Rússia e Venezuela avançam na ‘desdolarização’ das relações comerciais

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Desdolarização é o processo de substituição do dólar americano como moeda usada para o comércio de petróleo e outras commodities, por exemplo

Lavrov destacou que as sanções econômicas dos Estados Unidos são cruéis contra desafetos e desdolarizar é uma forma de driblar essas sanções. Foto: Reprodução/TV RT

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, e o seu homólogo venezuelano, Yván Gil, avançaram nesta quinta-feira (16) no progresso do processo de ‘desdolarização’, informa a agência RT. 

A ‘desdolarização’ é o processo de substituição do dólar americano como moeda usada para o comércio de petróleo e outras commodities, compra de dólares americanos para as reservas cambiais, acordos comerciais bilaterais e ativos denominados em dólares.

O chanceler venezuelano disse, segundo a agência RT, que a plataforma de pagamentos russa MIR já opera em todo o território do país latino-americano. Gil disse também que há avanços em outros aspectos, especialmente na área de comunicação financeira entre os Bancos Centrais dos dois países. 

Conforme o ministro venezuelano explicou, ocorre “um intercâmbio cada vez mais fluido em questões técnicas e tecnológicas para que muito em breve, no quadro do processo de ‘desdolarização’, possamos estabelecer comércio entre moedas locais”.

“Acreditamos que a contribuição no âmbito do Brics será fundamental para criar justamente esse processo de ‘desdolarização”, disse Gil. A Venezuela pleiteia uma vaga no Brics, que a partir de 2024 será acrescido por seis países: Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

Gil indicou que a medida em questão visa ainda “proteger da aplicação de sanções com a utilização da hegemonia do dólar como meio de pressão política sobre os nossos governos”, reporta a agência RT.

“O processo já começou”

Lavrov indicou que é dada muita atenção “a este aspecto da cooperação”, em outras palavras, a criação de mecanismos que “protegerão os nossos laços econômico-comerciais e de investimento dos ditames dos Estados Unidos e dos seus satélites”. 

Além do uso do cartão bancário MIR, Lavrov observou, destaca matéria da agência RT, que Moscou e Caracas também implementam o sistema de transmissão de mensagens financeiras do Banco Central Russo.

No que diz respeito ao nível multilateral, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo destacou que, no seio do Brics “o processo já começou, no âmbito do qual, na última cimeira de Joanesburgo, os líderes instruíram os ministros das finanças e chefes dos bancos centrais a apresentarem recomendações em plataformas de pagamento alternativas”. 

Lavrov disse que a aspiração de abandonar o dólar não é observada apenas no Brics. Assim, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, propôs que a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) também trabalhasse para “proteger seus laços econômico-comerciais” do abuso do papel do dólar. 

O chanceler russo destacou, conforme a agência RT, que se trata de “um processo saudável, que vai contribuir para a desmonopolização do domínio dos pagamentos internacionais, pelo que só se tornará mais sustentável e mais eficaz e menos exposto aos planos egoístas e discriminatórios de certos países ocidentais”.

Com informações da agência RT

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Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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