A crise provocada pela epidemia deixa a direita e a extrema direita sem capacidade de retomar seu projeto, por Rogério Maestri

O resultado dessa imensa massa de falências que ocorrerá, durante e logo após a epidemia, milhões de apoiadores e adoradores do mercado verão que a mão nada invisível do mesmo cairá sobre a sua cabeça

Salvador Dali

A crise provocada pela epidemia deixa a direita e a extrema direita sem capacidade de retomar seu projeto depois do fim da epidemia

por Rogério Maestri

Discutir se a crise terá uma dimensão X ou Y é uma verdadeira brincadeira de criança que tentam jogar futebol sem ter a bola. Dezenas de propostas do tipo Teoria Monetária Moderna (MMT), ou jogar dinheiro de helicóptero ou ainda fortalecer o máximo o caixa dos bancos para os mesmos comprarem tudo que anda ou que se arrasta pela face da Terra, estão sendo estudadas, mas na realidade só a última já está sendo executada em nome da medo do risco sistêmico do sistema financeiro.

Como de uma forma ou outro os bancos sairão extremamente reforçados pelo financiamento que toda a população do mundo ocidental está dando de mão beijada ao setor é a única realidade que parece que será tomada chegaremos a uma situação muito interessante, uma economia real falida e uma economia fictícia enriquecida.

Como os governos precisarão recuperar alguma parte desse dinheiro “emprestado” (seria melhor dado) ao sistema financeiro, felizes da vida os bancos farão o que mais gostam, tomar a propriedade real de todas as pequenas, médias e até grandes empresas para colocar nos seus ativos e fecha-las ou incorporá-las as empresas associadas a estes bancos e ficarem felizes.

Porém, sempre há um “porém”, esta classe empresarial não associada e não proprietária do sistema bancário será totalmente saqueada voltando a condição ou de falidos ou de mesmo para os pequenos e médios “empreendedores” proletarizadas.

O resultado dessa imensa massa de falências que ocorrerá, durante e logo após a epidemia, milhões de apoiadores e adoradores do mercado verão que a mão nada invisível do mesmo cairá sobre a sua cabeça como um martelo, com essa perda da massa de apoiadores, ou seja, algo em torno de 30% no Brasil e maior ainda em outros países centrais, será perdida para a chamada economia de mercado.

Para onde poderão se deslocar essa massa de apoiadores? Talvez seja essa a grande pergunta. Porém há na realidade duas alternativas, uma proposta fascista e uma proposta socialista. A proposta fascista, que grande parte da esquerda não entende, ela não é algo espontâneo que saia do nada e precisa de financiamento para que ela progrida. Tanto na Itália fascista, na Alemanha Nazista e nos fascismos ibéricos, sempre foram financiadas regiamente pelo grande capital, entretanto para haver algum apelo popular e atrair imensas massas de um operariado sem formação política é necessário alguma saída econômica com algum nacionalismo que seja mais do que fazer continência a bandeira, ou seja, uma proposta liberal do tipo o mercado reagirá, não convence nem os mais despolitizados, pois a própria inexistência de um Estado provedor que levou a tragédia da epidemia.

Ao mesmo tempo que a inexistência de uma cenoura na frente do burro para que ele siga, qualquer proposta de um fascismo mais ou menos clássico, sofrerá restrições ferozes dos países centrais que saírem menos machucados dessa epidemia e são fornecedores de produtos de alto valor agregado aos outro países periféricos, ou seja, assim como a Alemanha e Japão sofreram fortes embargos quando quiseram colocar as manguinhas de fora, nos dias atuais, sabedores do risco as “democracias” representativas que sobreviverem, a reação será ainda mais forte do que meros embargos. Vis a vis da dependência tecnológica que possuem os países periféricos, um forte embargo resultará num recuo de algumas décadas em capacidade produtiva, isso acima da depressão que causará essa epidemia.

Como num momento de crise a política progride muitas vezes mais rápido do que em situações normais, a única solução que será possível de empregar é um caminho ao socialismo que será acelerado em função dos próprios embargos das nações Imperiais, porém todos sabem da prática dos últimos cem anos que sistemas coletivos reais reagem com muito maior eficiência do que sistemas de livre mercado. Com uma economia planificada a velocidade com que vão progredir países com uma indústria pequena porém diversificada a reação poderá surpreender a muitos.

Redação

7 Comentários

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  1. Pois não faltam economistas apresentados como sendo “muito preparados”, pregando abertamente que o Estado injete dinheiro nos bancos, para comprar os títulos públicos e privados que estão sob a custódia deles- dos bancos, – INCLUSIVE COMPRAR OS TÍTULOS PODRES-, ao argumento de que assim não haverá perda de liquidez e o nosso -meu, teu, dele, rico dinheirinho esteja sendo e continue lá muito bem custodiado e pronto para vir as nossas mãos assim que pretendermos. Fora disso, seria o caos completo!!! Não se fala sequer em exigir alguma contrapartida, como proibição de pagamento dos afamados bônus e taxação dos dividendos. Desde que esse tal liberalismo chegou ao Brasil, a vida dos brasileiro está a cada dia mais próxima do caos, Embora muito “gado” com o cérebro dentro do intestino, insista em dizer que estamos no paraíso e dele não devemos sair.

  2. Sem querer desmerecer o comentarista mas… “sistemas coletivos reais reagem com muito maior eficiência do que sistemas de livre mercado. Com uma economia planificada a velocidade com que vão progredir países” ?
    Lembra como foi com Stálin??? QUEM vai planificar essa economia?
    Um Plano Marshall mundial seria muito mais bem vindo. A Europa se tornou em sua maioria um estado de bem estar social dessa forma.

    1. Meu caro, o plano Marshall só existiu por dois fatores, um econômico e outro político, o econômico era que os USA tinha reservas imensas da espoliação da Europa durante a guerra que se ele não investisse simplesmente não teria retorno do seu capital, logo com o “fantástico” plano Marshall o Imperialismo norte-americano jogou para o lado as ex-potências coloniais (França e Inglaterra) e assumiram seu papel, em resumo, a “Europa foi reconstruída” e perderam por completo a sua liberdade política e econômica (além de suas colônias, é claro).
      Por outro lado, a URSS com um safado que foi Stálin, que sofrera uma intervenção externa, que impropriamente chamam de guerra civil logo depois da primeira grande guerra, um bloqueio científico e tecnológico das democracias burguesas europeias e por fim tiveram que ganhar a guerra contra a Alemanha, enquanto os Ingleses ficavam na sua ilha e os norte-americanos tinham na guerra contra o Japão mais baixas por doenças tropicais do que por tiro dos japoneses (Dysentery and diarrhea 756,849, Malaria 572,950, Dengue 121,608, Hookworm 19,943, Lymphatic filariasis 14,009, Sandfly fever 12,634, Scrub typhus 7,421, Amebic dysentery 4,504, Schistosomiasis 1,672 Tropical Disease Problems Among Veterans of World War II: Preliminary Report. – O número de morbidade nem é publicado por vergonha) e quando entraram na Europa dez por cento do exército alemão segurou todos os exércitos doa “países livres”.
      Enquanto que do lado dos países “livres” foi essa vergonheira, o Exército Vermelho segurou 90% dos milhões de soldados alemães a custa de um número incomensurável de mortes.
      Pois depois dessas catástrofes todas (inclusive o Stalin) a União Soviética, com toda a sua indústria e agricultura arrasada conseguiu se recuperar sem Plano Marshall nenhum.
      Um plano Marshall para o Brasil não teria sentido, somente se entregássemos nossas casas e nossas roupas para os Imperialistas, pois o resto eles já possuem.

      1. Faltou a segunda parte:
        O plano Marshall só existiu porque na época a URSS existia e os partidos comunistas estavam fortes e foram esses que pressionaram para o estado de bem estar social, com a queda do muro os capitalistas colocaram as manguinhas de fora e simplesmente foram desmontando-o em poucos anos ficando as novas gerações piores que as anteriores, a pandemia simplesmente acelerou a queda do neoliberalismo que é a única solução para o Imperialismo Internacional, ficam com as bobageiras do MMT e outras só para enganar os trouxas.

  3. Rogério, você notou o quanto foi lucrativo para o capitalismo o mundo dividido politicamente e o quanto ele contribuiu para fabricar essa divisão?
    Percebeu o quanto de reserva de mercado e demanda reprimida pode significar uma parte da população mundial privada de todo tipo de conforto?
    Viu que não outro modo de se manter as desigualdades se não pela divisão?
    Pior que isso, todas as vertentes políticas sempre estiveram nas mãos daqueles de detém o poder econômico.
    O nosso abastecimento está nas mãos dos mercados e se resolverem que passaremos fome, assim será, ainda que tenhamos hortas e pomares nos nossos quintais.
    Como as desigualdades são incentivadas pelos sistemas de educação e o incentivo ao que há de pior em nossa natureza : a competição, a inveja, o ódio, a ambição e o egoísmo, capacitando dirigentes com essas “qualidades”, garante-se a manutenção do “status quo”social, suprimem-se as iniciativas solidariedade, igualdade, fraternidade, pacificação e equilíbrio, colocam o remanescente sob a tutela das religiões e crendices, também lideradas pelos piores, e mantém-se o sistema, provocando crises em tempos determinados para darem a impressão de que as coisas podem mudar.
    Espia só a história remota ou recente do “homem” que glorifica tão somente as conquistas abjetas, a violência, o abuso e o conflito, para ver se não somos governados por larápios do mais alto nível e se haverá outra saída que não de melhorarmos a nossa própria natureza.
    É uma luta inglória, Rogério, tanto quanto separar farinha de trigo de polvilho.

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