Uma pequena análise crítica dos movimentos horizontais, por Rogério Maestri

Se com uma pauta difusa não resultam em nada ou são recuperados pela direita com objetivos fora das reivindicações iniciais. 

Uma pequena análise crítica dos movimentos horizontais

por Rogério Maestri

Nas últimas décadas estão surgindo diversos movimentos políticos de massa horizontais, muitos deles com clara origem em organizações políticas de direita ou mesmo de agentes de serviços estatais de grandes potências imperialistas, entretanto alguns foram mais ou menos inesperados no seu desenvolvimento dando origem a manifestações que com o tempo adquiriram aspectos contestatários de esquerda, onde propostas de novas construções sociais começaram lentamente a ser propostos.

Como o domínio dos meios de comunicação estão nas mãos de meia dúzia de grupos internacionais ou mesmo nacionais, esses movimentos foram ou corrompidos no seu desenvolvimento, neutralizados ou mesmo vencidos no seu embate, porém uma coisa é certa, independente da sua origem esses movimentos horizontais possuem alta capacidade de crescimento e se não forem corrompidos já no seu nascedouro ou neutralizados por manobras mediáticas junto com repressão estatal eles possuem uma capacidade transformadora que se devidamente assumido por forças que desejam e que tem necessidade de transformar a sociedade eles poderão ter uma capacidade de retirar toda uma população da inércia e dar a ela a capacidade de propor e impor novas soluções sociais.

Movimentos como o Syriza grego em 2004, os Indignados espanhóis em 2011, o Occupy Wall Street norte-americano, os Coletes Amarelos na França em 2018, os Protestos no Chile em 2019 e mais outros de menor intensidade que foram ou criados pelas próprias forças do imperialismo ou foram rapidamente recuperados por elas como as revoluções coloridas ou parte da primavera árabe são exemplos de movimentos horizontais.

Conforme a origem desses movimentos logo se mostra se esses movimentos são genuínos ou foram maquinações das forças imperiais, porém sendo espontâneos ou movimentos criados de fora para dentro, uma coisa é certa, a capacidade de mobilização de qualquer um desses é imensa e extremamente rápida.

As forças de esquerda, apesar de muitos desses movimentos desenvolverem pautas caras a essas, elas ficaram marginais ou foram cooptadas para a armadilha eleitoral da democracia liberal, o primeiro desses movimentos anteriormente citados, como o Syriza que sem nenhuma reforma estrutural no país foi negociar com a comunidade europeia a reestruturação da dívida grega, resultando num imenso fracasso e a retomada de políticas de austeridade econômica impostas pela Troica. Já os Indignados espanhóis que começaram seu movimento sem nenhuma diretriz política, deixando que milhares de pequenas assembleias decidissem o que eles queriam, terminaram exatamente como começaram, Indignados.

O movimento Occupy Wall Street também sem uma bandeira clara de reivindicação teve mais ou menos o mesmo destino dos Indignados espanhóis, foram aos pouco reprimidos por polícias locais e expulsos do local de ocupação.

Diferentemente dos dois movimentos anteriores, os Indignados e o Occupy, os coletes amarelos tinham como base de mobilização uma reivindicação inicial extremamente simples que agregou simpatia de uma parte significativa da população francesa e conseguiu por algum tempo manter uma forte mobilização. A medida que suas reivindicações tornaram-se mais concretas e objetivas formando quase uma base de uma política governamental o governo francês agiu com violência mutilando uma grande parte dos manifestantes, uma senhora morta na sacada do quarto andar de um apartamento por bomba lançada pela polícia, mais de mil manifestantes feridos ( 17 com um olho arrancado por tiro de arma “não letal”, quatro mãos arrancadas por explosão de granadas e algumas centenas de feridos de outra ordem) 1.014 sentenças de prisão (um número indeterminado foi liberado).

Qual a conclusão preliminar que se pode tirar de movimentos sociais horizontalizados:

1º) Se com uma pauta difusa não resultam em nada ou são recuperados pela direita com objetivos fora das reivindicações iniciais.

2º) Se aceitam a lógica eleitoral liberal vigente, ou não chegam a nada ou resultam em governos iguais aos anteriores.

3º) Se apresentam reivindicações simples vinculadas aos grupos mais desfavorecidos, mas que vão contra a lógica do sistema vigente, ou se preparam para resistir a violência da reação, ou sofrerão pesadas perdas.

4º) Que apesar de tudo, se fugirem das armadilhas governamentais ou da mídia coorporativa, conseguem uma mobilização extremamente rápida que deverá ser organizada e não cair no assembleísmo que imobiliza o movimento.

Redação

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