Vittorio De Sica, o versátil representante do neo-realismo

Durante uma intensa carreira que durou 55 anos, Vittorio De Sica dirigiu 35 filmes e atuou em mais de 150. Apesar de ter mantido uma carreira de ator de sucesso até o fim de sua vida, em 13 de novembro de 1974, De Sica como diretor, geralmente em colaboração com o roteirista Cesare Zavattini, é considerado uma figura importante no movimento neo-realista italiano, um movimento cultural surgido na própria Itália no final da segunda guerra mundial com estilo bastante curioso, como utilizar atores não profissionais, que tinham a liberdade de falar em dialetos locais, o uso frequente de crianças como protagonistas, além de filmar nas ruas, não mais em estúdios como o cinema norte-americano fazia.

De Sica se tornou um dos diretores mais aclamados do mundo, com quatro obras-primas do gênero: ‘Sciuscià’ (1946), um relato da trágica vida de duas crianças durante a ocupação americana na Itália; ‘Ladri di biciclette’ (1948), vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro; ‘Miracolo a Milano’ (1951), uma parábola cômica sobre o choque entre ricos e pobres, em Milão; e ‘Umberto D.’ (1952), um drama sobre um solitário pensionista, seu cão, e uma jovem empregada que tem piedade de ambos.

Através da jornada de Antonio Ricci e de seu filho em busca de uma bicicleta roubada, De Sica em ‘Ladri di biciclette’ (Ladrões de Bicicleta), revela uma Itália caótica, afundada em desigualdades sociais. Filmado em 1948 com seu elenco formado por atores não profissionais, com iluminação natural e a câmera quase como um expectador, além dos cenários reais, o filme se passa quase que inteiro nas ruas de Roma, ‘Ladri di biciclette’ é considerado o mais ilustre fruto do movimento neo-realista.