PRESSIONADOS

SOB PRESSÃO

 

 

 Com minha mulher Vânia continuando costurando e bordando para as suas clientes, meus filhos Jaime terminando a faculdade de administração e casando, Rita de Cássia entrando faculdade para ser pediatra, ela sempre gostou de crianças e Brigite entrando no ensino médio, eu, chefe da minha seção no supermercado já posso pensar na minha aposentadoria, mas, o que eu tenho para receber penso em abrir algo para não parar de vez e manter o nível de meus rendimentos. Tenho que pagar quatro cuidadores, dois durante o dia e durante a noite para os meus pais e dois para os meus sogros. Eu e Vânia somos filhos únicos e sempre formos apegados aos nossos pais. Chega a hora de dormir, transo com Vânia e dormimos nus, na manha seguinte, indo ao trabalho entro na igreja e começo a rezar quando vejo o padre começando a missa, olho no relógio, decido assistir a missa comungo sem confessar, quando eu confessar eu confesso que comunguei sem confessar, faço uma oração e vou ao trabalho antes da missa terminar. Chego ao trabalho em cima na hora e ofegante sento para recuperar o folego quando a Dalila nos serviços  gerais me pergunta:

 

-Tudo bem Eustáquio?

 

 Respondo que sim. Ela me pergunta se posso dar carona para ela ida e volta na hora no almoço e no fim do expediente, respondo que sim saber que ela com vinte e três anos seduzia um menino de treze, usava a internet para achar clientes para fazer programas que quando tinha oportunidade furtava seus clientes. Na boca da noite deixo Dalila na praça da matriz, ela sai no meu carro entra no carro de um homem, entro na soverteria pago uma bola para um menino de rua, compro um pote de sorvete e vou para casa onde converso, tomo uma cerveja, tomo banho, faço uma caipirinha e tomo a caipirinha assistindo ao noticiário. Verifico meus e-mails e meu perfil nas redes sociais quando inbox me vem de uma pessoa que não tenho contato duas fotos em que as coxas de Dalila estão à mostra no banco do carro e eu e ela saindo no carro. Recebo a chantagem das fotos serem postadas na minha página, na página do Jaime, da Rita e da Brigite e o pedido é que eu desvie todo dia uma quantia de dinheiro por três meses do supermercado. Não respondo, desligo o micro e no outro dia no trabalho não vejo Dalila no trabalho, espero o fim do expediente e vou casa da Dalila que está fechada, mas, fico escondido esperando. Dalila chega eu surpreendo-a e entramos na casa dela onde coloco na mesa ficando por cima esganando-a exigindo explicações quando o comparsa dela entra na casa, uniformizado e aponta o revolver para mim dizendo:

 

-O crime perfeito existe, é cometido por um policial corrupto e uma prostituta.

 

 Um cliente de Dalila chega tocando a campainha, eu grito que ele pode entrar, ele gira a maçaneta e entra o policial guarda o revolver e eu passo pelos dois. O policial me vê entrando no carro e saindo, pela internet busco a corregedoria policial, mas, qual é o nome dele?

Todo mundo é inocente até prova-se o contrário, mas, na minha situação, sou culpado até eu provar o contrário sem ter sido pego com a boca na botija ou com batom na cueca, então, penso que outros homens estão ou estiveram na mesma situação que a minha. Como encontra-los? Se o policial é corrupto e cafetão da puta, podemos armar uma situação, filma-lo com o celular e postar na internet, quanto a Dalila, com o policial preso ela fica vulnerável. Sempre fui sincero com minha família e vou contar tudo para não ficar com o rabo preso e assim, posso acabar com o crime perfeito.

Conto tudo para minha família e mudar de cidade. Na nova cidade coincidentemente ficamos vizinhos e muitos amigos do delegado da cidade que além de probo ele tem ojeriza a policiais corruptos. Fora de sua jurisdição ele não pode agir, mas, usa seus contatos e uma cilada é armada, o policial e a prostituta são presos e vários outros extorquidos aparecem como testemunhas. O policial é expulso da corporação, na cadeia, se converte e torna-se pastor enquanto as noites frias e os banhos gelados na prisão fazem Dalila pegar pneumonia e morrer.

Hoje, eu e o policial estamos na mesma situação e na situação vivida pelo goleiro Barbosa, reivindicando o direito ao perdão, ao esquecimento e que os fatos sejam contados sem sensacionalismo e moralismo para vivermos o presente e o futuro e podemos lembrar mais nos fatos bons que cada um teve, já que com tempo esses fatos só interessam aos envolvidos e garanto que queremos esquecer.

Redação

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