Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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A propósito de propósitos, por Rui Daher

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Foto: Evandroalv/Wikimedia Commons

Por Rui Daher

No BRD/FD, deste GGN, me esforço para responder a todos os comentários feitos sobre meus textos ou artigos. Aqui não admito o termo post, deixo-o para as redes sociais.

Tentei responder, hoje (15) à tarde, de meu celular, dentro do ônibus que me trazia de volta de Itapevi, município pobre na região oeste da Grande São Paulo. O veículo tremia muito, eu mais ainda, a vista esquerda lesada, e inábil não consegui. Foi pena. Naquele momento, a AK-47 dispararia com muito mais ódio do que agora em casa, saudáveis companhias.

Fora lá acompanhar um projeto de formação de mudas para plantio em praças, ruas, aldeias, em formas sustentáveis para os meio ambiente e comunidades locais. Tudo realizado por mãos e cabeças de crianças, orientadas por permacultores voluntários (tratem de conhece-los e darem o valor que têm).

Fernando Juncal, amigo, sei que conheces este Brasil que não conta como poucos. A região é tão pobre que nem mesmo tive coragem de ao meio-dia em ponto entrar num daqueles “bares de chacina”, como assim os chama nosso Márcio Alemão, e pedir uma dose de 51. Não por medo dos frequentadores, gente assim logo me vê, conversa, e fica amiga. Mas, sim, para minha indignação não sugerir aos instrutores trocarem os saquinhos de mudas a serem preenchidos com terra adubada por canivetes de assalto para uso nos guetos de luxo de Doriana Júnior, a capital do cashmere.

Meu texto no blog “A propósito de Luís Nassif em ´A guerra entre os poderes´”, propunha uma saída diante de um recado caótico dele de estramos entre um grande pacto nacional e a intervenção militar.

O mau agouro – pesadas palavras – que me acompanha ultimamente (inferno astral?) fez, um diante antes, eu ouvir entrevista com o jurista Flávio Bierrenbach, no Jornal da USP.

Falava da impossibilidade de em país tão conflagrado, poderes em guerra, Congresso em decomposição, PSDB oposição covarde, um dia Governo outro sei lá, fazer um grande pacto nacional sem um instrumento institucional, uma ferramenta de acomodação. Comprei, não sem antes pensar que no lugar de um PMDB fisiológico, agora temos dois, o PSDB. Cagou, né, pensei, em minha escatologia barata, e escrevi. Maldita hora, para abandonar a galhofa, a baderna, a brincadeira, o “Asdrúbal trouxe o Trombone”.

Pra quê? Se eu tiver que pagar todas as lições que os comentários me trouxeram, terrei que vender duas garrafas de “Boazinha”.

Queridos e queridas, caraivéi como se diz no campo, para onde, graças a um rodeio entre cafezais, sigo amanhã. Puta maldade comigo. Como letrou Chico para Bosco: “Se a dona se banhou, eu não estava lá, por Deus Nosso Senhor, eu não olhei Sinhá”.

Sei lá do caráter de Bierrenbach, eu iletrado. Assis, nunca soube nada de pior dele. Apenas ouvi sua entrevista para Roxanne Ré. Ô Francisco, não me chame de idiota por ter acreditado no que ele disse. Sou não, só às vezes, quando respondo a agressões. Outro diz que não tem jeito, pois as elites brasileiras são contra os trabalhadores e não há pacto possível. Para mim, amigo, que vivo denunciando o Acordo Secular de Elites?

O mais pândego coloca-me na áurea de tertúlias. Interpreta Nassif (não no bandolim): “ele só está pensando num pacto de governabilidade para atravessar” qualquer coisa aí, sei lá.

Entendi. O que Lula e o PT fizeram depois da Carta aos Brasileiros e deu no que deu. Sob risco de, novamente, enfurecer feministas 4.0, a Sra. Governabilidade, por acaso, se chama Marcela? Estão loucos? Ninguém vê que a única coisa em jogo, sem ofendê-los, como James Carville fez com Bill Clinton, “É a economia”, o epíteto é de vocês.

Nossa economia foi, está e continuará sendo destroçada. Seja com quem for, duas décadas não a porão em marcha. Há três anos, vejo capitães de indústria, para quem trabalho, indo embora do Brasil. Os poucos que ainda não foram é porque usam a Tesouraria para bancar um cada vez menor chão-de-fábrica ou balcão de loja. Saco, não percebem?

Vocês trabalham? Estão empregados? Abriram MEI (microempresário individual) para se terceirizarem? Consultores, conseguem projetos, palestras, assessorias, textos pagos nas folhas e telas cotidianas alternativas? Os reajustes da aposentadoria ajudam? Sacaram a luta pelas reformas previdenciária e trabalhista? Para quem? Vocês pisam em campos folhosos de feijão, tomate, cebolas, que não de soja e milho? Acreditam que, como diz o jornal “Valor”, tudo está melhorando? Entenderam a Rede Globo?

Sim, claro, idiota sou eu que nem mesmo sei se o Bierrenbach não é um esbirro de Bach ainda estudando em Weimar.

O negócio tá feio, mas vocês podem consertar. Por exemplo, que tal um pacto nacional para esgotar a 1ª edição do “Dominó de Botequim”. Pode ser no “botequim”, restaurante-bar na Rua Visconde de Caravelas, 22, Botafogo, Rio de Janeiro, em 23/06, das 19 horas até a hora que vocês quiserem e pagarem a conta.

Atenciosamente grato.

 https://www.youtube.com/watch?v=Zi8vJ_lMxQI    

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Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

11 Comentários

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  1. Sadumacoisa, caro Rui, eu

    Sadumacoisa, caro Rui, eu gostaria de uma nova Constituição elaborada em uma semana, por constituintes formados por santasmariamaggiore e teresasdecalcutá na ala feminina e papasfrancisco e albertschweiter na ala masculina. E que previssem uma eleição direta para daqui a 30 dias para elegermos um moisés que nos guie à terra do maná e do mel e sejamos felizes para sempre. E que todos os calhordas  golpistas que adoram o bezerro de ouro sejam alijados e deixem de nos encher o saco. Sadoutracoisa, me parece que aqueles que foram maldosos contigo gostariam do mesmo que eu, só que eles, também me parece, consideram que isso é possível. Como não tenho imaginação própria para expressar o que penso vou de plágio mesmo:  Bierrenbach pode até ser uma manteiga rançosa, mas se estiver do nosso lado no pão, por que não ? Abraço grande.

    1. Eduardo, caro

      Na medida em que se fala de um grande pacto nacional, exclusividade não minha, mas inclusive do Nassif e outrso, posso ter errado nos nomes, mas não é possível não existir um grupo de pessoas que pcifiquem o País e permitam chegarmos a eleições diretas em que o único estadista que surgiu no Brasil, em 50 anos, seja candidato. Pouco quero, não?

  2. VIVA O BRASIL! PINQUELA É A P* QUE O PARIU! fora psicopatas!

    Cada um enxerga o buteco da mesa em que está. Não vimos esses capitães de indústrias saindo do Brasil. Mas, o que nos faz pedir mais uma, são os que estão entrando, e como. Em assalto mão armada, quem tremeu e disse implorando “péraí pô! vamo conversá aíó”, talvez ainda esteja vivo por aí.

     

  3. A….

    AMÉM. É a Economia, estúpidos !! É o Capital !! Quem paga manda. Com ideais anticapitalistas iremos aonde? Carne Fraca foi a tentativa de colocar Joesley de joelhos. Odebrecht e outras Campeãs Nacionais já estavam. Quando mais você mandar no se bolso menos mandarão em você. Isto é Democracia. E para os iludidos que disseram ser o pacto social  impossível, inclusive defendido por A A. O pacto sempre foi feito. O problema é que você, eu, a sociedade sempre ficou de fora. Os maiores alicerces dos governos petistas, para exemplificar, foram Sarney, Renan, Katia Abreu… Afundaram com o barco. Esquerdas históricas e correligionários reoeram a corda muito antes. Entre golpistas, milhares de camisetas vermelhas. Os ratos que se atiraram ao mar, subiram na primeira bóia de salvação que lhes ofereceram. E inocentes esperando a volta de D. Sebastião. Pelo menos leiam a História da República Brasileira. Pesquisem o que estava acontecendo em 1964/2017. Cachorro atrás do rabo. Se você não for “DONO” do seu país, das suas empresas, outros serão. E interesses estrangeiros tem que compromisso com a sociedade brasileira? Então nossas elites, participarão societariamente nos recursos naturais e empresarias nacionais, que serão privatizados, escondidos entre S/A’s (como a água e saneamento básico por ex. A próxima vítima) e imporão seu cabresto através de Agências Reguladoras. Imposição do capital estrangeiro acima inclusive do governo soberano nacional. E você irá reclamar para quem? Para a Agência Reguladora, cujo Diretor, é sócio e acioniusta da Empresa Privatizada? A Farsa e a Fantasia nos trouxeram até aqui. Acordemos.  abs.  

  4. Meu caro Rui, com minha AK-47, atirei nos golpistas porque…

    Meu caro Rui, com minha AK-47, atirei nos golpistas porque tenho nojo deles

    Releia meu comentário, Rui, e verá que, a partir da sua afirmação de que “Todas as referências que se tiver sobre (…) Bierrenbach serão boas”, eu apenas mostrei que não era bem assim. Sequer entrei no mérito das propostas dele (v. último parágrafo, por favor) e, portanto, não o critiquei por ter acreditado nelas e, consequentemente, não houve, da minha parte, essa agressão que Você viu contra si.

    Se atirei com minha AK-47 (eu também tenho uma) foi contra Flávio Bierrenbach, porque tenho nojo dos golpistas que nos mergulharam na atual ‘ditabranda’ e que serão responsáveis por uma possível ditadura que venha em seguida. Vamos agora, por exemplo, tomar como referência a ‘defesa de eleições gerais’ vinda desse golpista desonesto, velhaco e canalha FHC? Por que vamos ornar esses bandidos (sim, agiram contra as leis e a constituição do país, ao darem o golpe, e, portanto, são bandidos fora da lei) se podemos referenciar pessoas muito mais respeitáveis, decentes e não golpistas que fizeram as mesmas propostas, com sinceridade e honestidade de propósitos?

    Um grande abraço, meu caro Rui.

    1. Pode estar certo,

      meu apreço por voce credibilidade a você são muito maiores a Flávio, de quem apenas usei uma entevista sensata. Se foi falso, terá duas AK-47 a fuulminá-lo. Conte comigo. Abraços

  5. 23/06 no Botequim???

    Opa!  Acho que passo por lá, se conseguir sobreviver… Hoje em dia, uma semana é tempo demais para qualquer previsão. 

    Bom fim de semana, Rui.

    1. Anna, querida

      Não pode imaginas a minha felicidade em conhecê-la pessoalmente. Já vivemos dias piores e uma semana sobreviveveremos, Beijos.

      1. Sobrevivemos!
        A alegria foi minha Rui! Levo no coração a suavidade e sintonia do presente que nos trouxe o destino. Mas não deixemos que ele reine sozinho.

        Quando vieres ao Rio, me avisa!

        Um abraço da Anna.

        PS.: Traga-nos logo a nova safra! As domingueiras fazem mmmuuuiiitttaaa falta.

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