Tá ok, o governo aposta na politização da PM: e como é que ficamos?

O que dizem, agora, os idiotas da objetividade, para quem as instituições são gigantescas perto do pequeno Jair? Moro e Bolsonaro enviaram para comandar a Força Nacional dois militares envolvidos até o pescoço com a politização das PMs.

Depois que o chefe da Força Nacional, indicado por Sérgio Moro, avalizado por Jair Bolsonaro, saudou a grande coragem dos PMs amotinados do Ceará, não há mais a menor margem para dúvidas: Bolsonaro aposta na politização das bases das PMs estaduais. Dali para as bases das Forças Armadas, é um grito.

O que dizem, agora, os idiotas da objetividade, para quem as instituições são gigantescas perto do pequeno Jair? Moro e Bolsonaro enviaram para comandar a Força Nacional dois militares envolvidos até o pescoço com a politização das PMs.

As instituições quedam mudas, sem emitir o menor sinal de vida. Houvesse instituições, a esta altura um bravo procurador, daquelas figuras hollywoodianas consagradas pela Lava Jato, teria entrado com uma representação contra o comandante da Força Nacional por estimular o crime: motim de polícia. O ciclópico Supremo Tribunal Federal teria chamado Sérgio Moro às falas, quando passou a mão na cabeça dos amotinados. O gigantesco Congresso Nacional teria convocado autoridades para explicar o inusitado.

Nada disso ocorreu. As instituições são defendidas apenas por governadores, mas com uma frente de pé quebrado, na qual os três principais estados – São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – estão nas mãos de governadores que estão nas mãos da PM por conta de um discurso irresponsável de estímulo à violência policial.

Ontem, mesmo, o governador João Dória Jr saudou a violência policial contra manifestantes, professores estaduais afetados pela reforma da Previdência. Fala-se tanto na prioridade da educação e nas cautelas com a PM, e o sem-noção Dória pisa na cabeça da autoestima do professor e engrandece a violência da PM – que entrega o serviço com gosto, e depois virá cobrar a fatura.

Por tudo isso, o Brasil empreende a mais óbvia caminhada da sua história, não para um mero estado de exceção, mas para um Estado dominado por forças milicianas. É um bom campo de análise para os estudiosos das grandes marchas da insensatez. E para registrar para a história as frases do maior responsável por essa era de trevas: Ministro Luis Roberto Barroso, o que prometeu que, no fim do túnel apareceria o iluminismo, e nos ofereceu o bolsonarismo.

07/04/2018 – “O velho esta morrendo e o novo ainda não nasceu” .

01/06/2019 – “Entre a morte do velho e o nascimento do novo, há um conjunto de coisas mórbida’. Estamos vivendo esta transição. (…) Apesar das dificuldades atuais, a minha visão é positiva. Sairemos mais fortes”

15/10/2019 – “Ocorreu uma tempestade política, econômica e ética que abalou a autoestima de todos. Entretanto, esse processo é imprescindível para lançar a base de novas fundações para construir o Brasil que a gente precisa (…) O velho está morrendo e o novo ainda não nasceu”.

29/11/2019 – “O Brasil está vivendo as dores de uma transformação histórica necessária e indispensável”.

 

 

 

Luis Nassif

11 Comentários

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  1. Dizem que o Manda chuva, ou melhor, manda-chuvisco da Violência Policial, digo Força Policial, já que, na verdade, quem manda é o capital e obedece quem tem juízo, chamou os milicianos armados, encapuzados, depredadores do patrimônio público, invasores de escolas e impostores de toque de recolher ao comércio são gigantes. Ora, Asinus asinum fricat.

    Mas Tio Rey o(s) descatitou. Valeu Tio!

    Quando leio o Tio Rey, penso nessas em um trecho das observações preliminares feitas pelo Marx no livro “Salário, Preço e Lucro”:

    “Outra observação prévia tenho a fazer com respeito ao cidadão Weston. Atento ao que julga ser do interesse da classe operária, ele não somente expôs perante vós, como também defendeu publicamente, opiniões que ele sabe serem profundamente impopulares no seio da classe operária. ESTA DEMONSTRAÇÃO DE CORAGEM MORAL DEVE CALAR FUNDO EM TODOS NÓS”.

    O Tio Rey é inequivocamente equivocado, mas admiro sua coragem moral.
    Ele era Morista e virou Anti-Morista quando descobriu que comprou leão que rugia em curitiba por gato que mia em Fortaleza.
    Cid trata os milicianos Bozo-Moristas na tratorada.

  2. Não há nada tão ruim que não possa piorar

    Uma bosta, em vez de se desmilitarizar, se politiza.

    Murphy. Weintraub já contou até o infinito três vezes.

  3. “O 18 de Brumário de Luis Bonaparte ” de K. Marx e suas semelhanças com o nosso tempo

    14/18 – “A sociedade 10 de dezembro permaneceria como exército privado de Bonaparte até ter logrado transformar o exército público numa sociedade 10 de dezembro.”

    Até quando as forças armadas legalmente constituídas irão tolerar que uma força também armada, porém sem nenhum amparo legal rivalize com elas, na aquisição e uso de armamento, com o apoio implícito e explícito do presidente?

    Até quando usarão os privilégios salariais concedidos pelo governante atual como venda em seus olhos? Cá, como lá, estarão preparados para se transformarem numa Força Armada Miliciana Brasileira sob o comando de alguém do Escritório do Crime?
    Bem, como sabemos, no Brasil quem preside o país é também o Comandante em Chefe das Forças Armadas e todo mundo sabe das simpatias atuais do Comandante em Chefe pelas milícias. Lá a inversão se deu em troca de cachaça e salsichões distribuídos a todos os oficiais e comandantes, por aqui os oficiais já conquistaram aumentos salarias, não redução de direitos previdenciários e muitas outras sinecuras. Em troca entregarão o que? O comando de fato para as Milícias?
    Os senhores comandantes já consideraram a possibilidade de que os baixos resultados conquistados por soldados nas negociações da reforma da previdência tem o propósito de franquear esses profissionais para serem recrutados pelas forças milicianas, como forma de reforçarem o soldo, sob o consentimento silente dos senhores?

    E o que é a Sociedade 10 de dezembro?
    K. Marx
    “Essa sociedade data do ano de 1849. Sob o pretexto da instituição de uma sociedade beneficiente, o lumpemproletariado parisiense foi organizado em seções secretas, sendo cada uma delas lideradas por um agente bonapartista e tendo no topo um general bonapartista. Rufiões decadentes com meios de subsistência duvidosos e de origem duvidosa, rebentos arruinados e aventurescos da burguesia eram ladeados por vagabundos, soldados exonerados, ex presidiários, gatunos, trapaceiros…em suma, toda essa massa indefinida, desestruturadas e jogadas de um lado para outro, que os franceses denominam la bohéme (a boemia); com esses elementos que lhe eram afim, Bonaparte formou a sociedade 10 de dezembro. Era “sociedade beneficiente” na medida em que todos os seus membros, a exemplo de Bonaparte, sentiam a necessidade de beneficiar-se a custa da nação trabalhadora. Esse Bonaparte se constitui como chefe do lumpemproletariado, porque é nele que identifica maciçamente os interesses que persegue pessoalmente, reconhecendo nessa escória, nesse dejeto, nesse refugo de todas as classes, a única classe na qual pode se apoiar incondicionalmente; esse é o verdadeiro Bonaparte…”

      1. Se você entra no Fora de Pauta de hoje, ontem e antes de ontem, eu selecionei 18 trechos do livro que dividi em 3 capítulos em que comento as semelhanças.

  4. No meu entender não está havendo politização…
    estão apenas mudando do modo operacional democrático para o modo fascista

    entendo assim porque a PM nunca operou fora da política estadual (vide Doria e Witzel), razão de considerar que não é politização, é policialização de um estado paralelo, familiar e a nível federal

    Os governadores bolsonaristas, para não dizer tucanos, estão na jogada, todos colaborando em troca de mais atenção federal para o seu Estado

  5. Cheiro de pólvora no ar
    Por Bernardo Mello Franco – O Globo – 04.03.2020

    A Polícia Militar do Ceará voltou às ruas, mas deixou um cheiro de pólvora no ar. O motim expôs a cumplicidade do Planalto com a agitação nos quartéis. Isso pode servir de incentivo a novos levantes armados pelo país.

    No sábado, o ministro Sergio Moro admitiu que a greve era proibida, mas afirmou que os policiais amotinados não eram criminosos. Isso equivale a dizer que nenhum brasileiro está autorizado a afrontar a Constituição, exceto aqueles que vestem farda da PM.

    No domingo, o diretor da Força Nacional chamou os policiais que cruzaram os braços de “gigantes” e “corajosos”. “Só os fortes conseguem atingir seus objetivos”, elogiou o coronel Antônio Aginaldo de Oliveira. Ele é casado com a deputada bolsonarista Carla Zambelli, e Moro foi padrinho do enlace.

    Não houve gigantismo nem coragem no motim da PM cearense. Os grevistas aterrorizaram a população desarmada, que permaneceu nove dias como refém. Em algumas cidades, policiais adotaram práticas do tráfico e saíram encapuzados para ordenar o fechamento do comércio.

    O motim deixou um saldo de 241 mortos em nove dias. Um senador tentou avançar contra os grevistas e foi baleado no peito, mas Moro declarou que “prevaleceu o bom senso, sem radicalismos”.

    No Congresso, circulam duas explicações para o corpo mole do Planalto. Jair Bolsonaro sabe que os líderes do movimento são seus eleitores, e preferiu compactuar com a desordem a perder votos. Ao mesmo tempo, o presidente farejou uma nova oportunidade para enfraquecer os governos estaduais.

    A oposição acredita que o capitão também aproveitou o episódio para mostrar força. Depois de se cercar de generais, o presidente indicou que conta com o apoio de escalões inferiores da PM na hipótese de uma crise que ameace seu mandato.

    O fato positivo do motim foi a articulação dos governadores de diferentes partidos para socorrer o petista Camilo Santana quando Bolsonaro ameaçou retirar as tropas federais. Sem isso, o Planalto poderia ter abandonado os cearenses à própria sorte.

  6. Tanto o artigo como os comentários simplesmente ignoram uma coisa, a politização das polícias militares levarão a elas notarem que o apoio do Bolsonaro é puramente demagógico.
    Ficam todos falando em milícias e esquecem que a reivindicação da polícia militar é SALÁRIO, não adianta ficar dizendo que eles podem matar quantos quiserem, pois matar não coloca mais dinheiro no fim do mês no salário.
    A pergunta que deveria ser feita é o que de real ($$$) que o governo Bolsonaro aportou as polícias, com a politização e com a discussão dos policiais militares levarão a eles caírem na real e se darem conta que a perda de poder de compra e a impossibilidade dos governadores aportarem maiores soldos aos policiais é causado pela política recessiva implementada por Temer e aprofundada por Bolsonaro.
    Se todos pararem de apoiar os “coronéis” do nordeste, como os irmãos GOMES e seu preposto, o atual governador e colocarem claro que os estados não tem dinheiro devido as restrições orçamentárias impostas por Temer e agudizadas por Bolsonaro, talvez a discussão fique mais clara, não procurando fazer com que os PMs virem milicianos como muitos do Rio de Janeiro.

    1. Bolsonaro tem jogadas que até o grande Zagallo desconhece…
      diz que gosta de miliciano e de amotinados, repete que estão certos (vide Moro), mas é só para encobrir ou docilizar a voz dos que passarão a gritar por melhores salários e mais assistência financeira para a família dos que morrem ou se invalidam em serviço.

      E não só na PM e Bombeiros. Forças Armadas já tem quase 5 bi sendo discutido ou se arrastando na Justiça para este tipo de causa

      1. em tempo…
        o engraçado é que Bolsonaro se criou manobrando este tipo de causa ou enrolado nesta bandeira, Muito justa, por sinal

        mas hoje quer negar

        é aquela velha história…me entregaram a chave do cofre, tudo nosso (vide Guedes)

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