Museu do Trabalhador: Alfredo Buso conta como foi preso sem cometer crimes

Ex-secretário de obras de SBC, entrevistado da TVGGN anuncia absolvição do caso e lembra os prejuízos por conta de uma fake news

Crédito: Reprodução/ YouTube TVGGN

Terminou, nesta semana, a Operação Hefesta da Polícia Federal, que investigava um suposto desvio  de verbas públicas para a construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador em São Bernardo do Campo. A Justiça concluiu pela inexistência dos fatos. 

Mesmo que tenha um parecer favorável para os acusados, a absolvição por falta de provas deixou sequelas. À TVGGN, o ex-secretário de obras de São Bernardo do Campo, Alfredo Buso, relatou como foi enfrentar as consequências de uma acusação infundada, mas que gerou uma série de prejuízos profissionais e pessoais. 

“Fomos vítimas de uma fake news de um diário regional, que falou que estávamos montando o Museu do Lula com dinheiro público. O projeto original, financiado pelo Ministério da Cultura, conta a história da evolução do trabalho. É um museu importante, não existe no Brasil, existe só um pouco parecido na Alemanha. Mas essa foi a nossa condenação”, explica o entrevistado. 

Alfredo Buso e outras cinco pessoas, três delas do escritório Brasil Arquitetura, vencedor do processo de licitação da obra, foram presos em 13 de dezembro de 2016. Já no dia 23, Buso foi solto pela decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, sob as condições de pagar fiança de 200 salários mínimos (R$ 176 mil); proibição de acesso à sede e quaisquer estabelecimentos da Prefeitura de São Bernardo e das empresas Construções e Incorporações CEI Ltda e Construtora Conacron; proibição de manter contato com outros investigados; proibição de ausentar-se do domicílio por mais de sete dias; recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga; monitoração eletrônica com tornozeleira e proibição de ausentar-se do País com entrega de passaporte.

“Nós fomos presos, passaporte apreendido, tornozeleira, não podia sair a noite, não podia sair de fim de semana. Foi um negócio maluco, que deixou todos nós perplexos, porque era um projeto importantíssimo, feitos por arquitetos da Brasil Arquitetura, que são arquitetos renomados, importantes para o País, feito por intelectuais que montaram o Museu da Língua Portuguesa. Era uma equipe extraordinária”, continua o entrevistado. 

Fins políticos

Muito além do suposto desvio, a perseguição aos executores da obra tinha fins políticos. Para a mídia, o museu teria um apelo sindical e seria uma homenagem a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma vez que foi aprovado pelo então prefeito Luiz Marinho (PT), companheiro de longa data de Lula e atual Ministro do Trabalho.

“Ficamos oito anos com os bens indisponíveis, trazendo prejuízos financeiros e pessoais enormes. Ter a sua casa invadida pela PF armada, te levam preso e você nem sabe por que estava sendo preso. É um negócio que te atinge pessoal e profissionalmente”, emenda Buso.

Desde o início, o processo apresentava inconsistências, tanto que os acusados foram absolvidos na primeira etapa da ação, mas o Ministério Público de São Bernardo do Campo recorreu da decisão e prolongou a investigação até a última semana. “A ausência de fato é uma decisão importante para nós. Realmente não tem fato para fazer o que eles fizeram com a gente”, continua o entrevistado. 

O prédio onde seria o Museu do Trabalho e do Trabalhador, no centro de São Bernardo do Campo, atualmente funciona como a Fábrica da Cultura. Lá, são oferecidos cursos profissionalizantes para jovens, além de aulas de violão, robótica, zumba, entre outras modalidades.  

Apesar da ampla cobertura da mídia sobre o caso na época das denúncias, nenhum veículo regional ou nacional noticiou a absolvição dos acusados nesta semana.

Confira o relato de Alfredo Buso na íntegra:

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Camila Bezerra

Jornalista

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