O hipertempo – e as lágrimas na chuva, por Gustavo Gollo

O hipertempo – e as lágrimas na chuva, por Gustavo Gollo

Podemos imaginar algo similar ao tempo, e bastante relacionado a ele, mas que não consiste exatamente na mesma concepção: o hipertempo, algo que nos permite construir uma ideia alternativa de eternidade.

Para compreender o conceito, imaginemos que estejamos vivendo dentro de um filme, que tudo o que se passa conosco está gradado em um vídeo, ou em outra memória, de modo que nosso futuro já esteja dado, gravado na fita, embora nós, assim como personagens numa tela, não o saibamos.

Personagens de um filme se surpreendem eternamente com os mesmos fatos repetidos todas as vezes que o vídeo é acessado, imaginam os mesmos planos e protagonizam as mesmas tramas eternizadas na película, desconhecendo, todas as vezes, seus próprios futuros.

Estando fora do filme, podemos nos colocar em um ponto de vista diferente. Assistimos ao filme pela primeira vez sob um ponto de vista similar ao dos personagens, surpreendendo-nos com os eventos que se sucedem. Se tornamos a assistir o mesmo filme, no entanto, o futuro dos personagens ganha certo aspecto de passado para nós que, de certo modo, já o vivenciamos.

Uma peculiaridade resultante disso é que, embora cada personagem perceba o tempo do mesmo modo que todos nós – com o presente sempre se esvaindo, transformando-se em passado e atualizando o que antes era futuro, para o esvair, também –, podemos perceber o tempo da tela de outro modo, com cada um de seus momentos eternizados na mesma sequência temporal passível, toda ela, de uma repetição eterna. Desse modo, exatamente, podemos nos situar em algo que seria percebido pelos personagens do filme como um hipertempo, no qual cada um dos instantes da tela se encontra imortalizado, nunca se esvaindo de todo, mas podendo ser reatualizado seguidamente, numa repetição eterna.

Agora imaginemos que estejamos vivendo algo análogo; que estejamos nós protagonizando algo similar a um filme, uma trama gravada em algum meio híper-realista que pode ser acessado e reacessado infinitamente por uma assistência privilegiada em algum hipertempo.

Em tal caso, cada um de nossos momentos ganharia contornos de eternidade; nossos momentos continuariam a se esvair, um após outro, perdendo-se no tempo, enquanto voltasse a ser acessado, revivido eternamente no hipertempo.

Ajamos como se escrevendo uma história para toda a eternidade!

Do autor:

https://jornalggn.com.br/fora-pauta/ciencia-em-um-mundo-aberto-por-gustavo-gollo

https://jornalggn.com.br/fora-pauta/teoria-por-gustavo-gollo

Redação

1 Comentário

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  1. A realidade e a percepção

    A realidade e a percepção dela nem sempre caminham juntas.

    Quando elas se divorciam ou são divorciadas ocorre a tragédia. 

    Mas os que encenam a tragédia não estão em condiçao de compreender nem o enrredo dela nem sua posiçao na trama.

    Nos anos 1930 os judeus foram confinados num inferno em que eram as vitimas. Desde os anos 1980 os judeus se trancaram em outro inferno em que eles são clones de Draghignazzo, Cagnazzo, Graffiacane e Libicocco. Desgraçadamente eles nao conseguem ver no que se transformaram.

    Em nosso país não tem sido diferente. Mas os nossos Cagnazzos e Graffiacanes envergam togas. 

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