Manias gringas na gringolandia, por Fábio de Oliveira Ribeiro

A ostentação pública de armas de fogo durante uma disputa eleitoral é indício claro de degeneração do regime democrático.

Manias gringas na gringolandia

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Num documentário recente da DW sobre milícias norte-americanas, um dos entrevistados diz que todo cidadão dos EUA tem o direito de ter o mesmo poder de fogo que o Estado. Ele ostenta um fuzil AR-15, mas não é possível ver os submarinos e porta-aviões nucleares na piscina dele.

O miliciano também não tem milhares de tanques de guerra, caças, drones de combate e bombardeiros. Armas nucleares e mísseis balísticos nunca poderão ser adquiridos por cidadãos dos EUA. Não há qualquer equivalência entre o poder de fogo dele e o que está à disposição do Estado.

Mesmo assim o rapaz enuncia a frase como se ela contivesse uma verdade inquestionável. Ele pretende convencer o repórter alemão de que aquele argumento é válido. O entrevistador registra o depoimento sem contrariar o entrevistado. Ele está desarmado, o outro não.

O temor reverencial provocado pelo fuzil funciona como uma interdição ao trabalho jornalístico. Se quiser entender o documentário da DW o espectador tem que recorrer à informações que não foram submetidas ao crivo do debate entre o jornalista e o miliciano.

O norte-americano vive uma ilusão, mas o jornalismo se torna ilusório em virtude da ameaça latente que uma arma de fogo representa. Há algo de podre no Ocidente… E nada pode ser visto como realmente é.

A ostentação pública de armas de fogo durante uma disputa eleitoral é indício claro de degeneração do regime democrático. A coação é a negação da Política e não uma continuação dela por outros meios. A violência ilegítima, ainda que simbólico, é uma característica do terrorismo.

Entre homens iguais em direitos não deve existir qualquer hierarquia artificialmente criada por instrumentos mortais. Os atenienses compareciam desarmados na Ágora. O assassinato de Júlio César no Senado foi infamante, pois ele havia deixado as armas em casa e os assassinos não.

Normalizar o que ocorre nos EUA é um erro. Tentar importar aquele tipo de comportamento não é apenas perigoso: é um crime contra a essência da Constituição Cidadã.

Fábio de Oliveira Ribeiro

5 Comentários

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  1. “…A ostentação pública de armas de fogo durante uma disputa eleitoral é indício claro de degeneração do regime democrático…Ele está desarmado, o outro não…” Depois de 90 anos de Doutrinação Fascisto-Esquerdopata fica difícil para alguns compreenderam a Democracia. Falamos um paralelo com o Brasil e sua Elite Doutrinada. Aqui não ostentamos Armas de Fogo durante as Eleições. Ostentamos corpos jogados pelas ruas. Degeneração do regime democrático? Imagina?!! Mas a barbárie é a liberdade do Cidadão Americano em portar armas?! O Jornalista Alemão não está armado? Esta sim, armado e protegido pelas Leis e Constituição NorteAmericanas. Aqueles que portam as armas, sabem muito bem das consequências se apenas ameaçarem uma Pessoa desarmada. Quanto mais machucá-las. A pena pode muito mais que a espada. Enquanto isto a Elite da Bananalândia e seu Estado Absolutista…..

  2. Nos USA tantas armas de fogo e tão poucos assassinatos e tão poucas casas com muros. Brasil tão poucas armas e 60.000 assassinatos por ano e tão poucas casas sem muros.

    1. IA2 : Mais de 70.000 assassinatos por ano, fora 30.000 mil assassinatos jogados das estatísticas como ‘morte suspeita’,’ morte a concluir ou investigar’, desaparecimentos e cemitérios clandestinos. O inacreditável é que ainda querem comparar com a extrema tranquilidade norteamericana?!

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