A classe média, a Magistratura e a escolha de uma profissão pelo salário, por Alexandre Tambelli

A classe média, a Magistratura e a escolha de uma profissão pelo salário

por Alexandre Tambelli

No terceiro colegial, no meu tempo era assim, um dia, no final do ano, apareceu um questionário para preencher que tratou de saber qual seria a escolha profissional de cada aluno do Colégio Objetivo.

Qual curso/faculdade você pretende fazer?

Foi engraçado esse dia. Na lógica da classe média e médio-alta tradicional (meu universo social um tanto distante da pobreza e da exclusão social e que representa  + ou – 20% da população brasileira) a escolha profissional se dá na junção da profissão com a possibilidade de ganho salarial alto.

Todos foram preenchendo o questionário e calhou de ser na aula de Geografia, Faculdade que escolhi fazer.

Um colocava que ia fazer Administração, outra Economia, outro Direito, outra, ainda, Publicidade (era sala de humanidades), etc.; então aconteceu de eu colocar que ia fazer Geografia, o único da sala que não tinha associado profissão à possibilidade de ganho salarial alto.

Foi uma situação engraçada.

Foram contar para a Professora o “inusitado” da minha escolha.

Eu era o diferente no meu mundo social. Fiquei “famoso” por um dia.

– Vai fazer Geografia? Isto não dá futuro!

Imaginemos esta realidade da escolha profissional estar relacionada ao bem-estar material sendo multiplicada por toda a classe média e médio-alta tradicional.

E imaginemos não ser a escolha profissional associada ao prazer pelo conhecimento específico, ao saber aprofundado do que o profissional da área escolhida faz e à vocação, apenas associada à condição de se manter socialmente numa posição de destaque social: financeiramente e se possível trampolim para alcançar o topo da pirâmide socioeconômica.

A lógica Educacional que me foi ensinada é de que uma Faculdade e uma Profissão devem ser uma escolha que vai me colocar no seio da sociedade em posição de destaque, de destaque porque me garantirá a continuidade da reprodução social e familiar da realidade, onde somos diferentes, e a Profissão escolhida garante a chance de manter o status quo e de me reproduzir fielmente no modelo de personalidade que meus amigos e familiares são.

Imaginemos a crise de identidade de ser “diferente” se você não tem uma personalidade forte o bastante para refutar e subverter a lógica social em que está inserido.

E desta lógica social de reprodução de costumes e modos de uma classe se desenha a realidade que coloca o indivíduo com suas posses e conquistas materiais como o vencedor, e, quase sempre, nas famílias de classe média tradicional, você vira o filho mais querido, o que dá orgulho aos pais, aquele que melhor alcançou o “sucesso” ao comprar um carrão, um apartamento de 300 m² quadrados e assim por diante.

Imaginemos a pressão social pela escolha de uma Profissão que nos garanta a reprodução da lógica da exclusividade, da distinção, do sucesso e da vitória como sinônimo de acúmulo de bens materiais.

Sorte que sou totalmente desencanado dessa lógica ligada à escolha de uma Profissão, que, hoje, talvez, estejam um mínimo flexibilizada com a presença mais constante dos testes vocacionais.

Porém, no meio de toda esta realidade e pressão de classe social média e médio-alta tradicional nasce que tipo de Profissional? E pensando na Magistratura: que Magistrado pode nascer neste mundo social?

Um pequeno aparte. Lembrando que as condições materiais de melhores escolas e de estudo exclusivo (sem trabalhar), cursinhos e compra de material apostilado e livros de Direito, espaço exclusivo e silencioso para estudo está neste meu universo social e sai desta realidade de classe média e médio-alta tradicional a imensa maioria dos magistrados brasileiros pelos altos salários.

Respondendo. 

O Magistrado, geralmente, onde a Justiça tem menor peso que o orgulho e a vaidade, onde o status de ser um vencedor e ser um exemplo na minha classe social é aparecer no noticiário, é ser considerado Herói dentro do meio em que vivemos e poder mostrar as posses e os títulos e as aparições em eventos patrocinados por Universidades norte-americanas, meca da lógica do sujeito que venceu na Vida e, assim, por diante.

Moro, Dallagnol, Carlos Fernando, Bretas, Carolina Lebbos, Barroso, Carmen Lucia, Rosa Weber, etc. são modelos bem-acabados desta lógica educacional que considera sucesso profissional o que pode orgulhar a família e os amigos, orgulho como sinônimo de conquistas materiais e, se possível, com espaço nas mídias que reproduzem a realidade brasileira, a partir desta gente para cima na pirâmide social e para esta gente.

Imaginemos começar uma carreira profissional com salário na casa dos 40 mil reais ou mais.

Não é à-toa que a lógica da escolha profissional relacionada à Magistratura se tornou uma febre no Brasil. E se explica com clareza o desajuste entre a vocação e a profissão de parte significativa desses magistrados, que não promovem Justiça que esperamos, apenas buscam o sucesso e a grana alta paga pela profissão escolhida, criando até penduricalhos sem nenhum pudor, como o auxílio moradia, além da manutenção de um status social intacto e, que acabam os magistrados, em sua maioria, por defender a classe dominante e denunciando, julgando e condenando conforme a origem social do sujeito e vislumbrando sempre a lógica de pertencimento a uma casta social elevada e não ao mundo do trabalho e em prol de se fazer Justiça.

Juntemos a falta de vocação, o materialismo do indivíduo, o convívio humano num quase apartheid social longe dos pobres, das diferenças sociais e identitárias e da pobreza em seus espaços geográficos e o olhar voltado para o individualismo, para o sucesso material e a possibilidade de se aproximar ou se ver topo da pirâmide socioeconômica e se desenha o Judiciário brasileiro e seu modelo bem acabado de reprodutores de Sérgio Moro.

Somos na verdade educados para o egoísmo, para olhar para o próprio umbigo e para os familiares, amigos e amigas apenas, claro, com o recorte de dar mais atenção ao que “venceu na vida”, exemplo a ser seguido. Em casa, nas mídias que acessamos (Veja, Globonews, JN) e nas escolas particulares de Elite, muitas delas católicas, não há luta de classes, não há Injustiças sociais, mas há defesa de um direito hereditário e quase divinatório de que somos diferenciados e que nos é dada a primazia de se estabelecer acima da “classe trabalhadora” e de ter a distinção social, merecimento e meritocracia que vem do berço.

A pobreza, a fome, as injustiças sociais, a violência, as injustiças do Judiciário não nos pertence e não temos nada a ver com estas coisas, o que há de real é que eu estudei e passei por mérito em um concurso para a Magistratura, para a PF e por isto tenho mais valor e sou mais importante e devo ser respeitado e temido por isto e passo a ter Poder para decidir conforme as minhas “convicções” e autoridade, acima da Lei, da Constituição e dos Direitos Humanos.

Daí para confundir defesa de classe social com Justiça é um passo, não é verdade?

– Estudei e passei no concurso público! Você não estudou dançou. (Claro que não conta aqui as condições materiais dos pais em propiciar ao estudante que virou Magistrado passar no concurso público, desde só estudar, de estudar nas melhores escolas e cursinhos particulares, de comprar todo material de estudo e nunca trabalhar).

Passar em um concurso para a Magistratura se reveste de uma capa preta símbolo de autoridade, de Doutor! De Juiz! De Procurador! De Desembargador! De ministro! E assim por diante.

Imaginemos, para terminar, um sujeito que passa no concurso pelo dinheiro e não por vocação profissional e conhecimento aprofundado da sua função pública, vê o concurso para Defensoria Pública, como um ótimo salário, e aceita ser Defensor Público, e passa no concurso, mas vê o mundo a partir de clássicos preconceitos de classe social média diante da pobreza, das bandeiras identitárias, dos imigrantes, dos nordestinos, dos muçulmanos, da violência, etc., que vive a vida a partir da lógica do individualismo e do dinheiro e que pode estar enredado no discurso modelo Bolsonaro de um – bandido bom! É bandido morto!

Torna-se perfeitamente possível na lógica financista a escolha em ser Defensor Público e não ser na verdade um Profissional que faça o que a sua Profissão requer, ele pode trabalhar na Defensoria sendo um declarado adversário dos Direitos Humanos, está lá, apenas pelo salário.

Tenho a sorte de não me deixar enredar por esta bolha social, sou minoria em minha classe social, mas a felicidade aqui, entre os que convivo hoje é real e não vive de aparência e de mostrar coisas materiais uns aos outros. E me faz bem e aos meus amigos e amigas que assim vivem.

Moro & Cia. são antípodas do que eu considero pessoas vitoriosas e não teria nenhum prazer em estufar o peito para dizer: – são meus amigos! Eles não me representam, felizmente, e é bom para a minha sanidade e paz espiritual a não reprodução desse padrão de comportamento básico da classe média e médio-alta tradicional, meio-social a que pertenço desde que me conheço por gente.

Redação

16 Comentários

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  1. Acho que tudo começa,

    Acho que tudo começa, enquanto pais, pela opção que fazem relativamente ao modelo educacional para o filhos.

    Creio que o mais coerente – se queremos efetivamente que nossos rebentos façam escolhas fundamentalmente vocacionais e não objetivando um ganho financeiro elevado – é os colocarmos em escolas públicas e fazê-los, aos quatorze anos, terem estágios ou empregos de jovens aprendizes. Isso é verdadeiramente vivenciar o que maioria dos adolescentes e vivem  e perceber as pressões às quais estã sujeita a maioria de nosso povo.

    1. Emerson!

      Por enquanto ainda acreditam, mas não sei por quanto tempo acreditarão. Se o Estado ultra neoliberal e falido vingar quem vai pagar a conta do Judiciário? 

      Abraço,

      Alexandre! 

  2. adoro este site

     Trabalho na area da saude, e convivo com muitos medicos sem a menor vocação para atender pessoas, é questão salarial mesmo ou a familia queria um medico na familia,há um desdem pelos pacientes e até mesmo pelos colegas de trabalho,Um juiz que ganha em media 20.000 por mes tem necessidade de ganhar auxilio moradia de 4300,00 sendo que mais de 90 por cento da população nao ganha isso mensalmente, É uma vergonha e pra mim isso é uma corrupção moral, é julgar em causa própria .Ai eles dizem, vai estudar para ganhar o que euganho, me esforcei muito,talvez por isso construir universidades incomode tanto.

    1. Aonde? no Cazaquistão?

      “Um juiz que ganha em media 20.000 por mes”

      “Enquanto o teto estabelecido por lei hoje é de R$ 33,7 mil, a média dos vencimentos dos juízes e desembargadores chega a R$ 41,8 mil.

      Ainda conforme a revista, existem casos em que os salários dos magistrados ultrapassa a casa dos R$ 100 mil. Um exemplo é do presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Pedro Carlos Marcondes, cujo rendimento mensal chega a R$ 125,6 mil.”

      https://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/06/quanto-ganha-um-juiz-no-brasil.html

  3. Interessante, Alexandre.
    No
    Interessante, Alexandre.

    No entanto, o que acontece nessas carreiras juridicas tem alguns detalhes.

    O diagnostico da “Judicializaçao da Politica” é mais ou menos conhecido. Mesmo assim, o trabalho publicado em 1999 ainda traz no titulo um “… E das Relaçoes Sociais”.

    Outra coisa, e mais importante neste momento: antes desse relatorio o pessoal do IUPERJ publicou outros esultados so convenio com a AMB ali pelos 90. Foram o “Corpo e Alma da Magistratura” e “O Perfil do Magistrado Brasileiro”.

    Ali os responsaveis pelo programa de pesquisa (Werneck Vianna e outros) identificaram que jma parcela muito grande,dos magistrados que respinderam ao survey têm origem nas classes mais baixas, classe media baixa ou até mesmo a primeira geração com curso superior.

    É aí que entra a pretensão, o discurso da “meritocracia” e o fato de serwm “mais realistas que o rei”.

    Quando o Nassif, por exemplo, insiste que o golpe nao teve “plano” ele negligencia que esse pessoal “toca de ouvido”; é o papo MBA que saou das escols de negocios e teansbordou para aa demais profissoes liberais, o esporte, a musica, etc, etc. Até mesmo para a bandidagem, milicia e trabalho voluntario.

    Uma praga.

    Pior que Halloween, rsrs.

    1. Lucinei!

      Interessante a pesquisa da AMB, nos anos 90, talvez, uma explicação seja qu era mais comum ser Advogado, pelos ganhos menores na carreira pública do que exercendo a profissão de Advogado. A partir da Era Lula e o aumento substancial do salário das carreiras do Judiciário o perfil me parece tender para um aumento de magistrados de classe média e médio-alta.

      Hoje em dia é uma das oportunidades de se sentir valorizado profissionalmente e com Poder em um espelhamento via Lava-Jato e ter a chance de altos salários. A opção fica desvencilhada, em muitos casos, de uma vocação para ser Magistrado, mais restritas ficam as chances de passar em um concurso, para quem não puder dar uma dedicação mais exclusiva aos estudos, penso eu. 

      Foi o que restou com o desmonte da economia pelos neoliberais a partir do Golpe. Não sei se o Judiciário não irá sofrer em breve as consequências do Golpe e diminuir bastante os concursos públicos na área.

      Como manter a folha de pagamento estratosférica do Judiciário com um Estado deficitário, não é verdade?

      Abraço,

      Alexandre!

  4. Pretensao e distinçao
    Interessante, Alexandre.

    No entanto, o que acontece nessas carreiras juridicas tem alguns detalhes.

    O diagnostico da “Judicializaçao da Politica” é mais ou menos conhecido. Mesmo assim, o trabalho publicado em 1999 ainda traz no titulo um “… E das Relaçoes Sociais”.

    Outra coisa, e mais importante neste momento: antes desse relatorio o pessoal do IUPERJ publicou outros esultados so convenio com a AMB ali pelos 90. Foram o “Corpo e Alma da Magistratura” e “O Perfil do Magistrado Brasileiro”.

    Ali os responsaveis pelo programa de pesquisa (Werneck Vianna e outros) identificaram que uma parcela muito grande dos magistrados que responderam ao survey têm origem nas classes mais baixas, classe media baixa ou até mesmo a primeira geração com curso superior.

    É aí que entra a pretensão, o discurso da “meritocracia” e o fato de serem “mais realistas que o rei”.

    Quando o Nassif, por exemplo, insiste que o golpe nao teve “plano”, ele negligencia que esse pessoal “toca de ouvido”; é o papo MBA que saiu das escolas de negocios e teansbordou para aa demais profissoes liberais, o esporte, a musica, etc, etc. Até mesmo para a bandidagem, milicia e trabalho voluntario é o mesmo discurso do “guerreiro” “determinado” “valente” “pertinaz” “abnegado” “diligente” “denodado”…

    Uma praga.

    Pior que Halloween, rsrs.

  5. Meritocracia
    Trata-se de uma visão reducionista. Considerar o valor do magistrado apenas pela ótica de alguém que passa por um concurso público é, no mínimo, um ato de menosprezo.
    Na verdade, tudo começa com uma boa formação de base, assegurando ao estudante a oportunidade de ingressar na faculdade de Direito, onde permanece por 05 anos apreendendo os institutos juridicos.
    Depois, é preciso ingressar na OAB mediante o Exame de Ordem, no qual boa parte dos bacharéis não consegue aprovação.
    Ainda, é preciso advogar por, no mínimo, 03 anos para adquirir prática forense.
    Superada a fase de profissionalização, o candidato à magistratura precisa concorrer tbm com outros profissionais oriundos das demais carreiras jurídicas, sendo que no caso dos juízes federais estão incluídos nas disputas os juízes estaduais.
    Sem falar que a esmagadora maioria dos juízes de carreira possuem mestrado ou doutorado.
    Pois bem. Cada vaga é objeto de concorrência por cerca de 400 candidatos, em média.
    Mas não acaba aí, pois é preciso vencer os 03 anos de estágio probatório mediante a análise mensal de produtividade e de qualidade no exercício da jurisdição pela corregedoria respectiva.
    Acabou? Claro que não!
    Depois disso, a carreira recomeça no interior, onde o magistrado exerce papel fundamental para as comunidades locais, passando a galgar, passo a passo, os degraus de uma dura carreira.
    Se tudo der certo, com uns 25 anos de intensa atividade, você poderá ser promovido ao cargo de desembargador, onde provavelmente se aposentará aos 75 anos pela compulsória.
    Sim! A maioria dos juízes só deixa a toga no final da vida.
    É preciso dizer que todas as decisões dos magistrados são escritas, fundamentadas e assinadas, portanto, a vida do magistrado é toda documentada.
    Dizer que a escolha profissional dedicada à magistratura está voltada para questões sociais ou remuneratórias só pode ser considerada como uma opinião pessoal de quem não sabe a realidade da profissão.
    É preciso refletir mais sobre a vida das pessoas e suas profissões.
    Afinal, sentenças não brotam das árvores como as folhas e nem caem do céu como gotas de chuva, mas sim resultam do esforço intelectual de seres humanos que têm familia, filhos e muita responsabilidade para com o próximo.
    O exercício da magistratura transcende a idéia simplista de um concurso público.

    1. Alcides!

      Eu não busquei um reducionismo no texto sobre o esforço pessoal de adentrar na Magistratura e trâmites outros. 

      Pensei na lógica de que as escolhas profissionais no ambiente em que vivo socialmente são pautadas em um casamento de escolha profissional e rendimento mensal e na possibilidade, nem todos podem e agem assim, de se dedicar com exclusividade aos estudos para se tornar um Juiz, por exemplo. 

      Eu respeito o esforço para se chegar à Magistratura, os passos necessários, apenas, esta é uma discussão que me vem, se a escolha profissional é por vocação, por querer a Justiça a todo custo ou pelo salário e nessa realidade adentra o ambiente social em que se vive e nele a pressão pela escolha de determinadas carreiras profissionais em detrimento de outras.

      Em muitos casos reais, nos tempos atuais, estamos assistindo mais uma  Justiça influenciada pela Classe Social do indivíduo  e sua visão de mundo com os instrumentos para compreender a realidade das lutas de classes que ele possui do que pelo Direito. 

      Quando a gente vê o que fizeram com Lula e esses processos sem provas e políticos nos dá a chance de associar que a Justiça, não toda ela, se torna menos Justiça e se aceita a Profissão pelo ganho salarial e pelo status, não para se cumprir a Constituição e julgar de forma justa. Sem contar um processo de certo ódio coletivo de minha classe social com o diferente, o pobre e a possibilidade de ascensão social e disputa de espaços no mercado de trabalho e na sociedade, o que me parece aumentou a perseguição aos que pertencem ou defendem no seio social os que são de outras classes sociais menos abastadas. 

      Quando se silencia perante as injustiças ou as comete o esforço individual perde valor, penso eu. E penso poder considerar que o salário e o status são o que contam, em parte significativa dos magistrados, penso eu, novamente. 

      Numa Justiça isenta as decisões contra Lula seriam outras. E a própria classe de magistrados, diante das aberrações cometidas contra um Senhor de 72 anos, se indignaria. E há, pelo que vemos, mais aceitação da realidade injusta se manter aos olhos do mundo do que indignação. 

      E, sejamos justo, a Magistratura, uma boa parte de seus membros hoje, é descolada do todo da sociedade, das vivências sofridas do povo pobre, do trabalhador braçal, das minorias pelo próprio meio social em que vive e temos um Judiciário decidindo contra ou a favor de uma pessoa, muitas das vezes, em função da origem social dela.

      Uma pessoa que por fome pega uma galinha e fica presa e um filho de uma Desembargadora com quilos e quilos de drogas e com armas não tem punição adequada. É ou não uma Justiça classista? Uma mulher que vai dar a Luz e uma Juíza grávida (sabe o que a mulher está sentindo) manda a ré primária para cadeia, sem pensar que a mulher grávida como a Juíza está em trabalho de parto. É ou não é uma Justiça Classista? E insensível ao máximo. 

      Quando em 6 meses prendem Lula em um processo sem provas cabais, sem trânsito em julgado por ser de origem pobre e ser um Presidente que governou para os pobres só para ele não disputar a Eleição nem fazer campanha; e em 20 anos o Eduardo Azeredo, do Mensalão Tucano, e governante de um partido, hoje, ligado ao mercado financeiro ao topo da pirâmide e que a minha classe social sempre votou não tem uma sentença definitiva, sendo que em setembro prescreve sua ação e o Mensalão tucano acabo por acreditar que boa parte dos magistrados é classista e a vocação maior não é a Justiça e se está na função porque é compensatório financeiramente. 

      Quando a Justiça for imparcial saberemos que no Brasil se ingressa na Magistratura por vocação e que o salário não influencia na escolha. Estudar em todos as profissões se faz necessário, para ser Magistrado, também. 

      Que um dia se estabeleça uma Justiça sem lado.

      Abraço,

      Alexandre!

       

    2. vocação?

      Não foi mencionada vocação e o resultado da profissão que segue todas estas regras é do desastre ferroviário dos promotores, juiz de primeira instância de Curitiba, das três patetas do trf4 a referendar as sandices dos primeiros.

      O que acomuna todos ou a maioria é a monumental falta de cultura geral e pobreza dos conhecimentos jurídicos.

      Vá lá, do universo dos meus conhecidos, engenheiros, professores, médicos políticos, mal preparados e incultos o poder maléfico dos juízes é o pior.

  6. Qual a profissão q vc escolheu?
    Aconteceu comigo na quarta série do ginásio, o tal questionário. Eu ainda não me preocupava com isso e ao responder coloquei a primeira profissão de meu avô paterno e também de um tio por lado do pai, pescador.
    Deu o nó nos professores, o colégio em Petrópolis, longe do mar, era de classe média, eu era bolsista pois tinha sido o primeiro aluno no município onde morava.
    Resultado: fui parar na sala da psicóloga que perguntou o porquê da escolha. Aí eu disse que iria estudar na Escola de Pesca Darci Vargas (*) e que ia ter um barco grande para pescar em alto mar, teria que aprender a dirigir o barco e também consertar o motor dele.
    Ela anotou e ficou me olhando espantada.
    A escola (*) virou uma Base da Marinha na Ilha da Marambaia e eu acabei fazendo Engenharia Civil na UFRJ.

  7. É uma decisão complexa em um
    É uma decisão complexa em um período da vida em que as certezas são escassas. É perfeitamente legítimo que o jovem considere a perspectiva da renda quando vai decidir que profissão escolherá. Afinal excetuando o caminho da vida monástica todos terao de sobreviver com a renda produzida com sua atvidade profissional, e sempre será melhor ganhar bem do que ganhar mal. O problema esta em se escolher a profissão baseando-se exclusivamente na renda futura que ela poderá lhe proporcionar.

  8. bom post.

    A pressão da familia para entrar uma profissão de tenha alto retorno financeiro é realidade para todas as classes sociais.

    E eu não fui diferente. Pelo menos reconheco que também me impus essa escolha. Por mim, teria optado por  ciencia politica, sociologia. Me formei em outra carreira, e trabalhei nessa carreira com mais ou menos entusiasmo por 30 anos.

    Pensando em termos de sociedade, acho muito dificil reverter isso,  acho que só vai piorar.

     

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