O verdadeiro poder estará concentrado nas mãos de Moro e dos militares, por Eduardo Ramos

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O verdadeiro poder estará concentrado nas mãos de Moro e dos militares

por Eduardo Ramos

Como sínteses conclusivas do texto do Nassif, (“Xadrez do trumpismo e do bolsonarismo – 30-12-18), temos dois pontos básicos a extrair: primeiro, que por excesso de mediocridade (pior, alimentado por um espírito megalomaníaco…) e absoluta ausência de cognição com a realidade sobre o poder do tal “sistema” (o conjunto de instituições e representações de grupos sociais e políticos ligados ao governo), Bolsonaro e seus filhos serão alijados do “poder de fato” logo nas primeiras semanas. A questão passa a ser quais os nomes / grupos / ideologias (entre os militares, é claro.) que predominarão nessa tomada do poder – o comando em si do governo, do país.

Essa “tomada de poder” das mãos de Bolsonaro, seus filhos, Paulo Guedes e cia., sequer precisará ser ostensiva, através de um “golpe de verdade”, penso que os militares vetarão TUDO o que quiserem e “aconselharão” que as medidas “tais e tais” sejam tomadas – Um Bolsonaro quase na posição de uma “rainha da Inglaterra”.

O segundo ponto é que, do modo descarado ou por debaixo dos panos, com sutilezas, quem assumir o poder terá que mostrar à sociedade e ao mundo um mínimo de “aspecto democrático”, algo que vá além das patéticas declarações do inacreditável ministro Barroso e sua defesa vibrante da “nova ordem a vigorar no Brasil” (sic…). E é aí que entra a ainda grande popularidade de Sérgio Moro, provavelmente repaginado pela Globo e mostrado como uma espécie de “ILHA ÉTICA E RACIONAL” do governo Bolsonaro.

Como os alvos serão preferencialmente os mesmos – PT, esquerda, movimentos sociais e políticos considerados inconvenientes ou descartáveis, Moro terá o que sempre sonhou: o poder ABSOLUTO para proteger ou destruir a quem quiser – exatamente como fez em sua República particular – a Lava Jato.

E terá para isso o único respaldo que podemos considerar maior que o da própria Globo: o dos militares. A cúpula que assumir o poder será a única “entidade” com quem Moro terá que dialogar, eventualmente, prestar contas e receber alguns vetos pontuais, irrelevantes ao seu projeto de poder, seu projeto de fazer do Brasil um país “com a sua cara” – a “República de Moro”, muito além da República de Curitiba, que ainda tinha, mesmo que em frangalhos, algumas instituições passíveis de atrapalhar seus objetivos.

Penso que se escancara o grande sonho do psicótico-narcísico ex-juiz, sonho que se tornou possível no dia em que deflagrou o movimento de impeachment de uma presidente da República, vazando uma gravação sigilosa, sem que nada lhe acontecesse….

Ali, Moro soube que a República de Curitiba havia subjugado a República Federativa do Brasil, e era questão de espera e paciência – e mais uns vazamentozinhos extras em momentos chave… – para que desse o grande e maior salto de sua vida – afinal, não se larga uma carreira “vitoriosa de juiz” por um prêmio abaixo do que seja magnífico aos próprios olhos.

Chego mesmo a acreditar que nesse Brasil nonsense, absurdo que vivemos, Moro recuperará parte do prestígio perdido e sua saída da magistratura para se tornar ministro da Justiça será passada à sociedade como “um ato de sacrifício e grandeza pessoal” – quem viver verá!

É a continuação e a EXACERBAÇÃO do golpe de Estado com a troca de “uma das pernas do tripé”. Se antes tínhamos o Judiciário (pelas mãos do próprio Moro como protagonista), a mídia e um Congresso disposto a tudo – vide impeachment de Dilma – para salvar a própria pele, os militares observando meio perplexos o rumo dos acontecimentos, HOJE, tanto o Congresso quanto o Judiciário tornam-se apenas entidades CARICATAS e SERVIS aos donos do poder. A própria mídia assumirá esse papel subserviente se quiser sobreviver – financeiramente falando.

Os militares e Sérgio Moro – uma espécie de “presidente oculto” ao menos em relação aos rumos políticos do Brasil – concentrarão em suas mãos o REAL poder sobre as maiores decisões do governo. Porque a verdade é que, onde estiver o poder das armas, lá estará o verdadeiro poder.

Viraremos de um modo jamais visto um país de pantomimas, a FARSA, o TEATRO, já escandalosos, virarão a nossa “realidade de fato”. O que chamo de “MUNDO-MATRIX À BRASILEIRA” será intensificado a um ponto de loucura social. Teremos uma mídia que se fingirá independente, um presidente que, ou será deposto, ou se permitirá ser um fantoche, seus filhos excluídos totalmente pelo tal “sistema”, um Congresso que fingirá “debater as propostas do governo”, e um Judiciário, STF à frente “dando o exemplo”, tornado “um cão doméstico”, ganhando dos seus donos as fantásticas migalhas dos salários polpudos, ausência de perseguições e afagos da mídia concedendo espaços para as frases encantadoras do ministro Barroso e seus pares….

E tudo isso ocorrerá, provavelmente, sem espalhafatos, as coisas irão “se ajeitando” aos poucos. A não ser que Bolsonaro e seus filhos se recusem ao papel vexatório e queiram “enquadrar” Moro e os militares. Aí as consequências passam a ser imprevisíveis.

E a esquerda, os blogueiros independentes, os democratas do nosso país? Se não houver uma união nunca vista desses segmentos sociais, veremos alguns serem massacrados como “exemplo” aos demais, seguiremos com nossas brigas internas pelas redes sociais e estaremos enfermos e impotentes, pela perplexidade causada por tanto horror e pela impossibilidade de reações concretas……

Um tempo onde a esperança, a priori, está desautorizada….

Redação

10 Comentários

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  1. A análise me parece bem

    A análise me parece bem realista. A disputa pelo poder ficará entre os que ocupam o topo da pirâmide:sistema financeiro, agronegócio, rentistas, e  mega empresários.  Será bem instrutivo verificar como os militares irão arbitrar a divisão das riquezas e dos destroços do Estado brasileiro. 

  2. Os serviços de inteligência

    Os serviços de inteligência militares já devem ter conhecimento de segredinhos de Moro que não podem vir a público. O grande erro de Moro foi achar que o poder que adquiriu veio de seus méritos e que poderia manter esses poderes estando fora da corporação. QUEM ESTÁ NO PODER SÃO OS MILITARES e os caras terão que dançar conforme a múscia que tocarem.

  3. O Exercito brasileiro exerceu

    O Exercito brasileiro exerceu o poder politico sozinho ou associado a um lider politico mas sempre deteve o poder final.

    O Exercito determinou o fim do Imperio e a Republica foi por ele governada nas presidencias De odoro e Floriano, depois na

    presidencia Hermes foi o poder atrás da cadeira presidencial bancando o lider do Senado, Pinheiro Machado, apoiou

      Getulio em 1930 e em 1937 mas derrubou Getulio por telefone em 1945, governou sozinho de 1946 a 1950, garantiu JK de 55

     a 60,  governou sozinho de 64 a 85, o Exercio não precisa de socios para ter poder final porque é um “Sistema” e não uma

    pessoa isolada, esse ideia de Exercito e Moro não faz sentido , o Exercito não precisa de ninguem para mandar.

    1. André, concordo com você, que

      André, concordo com você, que o Exército não precisa de ninguém para mandar no sentido literal….. Mas, em um contexto onde, penso eu, querem exercer o poder sem transparecer que estejamos em uma ditadura militar “clássica”, ter um orosto civil marcante como o de Moro se torna uma “necessidade”, e cai como uma luva junto oao eleitor de Bolsonaro, que me parece ser também um admirador de Moro.  Abraço!!!!

      1. Concordo, Eduardo.
        Há anos que tudo vem sendo muito bem arquitetado. O golpe teve várias etapas. Só que, dessa vez, diferentemente de 64, a ” coisa” foi chancelada pelo voto. E é claro que o ” coiso” foi usado para tentar mostrar uma legalidade. E a figura é tão tosca que acredito que pense que está presidindo o país. Ele que se cuide. Há algo de podre no reino da Dinamarca, já diz o velho ditado.

        1. Marly, não duvido nada que no

          Marly, não duvido nada que no futuro, se os militares entenderem que é necessário, ele seja DE FATO afastado…..  Por ironia, talvez com Moro ajudando os militares na tarefa…….

  4. Moro será o repressor civil

    Moro será o repressor civil, e só, não se sentará à mesa dos generais. Terá liberdade total no latifúndio reservado ao Ministério da Repressão (ex-Ministério da Justiça), mas terá que prestar contas dos resultados (no caso, a “limpeza” do país) a quem efetivamente tem o poder sob controle.

  5. Acredito que os ideais dos

    Acredito que os ideais dos donos do mundo já estão alinhados com o Presidente, Moro e companhia. E assim seja feita a vontade dos poderosos, os donos do mundo, retirem todas as nossas riquezas, conceda uma pequena parcela para a elite e companhia, mantendo todas as suas regalias. E quem sustenta o Brasil, aguenta um bom bocado de chibatas ainda, pois somos um povo marcado e um povo feliz. Isso é alienado, desconectado da realidade, movimentado pelas falsas ideias passadas pelas mídias sociais  e meios de comunicações que visam defender os seus interesses.

    Continuaremos escravos, vassalos. E que Deus nos ajude, ou que o Diabo nos possua e tomemos alguma postura positiva contra tudo.

     

  6. É triste ver os sites

    É triste ver os sites progressistas refens do discurso e da agenda golpista. Primeiro, foi a ilusão vendida pela esquerda na campanha eleitoral que Bolsonaro era um lider fascista. Fascismo pressupõe um partido forte, nacionalista de direita, instalado em todos os setores corporativistas da sociedade, que se organiza a partir da mobilização dos valores comunitários, do poder local tradicional. Bolsonaro não é nada disso: é entreguista, só mobiliza pelas redes sociais, é contra movimentos sociais e organização da vida civil. Basta ver a foto da pixotada que foi a cerimonia de posse dos “quinhentos mil”: havia pouco mais de 100 mil nas contas do gal. Heleno. Quantos de fato foram? Ele é militarista, reacionário e entreguista, mas não fascista. Perde as forças progressistas quando passam a “xingar” e não revelar a verdadeira natureza dos fatos. Agora outra bazofia: é uma ditadura militar! Vamos a realidade: a revista Veja, a mais apropriada porta-voz dos golpistas, afirmou antes da eleição que o presidente de fato seria Paulo Guedes. Atentem aos fatos na sequencia lógica dos eventos. Paulo Guedes fundou o banco BTG-Pactual nos idos dos 90. Seu atual presidente é Andre Esteves e seu vice-presidente Nelson Jobim. Nelson Jobim foi nomeado por FHC ao STF, tornou-se seu presidente. Depois aposentou-se e foi convidado por Lula a ser ministro da defesa. No comando dos militares refomou a estrutura hierarquica do exército e criou novas regras para a promoção dos oficiais. Todos os oficiais de Bolsonaro foram comandados por Jobim e promovidos por ele ao estado-maior. Portanto, a filiações e dividas pessoais desses militares é de fato com Jobim e, por extensão, ao BTG-Pactual. Fica clara o adesismo desses militares, do gal. Villas Boas ao Heleno, passando por Hamilton Mourão, ao neo-liberalismo e aos interesses da banca internacional. Montou-se um arremedo de apoiadores internacionais e nacionais no empresariado a Bolsonaro, com a aproximação de Paulo Guedes de sua campanha que na verdade são clientes do banco BTG-Pactual. Os banqueiros sabem que todos tem seu preço, incluindo os militares. Eles simplesmente consideraram que valia a pena tentar e pagaram o que cada um merecia ou pensa que merecia. Os blogs progressistas e seus articulistas ganhariam mais se deixassem a ingenuidade de lado e passassem a formular uma critica factual dos acontecimentos e não fossem apenas replicadores das agendas de noticiais, na maioria fakes, da grande imprensa e dos blogs de direita.      

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