“Campos me rifou para Lula quando o PT tinha encerrado um ciclo”, diz Ciro Gomes

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Agora no PDT, após sete mudanças de legenda, Ciro Gomes reafirmou, em entrevista à RedeTV!, que sua vida partidária é uma “tragédia” marcada por “traições”. Em programa veiculado na terça-feira, 29, Ciro relembra o caso mais recente: o rompimento com o PSB de Eduardo Campos em 2013. Segundo ele, Campos, por motivações pessoais, vendeu sua cabeça para Lula em 2010, numa época em que seria “natural” que o PT encerrasse um ciclo de dois mandatos no poder e apoiasse outro projeto à esquerda. À época, Ciro era o nome com melhor desempenho nas pesquisas.

“Eu tinha ajudado a construir o PSB moderno, legado que Eduardo Campos recebeu do avô, Miguel Arraes. Eu era o candidato favorito nas pesquisas em 2010 e o Eduardo Campos me vendeu para o Lula. Ele escolheu um nome que não tinha vivência, nunca tinha participado de eleição nenhuma [Dilma Rousseff], na ideia de continuar mandando na Presidência. Não é que eu queria ser candidato. O partido me preparou para ser candidato! Eu fui usado! Não é queixa, só estou contando o que aconteceu”, disse Gomes.

“Ele [Campos] tinha me vendido na hora em que era natural [o PSB ter um candidato próprio]. O PT tinha encerrado um ciclo, Lula não tinha candidato, ia forçar a mão para fazer uma pessoa não experiente – e estamos pagando um pouco pela inexperência da Dilma agora – e não me deixou ser candidato. Pois depois ele próprio vem candidato e se alia com a direita. Faço o que eu? Saio do partido para ser coerente”, acrescentou.

À época, ventilou-se que Lula e Campos teriam firmado um acordo para que o PT apoiasse a candidatura do ex-governador de Pernambuco em 2018, após a reeleição de Dilma. Em 2013, Campos, presidente do PSB, decidiu que não iria esperar. Rompeu com a gestão petista, entregou cargos e ministérios, e lançou candidatura própria com apoio de Marina Silva e da militância embrionária da Rede Sustentabilidade. Em alguns estados, se aliou ao PSDB e abriu mão de candidaturas para apoiar gestores tucanos – como fez em São Paulo, com Geraldo Alckmin.

Para Gomes, essa foi a gota d’água. “Eu fui enganado, mas fiquei lá. Cumpri minha obrigação e apoiei [o primeiro governo] Dilma. Quatro anos depois, a gente participando do governo [o PSB tinha ministérios e outros cargos de primeiro escalão], Eduardo Campos resolve ser candidato a presidente. E eu prezo pela coerência e lealdade.”

Candidatura em 2018

Questionado sobre suas pretensões para 2018, Ciro disse que é e não é candidato a presidente da República pelo PDT. Tentando explicar o dilema, lembrou das décadas de gestão pública e experiência política que acumula, e das duas candidaturas ao Palácio do Planalto. “Não sou mais candidato porque não tenho vontade de ser, mas disse aos companheiros do PDT que se for necessário, serei, e para vencer as eleições.”

“Para ele, as condições necessárias se darão “se eu perceber que o debate vai reproduzir essa confrontação odienta entre PT e PSDB, sinalizando a eternização da crise; se eu perceber que a solução para os dois será a mistificação à moda Marina Silva – que é o petismo saudosista do passado, o moralismo, o ambientalismo difuso, negação da política como linguagem – que também destrói a condição de governança no Brasil, aí serei candidato.”

Ciro, no entando, observou que o Brasil possui outras lideranças para tirar o País da crise política. Ele fez menções ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), destacando que é um jovem promissor, além de Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio de Janeiro. Ele também destacou o nome do irmão, Cid Gomes, e lembrou do episódio em que o ex-ministro enfrentou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). “A nossa democracia está produzindo uma nova geração de quadros.”

Assista a entrevista completa aqui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

31 Comentários

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  1. Todo cara que é traido e leva

    Todo cara que é traido e leva três anos para romper a relação é um corno manso.

    Teria sido melhor para a imagem do Ciro Gomes ficar calado.

    Morto não fala.

    Ninguém ficaria sabendo da história e da mansidão do corneado.

      1. uma

        Ter ajudado a fundar o PSDB só ê ruim para o pessoal do PCO, PSTU e afins.

        Isso é qualidade única e especialíssima.

        Tenho certeza absoluta que nos debates, um argumento forte do PSDB será “O PSDB sempre e chamado quando a economia do país esta ruim” .. Eu tenho certeza, já consigo até ver o Aécio falando.

        Mas, como Aécio falará isso, estando presente no debate o Ministro da Fazenda responsável por tal feito?

        A resposta do Ciro seria:

        “Cala a boca muleque, enquanto você tava surfando no Rio, eu tava lá em Brasília segurando o Plano Real na unha, e levando aperto do Luis Nassif no Roda Viva”

        rs

         

  2. Nomes (fora Lula)

    O PT tem basicamente três nomes: Jacques Wagner, Fernando Haddad e Fernando Pimentel. O PSDB tem Alckmin e o capiroto do Aécio; a nanica e incongruente Rede tem a imagem fantasmagórica da ninfa da amazônia, ecoxiita neoliberal evangélica Marina Silva. O PDT é uma massa meio disforme. Por exemplo em Minas é oposição feroz ao Pimentel, aliado desde sempre com a direita. Sediou por tempos a “afamada” Força Sindical, de Medeiros e Paulinho, esses progressistas. Não foi suficiente para Brizola, seu fundador. Não será para Ciro Gomes, que desceu de para-quedas. Apesar do grande quadro que é Ciro. Agora, com o estopim que tem Ciro, na presidência seria provocado diuturnamente pela mídia. Seu irmão seria certamente homem chave de um governo seu. Também  tem esse estopim.

    1. o PDT

      Ele sabe tratar a imprensa como poucos sabem, ele não deixa informação errada no ar, dar muita atençao ao termos,  e é muito sagaz quando jornalistas erram “sem querer”, em diversas entrevistas ele interrompe para corrigir.

      Jornalistas em geral praticamente tem que esttudar bem antes de entrevista-lo, ou acaba educadamennte desqualificado no ar.

       

      E um ótimo quadro, o PDT tem ai três anos para dar uma polida e preparar coligações.

      Mas com certeza, falar menos e ouvir é algo que ele tem que ir treinando,

  3. o Ciro Gomes é um santo!

    perguntem ao Ciro Gomes sobre o PFL, em particular o Agripino Maia.

    perguntem ao Ciro Gomes sobre o Aécio, “uma boa pessoa”.

    perguntem ao Ciro Gomes sobre o Paulinho da Força, seu companheiro de chapa.

    romério

  4. Ciro Gomes é um bom nome.

    Ciro Gomes é um bom nome. Acredito que Lula não concorre em 2018, ai sobra Laércio de furnas, o picolé de chuchu, Marina da Mata e tem també, o Jairzinho de 64. Já pensou um presidente chamado Jair?

  5. Frente de esquerda com Ciro

    Votei as quatro eleições no PT. O último voto, já foi capenga. O PT deveria sair com classe: uma frente de esquerda para apoiar o Ciro, para não deixar espaço para a direita fazer alianças.

  6. Gente, Ciro Gomes é um bom

    Gente, Ciro Gomes é um bom nome, sem dúvida. Mas outro que disponta dessa nova safra, junto com o Haddad (que aliás, foi um ótimo Ministro da Educação) é o prefeito da cidade de Canoas, aqui no Rio Grande do Sul. Atentem para este nome: Jairo Jorge.

    Abraços fraternos!!!

  7. O Ciro é inegavelmente

    O Ciro é inegavelmente inteligente e perspicaz. E sabe a hora de sair limpinho dos barcos onde ficou por um bom tempo. Mas fala, fala muito e até passa do ponto. É crítico feroz, impiedoso. Exceto com o Aécio, que considera apenas um político despreparado. Essa “delicadeza” me intriga.

    Continuo sem saber se Ciro Gomes é tudo que diz ou se é apenas bem mais esperto do que a concorrência. 

  8. Haja coerência – e ainda há

    Haja coerência – e ainda há quem duvide, meramente por conta da carreira partidária:
    saiu do PSDB que ajudou a fundar tão logo a “social democracia” descambou para o neoliberalismo;
    saiu do PPS tão logo o partido de “esquerda” do “comunista” Roberto Freire se aliou com o PFL;
    saiu do PSB, mesmo tendo ficado após um traição inominável de Eduardo Campos, após o mesmo ter se lançado candidato estando dentro do governo;

    Eduardo Campos pagou com a vida a sua traição. Não fosse tão cretino, talvez estivesse agora em vias de ser presidente em 2018, substituindo o Ciro.
    Nunca é demais lembrar, Ciro Gomes somente foi deputado federal pelo PSB para poder salvar o partido, pois para o partido não se apequenar é preciso obter uma certa quantidade em votos para os seus deputados federais em todo o país; recebeu quase 1 milhão de votos no Ceará, assim limpando a barra do partido. Digo “foi deputado” porque poderia ter sido senador se quisesse.
     

    1. E um detalhe.
      Com excessão d

      E um detalhe.

      Com excessão d PDT, todos os partidos que ele passou, ou ele ajudou a fundar, ou eram partidos muito pequenos e ele ajudou a crescer.

      E ainda tem quem o chame de oportunista.

  9. O cara já foi da ARENA, PSDB,

    O cara já foi da ARENA, PSDB, PMDB, etc.., etc.. etc..

    O PDT deve ser o seu vigésimo partido, quem traiu e quem foi traído?

  10. Acho muito curioso ver os

    Acho muito curioso ver os comentários sobre essa entrevista aqui, no GGN, e aqueles do Conversa Afiada. Os dois blogs congregariam setores de esquerda. Mas não são, definitivamente, os mesmos. Aqui, Ciro é um Fernando Collor. Lá é um ousado nacionalista que, como poucos, enxerga as posições no tabuleiro de xadrez. Forçando a barra, lá já o enxergam um brizolista. Aqui é São Paulo, lá é o Rio – e tudo o que ele representa. Aqui são 15 milhões muito organizados. Lá são 35 milhões mais espalhados e distribuídos, mas com crescente integração. E aí vai mais uma etapa desse processo de integração de São Paulo com o Rio e todo o Brasil, ou seria de todo o Brasil – o Rio – com São Paulo? Dessa vez, com personagens novos: lideranças Nordestinas de esquerda, nacionalistas e de alcance nacional. Nunca antes nesse país, diria o pregador. Será que o internacionalismo desagregador de São Paulo terá representantes autênticos na próxima eleição?

  11. O ciro vai Governar com quem?

    Se o ciro for com sede ao Pote do jeito que fala e chutar a bunda do PMDB ele vai governar como? Com que aliados?

  12. Ate gosto das posições de

    Ate gosto das posições de Ciro em muito que fala, mas, eu posso dizer o que me dá na telha sobre todos os políticos, ele não! Um candidato a Presidente tem que agregar.

    Lula tinha razão, ele seria muito mais desagregador que Dilma, olha que eu acho esse o principal defeito Dilma, entre os inúmeros.

  13. Eu lembro de um debate para

    Eu lembro de um debate para presidente.  O Garotinho fez uma pegadinha com o Lula.  Perguntou sobre uma sigla, contribuição, não lembro.   O Lula não soube responder.   O Ciro comentava a resposta do Lula. Então disse: “Garotinho, se eu precisar escolher um despachante – eu vol falar com você.  Mas, se eu for escolher um Estadista – aí eu fico com o Lula.”.. Foi mais ou menos isso.   O Lula se recuperou no debate.  Era ele quem poderia derrotar a direita. E derrotou.  Eu não esqueci….Acho que tá chegado a vez do Ciro….Com  um projeto de esquerda. 

  14. Lava Jato

    O resultado da Lava Jato é de ntersse direto do Ciro.

    O quanto o PMDB se enfraquecerá.

    Por isso ele elojiou o Moro.

    Kassab e seu PL também.

     

    Enfim, ele tem ai três anos para pensar numa governabilidade, se caso eleito.

     

  15. Isso já faz tempo. O país era

    Isso já faz tempo. O país era outro. Mas Foi um excelente governador no Ceará. Eu particularmente não acredito nisso de frente de esquerda. Mas se tem alguém que mereceria o suporte de uma verdadeira frente de esquerda esse alguém é o Ciro.

  16. De gogó ele é bom …

    Mas como político, é um fracasso. Tem pavio curto como o Collor. Já entra chutando o balde. Dizer que foi “usado” pelo Eduardo Campos é um atestado de incompetencia. Não tem partido, vive pulando de galho em galho. Mas tem gogó. É bom de papo. Um debate entre o Ciro e Aecio (ou Alckimin), seria um massacre em favor do Ciro. Uma goleada, uma surra pra macho nenhum botar defeito …

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