Presidente Dilma Rousseff, em três momentos emblemáticos contra a ditadura

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A presidente Dilma Rousseff foi uma ativista, uma fiel seguidora de suas certezas. Sem alongar em sua biografia, aqui um apanhado significativo de sua trajetória, em três momentos marcantes.

O primeiro é representado pela foto da jovem Dilma diante de um tribunal militar. Jovem sim, mas que evidenciava grande força. A presidente ficou 3 anos presa, foi torturada e de lá saiu aos 21 anos. Eis a foto que muito representa uma época.

Outro momento inesquecível, foi sua resposta ao Senador Agripino Maia, do DEM, quando da audiência da Comissão de Infraestrutura do Senado, em maio de 2008, quando era ministra da Casa Civil. Eis uma transcrição de sua resposta, extraída do Youtube.

Transcrição do trecho da audiência, realizada em 7 de maio de 2008 pela Comissão de Infraestrutura do Senado:


Senador José Agripino Maia (DEM): “A senhora mentiu na ditadura, mentirá aqui?”

DILMA ROUSSEFF: “Qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira, só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira.
Eu tinha 19 anos, fiquei três anos na cadeia e fui barbaramente torturada, senador. E qualquer pessoa que ousar dizer a verdade para os seus interrogadores, compromete a vida dos seus iguais e entrega pessoas para serem mortas. Eu me orgulho muito de ter mentido senador, porque mentir na tortura não é fácil. Agora, na democracia se fala a verdade, diante da tortura, quem tem coragem, dignidade, fala mentira. E isso (aplausos) e isso, senador, faz parte e integra a minha biografia, que eu tenho imenso orgulho, e eu não estou falando de heróis. Feliz do povo que não tem heróis desse tipo, senador, porque agüentar a tortura é algo dificílimo, porque todos nós somos muito frágeis, todos nós. Nós somos humanos, temos dor, e a sedução, a tentação de falar o que ocorreu e dizer a verdade é muito grande senador, a dor é insuportável, o senhor não imagina quanto é insuportável. Então, eu me orgulho de ter mentido, eu me orgulho imensamente de ter mentido, porque eu salvei companheiros, da mesma tortura e da morte. Não tenho nenhum compromisso com a ditadura em termos de dizer a verdade. Eu estava num campo e eles estavam noutro e o que estava em questão era a minha vida e a de meus companheiros. E esse país, que transitou por tudo isso que transitou, que construiu a democracia, que permite que hoje eu esteja aqui, que permite que eu fale com os senhores, não tem a menor similaridade, esse diálogo aqui é o diálogo democrático. A oposição pode me fazer perguntas, eu vou poder responder, nós estamos em igualdade de condições humanas, materiais.
Nós não estamos num diálogo entre o meu pescoço e a forca, senador. Eu estou aqui num diálogo democrático, civilizado, e por isso eu acredito e respeito esse momento. Por isso, todas as vezes eu já vim aqui nessa comissão antes. Então, eu começo a minha fala dizendo isso, porque isso é o resgate desse processo que ocorreu no Brasil. Vou repetir mais uma vez:
Não há espaço para a verdade, e é isso que mata na ditadura. O que mata na ditadura é que não há espaço para a verdade porque não há espaço para a vida, senador. Porque algumas verdades, até as mais banais, podem conduzir à morte. É só errarem a mão no seu interrogatório.
E eu acredito, senador, que nós estávamos em momentos diversos da nossa vida em 70.
Eu asseguro pro senhor, eu tinha entre 19 e 21 anos e, de fato, eu combati a ditadura militar, e disso eu tenho imenso orgulho.”

 

E, por fim, a presidente Dilma Rousseff em seu pronunciamento, em janeiro de 2012, ao empossar os integrantes da Comissão Nacional da Verdade, ela se emociona ao relembrar os motivos que levaram o país a ter necessidade de tal Comissão. 

[video:http://www.youtube.com/watch?v=xDVppG_QDNE

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

22 Comentários

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  1. Dilma em momentos emblemáticos contra a ditadura

    Gostaria que alguém conseguisse o segundo video completo pois está faltando a parte final que é a mais contundente, quando a Dilma afirma que na época da ditadura eles estavam de lados diferentes.

     

    Dionízio 

  2. Dilma em momentos emblemáticos contra a ditadura

    Gostaria que alguém conseguisse o segundo video completo pois está faltando a parte final que é a mais contundente, quando a Dilma afirma que na época da ditadura eles estavam de lados diferentes.

     

    Dionízio 

  3. Muitos poderiam estar hoje contribuindo com este pais

    Muitas mulheres jovens brasileiras viveram o horror nos porões da ditadura, inclusive uma com apenas 17 anos de idade, com certeza muitas outras nesta faixa etária, oriundas do movimento estudantil secundarista, o Brasil perdeu muito ao perder essa massa pensante, um pais promissor foi abortado com o golpe de 64, a eleição de Dilma de uma certa forma deu resposta aos monstros mas ainda falta punir quem se apoderou do Estado para torturar, matar e desaparecer pessoas, a Argentina fez isso, o Brasil ainda não, que o STF reveja sua posição sobre a famigerada Lei da Anistia, aprovada em 1979, sob pressão dos próprios torturadores que, sabemos, estão por ai mas o Estado brasileiro não pode temê-los, pois assim estará abrindo caminho para que a história se repita.

    1. Então que a justiça seja

      Então que a justiça seja feita para TODOS…. Torturadores, Fascínoras do Regime Militar, Monstros dos Calabouços fétidos dos DOI/CODI… Mas também para os sequestradores, assaltantes, membros dos “tribunais dos camaradas”, etc..

      1. Com uma diferençazinha. Eles

        Com uma diferençazinha. Eles ganhavam para dar proteção ao povo brasileiro e talvez ganhassem  tb dinheiro do exterior  p/ proteger os interesses deles. Foram muito bem pagos, podes crer.

  4. Desse episódio triste

    Desse episódio triste envolvendo Dilma e Agripino Maia, fiquei bem feliz ao ver Jô Soares apresentando no seu programa o vídeo, seguidamente dizendo: “Agripino, você perdeu uma grande oportunide de ficar calado”. Teria sido ótimo pra ele, mas foi bom pra maioria que odeia ditadura, e que sabe o quanto os Maias, em geral, foram partícipes desse regime cruel. Agripino, naquele dia, mostrou sua real cara.

  5. apologia da tortura?

    De uma aecista, “Economista, Consultora de Negócios, Professora, Palestrante e Articulista” , no twitter:

    “Dilma era ladra e guerrilheira para favorecer seu grupo. Mereceu ser presa e levar uma surra? Parece que não aprendeu: continua criminosa.”

  6. Luta contra a ditadura.

     Não  dah para esquecer  que Zé Dirceu e Genoino pertencem  esta mesma luta contra a ditadura que se refere Dilma. Passado criteriosamente esquecido pelo stf na sua sanha de justicamento de PT. Ainda agora JB emprega o melho de suas nefastas habilidades para agredir Dirceu e Genoino acima das reprimendas despropositas contidas nas sentenças da ap 470. Tortura aqui vai permanecer até quando?

  7. A todos que lutaram pela nossa democraia: muito obrigada.

    Quem sabe apos esse ciclo, com as comissões da Verdade em varios estados, a restituição da honra do presidente João Goulart e, quiça, alguns irem a julgamento, vamos enfim encerrar parte dessa historia ? Não para esquecê-la, isso jamais e essa série do GGN é muito importante para isso também, mas para conseguirmos avançar enfim em direção a uma democracia plena e consciente de sua importância e de seus martires.  

  8. O Brasil merece ser governado

    O Brasil merece ser governado por alguem que lutou p/ defendê-lo dos interesses escusos de estrangeiros e suas poderosas empresas.

    Temos de continuar nos batendo p/ a libertação do José Genuíno e José Dirceu, das sanhas de outro carrasco atual.

  9. Dilma

    E depois de toda essa experiencia de vida, demonstração de coragem e amor pelo país e pelo seu povo, ter que escutar as bobagens que ela escuta hoje, de gente que deveria de ter vergonha de sequer sair na rua, mas aparecem nos jornais e televisões como os paladinos da moral e ética, competencia, etc, quando não passam de vendidos, sempre pensando em beneficio proprio.

    Força Dilma!

  10. documento emocionante

    Bem resumido, e me fez pensar: afinal, não invejamos os escandalosos privilégios daquele 1% porque temos hoje o privilégio de ter como Presidenta essa pessoa com tamanha grandeza de alma. Nossa História tem agora a oportunidade de abrir os porões e inudá-los de luz.  Brasil, país que reconhece seus verdadeiros cidadãos!

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