Copom mantém taxa de juros estável em 14,25% ao ano

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Em decisão já esperada pelo mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve a taxa básica de juros estável em 14,25%, de forma unânime e sem viés. Contudo, o horizonte para a convergência da inflação levado em conta pela autoridade monetária sofreu mudanças.

“O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária. O Copom ressalta que a política monetária se manterá vigilante para a consecução desse objetivo”, diz a nota divulgada pela autoridade monetária após a reunião. Com a manutenção na Selic, os juros reais brasileiros se contraem em 0,55 ponto percentual, devido às elevações recentes nas projeções de inflação em 12 meses, segundo cálculos do site MoneYou com parceria com a Infinity Asset Management – pelos cálculos divulgados, a taxa de juros atual (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) no Brasil é de 7,43% ao ano, levando o país a ocupar a primeira posição em uma lista de 40 países. Em segundo lugar aparece a Rússia, com 2,87% ao ano.

Em entrevista ao Jornal GGN, a economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander, explica que o consenso já era vista no mercado, e que toda sinalização emitida no último Relatório de Inflação e na ata da reunião anterior vinham nesse sentido. Contudo, a mudança no comunicado quanto a extensão das medidas chamou a atenção. “Até então, nas 2 últimas reuniões, o comunicado pós decisão era que o Copom entende que patamar era suficiente para conversão à meta em 2016. Agora, é de uma conversão para horizonte relevante. Para a gente, é um período de dois anos – então, o que leva a 2017 sendo o alcance da meta. O que foi outra coisa que ele (BC) não tinha deixado claro, mas que indicou no Relatório de Inflação de setembro”.

Para a economista, a meta de inflação para o fim de 2016 deve ser de 5,3%, ficando abaixo dos 4,5% por volta do segundo trimestre de 2017. “Essa colocação não estava completamente clara no Relatório de Inflação, mas no comunicado essa colocação esse horizonte terminando em 2017 ficou mais claro. É uma sinalização bastante importante, e que aconteceria em algum momento. As expectativas para 2016 não estão mais estáveis e perto da meta, mas em trajetória ascendente. Era questão de tempo para que o horizonte fosse 2017”.

Tatiana Pinheiro ressalta que essa mudança não muda as projeções traçadas pela instituição – que projeta uma taxa Selic mantida em 14,25% até o fim deste ano, com o segundo semestre de 2016 abrindo espaço para um afrouxamento monetário. “A decisão (desta quarta-feira) ainda está pautada em condições normais de decisão de política monetária, avaliando o desaquecimento da atividade e fontes de pressão inflacionária que a gente tem atualmente, e do balanço dessas duas forças, o BC decidiu pela manutenção dos juros confiando no efeito defasado da política para mitigar pressões inflacionarias, com ajuda da desaceleração econômica”.

Ao mesmo tempo, a economista do banco Santander diz que a decisão passa ao largo de alguma preocupação diferente com relação ao resultado fiscal – “o Relatório de Inflação deixou claro que eles não estavam reavaliando o resultado primário, e continuaram com resultado de acordo com os dados esperados pelo governo, onde o resultado primário estrutural (com base no ciclo econômico) se encaminhava para a neutralidade. Se essa é a hipótese que eles estavam assumindo, e deve ser, a discussão de pressão fiscal sobre a decisão de política monetária não é uma questão”.  Outros detalhes sobre tal mudança de posicionamento pelo Banco Central devem ser apresentados na próxima semana, com a publicação da ata desta reunião.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

5 Comentários

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  1. Bom senso

    Quando a gente menos espera, o Banco Central manifesta bom senso. Melhor estacionar a Selic, do que continuar subindo.  É meio que fantástico, mas estou muito feliz e agradecido por isto.

  2. Mudança na Política Monetária

    Estabilidade cambial e redução dos juros da Selic

    Afirmação do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na audiência pública no Senado(15/09/2015),  de que a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, é “de passagem” e será reduzida quando as expectativas de inflação cederem, pode ser indicativo que o Copom irá iniciar um processo de redução dos juros da Selic no início de 2016.

    Isto foi reforçado na divulgação do relatatório  de inflação(24/09/2015) ao afirmar  que “Todos os instrumentos estão no raio de ação do Banco Central caso seja necessário” e  apontam na direção de uma estabilidade cambial em um patamar próximo dos R$ 3,80 por dólar,  e redução dos juros da Selic nos próximos meses.

    Vamos aguardar os próximos meses para confirmar se vamos sair deste processo com uma taxa de câmbio no Brasil, suficiente para corrigir o déficit em conta corrente,  aumentar exportações de manufaturados, e permitir a substituição de parte dos importados pela produção nacional, gerando emprego e renda.

    Mais importante do que impedir novas altas exageradas dólar, é impedir que o dólar volte a cair de forma acentuada, por meio de compra de dólares para aumentar novamente as Reservas Cambiais, caso seja necessário.
    A atual taxa de câmbio é mais do que suficiente para aumentar significativamente as exportações de manufaturados, bem como proporcionar uma substituição de parte dos importados pela produção nacional.

    A estratégia do Banco Central de tentar conter o aumento da taxa de câmbio com apenas a venda de swaps cambiais não deu certo, e a  correção da taxa de câmbio se completou de forma mais rápido do que todos esperavam, tendo como um dos impactos a inflação acima da meta estipulada pelo CMN.
    Hoje os especuladores do mercado financeiro estão comprando swaps cambiais, e puxando a cotação do dólar  no mercado à vista.
    É preciso complementar a ação de vendas de swaps cambias com a venda de dólares no mercado à vista, para anular a ação dos especuladores com os swaps cambiais, o que levaria parte dos agentes econômicos a também a vender dólares no mercado à vista, principalmente os exportadores.

    A redução dos juros da Selic se torna necessário para evitar o aumento expressivo dos  empréstimos em dólares e das operações de carry trade que tem lucro expressivo com a estabilidade cambial, e de forma exponencial em caso de queda de dólar no Brasil.

    Depois dos berros do BC houve um recuo da ação dos especuladores, que não vai durar muito tempo se o Banco Central não iniciar um programa de venda de dólares das Reservas Cambiais.
    Basicamente precisamos de ação semelhante a utilizada em 2008-2009, com vendas de dólares no mercado à vista e venda de dólares com compromisso de recompra(destinada aos exportadores) e redução significativa dos juros da Selic.

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