As consequências do PT fora do Planalto, por Francy Lisboa

Por Francy Lisboa

Mas não é nada disso, petistas e simpatizantes

O recente texto que escrevi aqui no Blog (leia aqui) causou reação contrária ao que ele realmente propõe: a alternância do poder para que o sentimento de viuvez causado pelo ônus do Poder seja disseminado por todo o espectro político. Ou seja, maturidade política das correntes ideológicas levaria seus seguidores a renegar o sebastianismo e ajudaria, sobretudo, minimizar a disputa ridícula sobre qual das calçadas é a mais suja na Avenida Brasil.

Talvez o único que tenha entendido a mensagem tenha sido o colega Luiz Carlos. Em momento algum há pedido de renúncia ou algo similar. Nem era esse o mote. Mas não estou aqui para me defender, exatamente. O que chamou a atenção nos comentários foi determinado consenso sobre as consequências do PT fora do Planalto.

No geral, o consenso se dá com a incapacidade de o PT voltar devido à atuação da mídia. Muitos pregaram que em caso de saída do PT do Poder executivo, este estaria fadado à extinção. Ainda, que de uma hora para a outra os problemas do Brasil, vigiados dia e noite pela mídia enviesada, desapareceriam em um eventual Governo psdebista, ou qualquer Governo alinhada com as expetativas entreguistas e antinacionais. Todo esse contexto concorreria para a indubitável extinção do PT. Também houve quem dissesse que com o PT fora do Poder o partido corre o risco de ser posto na clandestinidade devido à onda reacionária que assola o Congresso.

Gente, menos. Por favor! Aqui não há menosprezo do poder da mídia tradicional (Globo, Abril, Folha e Estadão), mas, ao que parece, esse poder está sendo superdimensionado em nossas próprias cabeças. Os tempos são outros e ninguém está livre do julgo individual de cada eleitor, inclusive a mídia. Nesses quase 13 anos de governo do PT uma dos principais resultados benéficos para a democracia, e que parece não foi devidamente creditado, foi a percepção crescente por parte da população de que a mídia é um ator político e, como todos que entram nessa dança, vem sendo crescentemente vestidas com desconfinhaça.

Eles (Globo, Abril, Folha e Estadão) não são mais o que eram. Isso é motivo suficiente para a afirmação categórica de que, mantida as condições democráticas brasileiras, e mesmo aperfeiçoadas, o PT voltará ao poder caso venha a ser derrotado nas eleições de 2018. Não se pode precisar em quanto tempo, mas o que pode ser afirmado é que o eventual Governo posterior ao do PT passará também por crises as quais não poderão ser pintadas de rosa pela mídia, simplesmente porque as gerações futuras passarão ao largo da influência direta da mídia cartelizada. O papo de herança maldita do PT só pegará com os mais antigos, no caso, os apaixonados antipetistas de hoje.

Obviamente, seguindo a lógica do último texto, as chances de o PT voltar serão aceleradas caso essa passagem pelo Executivo o torne mais experiente, mais ponderado do que entrou e ainda mais propositivo. A experiência adquirida, por exemplo, pela aceitação da necessidade da CPMF para aumentar o financiamento da saúde; pela necessidade de dar sustentabilidade à previdência. Todas essas coisas que o PT foi contra quando era adolescente, ou seja, antes da maturação no Poder.

O PSDB nada aprendeu. Continua a fazer oposição ainda mais inconsequente que aquela que o PT fazia antes do ônus do Poder. Não há esperança em relação aos tucanos, mas haverá sempre esperança em relação aos partidos ligados ao povo. Este mesmo povo brasileiro que, estando temporariamente desprovido de visão política em função da sensação de pertencimento proporcionada por avanços socioeconômicos, pode voltar a despertar depois da saída do PT. Repito, não haverá mídia amiga que segure o saldo negativo da comparação entre um eventual novo Governo e o Governo do PT. Nessa hora, o PT voltará, para o desespero dos novos de agora e velhos de amanhã.

Redação

15 Comentários

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  1. Re seu primeiro paragrafo,

    Re seu primeiro paragrafo, nem cheguei a ler o resto ainda, Francy:

    Eu tava tentando pintar um banquim de jardim outro dia e ate pedi tintas pros vizim e consegui.  Comecei a pintar o passarim, coloquei umas linhas pretas de guia, e tomei o maior susto subitamente.  O beija flor tinha duas asas esquerdas, nenhuma asa direita, rabo em “olhe meu fiofo” separado do corpo, e que pertencia a qualquer passaro MENOS um beijaflor.  Eh desses banquinhos de 80 dolares que todo mundo compra mas as madeiras sao tao ruins que so duram uns 3 anos sem problemas, depois os paus quebram pois sao fracos e inadequados demais.  (assim que eu achar uma foto na internet voce vai ver exatamente o mesmo).

    Eu quero que o Brasil inteiro veja com todos os olhos que o fiofo do PSDB nao eh o de um beijaflor tampouco, e que seus paus nao duram muito tempo duros.  Vai ser um “olhe meu fiofo de urubu” que voce nao vai acreditar.

    Nao tenho objecao nenhuma a alternancia de poder, evidentemente, desde que seja honesta:  nao eh o que esta acontecendo, mais evidentemente ainda.

    Eu quero, igualmente, que a “nova classe media” passe fome de novo pra deixar de ser otaria.  Pra isso a tucanada eh otima.

    Que eles tenham muitissimo bom proveito.  Faminto, mas otimo.  E isso voce vai ver com os proprios olhos tambem.

    Nao eh sacanagem.  O “surto” do conservadorismo sempre acontece em “novas classes medias”.  Elas simplesmente nao tem informacao o suficiente, e nem sequer sabem se informar.  Que passem fome mais rapido.  Nao vai ser a primeira vez e nao vai ser a ultima que ja aconteceu com uma populacao que pensou que tinha alguma coisa e se fodeu.

    No mais, eu nao olho pra fiofos.  Muito menos pra paus, duros ou moles.

    (te devendo ainda:  a foto dos meus banquinhos herdados, ainda nao achei online)

    1. Uma grande vontade de chorar!

      Perfeito Ivan, fecho contigo! Essa nova classe media será a que crucificará o PT. O texto abaixo, que já postei aqui, mostra um pouco do que aconteceu (ou acontece) na Venezuela…

      “Classe média mistura ódio e dúvida contra Chávez”

      http://goo.gl/8xAfR

      Há horas eu disse ‘fodam-se’ e se virem!

       

  2. O problema não é o PT estar

    O problema não é o PT estar fora do planalto. O problema é o que vai entrar no lugar deles e ao que tudo indica, se não é o PSDB, é alguém que para todos os efeitos vai mostrar o mesmo resultado de seu governo. Essa aliás é para mim a razão principal do PT ter ganho as eleições em nível federal. As alternativas eleitoralmente viáveis tipo PSDB ou Marina se revelaram todas como volta ao passado e ao que parece isso o brasileiro não quer. Vivemos um impasse entre a radicalização daquilo que tentamos superar e não conseguimos e a manutenção de um status quo inviável a longo prazo, onde seria possível um jogo de ganha-ganha entre as partes. Falta nesse jogo, uma peça que proponha o rompimento com o passado, coisa que o PT foge tal qual o diabo foge da cruz.

  3. Fora de cogitação

    Com essa oposição pequena, mesquinha e fajuta que está ai?

    Numa democracia utópica poderia até ser…

    Alternância de poder, talvez. Retrocesso, jamais.

    Duvidar do poder real da midia, a quem serve e quem são seus aliados é de uma miopia e tanto…

  4. PT fora do Planalto

    Em todas as eleições presidenciais que votei, votei no PT. No entanto, acho a alternância de poder saudável, porque perpetuam-se vícios e visões sociais, às vezes equivocadas, em um Governo de longo prazo. Penso que o PSDB poderia ter voltado ao poder se tivesse feito uma oposição responsável e não embalada pelo denuncismo midiático e oportunismo de castas sociais privilegiadas. Estou realmente em um sério dilema. Não gostaria de mais tempo do PT no poder, pelos motivos já apontados, mas não vejo luz no fim do túnel. O risco de “Berlusconizar” as próximas eleições é grande, depois da “Mãos limpas” do televisivo projeto Lava a Jato. 

    1. Que anjice!!! Se o PT deixar

      Que anjice!!! Se o PT deixar o poder e, eventualmente, retornar cinco ou mais anos após, nada restará de instrumentos econômicos, militares e institucionais para exercer de fato o poder. Será como um “dois de paus”. Todas essas formas de dominação estarão asseguradas por instrumentos legais impossíveis de se alterar de forma que qualquer rutura desses esquemas estará sujeita à Corte de Haia e subsequente intervenção militar. Em breves palavras: o Brasil, tal como o conhecemos hoje, já seria sem nunca ter sido… 

  5. Superar o PT PELA ESQUERDA é o caminho

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=EGKI8Hi1Tvw%5D

     

    A esquerda é maior que partidos políticos

    Leonardo Sakamoto

     

    22/06/2015 17:59

     

    Somos educados desde cedo para tomar partido na luta do bem contra o mal e não para entender a pluralidade de pontos de vista ou mesmo o fato de que “bem” e “mal” são construções que atendem a interesses de determinados grupos sociais. Não são absolutos e precisam ser enxergados à luz de seu contexto.

    É tão raso quando alguém atribui a origem de todos os males a um único partido, seja PT, PSDB, e por aí vai, quando sabemos que as coisas são bem mais complexas. Ou quando se encara um posicionamento político na forma de filiação partidária.

    Já publiquei esta discussão no blog, mas frente à violência política que estamos vendo nas redes e nas ruas por parte de simpatizantes dos mais diversos posicionamentos políticos, resolvi resgatá-la.

    Fico fascinado quando alguém identifica um perfil de esquerda (desculpe, mas na falta de uma categoria melhor para agrupar essa massa disforme vai essa palavra desgastada e mal-entendida mesmo) em minha matriz de intepretação do mundo e, ato reflexo, me chama de “petista”.

    Como se todo o petista fosse obrigatoriamente de esquerda (nada mais equivocado) e como se toda esquerda não fosse, em si, muito maior que um partido em questão.

    Isso lembra o início do século 20, quando imigrantes libaneses e sírios eram chamados, por aqui, indiscriminadamente de turcos por causa do passaporte emitido pelo Império Otomano. O que, claramente, deixava muitos libaneses e sírios intrigados por aqui.

    Revolta expressa de forma magistral pelo turco Rachid, da novela Renascer? “Nós não turco, nós li-ba-nês”. Então, como já disse antes neste blog, repito para ser bem didático: nós não petista, nós de es-quer-da.

    Concordo com ações adotadas pelo governo federal quando elas vão ao encontro de um ponto de vista sobre qual deve ser a real função do poder público (como a libertação de escravos e a implementação de instrumentos para punir economicamente empresas que se beneficiam da superexploração do trabalhador).

    Pondero quando o governo toca ações importantes, mas que precisam de melhorias para efetivarem todas as suas possibilidades (como o próprio Bolsa Família).

    E protesto veementemente quando o governo vai contra o que tenho como princípio. Por exemplo, o tomaladacá no Congresso e a corrupção como instrumento de governabilidade, a política anacrônica de “desenvolvimento”, que passa por cima de comunidades indígenas e tradicionais para gerar energia elétrica, o assalto aos direitos trabalhistas e previdenciários no intuito de fazer caixa e resolver os erros do próprio governo, para citar apenas alguns casos. Que, infelizmente, tem sido a maioria dos casos.

    Quem lê este blog nos seus quase nove anos de vida (e não é um pefil fake fazendo combate bobo) sabe que o estelionato eleitoral do atual governo não representa minha visão de mundo.

    Este blogueiro  tem muito mais textos criticando políticas do governo do que concordando com elas. Mas isso não importa. Pois na cabeça de muita gente, de um lado ou de outro, estamos vivendo uma guerra.

    E, em uma guerra, encontramos espécimes que latem coisas do tipo: “Ou você está comigo ou está contra mim, porque o mundo se divide em amigos e inimigos”.

    Mesmo um partido no governo ou na oposição não é algo monolítico e sim dividido em correntes. E há divergências entre base e cúpula ou quem trabalha em função remunerada e quem é voluntário. Há pessoas que ficam possessas com atitudes das altas instâncias de um partido.

    Tal qual um sinal colorido captado por uma televisão em preto e branco, não raro encontramos gente que, diante de uma profusão de cores e tonalidades, forçam o mundo a perder toda sua riqueza e se ajustar a uma realidade com menos graça. Não existe o amarelo, verde e o vermelho, o que reina são tons de cinza. E, ainda assim, menos de 50 deles.

    Não raro, a pessoa nem poderia ser cobrada por isso. Como exigir que consiga verbalizar a distinção de cores se elas nunca lhe foram devidamente apresentadas?

    Se durante toda a sua vida, tudo e todos fizeram-na acreditar que as opções eram apenas duas: o céu e o inferno.

    Cultura política deveria ser algo melhor fomentado, desde cedo, via estrutura formal de educação. Mas também através de nosso trabalho como jornalistas, evitando simplificações políticas, onde há complexidade.

    Animar o debate público de qualidade para mostrar que há matizes e zonas cinzentas mesmo dentro de grupos que parecem coesos é fundamental. Não fazendo picuinhas, mas analisando o que significa cada discurso.

    (Ajudaria se todo mundo lesse os textos até o final ao invés de só passar o olho pelos títulos e fotos e fizesse um esforço para sua interpretação. Mas como atravessamos a adolescência da internet, em que as pessoas estão com os hormônios à flor da pele, vale uma certa quantidade de resignação e de torcida para que a fase de descobertas pessoais passe rápido.)

    A esquerda e seus ideais são maiores que partidos que dizem falar em seu nome e decepcionam o povo ao se tornar aquilo que mais criticavam no intuito de se manter no poder.

    Esse erros fazem com que décadas se percam, passos sejam dados para trás, conquistas acabem lançadas no lixo.

    Mas a esquerda também é maior que pessoas que não gostam de ler livros de história. Porque a história de movimentos contra-hegemônicos é uma história de reconstrução.

    Um partido pode ser esfacelar diante de seus erros e dos crimes de seus membros. Mas uma ideia, não.

    Líderes, falsos ou reais, que falam em nome do povo caem a toda a hora. Mas uma ideia, não.

    Posso morrer a qualquer momento, atropelado por um carro ou atingido por um maluco. Mas a ideia aqui defendida sobrevive.

    Porque a ideia da luta por justiça social e dignidade e pelo direito à identidade e o combate à desigualdade nas grandes cidades e no campo segue viva com movimentos, coletivos e organizações.

    Com pessoas conversando, reconhecendo-se na opressão e tomando as rédeas da sua própria vida e do lugar em que vivem.

    Para alguns, isso é reconfortante. Para outros, desesperador.

    http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/06/22/a-esquerda-e-maior-que-partidos-politicos/

  6. Em 2018, a luta do PT será

    Em 2018, a luta do PT será aumentar a bancada no congresso nacional para fazer frente aos fascistas. Hj tem 70, a maior bancada. O PT poderá aumentar para cem, pois, muitos petistasque estavam no goverrno não concorreram em 2014 e irão disputar em 2018 agregando muitos mais votos.

  7. Excelente

    As pessoas que criticam este artigo não entenderam o que é Poder.

    Estar na presidência não significa ter o poder, mas sim ter um cargo. Poder é o que Lula e Vargas tiveram quando exerceram a presidência, o povo morreria por eles. Mesmo depois de morto e sem estar na presidência, Vargas continuou inspirando mitos e só o seu nome exercia um Poder fantástico.

    Milhões de pessoas morreriam por Lula ou por Vargas. Pela Dilma não.

    Acho que Dilma, Collor, ou FHC não tem poder algum atualmente. São apenas suportados pela sociedade.

    Se for para o PT deixar o poder, que deixe uma lembrança  Gloriosa, para ressucitar algum dia. Agora se for para fazer o que Dilma está fazendo, é melhor que o partido dê um tempo mesmo, porque este tipo de derrota, que é de dentro para fora, criará um partido que ninguém iria querer ressucitar  nunca mais.

  8. Em que pese essa esquerda nao

    Em que pese essa esquerda nao estar nem próxima a esquerda que a maioria de nós desejávamos, esse foi o governo de forças progressistas possivel, e que já representa uma grande vitória.

     

    Urge, que as forças progressistas, voltem a se aglutinarem, seja em um partido, um nome, um projeto, uma visao de Brasil grande……algo do genero, e claro que o PT ainda é um desses caminhos, nós não podemos jogar a toalha, afinal esse país é nosso tambem, e devemos, incansávelmete buscar moldar esse país, para o tipo de nação que queremos, especialmente para nossos filhos……..(desistir jamais).

     

     

  9. Esqueceram de uma coisa

    Ninguém quer mais surjar as mãos de tinta lendo jornais. Só um idiota não enxerga isso. Ou todos migram para a esfera digital, ou quebram. A Internet enterrará a mídia golpista antes de 2020. Quem viver, verá.

  10. Falhas do PT

    Talvez por ter sido perseguido (ou quase) pela ditadura o PT tem receio de julgar. Isso mesmo, talvez pensando em não cometer injustiças, ele se cala.

    Calou quando aceitou não investigar a compra da emenda de re-eleição quando FHC passou a faixa. Calou quando desistiu da ADIN da criação da Anatel, ou quando permitiu a renovação dos contratos de concessão das privatizadas em 2005.

    Com medo de exercer o poder o PT calou na Castelo de Areia, não defendeu a Satiagraha, não enfrentou Gilmar Dantas (segundo Noblat) no episódio do grampo sem áudio (ou no pedido popular pelo seu impeachment, que poderia ter tido apoio da bancada dita governista) ou aquela revista do caso Démostenes/Carlinhos Cachoeira. Como cala hoje o dignissimo Ministro da inJustiça, em qualquer coisa, assim como cala a Presidenta, que não tem voz nem para se defender.

    É como se o PT achasse que a turma do “deixa disso” estivesse certa, que se governar calado vai ser deixado em paz, como deixou em paz todos os desmandos do governo anterior.

    ACORDA PT, o jogo não é esse e os bonzinhos não vencem no final.

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