O terror da armadilha nuclear, por Fábio de Oliveira Ribeiro

É um erro enquadrar conflitos modernos na moldura dos conflitos antigos.

O terror da armadilha nuclear

por Fábio de Oliveira Ribeiro

A realidade: a economia chinesa é maior do que a americana, mas o deslocamento do poder para a Ásia não foi fruto de um conflito militar nem precisa resultar numa guerra.

A ideologia: Graham Allison, professor do Centro Belfer da Universidade de Harvard, afirma que a guerra entre China e EUA é inevitável, pois o temor da destruição causado pelo aumento do poder de um adversário levará o outro a agredir preventivamente o inimigo. Ele usa como modelo a Guerra do Peloponeso para explicar o que ele chamou de armadilha de Tucídides.

Com base no trabalho de Tucídides, um cientista político americano pesquisou embates históricos entre uma potência emergente e um poder estabelecido e concluiu: na maioria das vezes, isso culminou em conflitos armados.

É um erro enquadrar conflitos modernos na moldura dos conflitos antigos. A guerra entre o Império Aquemênida e o reino de Lídia (547-546 aC), a guerra entre Atenas e Esparta (431-404 aC) e a segunda guerra entre Roma e Cartago ( 218-201 aC) tem uma imensa continuidade tecnológica. Naquele tempo quando dois impérios colidiam um deles era destruído.

Essa regra não se aplica aos dias de hoje. China e EUA não conseguirão sobreviver à uma guerra nuclear. Assim que esses dois países começarem uma guerra convencional, cada um deles se sentirá compelido a usar seu arsenal nuclear antes que seus mísseis nucleares sejam destruídos pelo inimigo.

A escalada dos meios de destruição será uma consequência inevitável do início dos combates militares no Mar da China. Ambos sofrerão as consequências da devastação nuclear. E os países que não aderirem a um dos lados também serão afetados. Portanto, China e EUA precisam aprender a conviver pacificamente num mundo que parece condenado a autodestruição por causa do medo e desconfiança.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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