A origem do nosso subdesenvolvimento não é a corrupção, como tanto alerdeia a grande imprensa. Vamos explicar através duma conta rápida. De cada 100 reais do orçamento federal temos: 50 reais prós bancos, 25 reais pra previdência, 15 reais pra custeio da máquina e 5 reais pra investimento. Assim, se considerarmos em 10% de taxa para os corruptos, temos que de 100 reais sobram 50 centavos pro bolso do corrupto.
Não somos o que somos por causa de 50 centavos que correm por baixo da mesa, mas sim pelas medidas políticas tomadas às claras durante gerações que permitem a naturalização da desigualdade e a apropriação da renda Nacional por meia dúzia! Assim, quando se usa o tema da corrupção como “o mal nacional” presta-se um desserviço ao reforçar esse mito como mal constitutivo de nossa identidade e a origem de todos os nossos problemas.
Por óbvio que a corrupção é prejudicial. Contudo, mesmo que colocássemos ela a um patamar nulo, o país continuaria a ser o que é! Pois os 50 centavos são incapazes de mudar nossa realidade socioeconômica. Assim, o que há é o uso desse tema como diversionismo para os problemas que deveríamos resolver politicamente, por cima da mesa. Ele esvazia o debate político que realmente deveria estar ocorrendo.
Mas como isso ocorre? Por que é fácil construir essa narrativa e confundir as mentes?
A narrativa é eficaz por trata-se da criação de um mal quasi-religioso e a religião é a primeira estrutura mental para a explanação da realidade. Apesar de enganosa, a retórica religiosa encontra um eco instantâneo em nossas mentes.
Mas por que o combate a corrupção é um pensamento quasi-religioso?
Porque a corrupção seria algo que estaria em todo lugar (onipresença) e estaria a causar todos nossos males (onipotência), mas é, por definição, algo oculto e invisível, logo vago e impreciso (forças ocultas e dos espíritos). Somente quando nos livrarmos desse mal é que iremos ao paraíso (profecia e redenção), mas não conseguimos pois ele está intimamente ligado a nós desde os idos de Portugal de 1385 (penitência e pecado original). Esse mal do espírito transformasse na nossa decadente realidade material (dicotomia mundanismoXparaíso).
Em momentos de intervenção divina (lava-jato), conseguimos personificar o mal num ou noutro e assim eliminá-lo parcialmente ou controlá-lo até a próxima batalha entre o bem e o mal (purificação via guerra santa com uso de golpes de estado e estado de exceção “divinamente justificável” para nos salvar dos corruptos, o mal maior!). Logo, não impressiona que esse tema seja tratado por procuradores evangélicos e juízes feudais para legitimar seus atos “purificadores”.
Colocando a religião de lado por um momento, o que há no mundo real é o uso do combate a corrupção como uma arma para expurgar a quem atrapalha a manutenção das políticas que efetivamente nos tornam o que somos, políticas excludentes que beneficiam a poucos.
Nessa logica, as políticas que diminuam a desigualdade social, que permitam uma melhor distribuição de renda e criem as condições para um desenvolvimento nacional soberano, serão taxadas como políticas públicas de governos ou governantes corruptos. Pois na retórica religiosa da corrupção esse seria a único objetivo real desses seres do mal .
Puro cinismo (ou tolice auto-infligida), pois o combate a corrupção virou um cavalo de Tróia para a implantação de uma projeto ultra-liberal, à revelia da vontade do povo (haveria corrupção maior que essa?). O discurso está instrumentalizado por ignóbeis excelências do MP/PF e judiciário para imporem políticas para alcançarem o tão prometido paraíso ultra-liberal profetizado por aqueles que lhes doutrinam nesse evangelho (globo, veja e etc).
Finalizando. A corrupção sempre existirá, mesmo na sociedade mais evoluída! Assim, nessa lógica do mal nacional, como nunca o resolveremos, nunca seremos um país desenvolvido! Vê que maravilha de ardil?! Enquanto isso mantém-se as políticas que beneficiam apenas a poucos.
Por Daniel Melo – CopyLEFT
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Corrupção e Má gestão
Realmente a má gestão causa mais prejuízo que a corrupção. Mas é preciso lembrar uma coisa: a administração corrupta é necessariamente uma má gestão, posto que obedece a interesses particulares e não aos interessess do país.Só para citar um exemplo: o prejuízo que a Petrobrás teve com a aquisição da refinaria de Pasadena foi muito maior que a comissão que o Cerveró embolsou. Às vezes não dá para distinguir corrupção e má gestão, ambas se confundem e se completam.
Mas quando o povo começa a demonstrar intolerância à corrupção, como está acontecendo no Brasil nos últimos anos, é sinal de que faixas crescentes da população stão integrando uma classe média que paga impostos, e por isso mesmo se enfurece ao saber que seu dinheiro é desviado. Ironicamente, o PT foi o responsável por este fenômeno, não só por ahaver aprovado as leis que aceleram o processo dos corruptos, como por haver aumentado a classe média do país, que se tornou crítica da roubalheira. De maneira irônica, o PT deu um tiro no próprio pé. O real modus operandi do populismo não é criar uma classe média independente, mas uma classe pobre assistida e dependente.