Série da TVGGN, ‘Sangue nas Mãos’ revela detalhes da ação de empresas aliadas da ditadura

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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Episódios sobre as empresas CSN, Josapar, Cobrasma, Fiat, Itaipu, Paranapanema e Petrobras já estão disponíveis; assista

A série Sangue nas Mãos, da TV GGN, já está com quase todos os episódios disponíveis no canal do youtube. [Você pode conferir a playlist completa aqui]

A produção é feita por Icaro Brum, Carla Castanho e Isadora Costa, do GGN, com base no estudo “A responsabilidade de empresas por violações de direitos durante a ditadura”, dirigido pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

A pesquisa, realizada de outubro de 2021 a abril deste ano, traz à tona como empresas estatais e privadas foram cúmplices da ditadura instaurada no país a partir do golpe de 1964.

As entrevistas realizadas com os coordenadores das empresas investigadas mostram de forma detalhada a colaboração com o regime militar na repressão aos trabalhadores, que tiveram inúmeros direitos trabalhistas violados, sofreram episódios inenarráveis de tortura, perseguição e morte. 

As empresas em questão foram Companhia Siderúrgica Nacional, Josapar, Folha de S. Paulo, Itaipu, Paranapanema, Fiat, Aracruz, Petrobras, Cobrasma e Cia Docas de Santos.  

Episódios disponíveis

O primeiro episódio da série aborda a luta dos sindicalistas e trabalhadores da CSN, que se opuseram ao golpe militar de 1964 e sofreram consequências que deixaram sequelas até hoje. Além de corroborar com prisões arbitrárias de metalúrgicos, a CSN adotou uma polêmica política institucional racista contra seus empregados negros. 

No segundo episódio a empresa da vez é a Josapar, uma das maiores no ramo do agronegócio na atualidade, que, durante a ditadura militar, cometeu diversos crimes contra os direitos humanos de camponeses situados na cidade de Viseu, no norte do Pará. Homens e mulheres foram torturados e assassinados pela guarda privada da empresa, além de serem perseguidos pela resistência que levantaram contra os abusos e grilagem de terras por parte da empresa.

Na terceira produção, a Companhia Brasileira de Material Ferroviário (Cobrasma), empresa privada que conseguiu faturamento milionário durante o período militar e se aliou, expressamente, aos militares para repressão de greves e violação dos direitos dos trabalhadores. 

No 4º episódio, sobre a FIAT na ditadura, é revelado o sistema de vigilância que a empresa mantinha para controlar trabalhadores, um deles, inclusive, foi morto ao tentar fugir do sistema de repressão. 

No 5º episódio, a Itaipu, empresa binacional fruto de um acordo entre Brasil e Paraguai construída no período militar, que serviu à repressão com apoio financeiro e a construção de carros blindados. 

Já no 6º capítulo, a empreiteira Paranapanema, aliada da ditadura militar ao cometer diversos crimes contra os direitos humanos. Durante a construção da Transamazônica, a empresa escravizou indígenas da região e torturou trabalhadores em um canil de cachorros.

No 7º episódio, a Petrobras, hoje empresa estatal de capital misto, caracterizada pela forte presença de militares desde sua origem, foi protagonista de um sistema de trabalho que taxava seus trabalhadores com termos homofóbicos e não comunicava as famílias sobre as prisões de seus entes. 

O 8º episódio da série, que estreia neste domingo, narra a colaboração da Aracruz, que contou com benefícios do governo para expandir seus negócios, e, para nada atrapalhar, atingiu terras indígenas e comunidades quilombolas

Em breve, os dois últimos episódios da série. Um deles, sobre a Companhia Docas de Santos, que à medida que expandia seus negócios, deixa claro a precarização do trabalho ao não ampliar a mão de obra. Por último, a Folha de S. Paulo, que cede veículos para a realização da Operação Bandeirante e sustenta uma posição pró-governo em seus editoriais. 

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