Salve o Corinthians, campeão dos campeões!

Direito Penal do inimigo?

Que o Capez é um escroque ninguém duvida. Que a torcida do do Sport Club Corinthians Paulista tem um forte componente de apelo popular é inegável.

Mas as certezas param por aí.

Há uma tendência geral entre nós, da esquerda, a romantizar certos fenômenos, dando contornos generalistas e homogeneizantes a coisas complexas.

Nem todo levante ou manifestação coletiva contra nossos adversários é bem-vinda, ou politicamente interessante. 

Se é verdade que os atos de violência são um postura que não pode ser impingida a todo integrante de torcida organizada, nunca é demais (re)lembrar a natureza desses ajuntamentos, que mais se assemelham a hostes fascistas que a movimentnos revolucionários.

É possível que haja uma tomada de “consciência de classe” pelos “gaviões”?

Sim, mas qual a essência dessa “consciência”?

Não dá para saber, e o protesto contra o Capez pode ser oportuno (para nós), e oportunista (para eles), afinal, ganham (ou recuperam) a simpatia onde antes havia demonização ou medo.

No entanto, os atos de selvageria, os conluios com essa ou aquela facção dos cartolas é algo que não pode ser desprezado.

Futebol no Brasil é um negócio peculiar, onde clubes atuam em uma faixa cinzenta, que vai do negócio “de amadores”, ao universo das megacorporações e outros truques para burlar o poder soberano dos Estados, alicerçados na chantagem da “paixão nacional”.

Logo, aqui (ou na Europa), em maior ou menor grau, torcida organizada é um  efeito (um dos) do processo de mercantilização do futebol, que profissionalizou tudo, inclusive o ato de torcer.

Com a venda de imagem e outros produtos, o “torcedor clássico” ficou cada vez mais desnecessário, e aí veio o torcedor profissional, que inclusive podia se submeter aos horários e locais improváveis da agenda televisiva.

E todo mundo sabe, cada grupo que se organiza é uma partícula que se move por poder. Tal disputa nunca é pacífica.

Eis as torcidas organizadas, uma espécie de racionalização do irracional.

Tenho muitas reservas a imaginar que os inimigos dos meus inimigos se tornem meus “amigos”.

É bom (re)lembrar o fascínio e apoio que os fascistas disseminavam na sua gênese. Irresistível, até que mostrassem os dentes.

Não exagero para desejar um surto ideológico nas torcidas que a transformem em vanguarda de um movimento social que carecemos, não é nada disso.

Só imagino que devemos ter cuidado.

E Capez?

Ah, é um escroque, sem dúvida…