Quando a PF, o MPF a Bolsa entram nas eleições, por Jânio de Freitas

Da Folha

JANIO DE FREITAS

Uma eleição de muitos

Eleição presidencial no Brasil pós-ditadura não se decide entre candidatos e respectivos partidos

As subidas e descidas da Bolsa e do dólar, a cada pesquisa ou a cada boato da eleição presidencial, mostram bem o que é a chamada “elite financeira” brasileira. E, por extensão, atingem a alardeada ética da imprensa, da TV e das rádios.

As altas por euforia e as quedas por desalento eleitoral são reações falsas. A Bolsa não espera mais do que um punhado de horas para provar a falsidade. E o faz do modo mais objetivo e inequívoco. Já no dia seguinte, a queda é sufocada por subidas, ou o inverso. Mas o motivo alegado para a reação na véspera não cessou, sendo frequente que até aumentasse, com resultados mais fortes do que o esperado das pesquisas e pelos boatos.

A eleição presidencial é transformada em pretexto, pelos manipuladores da Bolsa, para provocar os movimentos de alta e de baixa que alimentam o jogo especulativo, com as valorizações e depreciações de papéis que não precisam ser mais do que artificiosas. É o tal cassino, catedral do capitalismo que gira em torno de lucros com juros e renda de ações, não de produção. O capitalismo brasileiro.

Na imprensa, na TV e nas rádios, os movimentos da Bolsa a pretexto da eleição ganham o seu papel de influência eleitoral. As quedas e as subidas recebem destaque de fatos relevantes quando se prestam a significar repulsa por determinado candidato. Se a subida ou queda não trouxer tal possibilidade, a Bolsa terá o seu noticiário habitual.

Eleição presidencial no Brasil pós-ditadura não se decide entre candidatos e respectivos partidos. Integram a disputa os candidatos, os partidos, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e até a Bolsa de Valores. Imprensa, TV e rádios também, claro, mas em outro diapasão, porque participam das eleições como de tudo mais o tempo todo.

Registre-se a nota social, aliás, do Judiciário como debutante na disputa eleitoral, em par com o Ministério Público (também chamado de Procuradoria da República). Daí resultou a interessante coincidência, no calendário, entre o primeiro turno eleitoral e a delação premiada sob um novo sistema: o de sigilo judicial com alto-falante. E, ainda melhor, esta outra obra do acaso, que foi o primeiro depoimento judicial de um delator, com o previsível vazamento, logo no primeiro dia da disputa de segundo turno.

Já que as coincidências estão aí, convém repor no seu lugar aquela com que Fernando Henrique prova continuar querendo que se esqueça o que disse, por escrito ou de viva voz. Em entrevista a Mário Magalhães e a Josias de Souza, para o UOL, disse ele que “o PT está fincado nos menos informados, que coincide de serem os mais pobres”.

Não há como negar a interpretação de que a frase atribui o voto no PT a inferioridades culturais e sociais, não existentes nos eleitores de outros partidos. Ninguém, portanto, entre os muitos que viram na frase uma divisão preconceituosa do eleitorado, mentiu sobre a autoria, a própria frase e o seu sentido, como Fernando Henrique os acusa com virulência. O blog do Mário Magalhães ainda remete para a entrevista.

Entre o Bolsa Família e a Bolsa de Valores, há mais do que uma disputa eleitoral entre os mal informados e os bem deformados.

Luis Nassif

17 Comentários

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  1. TÔ DE SACO CHEIO !!!!

    Prepotência e omissão de altos dirigentes do PT e da própria Dilma, poderão levar o Brasil e toda a America do Sul para um terrível abismo durante décadas .

    (Alguém sabe por onde anda a toda poderosa Helena Chagas ?)

    Nunca !! Jamais perdoarei os que poderão provocar esta possível derrota .

    1. Aí é demais !!!

      Jesus de Nazaré foi crucificado pois clamava contra o Império Romano, o Templo e seus vendilhões, os sumos sacerdotes e ricos judeus que se aliavam aos invasores romanos, mas não tiveram a ousadia de responsabilizá-lo pela sua própria desgraça.

      Se essa onda fascista assumir o Palácio do Planalto, veremos perseguições a dirigentes petistas e militantes, como ocorreu em 1964. Talvez queiram colocar na clandestinidade o PT, como consequência de um dos elos da bem sucedida, planejada e operada tomada do poder, a Operação Lava-Jatos.

      Não é necessário portanto, Antônio Carlos, que você se una aos algozes do PT, para responsabilizá-lo por sua própria desgraça.

      A responsabilidade final é de quem vai eleger o boneco de ventríloco do imperialismo fascista, de quais bocas brotam espumas e mais espumas de ódio e dos políticos de oposição e capitalistas associados que se comprazem pela antevisão de se apoderarem do 1 trilhão e trezentos bilhões de dólares, que seriam destinados para a saúde e educação do povo brasileiro pela exploração soberana do pré-sal.

      Alguma dúvida que a Petrobrás vai ser privatizada e que o pré-sal vai ser entregue ao capital estrangeiro e que tudo o mais vai ser modificado, desfeito e enterrado ? O Império não perdoa.

      O Império não vai perdoar a ousadia que Lula, Dilma e o PT tiveram, por 12 anos, de ameaçar sua hegemonia.

      O Império Romano destrui e arrazou Jerusalém nos anos 66 d.c.

      Dilma que continue a dormir com seus sapatos.

       

      1. Perfeito Jorge!
        Continuo

        Perfeito Jorge!

        Continuo fazendo o que melhor sei fazer. Defender o meu partido! Jamais vou ao estádio vaiar meu time, pois isso é do adversário. Continuo trabalhando para ele ganhar sempre!

  2. Dá vergonha ver as pessoas

    Dá vergonha ver as pessoas que distribuem santinhospara ganhar 20 reais por dia trabalhado irem presas e ver que o poder economico que tenta influenciar o voto do eleitor com pesquisas fajutas é tratado com benevolencia pelo tse.

  3. Cade o PT?
    Notinha falando

    Cade o PT?

    Notinha falando com a famosa “veemencia” que discorda dos atos de vazamentos seletivos- falta de provas-não resolve o problema- 

    Aecio já no primeiro turno alardeava que o caso iria ser transofrmado em uma bomba -durante a disputa eleitoral-e o PT não previa isso? 

    Hoje esse fato -com a tabelinha judiciario/midia esta desequilibrando a disputa presidencial- somente o PT que não quer ver isso- A Dilma corretamente denominou como um golpe esta orquestração –

    O que cabe a Presidenta fazer?

    Entrar com uma representação no CNJ- exigir que lhe sejam repassados todas as provas, documentos (se que existem)para que ela possa adotar as providencias cabiveis- 

    Fazer uma visita ao Presidente do Supremo e se possivel ao proprio Sergio Moro- e perguntar com uma linguagem clara e respeitosa-dentro do limite da maxima venia-  Qual é? é pra me ferrar mesmo? esse negocio é pra acabar com o nosso projeto-  

    a resilencia da candidatura da Dilma: Manifestações de junho- não vai ter copa- 7 a 1 da semi com a Alemanha- Marina substituir Eduardo Campos- agora esta exploração midiatica- até quando?  Dilma tu tens minha solidariedade-

  4. Jânio foi preciso: eleições

    Jânio foi preciso: eleições neste país varonil não se faz mais com partidos e seus candidatos. Há toda uma entourage(como diria os franceses) formada pelos mesmos de sempre, a mídia, e os estreantes, no caso, o judiciário, a PF, a PGR e a bolsa de valores(especuladores).

    Fica provado, mais uma vez, a moralidade seletiva da nossa garbosa imprensa derivada do seu partidarismo político. A divulgação dessa audiência para ouvir um meliante durante o processo eleitoral foi de propósito. Mas, cadê a repercussão,a condenação? 

    Não se faz mais golpe como antigamente. Agora é suave.

  5. O Zé Cardoso e Bernardo ainda

    O Zé Cardoso e Bernardo ainda são ministros?

    Um dos grandes erros da Dilma, ter mantido essa dupla. Não são da base aliada, eles se dizem petistas(?)

  6. texto brilhante, de utilidade pública

    O texto de Janio de Freitas é de uma extraordinária clareza e síntese. Precisa ser amplamente divulgado.  

  7. Entregando a rapadura

    A sensação que tenho, às vezes, é que nós os petistas, cansamos de ser governo de ser vidraça. Resolvemos entregar a rapadura e voltar a dolce vida de oposição, coisa que a oposição não sabe fazer. Vamos mostrar a eles o que é ser oposição de verdade. Juro que penso isso…Às vezes.

  8. Só não entendo uma coisa, ano

    Só não entendo uma coisa, ano sim, ano não temos eleições. 

    Ora, as instituições atuam durante todos os anos, ininterruptamente. Operações são deflagradas todos os dias, e a Justiça julga réus todos os dias também.

    Essa história de que tal coisa não deveria ser feita em “período eleitoral” não faz sentido algum, porque não se pode querer que as instituições parem de trabalhar quando há eleições, se neste país temos eleições anos sim, ano não, e o tal “período eleitoral” dura todo o segundo semestre!

    Esses que hoje reclamam, caso estivéssemos em um governo do tucano e investigações contra o governo fossem paralisadas por estarmos em “período eleitoral” não reclamariam também? Não seria um absurdo engessar as instituições dessa maneira?

    Ao invés de reclamar do trabalho das instituições, melhor seria não nomear corruptos, picaretas e incompetentes para postos-chave.

    1. Esses que hoje reclamam, caso

      Esses que hoje reclamam, caso estivéssemos em um governo do tucano e investigações contra o governo fossem paralisadas por estarmos em “período eleitoral” não reclamariam também? Não seria um absurdo engessar as instituições dessa maneira?

       

      Pela primeira vez discordo de você.

      Se estivéssemos em governo de tucano as investigações nem seguiriam adiante. Seriam engavetadas no seu nascedouro.

       

      O que se critica é o uso político  que o MP  faz das denúncias, aliviando para o PSDB e apertando para o PT. E a parcialidade do judiciário também.

      1. “O que se critica é o uso

        “O que se critica é o uso político  que o MP  faz das denúncias, aliviando para o PSDB e apertando para o PT. E a parcialidade do judiciário também.”

        Isso eu concordo, ninguém discute.

        É que de vez em quando surge essa conversa de que tal coisa está sendo feita “em pleno período eleitoral”, e que não devia ser assim. Mas a logica atual implica que temos três semestres não eleitorais, e um eleitoral a cada quatro. Portanto, 25% de todo o tempo é “período eleitoral”.

        Não se pode querer que as instituições parem de trabalhar por conta do calendário político, é isso que eu quis dizer.

  9. Luta de classes

     São os representantes da plutocracia, muito poucos, que tentam cooptar quadros em todos os estamentos de poder do governo brasileiro, mal caráters, dispostos a vender o povo e a nação, que correm atrás de uma boquinha junto aos que mandam no mundo. Disto surgiu o comentário abaixo:

     

    Esta eleição está mais pitoresca do que a encomenda. Primeiro uma banqueira e um banco que assumiram publicamente uma candidatura e agora um representante e membro da elite plutonômica do mundo, interlocutor direto dos interesses transnacionais financeiros, pleiteando uma vaga de ministro do candidato fantoche deles à presidência da república.

    Povo brasilieiro X Elite Plutonômica, e a plutocracia vai, lenta e paulatinamente, monstrando sua cara e suas garras.

    O Armínio defendeu os interesses inconfessáveis da plutocracia, por isto titubeou e se mostrou reticente. Se falar o que vai fazer, perde a eleição. Confesso que fiquei surpreso em ver a disposição dele em se expor assim, vai ver é falta de quadros e não resta muito tempo para agir, bateu o desespero.

    1. A conspiração dos 1% para derrubar a democracia nos EUA em 1933

      12 OCTOBER 2014

       

      http://jessescrossroadscafe.blogspot.com.br/2014/10/the-one-percents-plot-to-overthrow.html

      The One Percent’s Plot to Overthrow Democracy In America In 1933

       The Great Depression, the conflicts that tested the Republic to its foundations, and the struggle to maintain the commitment to freedom and democracy against powerful interests. The highly decorated Marine Corps Major General Smedley Butler testified in 1934 that he had been recruited by the representatives of powerful industrialists who asked him to bring the Bonus Army back to Washington and take the government over by force from then President Franklin Roosevelt.  This was a scheme that was known as The Business Plot.   The American Liberty League These wealthy business people were not prosecuted and the incident was quietly swept aside in the interest of domestic confidence and peace.  If Not At Home, Then the Establishment of Oligarchy Abroad After the failure to overturn democracy in the US, some in the American ‘One Percent’ became powerful supporters and business associates of Mussolini, and even of the German Third Reich.  This business relationship continued long after the criminal brutality of these fascist regimes had become quite obvious.   Their involvement in the rise and promotion of fascist ideology seems to have been largely forgotten.

       

    2. Greenwald: Porque a privacidade importa e a dotação dos direitos

      http://jessescrossroadscafe.blogspot.com.br/2014/10/greenwald-why-privacy-matters.html

      Greenwald: Why Privacy Matters, and the Endowment of Individual Rights and the State

         Privacy is the space that defines the will of the individual, which sets the area which says, ‘this is mine, because this is me.’ Privacy is the ‘outer skin’ of the self.

       

  10. é o famigerado consórcio

    é o famigerado consórcio judiciário

    retrógrado udenista com a grande mídia e o tucanato.

    uma hegemoni insustentável num regime dito democrático de direito,

    pois só prejudica um dos lados e se omite relação ao outro – o tucano.

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