geocentrismo se há corpos orbitando em torno de Júpiter? E não diz que os acusadores de Galileo, entre eles Cesar Cremonini, se recusaram a olhar pelo telescópio de Galileo e testemunhar a órbita dos satélites jovianos. Como chamar isso de “20 séculos de ciência”? Uma vergonha.

    O texto afirma que o sistema de Tycho Brahe era geocênctrico, o que é errado. Trata-se de um sistema misto, em que tudo exceto a Terra e a Lua giram em torno do Sol e este gira em torno da Terra. Esse sistema já prenunciava e dava força ao passo seguinte, o sistema heliocênctrico. Só posso interpretar como má fé a afirmação de que o sistema de Tycho Brahe era geocêntrico.

    O verdadeiro motivo da desgraça de Galileo não é mencionado: o Papa Urbano VIII se sentiu ridicularizado por ver seus argumentos expostos e refutados na obra prima “Diálogo sobre os dos principais sistemas do mundo”. Por que não foi queimado na inquisição? Ora, Galileo era pessoa influente, professor da universidade. Esse tipo de brutalidade exemplar era reservado, como sempre na história, a pessoas de baixa classe social.

    Em suma, o texto tenta justificar a violência contra Galileo, sua prisão, e a violência contra a humanidade,  a inclusão de suas obras no index prohibitorum, com a singela argumentação de que, apesar de correto,  não havia provas para o sistema heliocêntrico. Se o objetivo é defender o ponto de vista de que é possível conciliar ciência e fé, este texto falha miseravelmente.

     

  13. A incompatibilidade entre

    A incompatibilidade entre ciência e a fé cristã só existe no inconsciente do Senhor Felipe Aquino. A ciência lida com o concreto e a fé cristã lida com uma abstração. Desde o julgamento de Galileu a ciência evoluiu a ponto de no ano passado um objeto enviado da Terra pousar em um cometa. Nada impede um Cosmologo de acreditar no que denominam Deus e um Teologo precisa ser PHD em Física para ser professor de Mecânica Clássica do MIT, Harvard , Yale ou Berkeley. Humanos precisam saber, conhecer e aprender para sobreviver como comunidade. Fé ‘é questão particular e pessoal.  

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