As divergências internas do PSB

Devagar, lenta e paulatinamente a sucessão de 2014 ganha contornos.

As peças começam a se movimentar neste tabuleiro, que se é de xadrez é da vertente Enoquiana.

Do Diário do Pernambuco

Aliados, mas distantes

Desencontros entre os irmãos Cid e Ciro Gomes e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, expõe divergências no PSB

A menos de dois anos das eleições presidenciais de 2014, os principais nomes do PSB começam a disputar espaço em posições antagônicas, antecipando o tom de rivalidade que deve permear o partido no próximo biênio. De um lado, o governador do Ceará, Cid Gomes, e o irmão Ciro; do outro, o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. embora anuncie o apoio a Dilma Rousseff, Eduardo não perde a oportunidade de falar como pré-candidato à Presidência, os irmãos Gomes tentam se mostrar mais confiáveis ao PT e ao Palácio do Planalto e, desta forma, dificultar os movimentos do presidente da legenda.

O episódio mais recente foi a organização, por parte de Cid, de um encontro de desagravo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as denúncias feitas pelo publicitário Marcus Valério. Cid e outros governadores foram ao Instituto Lula, em São Paulo, demonstrar solidariedade ao ex-presidente, apontado por Valério como mentor do mensalão e beneficiário do esquema com recursos desviados utilizados para pagamento de contas pessoais do petista. Eduardo não estava presente no encontro.

De acordo com o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, Eduardo foi avisado, mas não pôde ir porque o ato aconteceu no mesmo dia da diplomação de Geraldo Júlio (PSB), prefeito eleito de Recife e afilhado político do governador pernambucano. “Não tem nada de divisão. No domingo, o Eduardo estava em Fortaleza, ao lado de Cid, na reinauguração do Castelão”, declarou o pessebista, tentando minimizar o desconforto do partido com a situação.

Há quase dois meses, a divisão de opiniões foi explicitada pela primeira vez, nesta fase de troca de farpas. A presidente Dilma Rousseff jantou, no Palácio da Alvorada , com Campos, Amaral e o secretário-geral do partido, Carlos Siqueira. A presidente disse que respeitava os desejos de crescimento do PSB e demonstrou querer manter a parceria com o PSB, desmontando os palanques conflituosos do partido com o PT, erguidos durante a campanha municipal.

No dia seguinte, Dilma almoçou com Cid Gomes, após uma cerimônia de entrega de prêmio na área educacional. O governador cearense aproveitou para lançar Eduardo Campos como vice de Dilma em 2014 e o atual ocupante do cargo, Michel Temer, como senador por São Paulo. “Eduardo não será vice em hipótese nenhuma”, garantiu ao Correio um integrante da cúpula partidária.

Aproximação
Possível candidato avulso à Presidência da Câmara em fevereiro, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) acha que os movimentos dos irmãos Gomes são claros. “Eles querem demostrar que são mais simpáticos e confiáveis para o Planalto e o PT, delimitando o espaço na legenda e garantindo que o partido esteja alinhado à presidente em 2014”, disse ele. O momento é ainda mais propício porque, cada vez mais, o governador pernambucano tenta marcar diferenças em relação à administração federal. Há duas semanas, promoveu um seminário com os novos prefeitos do PSB, mostrando as diferenças administrativas entre o partido e o PT de Dilma Rousseff.

Na segunda-feira, véspera do encontro de Lula com os governadores, Eduardo Campos deu uma longa entrevista ao Estado de São Paulo, afirmando que os três primeiros meses de Dilma em 2013 serão essenciais para que o governo diga a que veio. “Vocês estão procurando chifre em cabeça de cavalo. Não tem divisão nenhuma. O Cid tem autonomia como governador em suas ações e gestos políticos”, esquivou-se Roberto Amaral.

Os irmãos Gomes, embora não admitam, seguem engasgados com 2010. Ciro queria ser candidato a presidente, mas Eduardo Campos decidiu que o partido apoiaria Dilma. “Ele não foi boicotado. Ciro não se viabilizou e 90% dos filiados ao partido consideraram um risco manter a candidatura”, rebateu o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira. “Eles sabem que, no partido, não têm maioria. Querem se cacifar externamente. Provavelmente, em 2015, deixarão o PSB”, disse um aliado de Ciro e Cid Gomes.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador