Meta fiscal terá problemas para ser atingida em 2014

Jornal GGN – O fraco resultado fiscal do mês de maio passado, embora não invalide o cumprimento da meta de superávit primário de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2014, tem deixado a avaliação do setor privado bem mais pessimista. Analistas de consultorias e instituições bancárias já falam em pouca probabilidade de atingir o objetivo.
 
Em matéria do jornal Valor Econômico, as previsões pouco animadoras se explicam: esta semana, por exemplo, o Banco Central apontou que o setor público não financeiro registrou o segundo maior déficit primário da história no mês de maio, de R$ 11,046 bilhões. Pior resultado só foi visto em dezembro de 2008, auge da crise financeira – valor negativo foi de R$ 20,95 bilhões.
 
O fraco resultado foi reflexo, principalmente, do déficit do governo central – que reúne Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central. O BTG Pactual, por exemplo, apontou que no acumulado do ano até maio, o superávit primário do governo central soma apenas R$ 18,1 bilhões frente à meta de R$ 80,8 bilhões para o ano. Assim, o governo central tem de entregar R$ 62,7 bilhões de superávit nos próximos cinco meses do ano. Caso o comportamento nos últimos anos se repita, uma economia média de quase R$ 9 bilhões por mês até dezembro parece pouco provável.

 
Em 12 meses, o superávit primário caiu de 1,87% em abril para 1,52% do PIB estimado pelo BC em maio. Numa leitura feita por economistas de um banco privado, que também medem o superávit em termos recorrentes, tirando da conta receitas e despesas atípicas. Nessa métrica, o superávit caiu de 0,84% nos 12 meses encerrados em abril para 0,53% do PIB em maio, menor leitura desde 2002. Na medida tradicional de superávit, o banco manteve a previsão de que a economia do setor público será equivalente a 1,3% do PIB em 2014, mas aponta que o risco é de um resultado ainda menor.
 
Ainda segundo a reportagem, os especialistas acreditam que, com esse desempenho, a exemplo dos últimos anos, não é à toa que o governo segue em uma busca incessante por receitas extraordinárias que ajudem “a engordar os cofres do Tesouro, já que se dependesse apenas do desempenho real da arrecadação de tributos, a meta fiscal deste ano não teria chances de ser cumprida”.
 
Entre essas receitas, destacam-se os dividendos das estatais, reabertura do Refis, com o qual se espera arrecadar R$ 12,5 bilhões, aumento do valor das licenças do leilão de telefonia 4G e, recentemente, “através do suspeito e mal esclarecido acordo – sem licitação – entre governo e Petrobras de áreas do pré-sal, no valor de R$ 15 bilhões, com o pagamento de R$ 2 bilhões ainda este ano”. A estimativa de superávit de 1,5% do PIB, mas o viés é de baixa.
 
A situação se complica, de acordo com os economistas consultados, ainda mais para o governo no lado fiscal se for levado em conta que uma série de receitas registradas no ano passado, especialmente no mês de novembro (superávit primário de R$ 29,745 bilhões) não deve se repetir agora em 2014, como as receitas do Refis e o bônus do leilão do campo de Libra, que somaram 0,7% do PIB em receitas.
 
Os especialistas também lembram que o atraso na realização de despesas obrigatórias vai trazer consequências, com impacto estimado de cerca de 0,15% do PIB.
 
Redação

5 Comentários

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  1. Mais uma daquelas notícias em

    Mais uma daquelas notícias em que algum programa traz dados comparativos de anos anteriores. Como se o cenário econômico mundia em 2008 fosse igualzinho o cenário econômico atual.

    Não tem uma notícia sobre a economia que não recorre sempre a este tipo de comparação. Jornalismo preguiçoso.

  2. Só reduzir a Selic para

    Só reduzir a Selic para 8%a.a. na próxima reunião do Copom, que vai sobrar uma montanha de dinheiro para o governo federal. Esse negócio de meta fiscal é balela pra banqueiro ganhar dinheiro. Deveria ter meta para o crescimento do país, meta para as exportações, meta para melhorar o salário do professor, não meta para pagar juros para banqueiros. Esse país é uma brincadeira.

  3. “Dividir o bolo”Após década

    “Dividir o bolo”

    Após década de governo focado em “dividir o bolo” começam a se dar conta de que ninguém mais tem incentivo para fazer o “bolo crescer”.

    Carga tributária de 36% (uma das mais altas do planeta) até parece que querem penalizar quem produz no Brasil.

    Uma das taxas de juros mais altas do planeta 11% ( não vale a desculpa de que na era FHC era maior ainda, só aceitamos comparações decentes)

    Burocracia imensa para quem queira abrir uma empresa e mais ainda para manter.

    Câmbio monetário valorizado, isto é pouco competitivo.

    Crescimento do PIB menor a cada ano que passa.

    Importações cada vez maiores e exportações cada vez menores. Esta conta acaba sempre no vermelho.

    O Governo acha que não depende da iniciativa privada, até perceber que todo dinheiro da arrecadação federal vem dela.

    Podiam ter um equilíbrio entre “crescimento do bolo” e divisão do bolo”.

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