Izaias Almada
Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.
[email protected]

1º de Maio: Dia de repúdio ao fascismo, por Izaías Almada

Difícil levar a sério um país que não sabe resistir ao fascismo. Desperta Brasil: o medo é a arma dos pusilânimes, o apanágio dos covardes. Não ao fascismo!

Foto de Sebastião Salgado

1º de Maio: Dia de repúdio ao fascismo

por Izaías Almada

As eleições de outubro passado ajudaram a mascarar um novo golpe militar no Brasil. Cumpriu-se o calendário “democrático” eleitoral, após o ensaio programado por Washington, com o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Desta vez, no entanto, ao contrário de 1964, não foi preciso fechar o Congresso e nem botar as tropas na rua. Bastaram algumas togas, algumas canetas, as indefectíveis novidades das “fake news” e um juiz deslumbrado em Curitiba.

De resto apostou-se mais uma vez na ignorância política do cidadão preocupado em ganhar o pão de cada dia e o desejo freudiano da classe média em ter novamente um governo forte a combater a corrupção e o comunismo. E dentro dessa classe média há muito corrupto enrustido.

Difícil, na atual conjuntura levar o Brasil a sério:

1 – Difícil levar a sério um país que perde tempo em discutir a importância de um filósofo e guru de botequim que vive nos Estados Unidos;

2 – Difícil levar a sério um país em que generais reformados, que deveriam estar curtindo a sua aposentadoria, submetem-se aos desejos de um capitão expulso das fileiras do Exército;

3 – Difícil levar a sério um país em que os ministros escolhidos pelo novo governo não entendem nada das pastas que lhe foram atribuídas;

4 – Difícil levar a sério um país onde o Ministro das Relações Exteriores (sic) diz que o nazismo é de esquerda e a Ministra da Família (sic) viu Jesus subir numa goiabeira;

5 – Difícil levar a sério um país em que o seu presidente da república (sic) diz que o fuzilamento de um cidadão em via pública com 80 disparos é um acidente;

6 – Difícil levar a sério um país onde suas Forças Armadas nada fazem para impedir a quebra da soberania nacional e, pior, ajudam a entregar as riquezas do país a empresas estrangeiras;

7 – Difícil levar a sério um país onde seus principais órgãos de comunicação estão nas mãos de pequenos grupos empresariais que ajudam a disseminar a ignorância, a desinformação, a violência e o preconceito contra os mais humildes;

8 – Difícil levar a sério um país onde os lucros dos bancos são maiores a cada ano que passa. Os mesmos bancos que gritam, no coral em que cantam empresários urbanos e rurais, contra o irrisório aumento de um salário mínimo;

9 – Difícil levar a sério um país onde a maioria da população aceita a tudo isso sem reagir, mal sabendo distinguir entre as políticas sociais dos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a falta delas que se encarna no atual tuiteiro que se hospeda no Palácio da Alvorada;

10 – Difícil levar a sério um país que não sabe resistir ao fascismo. Desperta Brasil: o medo é a arma dos pusilânimes, o apanágio dos covardes. Não ao fascismo!

O 1º de maio está aí. Uma oportunidade para o povo tomar as principais praças do país para uma gigantesca manifestação antifascista e de resistência a um governo que, ao final de quatro meses, ainda não disse a que veio…

Ou melhor: que veio para destruir!

 

Izaias Almada

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador