Reflexões em torno da intervenção fluminense, por Pedro Augusto Pinho

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto Notícias Vale do Itajaí

Reflexões em torno da intervenção fluminense

por Pedro Augusto Pinho

O empoderamento do sistema financeiro internacional, que abrevio denominando banca, no mundo capitalista, a partir de 1990, mudou profundamente as realidades, não apenas econômicas, mas sociais e políticas.

Surpreendo-me, com desconfortável frequência, ao ler, ouvir, assistir entrevistas e depoimentos de pessoas inteligentes, tanto as que se posicionam à direita quanto à esquerda dos perfis ideológicos, ignorando esta fundamental e significativa mudança no processo civilizatório, quando em suas reflexões.

Não irei repetir as colocações que tenho feito sobre origem, composição, objetivos e estratégia geral da banca. Vou procurar verificar se há alguma relação ou interferência da banca na intervenção, agora confirmada pelo legislativo, das Forças Armadas (FFAA) no Rio de Janeiro.

Como se recomenda sempre, diante de qualquer investigação, siga o dinheiro. E o farei a partir do conciso e esclarecedor artigo, “O lado financeiro da intervenção federal no Rio”, do economista e jornalista J. Carlos de Assis, publicado no Monitor Mercantil (21/02/2018, página 2).

O Rio e todos os entes federativos (Estados e Municípios) sofrem com uma orientação da banca, implementada sob recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que gera o insolúvel endividamento. Isto é óbvio para quem reconhece a dívida como arma política, já implementada há séculos pelo Imperialismo Inglês, pai ou avô da banca contemporânea. Como observou, com argúcia, J. Carlos de Assis, o que Sergio Cabral e todos demais comparsas, nos prováveis assaltos aos recursos públicos, tenham retirado dos orçamentos é uma gota d’água no oceano, diante das obrigações impositivas da dívida provocadas pela banca/FMI/Governo FHC.

Não são apenas recursos para segurança pública, mas para todas as ações em prol do desenvolvimento econômico e das obrigações sociais do Estado que estão faltando. O economista Assis lembra o COMPERJ. Poderíamos enumerar os malefícios econômicos da Lava Jato, sem dúvida uma operação conduzida do exterior e sob o planejamento da banca, que aniquilou a construção civil, sempre uma poderosa força econômica e geradora de empregos para a cidade e o Estado do Rio de Janeiro.

Ainda na esfera econômica incluiríamos o tráfico de drogas. Hoje, conforme confiáveis estatísticas econômicas, as drogas representam a terceira maior fonte de receita da banca. Recordemos apenas que a desregulações proporcionadas pela dupla Thatcher-Reagan colocou todas as receitas ilícitas nos canais de circulação monetária da banca. Vejam apenas as quantidades de “paraísos fiscais” e seus montantes monetários antes e a partir dos anos 1980.

Onde estão as drogas? Nos morros; por favor, sem ironias. Como escreveu, metaforicamente, um internauta: na Avenida Atlântica. Ou seja, nestas fazendas de senadores inimputáveis por suas filiações partidárias. E no conhecimento dos cúmplices que ocupam desde sempre postos de comando e decisão nos Estados, em especial onde o Primeiro Comando da Capital (PCC) é cogestor. Entendo que os serviços de inteligência das FFAA tenham absoluta certeza e conhecimento desta realidade. Cabe então perguntar: por que então elas se submetem a este vexame? A esta desmoralização? Acreditam tanto assim no poder da mídia oligopolista brasileira? É um ponto em aberto para aprofundar.

Assim, os dois caminhos do dinheiro estão, a meu ver, razoavelmente equacionados: dívidas e drogas. Nenhum justificando a intervenção.

Mas há outros aspectos do poder. O psicossocial e o político. Analisemo-los portanto.

A banca tem um objetivo de redução populacional. Isto é evidente num poder infértil, que não produz. Como todos sabemos a banca apenas carea para seus cofres os ganhos da indústria, da agricultura, do transporte, dos serviços públicos e privados pela arma da dívida e dos subornos, onde é mestra.

Consequentemente, a pressão demográfica é um dos principais, talvez o mais importante inimigo da banca. Entre as ações convencionais para redução populacional, que a banca usa, estão a fome e a guerra. Não é por acaso que as guerras da banca (com seu suporte financeiro e suporte operacional dos órgãos de golpes dos Estados Unidos da América (EUA): CIA, NSA, e do Reino Unido: MI5 e 6) atingem o mundo islâmico – a maior taxa de fecundidade está nos muçulmanos – e se propagam pela Ásia, o mais populoso continente.

A vez da América do Sul chegou. Os fantoches da banca nem pensam que a guerra sempre atinge a todos e os que dela enriquecem não estão em nosso subcontinente.

A militarização do conflito social é um ponto deste objetivo. Não é por acaso que as redes comerciais de televisão, harmonicamente articuladas com a Globo, há um ano emprenham olhos e ouvidos de seus incautos espectadores com a violência. Chegam ao cúmulo de trazer a violência nos EUA – o mais violento país do mundo – como o nosso próximo passo, principalmente quando prejudica a formação dos jovens. É tal ignomínia, que só um país sem soberania e cidadania permite existir.

Qual o sentido do envolvimento das FFAA, neste contexto? Obrigá-las a agir na guerra que se arma contra a Venezuela. Ou o caro leitor acha que o périplo do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, excluindo o Brasil, teria objetivos pacifistas e humanitários? Este é um dos aspectos da influência da banca na intervenção, que classifico como político. E, por motivos distintos e mesquinhos, se agrega aos políticos locais temerosos (não se perca pela palavra) da eleição deste ano.

Falta-nos apenas verificar o psicossocial. Da parte dos detentores do governo atual (judiciário, executivo e maioria do legislativo) é o ódio que nutrem aos negros, pardos e pobres. Eliminá-los com tão aceitável desculpa parece-lhes até um sonho. Ou não senhora ministra frasista? Que mais lhe pediu a Shell, no regabofe que lhe foi oferecido? Não é mero acaso a presença desta antiga multinacional anglo-neerlandesa, experiente em guerras e corrupções por todo mundo e, em especial, no Oriente Médio. Não há amadorismo na banca.

E, com tal pretexto e as deformações dos noticiários televisivos, não será difícil incluir entre os mortos os opositores do governo, principalmente os das classes sindicais e menos favorecidas.

Fechamos, creio eu, com os interesses externos – que reputo os mais relevantes – e os mesquinhos e nada cristãos internos, estas considerações em torno de uma intervenção.

Pela paz.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado. 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

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  1. Em breve a Datafolha divulgará uma pesquisa de opinião

    Em breve a Datafolha divulgará uma pesquisa de opinião segundo a qual a maioria esmagadora dos favelados, vítimas das atrocidades e da arrogância do exército, vai apoiar incondicionalmente a intervenção. Em outras palavras, a Datafolha divulgará uma pesquisa de opinião onde tentará convencer a opinião publicada que os favelados são masoquistas.

    A intervenção militar está desencantando os favelados que tinham simpatia com o fascismo com o Bolsonaro. Como o Bolsonaro é a favor do exército e como o exército é contra o povo, o povo será contra o exército e contra o Bostonaro. A intervenção só facilitará ainda mais a eleição do Lula ou a eleição de quem o Lula apoiar.

  2. As marionetes

    Na biografia sobre Mitterrand escrita por Jacques Attali, ele diz que ja consciente de que morreria pelo câncer que o acometia, Mitterrand certa feita, quase ao final de seu segundo mandato, teria dito “Eu sou o ultimo dos grandes presidentes. Depois de mim, são os tecnocratas e o mercado que vão comandar”. François Mitterrand extravasa, provavelmente, algo que ele havia experimentado em seus dez anos de governo à frente da França. Mas a historia que vem sendo contada, pela propria imprensa bancada pelo banca, não é essa. Dai a enorme dificuldade da maioria em entender quem dirige o mundo através de marionetes como Temer e os ministros do STF.

  3. Só tem uma esperança

    Se ainda existe alguma possibilidade de retomarmos o País, essa é com o Lula; e não é pensando em eleição.

    Quem tiver que aponte outra.

    lula_pre-candidatura_ricardo_stuckert.jpg

    https://jornalggn.com.br/noticia/lula-realiza-ato-de-pre-candidatura-em-bh

    A lenda viva:

    4 eleições, 4 vitórias seguidas

    Na última, 2014, o Partido dos Trabalhadores derrotou os traficantes graúdos – entre congressistas e ministros de Estado –  com seus helicópteros e fazendas com pistas de pouso e decolagem de aeronaves; o tucanato (partido da oligarquia e criminosos de alta estirpe); cunha e sua gangue de punguistas e assaltantes de padaria; a poderosa famiglia marinho e a rede esgoto, juntamente com as demais mídias; o judiciário; a pf; o mpf; a indústria farmacêutica e a classe médica; a centenária elite parasita, escravocrata e assassina do País; aecim, o moleque mimado e cheiroso, metido a gângster, que num delírio inspirado viu-se presidende do Brasil; as bancadas BBBB: bola, bala, biblia e boi; itaú, bradesco e o sistema financeiro; os pastores pilantras milionários; a fiesp; a maçonaria; CIA, NSA, o grande império e a banca do mundo…Tudo junto e misturado.

    Não é nada, não é nada…

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