Contas externas têm quadro pior do que o esperado

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O buraco das contas externas mostra-se pior do que se imagina, afirma Marcelo Carvalho, economista-chefe para América Latina do banco PNB Paribas. Para ele, a expectativa é de que os números não devam melhorar em um primeiro momento.

“Na nossa projeção, o chamado déficit em conta corrente aumenta de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado para 4% do PIB no ano que vem, e isso dá cerca de US$ 100 bilhões”, disse, em entrevista a jornalistas. “Olhando nossas contas, a balança não é mais o que era, porque as exportações sofrem com um mundo que não cresce tanto, e o preço das commodities não sobe mais como no passado, enquanto as importações continuam crescendo rapidamente porque o consumo segue aquecido”.

Tal descasamento entre importações e exportações faz com que o saldo da balança comercial se reduza de forma progressiva. Segundo Carvalho, o saldo pode ser zerado neste ano e chegar a um déficit no ano que vem, e a mudança em andamento na economia global está bastante relacionada com isso. “Isso tem a ver com a China, que cresce menos, e um quadro mais difícil para as commodities”.

Outro ponto listado é a conta corrente, a chamada conta de capital. O economista-chefe do BNP Paribas explica que, até pouco tempo, a maior parte do déficit em conta corrente era financiamento pelo investimento estrangeiro direto (IED) que, embora siga relativamente bem (na ordem de US$ 60 bilhões a US$ 70 bilhões), não é suficiente para cobrir o buraco.

“Ao se avaliar o balanço de pagamentos, o problema é que o buraco está ficando maior do que o fluxo de investimento direto para financiar. Isso é o que pressiona as contas externas”, explica Carvalho. “Também tem o chamado capital de portfólio, seja bolsa ou renda fixa, vindo do exterior, mas esse está perto de zero. O governo disse que quer IED, mas que não quer fluxo de curto prazo. De fato, as contas externas têm um quadro mais difícil olhando para o futuro. O déficit em conta corrente se amplia, e as fontes de financiamento não são mais suficientes”.

O economista-chefe do PNB Paribas explica que essa desaceleração também é decorrente da melhora econômica dos Estados Unidos, no sentido de que o Federal Reserve – o BC local – mais ou cedo ou mais tarde vai reduzir o ritmo dos incentivos que têm sido concedidos até agora, e isso também deve ajudar a pressionar a cotação do câmbio. A instituição estima um fechamento na casa de R$ 2,20, chegando a R$ 2,35 em 2014.

“A gente vê um cenário global com menos crescimento e mais inflação, com um quadro mais frágil para a China e a Europa quanto ao crescimento. No Brasil, o quadro quer dizer que a festa acabou, o que se traduz em pressões sobre inflação, contas externas e câmbio, forçando o Banco Central a fazer mais do que estava disposto no começo do ano”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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