Olavo de Carvalho aceita ser embaixador do Brasil nos EUA, como “sacrifício”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – Após a polêmica entrevista à Folha de S.Paulo, o considerado guru intelectual do futuro presidente Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho afirmou que aceitaria um cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. A fala foi dada em entrevista à TV Brasil, em programa que vai ao ar nesta segunda à noite.
 
Olavo uma vez mais manifestou suas opiniões abertamente, muitas vezes contra estrategistas do próprio futuro mandatário Jair Bolsonaro, sem cautelas ou discrições, e carregando a defesa do movimento direitista no país. 
 
Na última semana, uma entrevista polêmica do conselheiro de Bolsonaro foi divulgada pela Folha, na qual falou que se considera um intelectual de nível único, criticou a esquerda como “difamadores” que não conseguem ter “nenhum crítico” contra ele, e atacando a própria direita como um movimento “atrasado”, com uma “inexperiência horrível” e sem “lideranças suficientes”.
 
Em tom de soberba, havia criticado o próprio grupo que representa. “O fato é que [o movimento conservador] faz tudo muito atrasado, às vezes com inabilidde, com inexperiência horrível”. “Mas não tem ainda lideranças suficientes”, acrescentou, antes de se mostrar essa liderança: “Não temos nenhuma intelectualidade pronta. Para não dizer nenhuma, eu formei aí algumas 15, 20 pessoas”.  
 
Sobre o atual governo de Bolsonaro, disse que não tinha mais ministro na manga para sugerir ao futuro presidente e que já havia indicado todos que queria. Nessa linha, agora, à TV Brasil, disse que tampouco ele aceitaria um ministério do novo governo, indicando que sua intenção, mesmo com o governo direitista e conservador de Bolsonaro, é não voltar pro Brasil.
 
“O Bolsonaro, em discursos, duas vezes disse que me ofereceu dois ministérios, o da Educação ou da Cultura. Eu informei que não aceitaria nenhum”, narrou. Entretanto, não indicou que o convite teria sido feito a ele diretamente. 
 
“Para não dizer que a minha má vontade é total eu disse que, em hipótese, eu aceitaria, a de embaixador nos Estados Unidos. Aceitaria por um motivo muito simples. A coisa que o Brasil mais precisa é dinheiro. E onde está o dinheiro? Está aqui”, argumentou, durante a entrevista.
 
Olavo de Carvalho disse que seria “útil para o Brasil” vivendo nos Estados Unidos, “pegando os US$ 267 bilhões que o [Donald] Trump diz que tem para investir no Brasil”. “Eu posso fazer algo útil para o Brasil. Vou lá e pego os US$ 267 bilhões que o Trump diz que tem para investir no Brasil”, disse.
 
Ainda, entrou em contradição afirmando que não seria algo agradável para ele ser embaixador: “Mas isso não quer dizer que eu queira ser embaixador, nunca quis. Não quero mesmo. Acho um horror essa perspectiva. Seria um sacrifício. Se fosse, quero que seja temporário”, manifestou.
 
Ao tratar de relações exteriores, foi duro diante de seu posicionamento contra a China. O tema é delicado até mesmo dentro da equipe do presidente eleito: o vice Hamilton Mourão já indicou que se deve ter cuidado ao tratar de negociações com o país oriental, uma vez que é um importante parceiro econômico para o Brasil.
 
Ao ser perguntado, Carvalho retrucou: “O que você acha melhor se nós estamos numa posição de dependência? O melhor é depender dos Estados Unidos ou depender da China? A China é um país que tem uma prosperidade enorme em cinco cidades. O resto é uma miséria sem fim. É um país que não sustenta nem a si mesmo”.
 
“Tudo que tem, ele gasta em armas. É o país que tem o maior exército de terra do mundo. Em segundo lugar, a China é obviamente um país imperialista. Vai ver a situação do Tibet. Você prefere ser vizinho dos Estados Unidos ou da China?”, continuou na sua opinião.
 
Ao contrário de Mourão, que foi cauteloso ao tratar do tema, Olavo de Carvalho disse que um possível prejuízo do fim das negociações com a China seria “temporário”. “Não me parece que a ameaça deles seja desse tipo. Essa ameaça me parece francamente belicosa. É uma ameaça para saber com quem nós estamos lidando”, disse.
 
Para ele, ainda é pior manter os acordos com a China, porque em sua visão o país pratica uma “economia fascista” com um governo “controlador” aliado a grandes grupos econômicos.
 
Repetindo as declarações que havia feito à Folha, ao defender que grandes jornais e meios de comunicação são de “esquerda”, reafirmou: “Todas as pesquisas de opinião mostram que o povo brasileiro é acentuadamente conservador. No entanto, num país de maioria conservadora, você não tinha um partido conservador, um jornal diário conservador, um canal de TV conservador, uma universidade conservadora, nada. Quer dizer, a maioria não tinha canais de expressão. A maioria estava excluída da política”, foi a sua lógica.
 
Leia aqui os temas tratados por Olavo de Carvalho em entrevista à Folha.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. já era

    Já  era também para o agronegócio: A China é o maior credor dos States. Detém cerca de 2/3 da dívida americana e é o maior comprador de comodities da Bananalândia, que tem como concorrente, exatamente   o amado USA. Se comntinuar essa hostlidade ingênua e gratuita, e vai continuar, até se intensificar,  a China vai abandonar o Brasil e comprar da América. Resolve dois problemas: os amaricanos vão parar de encher o saco e eles vão parar de escutar asneiras  saidas da “bananalidade”.  Ou “o conservadores” acreditam que os States vão se sentir constrangidos em tomar o lugar do Br, porque são “amigos” apaixonados??!! Pior, é que estão partindo para cima, também, do Mercosul!!!. No começo, vai ser um voo de galinha e bem alto, pela grana do petróleo e pelas privatizações. Depois de um tempo, salve-se quem puder. ” O último que sair apaga a luz”.

  2. quando Collor foi presidente também surgiram eminências pardas

    que com o apagar das luzes daquele governo, voltaram ao limbo. Este senhor que já foi astrólogo é a mãe Dinah dos tempos atuais.

  3. Olaf o modesto
     

    Modesto, Olaf se define como “um intelectual de nível único”

    Que seja de nivel único, não resta dúvida.

    Que seja intelectual, não há qualquer certeza.

    “Ele é aquele que não resta a menor dúvida” como diria o Chacrinha.

    Um poço de cultura, como ele se acredita, poderia muito bem candidatar-se ao Nobel.

    IgNobel

  4. Telecatch

    1 – A verdadeira razão para essa fixação com o papel de embaixador é imunidade diplomática para fazer suas tramóias por lá sem ser ameaçado. Este imbecil não volta ao Brasil nem se for deportado, é capaz de virar um homem bomba nos USA se for obrigado a pisar em terra brasilis. Ou deve ter um plano mirabolante para dar um golpe milionário e mudar de identidade, para o que ser embaixador deve ter alguma utilidade. De resto, o que explicaria tamanho sacrifício? Ser embaixador dá direito a visto permanente (green card), caso o Charlatão ainda não o tenha? Mais importante do que se assustar com as imbecilidades do Charlatão é tentar entender o que há por trás de suas fixações. Até os estúpidos têm algum método ou explicação para suas ações, temos que desbastar as nuvens de bobagens do que a gangue diz e entender o que os motiva, essa a verdadeira ameaça e não suas neuras particulares, que servem apenas para chacota, mas até isso em alguma hora perde a graça. 

    2 – Se ele é tão poderoso quanto gosta de ostentar, por que não conseguiu ainda a embaixada? Deviam dar a ele este cargo, em três tempos ele estaria desmascarado pelos próprios USamericanos e seria posto à prova. Será por isso que a famiglia o está poupando, rs? 

    3 – Algum dos estúpidos seguidores do Charlatão seria capaz de acreditar que é como ele descreve, que o Trump entregaria mais de 200 bilhões de dólares na mão de algum embaixador, ou mesmo que daria a qualquer país gratuitamente?

    4 – Fico feliz de confirmar que esse é o nível do conselheiro do Vergonhoso: como chegar ao poder não foi suficiente para dar um choque de realidade a este factóide humano, em breve o edifício de fraude construído sobre esta ruína pseudointelectual ou será demolido ou despejado por gente bem mais perigosa, o rábula corrupto ou os militares. Mas para diversionismo, que deve ser sua principal função, está servindo bem: quantas manchetes já não conseguiu? quanto de holofote já desviou das asneiras famigliares? Se as provocações a sua turba não estiverem no script oficial e forem sua cartada de independência e chantagem, esse novo desgoverno vai ser mais caótico do que se imagina; pode ser divertido vê-los se destruindo em público mas tudo indica que o telecatch visa apenas desviar a atenção do roubo dos tesouros. 

     

    Sampa/SP, 03/12/2018 – 21:30 – alterado às 21:48 (em luto). 

    1. Não é à toa, ele é chamado de FIOFÓsofo.

      Primeiro pela escancarada fixação anal da tal personagem. Segundo, pela etimologia do neologismo, que advém do grego sofia, para designar saber, com o brasílico fiofó, que é fiofó mesmo. “Saber” de cu, ou é peido , ou é merda, o que se ouve do fiofósofo em profusão assombrosa.

      Não se conhece na história da filosofia, desde que as universidades foram criadas, primeiro no mundo islâmico e logo após no mundo cristão, filósofo que não as tenha frequentado. No Brasil existe tal jabuticaba, um auto-proclamado “filósofo” que não passou da quarta série ginasial.

  5. Verborragia Fecal

    A boca deste senhor expele o que sua mente produz: m#$&@!!! Só isto. Se embaixador, vai ficar melhor quando colocar em prática o “seu phoder philosófico”!!!! kkkkkk

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