Revolução agroindustrial no horizonte

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Quarta, 21 de dezembro de 2011

Uma revolução agroindustrial no horizonte?

De todos os efeitos que a rápida ascensão da China tiveram sobre a economia mundial na última década, a alta dos preços dos alimentos e de outras matérias-primas é, certamente, um dos que mais despertam a atenção dos economistas. Em poucos anos, muitas commodities ficaram duas ou três vezes mais caras do que no início dos anos 2000. E, apesar dos revéses sofridos após o estouro da crise financeira americana, em 2008, e do agravamento dos problemas europeus, nos últimos meses, os preços se mantêm bem acima das médias históricas.

A reportagem é de Gerson Freitas Jr. e publicada pelo jornal Valor, 21-12-2011.

Poucos estudiosos acreditam se tratar de um movimento de curto prazo. Pelo contrário, para a maioria, a escalada dos últimos anos parece sepultar de vez a era das matérias-primas baratas, uma das bases que sustentaram o crescimento econômico durante o século 20. Agora, economistas de várias tendências se veem obrigados a repensar as questões relacionadas aos recursos naturais e ao desenvolvimento econômico dos países produtores de commodities. E, como nunca, dispostos a questionar dogmas como a disseminada “maldição dos recursos naturais”. Afinal, é possível para países como o Brasil se desenvolver a partir de setores como a agricultura?

Talvez em poucos períodos na história capitalista, tantos estudiosos do desenvolvimento econômico estivessem tão propensos a responder positivamente a essa pergunta. A economista venezuelana Carlota Perez, pesquisadora da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, é um deles. “As condições estão mudando. Precisamos de teorias que sejam capazes de explicar essas mudanças e lidar com as possibilidades que elas abrem”, afirma. Embora tenham oferecido poucas oportunidades no passado, pondera Perez, as indústrias baseadas em recursos naturais e seus mercados consumidores estão se tornando sensivelmente mais dinâmicos. E, em vez de uma maldição, podem se tornar “a base para uma estratégia de desenvolvimento tecnológico e sustentável”.

Diante do crescimento de países como EUA, Canadá, Austrália e Brasil, economistas do século XIX consideravam a abundância de recursos naturais como terra e água um forte indutor do desenvolvimento. Mas essa visão mudou radicalmente durante as décadas de 1950 e 1960. Desde então, a especialização em matérias-primas passou a ser vista como um entrave ao crescimento, à inovação e à geração de empregos, além de um fator de desequilíbrio das contas externas. Agora, a discussão parece novamente propensa a uma mudança de eixos. “Ainda não há um consenso, o tema suscita polêmicas, mas é evidente que houve uma mudança estrutural na economia mundial com a presença da China”, afirma Fernando Sarti, diretor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).

Redação

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