As suspeitas sobre a manifestação de Bolsonaro na Avenida Paulista, no domingo

A imagem de um mártir é o que Bolsonaro precisa para tirar o foco de suas mazelas e atrair milhões de novos incautos

Nelson Piquet (ao volante do carro, levemente encoberto na foto): de campeão mundial de Fórmula 1 a chofer de Bolsonaro – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

De um observador da cena internacional:

O maior perigo dessa manifestação bolsonarista de domingo próximo, com Caiado e o apoio financeiro de algumas das fortunas do Agro, é uma tentativa de reeditar um Horst Wessel caboclo, para redourar os brasões hora tisnados de Jair Bolsonaro. A imagem de um mártir é o que ex-presidente e seus meninos precisam para tirar o foco de suas mazelas e atrair milhões de novos incautos.

Sobre Horst Wessel

Horst Wessel era membro da Sturmabteilung (SA), a ala paramilitar do Partido Nazista, que se tornou um símbolo de propaganda na Alemanha nazista após seu assassinato em 1930 por dois membros do Partido Comunista da Alemanha (KPD).

Juventude e ativismo político

Imagem de Horst Wessel in his Nazi uniform
Horst Wessel em seu uniforme nazista. | Imagem: Reprodução

Horst Ludwig Georg Erich Wessel nasceu em 9 de outubro de 1907, em Bielefeld, Vestfália, Alemanha. Ele era filho de um pastor luterano e estudou direito em Berlim. No entanto, ele abandonou os estudos em 1926 e ingressou no Partido Nazista. Wessel rapidamente se tornou uma figura proeminente nas SA, conhecido pela sua violência e fanatismo. Ele também foi um talentoso poeta e compositor e compôs a canção “Die Fahne hoch” (A Bandeira no Alto), que mais tarde se tornou o hino do Partido Nazista.

Assassinato e martírio

Em 14 de janeiro de 1930, Wessel foi baleado e morto em seu apartamento por dois membros do KPD. As circunstâncias exatas da sua morte permanecem obscuras, mas a propaganda nazi retratou-o como um mártir morto pelas suas convicções políticas. A sua morte foi amplamente divulgada pelo Partido Nazista, que a utilizou para incitar o sentimento anticomunista e retratar-se como vítima de violência.

Propaganda e legado

Imagem de Horst Wessel's funeral
Funeral de Horst Wessel. | Imagem: Reprodução

A morte de Wessel foi explorada por Joseph Goebbels, o ministro da propaganda nazista, que o transformou numa figura de culto. Sua canção “Die Fahne hoch” tornou-se o hino do Partido Nazista e sua imagem foi usada em cartazes, selos e outros materiais de propaganda. Wessel também foi condecorado postumamente com o Distintivo de Ouro do Partido, uma das maiores honrarias do Partido Nazista.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o uso da música e da imagem de Wessel foi proibido na Alemanha. No entanto, ele continua a ser uma figura controversa e o seu nome ainda está associado ao extremismo de extrema direita.

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Luis Nassif

7 Comentários

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  1. Facada 2.0? Fakeada?

    A Polícia Federal precisa ter homens à paisana na manifestação, para monitorar qualquer tentativa de armação e reportar no inquérito dos atos golpistas. Não dá para confiar também na PM de Tarcísio.

    1. Também ando pensando a mesma coisa: Os cretinos vão tentar armar alguma presepada, uma repetição farsesca para acusar a esquerda e/ou movimentos sociais visando provocar comoção ou transe coletivo.

      O lado bom da coisa é que, paspalhos que são, vão dar com os bois n’água.

      A ver.

  2. Não é manifestação, Nassif. É um enterro, mas não à moda Nazista. Todo mundo sabe que Bolsonaro virou um cadáver ambulante. O mitp está morto para a política mas a mitologia que ele representa continua paradoxalmente devorando os corações e mentes das hordas comandadas por alguns pastores evangélicos infernais. Sendo assim, o que ocorrerá amanhã não é uma manifestação e sim um enterro com cadáver ambulante de corpo presente. Trata-se de uma encenação mitológico-política realizada de acordo com os padrões estéticos da série Walking Dead. Bolsonaro vai ranger os dentes e emitir grunhidos insanos e incoerentes. Insandecida a plateia vai devorar avidamente a ração de ódio regurgitado pelo líder zumbi para espalha-la nos quatro cantos do país em benefício das lideranças políticas presentes.

  3. Também ando pensando a mesma coisa: Os cretinos vão tentar armar alguma presepada, uma repetição farsesca para acusar a esquerda e/ou movimentos sociais visando provocar comoção ou transe coletivo.

    O lado bom da coisa é que, paspalhos que são, vão dar com os bois n’água.

    A ver.

  4. Ja dizia o filósofo que a história se repete como farsa e tenho a sensação de que o roteiro escolhido por Bolsonaro é uma solução parecida com a tragédia que foi a prisão do Lula. Explico: Lula foi perseguido injustamente pela lava jato com o objetivo de tira-lo da cena politica e os desdobramentos desta perseguição foi da condução coercitiva, passando pelo depoimento até a derradeira prisão. Neste intervalo Lula defendeu sua inocência e acusou a sua perseguição, foi acolhido pela povo em diversas manifestações desde antes da cena de sua saida do sindicato dos metalúrgicos para se entregar à policia e ficar preso por 500 dias com um acampamento de apoiadores manifestando solidariedade ao seu martírio. Inocente que era tentou participar da eleição presidencial de 2018 como o principal candidato e por fim em uma reviravolta politica foi inocentado pelo supremo que reconheceu sua perseguição pelo juiz Sergio Moro.
    Bolsonaro vai seguir exatamente o mesmo roteiro. Sabendo da inevitavel prisão, mas principalmente por ser culpado pelos diversos crimes que é acusado, vai defender ser vitima de uma perseguição política de Alexandre de Moraes, vai buscar apoio polular em manifestações de massa, vai tentar se lançar candidato a presidente em 2026 e dizer ser injustamente proibido de concorrer por perseguição, vai mobilizar apoiadores, principalmente pastores e evangelicos para fazer orações na porta da prisão, etc. Espera, com isso, alguma reviravolta política que o tire da prisão sob o pretexto de ter sido perseguido politicamente por Alexandre de Moraes (a tentativa de tira-lo do julgamento sob o pretexto de ser imparcial – o que, diga-se, não condiz com o processo penal, uma vez que não se aceita que o réu acuse o juiz que ele ataca de ser imparcial, justamente por que atacar o juiz é uma estraté para tira-lo do julgamento – é um passo desta estratégia).
    Esquece Bolsonaro que como a história acontece como tragédia e se repete como farsa, sua farsa não levará ao mesmo desfecho do caso Lula (a liberdade após o reconhecimento de que não era culpado) por vários motivos, mas o principal é porque ele é culpado e vai pagar pelos seus crimes.
    Mas, afinal, qual alternativa ele tem a não ser apelar por esta estratégia e esperar por um milagre?

  5. (I) Derrite e Tarcisio expurgam 34 coronéis da PM paulista.
    (II) Cumprindo todo o rito jurídico e colhendo provas robustas, os golpistas chefes serão condenados a longas penas. Sem anistia.
    (III) Não há saída. Algo vai acontecer, estão armados e cheios de ódio. Como diz a cantora Anita: se prepare!

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