Copom mantém Selic em 14,25% pela sétima reunião consecutiva

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Reunião foi a última que contou com Alexandre Tombini na presidência do BC

Jornal GGN – O Banco Central (BC) decidiu pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, seu maior nível desde outubro de 2006, em decisão já esperada pelo mercado financeiro. Esta foi a sétima reunião consecutiva em que a taxa não apresentou mudanças, e a última em que Alexandre Tombini participou como presidente. Ilan Goldfajn, economista escolhido pelo ministro interino da Fazenda, Henrique Meirelles, terá a liderança na próxima reunião.

“O Comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação, em especial a contenção dos efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos. No entanto, considera que o nível elevado da inflação em doze meses e as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária”, diz o colegiado. Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.

“A decisão ficou em linha com o esperado pelo mercado, e a manutenção do comunicado também era esperada”, explica Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander no Brasil, em entrevista ao Jornal GGN. “Não foi uma surpresa. A decisão e manutenção foram bastante coerentes dado à transição na diretoria do BC. Então, sinaliza uma sintonia entre a antiga e a nova diretoria”.

Na visão da economista, a taxa básica de juros deve começar a ver um ciclo de queda a partir da reunião de agosto, uma vez que o encontro programado para julho deve servir como adaptação para Goldfajn, conhecido por ter grande foco em expectativas – o novo presidente do BC já atuou anteriormente na autoridade monetária, como diretor de pesquisa econômica.

“Acreditamos que a nova diretoria, com presidência do Ilan (Goldfajn) deve ser bastante voltada para expectativas de inflação, e também com importância para a comunicação oficial, ata e relatórios de inflação. Faz mais sentido que nessa diretoria, que prioriza a comunicação, tome (a reunião de) julho para orientar as expectativas de mercado. Por isso, o Relatório de Inflação de julho deve ser importante para sinalização”.

Sobre o fechamento da taxa Selic, o Santander projeta manutenção da taxa em 14,25% na reunião de julho e redução a partir de agosto, chegando a 12,75% no fim do ano. Para 2017, o prognóstico é de uma Selic em torno de 10%.

Contudo, os dados de inflação devem ser o ponto de referência. “Caso a inflação não caminhe de acordo com o que o mercado espera, que é de redução, provavelmente as expectativas nesse cenário de inflação mais resistente não ficariam ancoradas, voltando a subir e se tornando um risco para o início de ciclo de afrouxamento”, explica Tatiana. Segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 4,05% nos primeiros cinco meses do ano, depois de encerrar o mês de maio em alta de 0,78%.

Cenário político justifica decisão, diz FecomercioSP

Logo após a decisão, algumas entidades do setor produtivo repercutiram a decisão. Em nota, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) diz que o BC “preferiu adotar uma postura conservadora” ao manter os juros, uma vez que “as dúvidas relacionadas ao ambiente político, somadas à expectativa de inflação elevada, acima da meta, parecem ainda não abrir espaço para o início da queda dos juros”.

Na análise da FecomercioSP, apenas após resolvida a situação política, com um grau de certeza maior do que o atual, e com o novo presidente do Banco Central devidamente empossado e aclimatado, é que se poderá contar com um ambiente melhor para conseguir combater a inflação sem ter de manter os juros nas alturas, como atualmente.

Para Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), a decisão de manter os juros foi “acertada, e se explica pelo fato de que a inflação, apesar de estar desacelerando, continua muito elevada, bem acima da meta anual oficial”. Contudo, Burti diz que “o grave momento econômico vivido pelo País demanda reduzir as taxas de juros o mais rapidamente possível. E, para que isso ocorra, o ajuste fiscal não pode ser mais protelado”.

Por outro lado, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) diz que a decisão de manter a taxa Selic em 14,25% “agravará a recessão e o desemprego, que já ultrapassaram o limite do sustentável”.  Em nota, a confederação diz que a redução dos juros “é fundamental” para a retomada do crescimento, mas alerta que “a queda das taxas depende da implementação das propostas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

5 Comentários

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  1. Ladroagem

    “O Comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação, em especial a contenção dos efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos. No entanto, considera que o nível elevado da inflação em doze meses e as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária”

     

    Alguém conhece uma forma maior e melhor de ladroagem do que essa?

  2. Pirou geral

    Pare o mundo que eu quero descer. A Fecomércio defendendo Bolsa Juros!!! Isso eu nunca tinha visto em toda a minha vida. Pelo contrário, o pessoal do comércio era a parte mais crítica da política de juros de todos os governos. Só observei essa mudança agora recentemente, por ocasião do golpe.

    “A decisão ficou em linha com o esperado pelo mercado, e a manutenção do comunicado também era esperada”, diz a economista de banco. Claro que os bancos sempre esperam o seu jabá.

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